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002| Austero

SENTIA QUE O SOL "RACHAVA" SUA PELE, mesmo que se encontrasse devidamente protegido dos raios que poderiam o atingir. A estação traiçoeira sequer concebia sinais de que em breve abrandaria, apenas presenteava com instabilidade os habitantes daquela cidade não tão monótona quanto Shisui acreditava ser. Esta era uma das poucas vezes que percorria pelas avenidas movimentadas. Com passos largos, deixava que o sobretudo, que mal tirava do corpo, dançasse junto ao vento fraco.

Sua vida voltara a ser a mesma de antes, não completamente, é claro. Sentia que voltar à Konoha fora um erro e, como em todo erro, as consequências bateriam em sua porta. Não estava preparado, errados estavam aqueles que colocavam responsabilidades sobre as costas do Uchiha, pensando que ele havia superado tudo o que aquela cidade trouxe de ruim para sua vida. Era um erro gigantesco.

Assim como o outono, sua relação com Itachi ainda era algo instável. Eram seres que fechavam os olhos diante da culpa e dos traumas, os ignoravam como se fossem pequenos grãos de areia. Estavam envoltos de suas próprias dores e fugindo de seus próprios pensamentos, abdicando dos mesmos por míseros segundos de uma paz ilusória e limitada, criada para agarrá-los como um peixe no anzol: matando-os pouco a pouco enquanto debatiam-se em busca de trégua. Apenas momentos em que suas mentes finalmente os deixavam enxergar com clareza.

Eles dividiam o mesmo apartamento, mas não o mesmo espaço. Era o que Shisui costumava dizer.

Seus devaneios o levaram para longe da realidade, sequer cumprimentou os seguranças que guardavam a entrada da casa de Madara. Subiu as escadas sem muito cuidado, quase tropeçando ao chegar no último degrau. Seu joelho estalou em contragosto.

A casa era grande e marcava praticamente toda a sua infância; as escadas que jamais podia pisar, a cozinha que fora proibido de entrar após um pequeno acidente envolvendo o extintor de incêndio e uma das taças do patriarca e até mesmo o sofá que, mesmo tendo a idade da pedra, nunca deixou de ser confortável.

Seus negrumes ergueram-se até a última porta do corredor, não hesitando em seguir ao local e entrar sem bater. Recebeu um olhar severo de Madara, no entanto, apenas ignorou, sentou-se sobre a cadeira de couro e colocou sobre a mesa o almoço do pai.

— Está atrasado — o homem proferiu calmamente sem que fosse necessário retirar os olhos do documento que manipulava.

— Jura? — sorriu, proferindo a palavra em tom de sarcasmo — Finalizei os contratos que o senhor me ordenou a fazer ontem, ou melhor, hoje no meio da madrugada e fiz o favor de trazer o teu almoço até aqui já que, aparentemente, não podes ir com teus próprios pés, pai. — Colocava lenha na fogueira, assim era uma relação Uchiha: provocações a toda hora.

O pai, por alguns milésimos, retirou os olhos do computador, queimando os negrumes de Shisui com seus orbes enquanto estreitava os olhos em uma tentativa falha de intimidá-lo. Por fim, voltou a se concentrar no que fazia antes de ser interrompido pelo filho.

— As dores que carrega consigo culminam em atos desesperados na busca de uma ilusão — Madara disse a frase, agora, sem nexo. Apertando seus olhos tentando recordar o nome do autor que havia escrito a mesma. Suas mãos tocaram o mouse do computador, em questões de segundos passou a ignorar novamente a presença do filho.

— E qual seria esta tal ilusão? — recebeu o silêncio como resposta, e, por um curto período, passou por sua cabeça que a última fala do pai poderia ter sido uma ilusão.

Shisui assentiu com a cabeça, tentando passar segurança, mesmo que por dentro a dúvida o consumisse. Suspirou pesadamente e voltou a trabalhar.

Passou o resto do dia sendo ignorado pelo homem que costumava chamar de "pai".

