003| Nebulosa
Boa noite, angels... abaixem essas pedras!
Meu pai amado, nunca pensei que teria que vir aqui e me explicar sobre algum deslize meu, mas aqui estamos nós.
So... a questão é que eu não estava nem estou legal, não estou conseguindo dar o meu 100% no que faço e isso aumentou um "tiquinho" minha insegurança com a minha escrita. Além disso, estou participando de dois torneios muito importantes, por isso não estou aparecendo muito.
Desculpa mesmo pela irresponsabilidade, era algo que poderia ter sido evitado e eu tenho ciência disso. Eu vou continuar postando, tentando acelerar alguns processos aqui e tudo mais.
Novamente, mil perdões.
Boa leitura, turminha que precisa de terapia!
Quando Itachi regressou ofegante ao apartamento, a primeira coisa que encontrou fora um Shisui sonolento que encarava fixamente a televisão à sua frente. Passou pela cabeça do menor que o moreno poderia apenas estar o ignorando, prevendo que qualquer interação que tivessem iria terminar na discussão do que ocorrera algumas horas atrás.
Para falar a verdade, há alguns anos, brigas eram algo atípico no relacionamento deles. Se por um acaso do destino ocorresse um desentendimento, em questão de minutos se resolviam. Eles sempre se entenderam. Não eram necessárias palavras para que obtivesse a compreensão do que acontecia em suas mentes, além disso, na grande maioria das vezes, concordavam nas decisões importantes e nos rumos que teriam que seguir, por isso os anos que passaram distantes um do outro surgiram como uma consequência do desejo mútuo que tinham de resolver seus próprios conflitos internos.
No entanto, estava claro o fato de que não resolveram.
Meses antes do reencontro que tiveram, Madara havia dito a Itachi as verdadeiras intenções do filho ao regressar para Inglaterra, país onde nasceu e cresceu, onde seu progenitor se encontrava.
Muito provavelmente, Dominic, o pai de Shisui, estava rodeado de mulheres em um bar de esquina neste exato momento. Não que ele fosse alguém de pouco impacto na sociedade, longe disso, o homem fugia desse estereótipo simplesmente por ser CEO de uma empresa multinacional, e, mesmo assim, um grande babaca viciado em jogos de azar.
Itachi e Shisui haviam concordado em seguir seus próprios caminhos sem que fosse preciso esquecer que eles eram parte um do outro. Prometeram que, se um dos dois precisasse da presença do outro, eles voltariam de onde quer que fosse. Eram ingênuos e sonhadores demais. Mesmo que cientes da guerra que a família travava com seus inimigos, nunca deixaram de imaginar que o mundo real e o mundo que eles mesmos criaram coexistiam e que nada os faria deixar de acreditar nisso. Estavam errados.
Shisui havia sucumbido ao desejo de vingança que seu pai havia despertado nele.
O menor não acreditava que após tantos problemas, Shisui permaneceria o mesmo de antes, mas isso não o impediu de surpreender-se quando recebeu a notícia de que o moreno pretendia se tornar uma espécie de cópia do Madara.
— Sinto falta de Aoda — disse, se referindo à gata que eles haviam adotado quando moravam juntos.
Itachi assentiu com a cabeça, indicando que também sentia falta dela.
— Está na casa do Sasuke. Depois da exacerbação, me recomendaram ter mais cuidado com pelos de animais e tudo mais — contou, sem muito interesse em explicar o porquê.
— Foi mal por hoje mais cedo — pediu após uma longa pausa, assistindo Itachi assentir novamente com a cabeça e caminhar em direção ao quarto.
— Itachi — Shisui o chamou, virando-se completamente em direção ao outro —, quanto tempo ainda temos?
— Fico feliz que tenha voltado, Shisui — declarou e adentrou ao quarto, trancando a porta em seguida.
Diariamente Itachi forçava seu próprio ser a acreditar na mentira de que vivia um efeito colateral de seu diagnóstico. Mas, bem no fundo, sabia que ter uma doença não o fazia sentir-se daquele modo, muito pelo contrário, encarar a verdade irrefutável de que estava morrendo que o destruía. Acreditava estar vivendo aquele curto período de segundos que acontece entre o momento que o pino da granada é puxado e a detonação de fato. Para ele, Uchiha Itachi Era A Granada, e, quando explodisse, todos ao seu redor sentiriam este impacto. Ou, talvez, fosse como no último estágio evolutivo de uma estrela. No fim, causaria uma supernova, uma explosão poderosa que deixaria uma nuvem interestelar de poeira cósmica e gases. Uma nebulosa. Um elogio, no entanto, comparar algo trágico como a morte com um grandioso acontecimento astronômico.
O ponto é que o desejo inexplorado de querer salvar, ou pelo menos proteger todos à sua volta, foi algo que aprendeu pelo simples fato de existir em um mundo onde pouco nos importamos com os outros. Sua família tem um destino traçado à sangue: proteger quem ama, mesmo que seja necessário odiar para atingir tais objetivos. Se seria diferente com o menor, bom, isto é uma incógnita.
Antes de qualquer coisa, Uchiha Itachi queria se proteger. Talvez, criando uma barreira que impedia a passagem de tudo e todos, outrora havia sido a maneira utilizada quando o recomendaram "sentir o luto" após a morte de sua mãe.
Seus olhos ergueram-se ao teto do quarto. O ventilador estava ligado, o que indicava que Shisui ficou um tempo no quarto após sua saída.
Suspirou pesadamente e despiu-se, não sem antes se dirigir ao banheiro do outro lado do corredor.
