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Cap 8


 Diana

 Fico encarando a parede sem vida a minha frente no cômodo escuro, enquanto as visões do dia anterior vêm a minha mete. O puro branco sendo corroído pela cor mais vermelha possível, a neve sendo manchada pelo sangue dele, enquanto eu apenas tentava me afastar o mais rápido possível, para parar de machucá-lo.

 Eu não o procurei mais depois daquele acontecimento de ontem, não tive coragem o suficiente para me obrigar a encarar aqueles âmbares, não depois do que eu fiz com ele. Por isso eu corri, para me afastar, para não o machucar mais ainda, mas também para não olhar e sentir todo o remorso.

 Eu fiquei esperando até que a noite caísse e a lua coberta pelas nuvens mostrasse o seu brilho ofuscado. Só quando isso aconteceu eu tive coragem de me dirigir a casa, tomando todos os cuidados possíveis para não encontrar ele. Mas não tive forças o suficiente e nem mesmo coragem para subir ao segundo andar, apenas guiei minhas pernas automaticamente para o porão, onde eu me encontro agora.

 A parede está como da última vez que eu a encarei, sem nenhum sinal de vida, sem nenhuma cor, mostrando algumas pequenas rachaduras. Representando o meu estado neste momento, o estado que eu me encontro desde que eu me tornei essa maldita criatura, uma criatura que sente prazer por matar e deseja a morte acima de tudo.

 -Eu devia me entregar de vez para os caçadores e torcer para que eles me matem de uma vez, na pior das hipóteses ficar trancafiada mais uma vez, pelo menos eu não machucaria mais ninguém- falo baixinho comigo mesma, estendendo minha mão direita até a parede e encostando nela.

 Sinto o choque do frio no mesmo instante, um choque que corre por toda a extensão da minha mão, indo diretamente para os meus braços e chegando por fim na minha nuca, causando alguns calafrios pela temperatura que ela está.

 -Eu realmente devia fazer isso- concluo em um sussurro sobre a última frase que eu havia dito.

 Eu admito que seria muito mais fácil, não haveria mais problemas igual ao de ontem, pois o máximo que eu causaria seria a morte de alguns caçadores e não de pessoas inocentes que chegam perto de mim com o intuito de me ajudar. Os caçadores tentariam me fazer mal no instante em que me vissem e eu tentaria me proteger deles, ferindo alguns, mas no final com a maior chance de ter sido capturada e entregar a minha vida a eles de uma vez só.

 Deixo um sorriso sarcástico escapar de meus lábios por causa do que eu estava pensando, na idiotice que eu estava pensando. Suspiro fundo e retiro minha mão da parede, abaixando a minha cabeça e fechando os olhos, tentando de alguma formar relaxar, encontrar um pouco a paz e conseguir organizar os meus pensamentos. Mas isso acabou não sendo possível, pois em poucos minutos eu ouço o som de passos descendo a escada e eu não me dei o trabalho de virar.

 -Deveria ter comido de manhã- ouço a voz de Apollo ecoar por todo cômodo. Obrigo-me a levantar a cabeça e abrir os olhos, encarando ainda a parede quando luzes do local são acesas, deixando-a com um leve tom de amarelo, quase imperceptível.

 Não o respondo e apenas continuo encarando a parede a minha frente, ouvindo os passos leves dele se aproximarem mais e mais, até que sinto sua presença ao meu lado e em poucos segundo ele se encontrava sentado e me estendendo uma pequena sacola.

 -Já são quatro da tarde e você precisa se alimentar, se não ficará mais difícil de se controlar caso tenha um ataque repentino igual ontem- ele diz e eu pela primeira vez o encaro, vendo que ele não olhava para mim e sim para a parede, enquanto mantinha seu braço estendido e segurando a sacola.

