Parte II
Me encolho em um canto do porão, as lágrimas escorrendo por minha face. Novamente meu sono foi interrompido por imagens traiçoeiras. Elas, sempre elas, e eu. Um trio composto pela perdição.
Aperto novamente o objeto dentro de minha veste. Quanto tempo vai demorar para chegar em terra firme? Tenho que acabar com tudo, antes que pire de uma vez. Era ela ou eu, e entre as duas, meus motivos ainda são maiores.
A vingança é um prato delicioso. Talvez depois de tudo acabado, podemos seguir nossas vidas, sem sofrimento ou julgamentos.
Pego a caderneta dentro da jaqueta de couro pouco curtido, e retiro o lápis de carvão do bolso da calça. Folheio as anotações que fiz desde que cheguei aqui, e mais uma vez, anoto as imagens embaraçadas.
Os acontecimentos parecem que vão me assombrar pelo resto da minha desprezível vida de fantoche humano.
As peças se encaixavam. Mesmo confusa, ainda conseguia entender alguns daqueles perturbáveis acontecimentos.
As risadas, as canções, a fogueira estalando e elas dançando envolta, enquanto pronunciam as palavras magicas que as fazem ser o que são. Criaturas sedutoras e malévolas. O sangue de ambas sendo o maior vínculo de sua ligação criada num ato de puro medo e dor.
Sinto quando o lápis se parte entre meus dedos. As lascas de carvão caem no chão amadeirado, e uma onda forte bate no casco do navio. O ribombar dos trovões assustam vários dos homens que estavam dormindo, e todos começam a correr para o convés.
Guardo a caderneta rapidamente, e sigo meu caminho.
O abarrotado de marujos que tentavam fechar as velas. As cordas sendo amarradas e a força do vento que arrasta aqueles que tentam enfrentar sua fúria.
Seguro a corda antes que um jovem caia no mar. Com força a puxo e tento amarrá-la no mastro. Ele me olha com gratidão e vem me ajudar.
Esse não deve ser o fim. Ainda tenho que cumprir com minha promessa. A fúria daquelas águas estranhas não vai me impedir de chegar ao meu destino.
O capitão grudado ao leme tenta guiar o navio para longe da tempestade. A magia presente ali não tem tanta força como antes, ela estava enfraquecendo com a distância que nos impunha.
As garras invisíveis que apertam meu pescoço na tentativa de me sufocar não passavam de uma pequena pressão. A distância e o tempo são a nossa salvação.
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