O alívio percorreu por seu corpo quando finalmente tocou seus pés no chão do apartamento, jogando sua bolsa sobre a poltrona da sala e, logo depois, seu corpo sobre o carpete bege. Quase xingou quando sentiu o baque de suas costas no solo, mas contentou-se com um leve contorcer da face.

Itachi, como sempre, estava no quarto que costumava dividir com Shisui uns anos atrás. Provavelmente fazendo oxigenoterapia, vinha fazendo muitas nos últimos dias.

Levantou-se em questão de segundos e andou até o quarto, encontrando um Uchiha não tão disposto quanto deveria estar em uma sexta-feira à noite. O menor o encarou de soslaio e retirou a cânula de seu rosto, como se por algum motivo não quisesse que o vissem desse jeito. Como uma forma de pura provocação, Shisui deu uma piscadela para Itachi, que respondeu com um revirar de olhos e um sorriso contido.

— Podes abrir espaço para que eu possa dormir aqui hoje? — perguntou fingindo descontentamento, quando na verdade sequer se importava onde dormiria. Se deitou sobre a cama macia, tomando espaço com os braços abertos.

— Quer que eu durma na sala, meu bem? — ouviu a voz soar em puro escárnio enquanto o outro se levantava da cama e procurava sua blusa social.

— Não, é claro que não — coçou a nuca em um ato de nervosismo, custando e ir direto ao ponto. - Eu quero poder recomeçar, Ita.

— O recomeço tem que partir de você, Shisui, não de mim — disse ao vestir a camisa.

Itachi era bom em colocar o amigo na linha, se sentia bem em saber que conseguia ajudar alguém para variar. No entanto, até onde se lembra, a relação deles havia desandado quando percebera que Shisui não queria mudar, que se deixava levar. Continuou:

— Você fez e faz parte da minha vida, eu o amo como nunca amei ninguém nesse mundo, e que Sasuke não me ouça, mas eu faria de tudo para tê-lo de volta — sentou-se próximo ao Uchiha e segurou fortemente sua mão, levando segurança ao mesmo. — Você sente muito, Uchiha Shisui, esta é a sua maldição, é a nossa maldição; no entanto, deve se lembrar de que a covardia não é uma característica nossa, sequer é uma sua, mas suas ações são tão covardes que apagam o brilho da sua coragem, apagam o brilho que sua mãe tanto admirava em você. — Respirou fundo, falar o cansava profundamente, tirava seu ar.

Houve uma pausa, um tempo em que eles ouviam o que não estava sendo dito, mas sim sentido. Os músculos tensos, as batidas desesperadas dos pés contra o chão coberto pelo carpete, as respirações ofegantes e as 1001 palavras não ditas se fazendo presente naquele intervalo de tempo. Tudo que necessitavam dizer um ao outro estava entalado em suas gargantas, machucava como o inferno, mas, para eles, até mesmo estar no inferno era melhor do que demonstrar suas fraquezas.

— Então é isso que tem a me dizer, Itachi? "Esqueça seus problemas e continue brilhando"? — o encarou, percebendo que os olhares eram recíprocos.

O menor parecia processar o que acabara de falar, como se aquela fala não fosse um conselho apenas para o amigo. De fato, estava longe de ser.

— Eu não disse isso...

Desistiu da ideia, agora, maluca de tentar conversar com o mais velho, afinal, tiveram 2 semanas para o fazer, todas as tentativas foram falhas.

— Enquanto não se curar do seu passado, viverá evitando barreiras e, se tiver muita sorte, Shisui, seu futuro será resumido à fugir dos monstros que alimentou em sua mente.

Itachi saiu pela porta, levando seu carrinho de oxigênio e deixando para trás o homem que pensava em como chegaram àquele ponto.

— Digo o mesmo para você! - exclamou revoltado, alto o suficiente para que seus vizinhos ouvissem. Não se importava, nada mais importa nessa cidade de merda, pensou ele.

Afagou seus próprios cachos em uma tentativa de acalmar a si mesmo. Passou a mão pelo rosto e se dirigiu novamente até a sala, preparando o lugar onde dormiria em seguida.

Continuava a insistir no mesmo erro, percebia as contínuas consequências.