 Suspiro fundo, derrotada e curiosa eu levo minhas mãos a sacola branca e assim ele solta, recolhendo seu braço e eu não me dou o trabalho de encará-lo, abrindo-a cuidadosamente e nela eu vejo algo sendo revestido de papel alumínio. Levanto a sobrancelha e abro cuidadosamente o papel alumínio, vendo que havia um sanduíche com algum recheio dentro que eu não soube identificar.

 Cheiro ele um pouco tentando saber se não era nada que iria me desagradar, mas mesmo assim não soube identificar direito, por isso acabo dando de ombros e levo um pedaço a minha boca. Arregalo os olhos ao sentir o gosto doce preencher toda minha extensão e eu como o sanduíche em poucos minutos, tanto pelo gosto dele, mas também porque havia percebido que estava com muita fome.

 Ao terminar de me deliciar com os últimos pedaços eu suspiro fundo e acabo olhando para o lado, vendo que as âmbares me encaravam um pouco curiosas, mas sem nenhum julgamento, enquanto eu apenas juntava o papel alumínio e colocava dentro da sacola.

 -Pasta de amendoim- ouço Apollo dizer e eu termino de guardar tudo, levando meus olhares para seu rosto, mas ainda sem coragem o suficiente para olhar para ele, ficando assim apenas no seu cabelo- Eu gostava muito de comer quando criança esse sanduíche de pasta de amendoim e hoje em dia ainda como- ele diz tentando soar simpático.

 Assinto levemente e não aguento ficar olhando nem mesmo para o cabelo, desviando o olhar e voltando a olhar para a parede sem cor a minha frente, enquanto o silêncio mais uma vez era estabelecido entre nós, um silêncio desconfortante e insuportável.

 -Eu nunca havia comido- começo e suspiro fundo- Nós caçadores não podíamos comer doces, era contra as regras, pois eles diziam que afetava os nossos progressos nos treinamentos- admito, levando o meu olhar para as minhas mãos que se ajuntam sobre o meu colo- Essa é uma das regras, dentre várias outras, que eram impostas sobre nós, que ainda são impostas para quem vive lá- digo baixinho a última parte.

 - Eu sabia que eles eram rígidos com essas coisas, inclusive de não deixarem vocês assistirem TV, mas não sabia da parte dos doces. Foi o primeiro que você experimentou? - ele pergunta curioso, mas não vejo nenhum sinal de emoção em sua voz, ela continua normal e calma.

 -Como você sabe sobre essa informação? - indago a ele e me viro para encará-lo agora reparando pela primeira vez que havia um grande curativo na extensão de seu pescoço e que provavelmente descia até seu braço, coberto pela manga comprida.

 -Uma pergunta por outra- ele diz e eu subo meu olhar para ele, mas acabo parando a trajetória ao reparar em seus lábios. Curvados de lado, Apollo me direcionava um sorriso diferente dos que ele já me direcionou, era um sorriso puro, honesto e não estava coberto de sarcasmo igual os outros.

 Não consigo tirar os meus olhos do pequeno sorriso que estava presente em seus lábios, mesmo sem mostrar os dentes eu conseguia ver o quão sincero e bonito o sorriso dele é. Algo que eu nunca pensei que veria. Ele me direcionar esse sorriso.

 - Foi- falo baixinho e pisco algumas vezes, me desviando do seu sorriso, mas acabo encarando os seus olhos, impossibilitando todas as minhas chances de desviar- Foi a primeira vez que eu provei- completo minha frase encarando os âmbares a minha frente.

 -Acho que é a minha vez então- ele fala baixinho, mas por nenhum momento desvia seus olhos dos meus e eu não consigo fazer isso também, não consigo me desprender de seus âmbares hipnotizantes.

 -Como você sabia sobre essa informação? - pergunto a ele mais uma vez, temendo que ele começasse a desviar do assunto para assim não me responder.

 -Da mesma maneira que eu te encontrei- ele fala e sinto um leve brilho começar a surgir no cômodo e sou obrigada a desviar de seus olhos, agora focando em sua mão, que emita um brilho branco, enquanto algumas formas o rodeavam.