O mais velho, ao perceber que aquele seria mais um dia daqueles que apenas sentamos e esperamos o dia seguinte ser minimamente melhor, voltou a olhar para o telejornal que passava na TV. Nada muito interessante, não para ele. Menos de cinco minutos após sua decisão de ignorar os acontecimentos passados, seu telefone vibrou em seu bolso. Revirou ao ver que era Sasuke novamente.
— Diga — disse sem rodeios, sabendo que o Uchiha mais novo havia revirado os olhos assim que ouviu sua voz.
— Para deixar bem claro, só liguei para você porque Itachi não atende.
— E...? — rebateu — Fale o que deseja dizer, Sasuke, sei que odeia ter que manter contato comigo.
— Graças a Deus! Finalmente conseguiu ver algo que está bem na sua frente — proferiu em tom sarcástico — Madara quer nos encontrar, tipo, agora.
— E por que Madara não falou diretamente comigo?
— Recado dado — Sasuke desligou a ligação antes que o mais velho pudesse reagir.
— Levantou-se em contragosto, com preguiça de dar um passo sequer. Ainda pensava sobre a hipótese de ir ao encontro de Madara, ver mais pessoas era algo que definitivamente não precisava no momento.
— Receoso? — Itachi perguntou encostado no balcão, ainda com sua toalha amarrada na cintura. Shisui precisou de um tempo para raciocinar, as palavras ficaram presas em sua garganta.
Por fim, apenas assentiu com a cabeça e desviou o olhar, encarando seu relógio de pulso.
— Quando ele nos chama no meio da noite, nunca é um bom sinal — declarou com um pequeno sorriso ladino, assistindo-o descansar suas mãos na cintura enquanto, com sua mão livre, tamborilava os dedos na pedra do balcão.
— Não está ajudando, Itachi...
— Não é para ajudar, é o Madara — olhou-o nos olhos quando o moreno decidiu o encarar — Há uma primeira vez para tudo, talvez ele só queira nos chamar para uma festa — gargalhou, achando graça da própria piada interna. Shisui negou com a cabeça.
Passaram-se alguns minutos de silêncio, Itachi aproveitou para vestir sua camisa. Em nenhum momento tirou seus orbes negros do homem a sua frente, por isso estreitou seus olhos quando percebeu a aproximação lenta de Shisui. Aproximou-se de modo que fosse possível sentir as respirações descompensadas, suas cinturas se tocando e, até mesmo para pessoas que observassem de longe, o forte desejo que o mais velho tinha de quebrar todo e qualquer espaço que tinha entre eles.
— Isso não funciona mais comigo — declarou simplista, sem muitos rodeios. No fundo, sabia que mentia descaradamente.
Sentiu o olhar do outro queimar-lhe a pele pouco a pouco, como se de dentro para fora o desejo ardente que nutria por Shisui o esbraseasse. O mais velho levou um de seus dedos aos fios negros e longos de Itachi, colocando-os para trás da orelha e segurando a lateral de seu rosto.
— Não? — perguntou sarcástico, olhando o amigo nos olhos. O Uchiha franziu o cenho e retirou a mão alheia de sua face.
— Posso te perguntar algo? — Shisui assentiu em resposta à pergunta do mais novo — Quem é você? Digo, desde que ela se foi, desde que decidimos nos separar e você voltou justamente para o país que sua mãe lutou com unhas e dentes para fugir, desde que decidiu que fazer Dominic pagar por tudo que fez a ela seria a melhor opção... quem é Uchiha Shisui?
O moreno pensou um pouco na resposta, tempo suficiente para se recordar das mesmas perguntas e respostas "filosóficas" que Itachi tinha na manga.
— Eu sou um emaranhado de histórias, elas me fizeram ser quem eu sou.
Itachi suspirou e exibiu um meio sorriso, soltando o restante das madeixas ainda presas pelo elástico. Shisui permaneceu o observando como se fosse a primeira vez, ou a última, não importava; apenas sabia que admirava o homem à sua frente.
— Quando éramos pequenos, você sempre me perguntava isto. Nunca compreendi de fato o que queria dizer, onde queria chegar com esta pergunta.
— Uma pena, Uchiha Shisui — respondeu com um pequeno sorriso desenhado em seus lábios — Talvez saiba quando de fato descobrir quem é você. — Seus negrumes ergueram-se novamente. — Pode ser sincero comigo?
— Sobre o quê?
— Por que voltou? — As bochechas de Itachi tornaram-se rubras perante a pouca distância entre seus corpos — Não vai me dizer que estava com saudade de Madara, certo? — riu.
Não era necessário, mas Shisui ponderou sobre a resposta que daria.
Suas mãos encontraram-se novamente à pele fria de Itachi, aproximando seus lábios vagarosamente, esperando algum tipo de recuo por parte do menor, o que nunca veio. Suspirou em alívio quando suas bocas se tocaram e seus dedos afagaram os fios de cabelo alheio.
— Porque eu prometi — respondeu após se separarem —, um Uchiha sempre cumpre o que promete. Você que me ensinou isso, Itachi — Shisui tocou seu dedo indicador na testa do mais baixo, vendo-o franzir o cenho em seguida. — Por que me evita? — Foi direto ao ponto. Recebeu o silêncio em resposta — Cedo demais?
O Uchiha assentiu.
— Por que sinto que não está sendo sincero comigo?
— Porque não estou. Quero dizer, você sabe.
— Sei — estalou a língua no céu da boca e se afastou por completo de Itachi — Você age como se estivesse sozinho, Itachi, como se não houvesse ninguém caminhando com você.
O menor abriu e fechou a boca para responder Shisui antes de perceber que não valia a pena rebater. Como resposta, apenas ergueu seus braços, "se rendendo".
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