Quando sua mãe morreu tinha por volta dos 13 anos de idade, era um momento tensão e incerteza para a família quando aquilo ocorreu. Madara era ocupado com os problemas do "seu império", Obito seguia os passos de seu pai, já Shisui, filho ilegítimo do patriarca, percebera a vida se esvaindo do corpo da mulher. Sendo um Uchiha, reconhecia que tinha idade o suficiente para compreender o que sua mãe pretendia, entretanto, negligenciava na esperança de que aquele problema evaporasse da face da terra. Foi naquela época que se iniciou um ciclo: A Subsistência. 

A voz tonitruante do homem que marchava pelos corredores irritava profundamente Obito, o aturava para que pudesse concluir seus objetivos, mas estava longe de gostar de estar perto de Orochimau. Pensando bem, estar com Madara era melhor do que ouvir aquela cobra “vomitar” ordens e se sentar atrás da mesa de seu escritório, reclamando de Deus e do resto do mundo.

Kimimaru, primogênito daquela família, observava aquela cena pela milésima vez naquele dia com certo arrependimento de ter nascido filho de um maníaco - adjetivo que nunca, em hipótese alguma, ousaria proferir em voz alta frente a frente ao pai. Voltou à leitura que se arrastava há meses, lutando para que pudesse enfim se concentrar no que acontecia na página.

Obito ignorou a presença de todos eles – ato que aprendeu com seu pai, Madara, e o agradecia mentalmente por isso.  Seus dedos percorreram os teclados do computador.

— Ainda quer continuar com o plano? — Indagou Kimimaru ainda focado na leitura do livro.

— Eu tenho cara de quem está brincando? — Encarou o jovem seriamente, levando um de seus dedos ao próprio queixo, acariciando a barba rala.

Odiava perguntas com respostas óbvias, mesmo que esta certeza na resposta estivesse apenas em sua mente. É claro que o plano ainda estava de pé, queria mais do que tudo tirar Madara daquele pedestal, objetivo que tinha em comum com Orochimaru.

O platinado o encarou de relance, levando um dos dedos até a boca. Parecia estar ansioso para algo, não sabia ao certo o que era, aquela família era uma verdadeira caixinha de surpresas, a única certeza que tinha era que confiar neles é, além de suicídio, uma passagem sem volta para o inferno. Tinha um olhar psicótico e uma áurea pesada que andava junto a eles dia após dia; nenhuma palavra era capaz de definir com exatidão o que eles eram e o que poderiam ser.

— Nunca acreditei que os Uchihas carregavam consigo uma maldição, isso até estar frente a frente com você, Obito. Cara... quanto ódio você carrega no seu coraçãozinho? — Proferiu em tom de deboche e riu como se não houvesse amanhã. O moreno travou o maxilar e o fitou seriamente.

— Faria o mesmo se estivesse no meu lugar — Tentou dar fim a conversa com aquela frase.

— Por que faz isso? Madara parece ser um bom pai.

— Ele me ensinou a ser assim, ter uma ambição é tudo.

Um falso sorriso foi desenhado no rosto do mais velho, nunca compreenderia o que se passava na cabeça de Uchihas. Depois de muito pensar no que diria, continuou a falar: Você almeja o que seu pai construiu. Tenho certeza de que o culpado pelo que você se tornou não é ele, é você.

Foi a vez de Obito rir, colocou suas mãos entrelaçadas sobe a mesa e aproximou-se bem de Kimimaru.

— Não faz a mínima ideia do que eu passei para chegar até aqui e no fim ser trocado por um espúrio, recomendo que pense bem antes de proferir uma palavra sequer sobre a minha vida. Não vai querer estar em uma batalha contra mim.

Se levantou como um furacão, levando consigo o notebook que antes carregava sobre a mesa. Saiu pela porta ignorando todos os “capangas” de Orochimaru.

Estava certo do que faria. Seguiria seu curso e, no fim, seu plano estaria concluído. Shisui, Madara e todos que ousaram virar-se contra ele se arrependeriam intensamente de suas escolhas.

Não mediria esforços para que pudesse contemplar a visão daquela família na merda, assim como um dia eles o deixaram. Caso contrário, não se chamava Uchiha Obito.

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