 Não eram precisamente formas, mas sim animais formados através de algum tipo de essência que só é permitido ver através dessa luz que ele emana de sua mão, pois sem ser nela, não consigo mais visualizar essas formas.

 - O que é isso? - pergunto para ele, que para de emanar sua magia ao fechar sua mão e eu volto a olhar em seus olhos no mesmo instante, vendo de relance a neve suja de vermelho.

 -Liwures- ele fala e eu franzo a sobrancelha ainda sem entende o que ele dizia- São seres mágicos que vagam sobre o mundo Meli, o nosso mundo. Eles são como espíritos que não encontraram a paz, ou resolveram se estabelecer por mais um tempo no nosso mundo. A maioria deles são criaturas gentis, eles armazenam sua energia em espectros para continuarem um pouco mais no nosso mundo, a maioria por ainda ter assuntos inacabados- me explica e eu arregalo os olhos, há monstros que os caçadores não podem ver, que monstros normais não podem ver.

 -Eles estão mortos? - pergunto um pouco confusa.

 - Estão, mas a essência deles não, por isso ainda estão aqui, entre nós, ao redor de nós. A maioria são animais que fizeram isso inconscientemente, mas ao fazer ganharam consciência e a capacidade de poderem pensar e falar. Foi através deles que eu te encontrei e sei sobre os caçadores- ele termina de dizer e eu desvio o olhar dele, pois não consigo mais manter nosso contato, não mais.

 - Apenas você consegue falar com eles, ou há outros Monstros que conseguem? - pergunto a ele e suspiro fundo, levando meu olhar para a parede mais uma vez, reparando nos detalhes e defeitos que eu já havia decorado.

 -Melis- me corrige e eu suspiro fundo, não rebatendo o que ele diz e continuando a olhar para a parede, vendo mais uma vez a cor vermelha pintar a cor branca- Apenas alguns Dintrias conseguem fazer e como há poucos Dintrias, ainda há menos Melis que conseguem se comunicar com os Liwures. Entretanto existem outros Melis sem ser os Dintrias,que conseguem se transformar em Liwures por um tempo determinado, eles armazenam a magia e essência deles, para quando morrerem ainda conseguirem estar presentes durante um tempo- diz e eu meneio com a cabeça, mostrando que havia entendido e ouvido o que ele havia falado, mesmo estando focada nos gritos que a criança havia dado.

 Levo meu polegar até meus dentes e fico mordendo um pouco a unha, devido ao nervosismo, pois a cada segundo que estava se passando as memórias do dia anterior preenchiam a minha mente. Até que o porão ficou pequeno demais, o ar ficou muito pesado e difícil de respirar, enquanto minha cabeça começava a latejar de dor à medida que passava. Sou obrigada a morder mais a minha unha, até que sinto que ela estava curta o suficiente e não havia mais como morder, por isso troco de mão e levo meu polegar esquerdo agora.

 Antes do meu dedo encostar nos meus dentes eu sou impedida por uma mão segurando o meu pulso e nesse mesmo instante eu havia voltado. O porão não estava pequeno, o ar não estava rarefeito e minha cabeça não doía, entretanto eu sentia o par de joias âmbares me encarando.

 -A-a família- falo baixinho e sinto minha voz trêmula agora, fazendo com que eu arregale os olhos por perceber o quão assustada eu havia ficado.

 -Eles estão bem- Apollo me responde no mesmo tom, só que ao contrário de mim ele mantém sua voz firme- Eu modifiquei as memórias deles com ajuda dos Liwures. A criança caiu no chão e por isso o grito, os pais ao chegarem do lado de fora viram que ela havia arranhado o braço e por isso os rastros de sangue, sendo que eu tirei o excesso para não deixar tão suspeito assim- ele responde e eu me viro para ele, vendo agora um sorriso sarcástico em seu rosto.

 Franzo a sobrancelha e percebo toda sua extensão, seus músculos estavam contraídos e a respiração dele estava mais acelerada, ele provavelmente gastou muita energia fazendo isso, sendo que agora se encontra machucado por minha causa.

 -Você não devia ter se esforçado tanto, agora está desse jeito, pior do que estaria se não houvesse feito nada- repreendo ele ainda pelos seus atos, mantendo a minha voz baixa e vejo mais uma vez o sorriso sarcástico sair dos seus lábios e seus olhos queimarem em minha direção.

 -Se eu não tivesse feito quem teria? - ele pergunta de maneira afrontosa e eu me calo desviando o olhar, não havia discussão para essa pergunta.

 Nós dois sabíamos que eu não conseguiria fazer o que ele fez, primeiro por não possuir os poderes que ele tem e segundo por estar cansada e estressado psicologicamente. Tanto que eu não consegui me manter ao lado dele, tive que sair correndo para não machucar mais ninguém e não consegui chegar perto de nenhum coelho, pois eu já estava satisfeita, satisfeita do sangue dele.

 Ouço um barulho de plástico e levo minha visão em direção ao barulho, vendo que suas mãos mexiam suavemente sobre uma outra sacola. Logo vejo ele retirar de lá alguns pincéis de tamanhos e formatos diferentes, em seguida retirando também algumas tintas de cores diversas, dentre elas a cor que estou temendo no momento, vermelho.

 - Para que é isso? - pergunto a ele e vejo-o retirar por último uma paleta de tamanho médio, me estendendo ela.

 - Eu havia comprado para você a última vez que fui a cidade, você estava muito entediada e passando horas nesse local sem fazer nada- ele começa e eu levo minhas duas mãos a paleta e a pego, criando coragem e assim encarando ele no fundo dos seus olhos, no fundo de suas âmbares- Eu havia lido uma vez que pintar pode ser uma forma de distração e desabafo, então eu pensei em você tentar isso, para ver se ajuda, já que podemos ver que você não se sente confortável o suficiente para se abrir comigo e eu entendo- conclui e eu arregalo os olhos por ele ter pensado em tudo isso apenas para e ajudar.

 -Eu não sei o que dizer- digo sincera, ainda perplexa pela ação dele, vendo-o me direcionar um sorriso.

 - Não precisamos ter sempre uma resposta- ele fala e vejo-o se levantar, me obrigando a levantar levemente minha cabeça para continuar encarando-o- Apenas aceite e faça bom uso- diz sincero e quebra os nossos olhares, se dirigindo a escada que levaria ele até o primeiro andar.

 Ouço seus passos se afastando e abaixo minha cabeça, olhando todos os pincéis ao meu redor e as tintas para no final reparar a paleta marrom claro, mostrando estar em perfeito estado e nunca ter sido usada por ninguém. Mas franzo a testa ao ter sentindo falta do principal.

 -Onde eu irei pintar? - pergunto e ouço os passos dele cessarem e eu vejo-o se virar para mim, alcançando o meu olhar no mesmo instante.

 -Este local é sua tela Diana, todo este porão, cada canto dele, cada falha nas paredes, ele é seu para fazer o que quiser, use-o- fala para mim abrindo um sorriso alegre em minha direção e eu arregalo os meus olhos, me sentindo pela primeira vez contagiada por um sorriso, fazendo com que eu curve os meus lábios levemente.

 -Obrigada Apollo- falo sincera para ele e deixo um sorriso de agradecimento surgir em meus lábios. Percebo que ele tentou disfarçar a surpresa que teve ao me ouvir agradecê-lo, mas não teve sucesso.

 Vejo-o manear a cabeça e logo se virando, indo até a escada e começando a subir degrau por degrau, sendo que eu o interrompo mais uma vez antes que concluísse sua trajetória.

 -Não se esforce demais!- digo e tenho quase certeza que vi mais um sorriso em seus lábios, mas não pude ter total certeza, pois ele já havia terminado de subir a escada.

 Suspiro fundo e encaro mais uma vez os materiais de pintura a minha frente, pegando um pincel qualquer e logo levanto minhas mãos até a cor preta, abrindo-a levemente e passando o pincel cuidadosamente sobre ela. Viro-me em direção a parede suja, mas que possuía o tom branco desgastado, junto com as várias rachaduras que havia sobre ela. Suspiro fundo, levando delicadamente o pincel por lá e assim dando o primeiro traço.

(...)

 Ando silenciosamente pela casa, sendo acompanhada apenas pelo brilho da lua, me dirigindo cuidadosamente até a cozinha para beber um copo de água, depois de ter pintado por horas e agora estar completamente suja, sendo que minhas asas foram as maiores vítimas das cores brancas e cinzas.

 Tomo cuidado ao passar pela sala e não esbarrar em nada, dando a volta no balcão que interliga a sala com a cozinha, assim pegando um copo que estava no armário e levando ele até a pia, enchendo-o. Aproveito os segundos para me virar e ver a floresta de frente para o quintal dos fundos. Ela está totalmente na escuridão, sendo que a única coisa que a ilumina, ilumina de modo superficial, não mostrando a verdadeira face.

 Ouço a água começar a escorrer pela pia e eu arregalo os olhos, voltando minha atenção para o copo, vendo-o lotado de água e escorrendo sobre ele. Fecho a torneira rapidamente e levo o copo até meus lábios, bebendo todo o líquido que ali havia. Após terminar eu ponho o copo sobre a pia e pisco algumas vezes pelo meu cérebro ter se distraído e ido diretamente para o gosto do sangue de Apollo.

 - Pare de ser controlada- falo comigo mesma e fecho minhas mãos com força, tentando a de alguma forma tirar a visão da minha mente.

 O que de fato foi possível, mas não pela minha tentativa e sim por eu ouvir um barulho muito alto vindo das escadas, me fazendo parar tudo e ir apressadamente ao local. Arregalo os olhos ao chegar lá e ver um dos motivos dos meus pensamentos encostado na parede e com a mão sobre o braço machucado, junto com a testa brilhante de suor e seu rosto um pouco vermelho.

 Apollo me encara por alguns segundos e eu não foco em suas âmbares, observando o seu estado. Ele está com mais roupas de frio do que antes, sendo que eu consigo visualizar duas blusas de frio em seu corpo, enquanto possuía a postura mais retraída e seus braços se cruzavam.

 - Estava pintando até agora? - ele pergunta curioso, mas consigo ouvir o tom fraco de sua voz, me fazendo franzir as sobrancelhas, ainda analisando-o.

 -O que faz você pensar isso?- pergunto tentando manter a conversa e vejo-o descruzar os braços e apontar para algo atrás de mim, me fazendo virar de leve e assim visualizar minhas asas pretas cobertas de tintas da cor cinza, branca e preta, sendo a última mais difícil de visualizar.

 -Deveria tomar mais cuidado com elas, mesmo que você as odeia- ele fala e eu suspiro fundo, me virando para ele novamente, vendo que volta à posição inicial de seus braços.

 -Deveria tomar conta da sua saúde também antes de ficar falando dos outros- rebato ele e vejo um sorriso sarcástico aparecer de seus lábios, me fazendo revirar os olhos pelo modo convencido que ele quer mostrar, mesmo não tendo nada dele.

 Vejo-o desviar o olhar após alguns segundos e eu suspiro mais uma vez, levando minhas mãos até o seu rosto, fazendo com que ele olhe para mim novamente. Levo minha mão direita até sua testa e a minha esquerda desce um pouco e trilha o caminho até a curvatura de seu pescoço, repousando-se por lá, enquanto meço a temperatura do corpo dele.

 -Você com certeza está com febre- falo a ele e vejo-o tentar se afastar de mim, mas eu não deixo, mesmo ele sendo maior do que eu e mais forte, agora ele está mais fraco e não consegue realizar nem um movimento simples.

 -Não é nada de demais- ele fala desviando seu olhar do meu e encara algo atrás de mim.

 Suspiro fundo e retiro minhas mãos do seu rosto e desço elas até a borda da manga direita de sua blusa, assim ergo-a levemente e ele não faz nenhuma reação sobre, mas sinto que seus olhos voltaram a atenção para mim. Analiso a faixa que está em seu braço e vejo que ela não conseguiu conter o sangue, enquanto algumas marcas roxas iam descendo para a sua mão. Provavelmente ele não havia cuidado direito e deu uma leve infecção.

 -Eu estou bem- ele diz de modo teimoso e puxa seu braço de minhas mãos, se afastando um pouco, mas quase caindo no chão se eu não houvesse segurado seus ombros e firmado nossos corpos contra a parede fria, que fez ele tremer apenas pelo contato.

 -Eu discordo- falo indo até o lado dele e passando seu braço esquerdo por cima do meu ombro, me fazendo sentir suas mãos passarem por algumas das penas das minhas asas, incomodando-me um pouco.

 Com minha asa direita eu consigo envolver o corpo dele levemente e assim com mais facilidade nós dois subimos as escadas em direção ao segundo andar. Andamos rapidamente pelo corredor e levo minha mão esquerda até a maçaneta da porta do quarto de Apollo, abrindo-a e adentrando com ele no local. Deixo-o na cama e abro algumas gavetas a procura de uma coberta, encontrando algumas na última gaveta, pego uma e assim volto para perto dele.

 -O que você está fazendo? –ele pergunta ainda sentado na cama e eu jogo a coberta sobre ele, colocando minhas duas mãos, agora livres, sobre seus ombros, empurrando-o levemente.

 -Cuidando de você- digo seriamente e ele deita no colchão, me fazendo suspirar fundo e pegar a coberta novamente, pondo-a sobre ele.

 - Eu já disse que estou bem- fala e eu o ignoro, indo até sua escrivaninha e abrindo as duas gavetas, sendo que em uma delas eu encontro uma arma de fogo, fazendo com que eu franza a sobrancelha, mas ignore totalmente, pois minha busca é por algum remédio.

 -Você não devia ter usado os seus poderes, já estava muito fraco por causa do tanto de sangue que perdeu, poderíamos ter cuidado daquela família mais tarde- falo para ele, enquanto revirava uma caixa que achei em seu guarda-roupa.

 -A família provavelmente teria denunciado para a polícia, os caçadores suspeitariam e Bardon poderia acabar descobrindo a nossa localização- ele tenta se justificar e ouço sua você um pouco ofegante.

 - Mesmo assim, agora você está desse jeito e Bardon entrou na minha mente, ele já sabe onde estamos- falo largando a caixa de lado e começando a procurar nas gavetas do guarda-roupa.

 -Ele não sabe, ele entrou na sua mente muito rápido para conseguir a localização da casa, mas em contrapartida agora ele sabe da minha existência- ele fala com a voz fraca e eu continuo procurando o remédio- Está na terceira gaveta do lado esquerdo- ele finalmente fala e eu suspiro aliviada, abrindo a gaveta e encontrando uma pequena bolsa verde.

 Pego-a e levo até a cama, abrindo-a e assim começando a procurar algo que pudesse ajudar ele, mas apenas encontro alguns frascos com líquidos de cores diferentes, me fazendo franzir a sobrancelha.

 -Azul- ele diz e eu rapidamente procuro um frasco com líquido azul.

 Acho-o no fundo da bolsa e não dou tempo nem de reparar, pois eu já destampo ele e entrego para Apollo, que pega sem hesitar e vira tudo de uma vez, bebendo o líquido e fazendo uma cara de desgosto, provavelmente por ser amargo demais. Aproveito quando vejo algumas faixas e gazes, retirando da bolsa para eu poder refazer os curativos dele

 -Pensei que Mons- ele me olha torto e eu reviro os olhos, suspirando fundo enquanto guardo todos os frascos dentro da bolsa verde novamente- Pensei que todos os Melis se curavam rápido- falo ao me lembrar de quando me machuco e que a cicatrização hoje em dia é quase instantânea.

 -Não quando um da mesma espécie te ataca, quando isso acontece demora mais tempo para curar, mas continua sendo mais rápido que o tempo de cura dos humanos e caçadores- ele responde eu assinto.

 Levantando-me da cama e dirijo-me ao guarda-roupa, guardando a bolsa e fechando a porta, voltando para a cama e me sentando na beirada dela, enquanto ele se ajeita um pouco, se sentando também, mas ainda envolto do cobertor. Apollo me encara por alguns segundo e seu rosto ainda está corado pela febre e ele parece muito cansado.

 -Você usou magia demais- falo para ele e vejo-o dar de ombros, me fazendo reparar no movimento rígido que faz- E ainda está usando magia! - acuso-o e vejo que ele arregala os olhos, mas logo começa a assimilar com o que eu falo.

 As asas de Apollo ainda estão recolhidas por ele e pelo visto ao fazer isso requer uma quantidade considerável de poder, que poderia estar sendo consumido para a melhora dele e não para que eu não veja suas asas.

 -Libere-as- falo em um tom autoritário, mas sem elevar minha voz durante meu pronunciamento.

 Ele me encara cansado e levanta sua sobrancelha pela minha ordem e eu faço a mesma coisa, desafiando-o a ir contra o que eu disse. Entretanto consigo ver em seu olhar que também está muito cansado para me contrariar, assim desencostando-se um pouco da cama e após um barulho de ossos se quebrando e o tecido da camisa ser rasgado, eu consigo ver as grandes asas negras surgirem grandiosamente em seguida, iguais às que eu havia visto naquela noite.

 -Eu irei trocar os seus curativos- aviso a ele e não dou tempo para ele contrariar, levando minhas mãos em seu braço machucado e assim começando a me desfazer das faixas gastas e cobertas por sangue.

 Retiro o resto de pano que havia em seu corpo e que foi destruído por causa das asas que tomaram espaço. Observo atentamente o machucado e vejo que minha mordida havia ido muito fundo e por sorte não havia se infectado, apenas não estava estancado.

 Pego algumas gazes e suspiro fundo ao olhar para o sangue, sentindo minha garganta pulsar, mas consigo me controlar o suficiente, começando a limpar de pouco em pouco. Tomo cuidado para não pressionar com muita força, para evitar que ele sinta mais dor. Após alguns minutos limpando toda a extremidade eu pego a faixa e começo a passar em torno de seu braço, sempre estando sobre a vigília de suas âmbares, entretanto muito cansadas para poderem raciocinar direito.

 -Me deixe ver seu ombro- peço para ele ao terminar de enfaixar o seu braço e vejo-o relutar um pouco, me fazendo revirar os olhos- Não aja como uma criança teimosa- digo grossamente a ele que bufa irritado, mas acaba cedendo e curva levemente o seu pescoço para o lado oposto da ferida em seu ombro.

 Vejo que neste local é o mais afetado, provavelmente por ele ter movimentado muito e sempre ter que virar para observar as coisas. Com cuidado então, eu pego mais algumas gazes e limpo o machucado, vendo que ainda estava sangrando e que se ficasse assim acabaria infeccionando.

 -Onde eu cons- me interrompo ao ver ele de olhos fechados e respirando calmamente.

 Apollo está de olhos fechados e com uma respiração regulada, enquanto aparenta estar em um sono profundo, provavelmente descansando e tentando recuperar as forças que perdeu nesse dia. Reparo melhor em sua expressão e consigo notar o início de algumas olheiras que não chegarão a tomar conta do rosto dele graças ao seu descanso.

 Suspiro fundo e me levanto, andando pelo quarto novamente, só que silenciosamente. Procuro nas gavetas até finalmente conseguir achar uma pomada para ajudar na cicatrização do machucado, assim voltando ao lado dele na cama e passando delicadamente nos cortes, em seguida enfaixando de uma maneira que não sairia muito sangue. Jogo os itens utilizados no lixo e agradeço mentalmente por ele não ter acordado e continuar com sua expressão plena durante todo o processo.

 Aproveito também e desço o meu olhar para suas asas, reparando o quanto elas aparentam ser inabaláveis e indestrutíveis. Elas mostram estar muito bem cuidadas, desde a menor pena até a maior delas, todas alinhadas e em perfeito estado. O tamanho é impressionante, elas são praticamente o dobro das minhas e com toda certeza mais bem cuidadas.Levo meus dedos levemente até a ponta da asa direita dele, passando levemente a mão pelas penas e seguindo assim, hipnotizada pela vasta escuridão que nela existe. Percebo que cada vez mais que me aproximo do centro de suas costas, as penas vão diminuindo, algo que realmente me intrigou e que eu nunca havia reparado se nas minhas eram assim.

 Não consigo terminar de trilhar o caminho, pois me assusto quando uma mão segura com força o meu pulso direito, impedindo os meus dedos. Eu levo o meu olhar diretamente para Apollo e vejo que ele está agora com a respiração acelerada e com um olhar mortífero em minha direção, me fazendo morder o canto inferior da minha bochecha.

 -Eu não faria isso se eu fosse você-fala seriamente e afrouxa o seu aperto, me dando chances para assim conseguir me soltar dele, recolhendo o meu pulso contra o meu peito e o encarando.

 - Por que você diz isso? - pergunto arqueando minha sobrancelha esquerda, observando a feição dele mudar de séria para suavizada em poucos segundos.

 Ele leva a mesma mão que havia pegado em meu pulso até seu rosto, passando sobre seu rosto e jogando os fios rebeldes de seu cabelo para trás, me permitindo enxergar com mais facilidade suas âmbares.

 -Você nunca toca nas asas de um Dintria ou de um Caid, não sem a permissão deles- fala seriamente e eu olho mais uma vez para suas asas, vendo que ele faz a mesma coisa, mas logo direciona seus olhos para mim novamente e eu retribuo o olhar, mostrando a ele que ainda não havia me dado a resposta esperada- Vamos dizer que nossas asas são os pontos mais sensíveis de nosso corpo, quanto mais perto do centro das nossas costas for, mais sensíveis serão. Ao contrário das pontas que são mais duras do que o metal mais resistente- ele me explica e reparo em seu rosto um pouco vermelho, provavelmente pela febre que ainda não havia abaixado completamente.

 - Eu nunca senti isso, apenas alguns incômodos- falo seriamente a ele, sobre o que havia acabado de descrever.

 Vejo-o arquear a sobrancelha esquerda da mesma maneira que eu havia feito há alguns minutos atrás. Logo nega levemente com a cabeça, fechando os olhos para poder dar ênfase em seu movimento, mas em poucos segundo abre-os novamente e eu sinto seus âmbares me dilacerando.

 - Ninguém nunca se aproximou o suficiente de você para tocar suas asas e se aproximavam já estavam mortos- diz friamente e eu franzo a sobrancelhas pela escolha das palavras que usou.

 Me levanto da cama no mesmo instante o encarando ainda irritada, suspirando fundo e irritada por ter sentindo que estava em dívida com ele e ter tido a vontade de ajudá-lo.

 - Acho que irei me retirar, você já está bem o suficiente- falo e vejo-o arregalar os olhos, provavelmente entendendo o que havia dito.

 -Diana espere- ele diz levantando seu braço como se isso bastasse para conseguir me interromper.

 -Boa noite Apollo- digo dando as costas para ele e passando pela porta do seu quarto, não antes de observar mais uma vez o símbolo branco que se encontra espalhado pelas paredes.

 Fecho a porta em uma batida e caminho rapidamente até o quarto onde eu estava, abrindo a minha porta e fechando-a empoucos movimentos. Dou curtos passos até a cama e me deito de barriga paracima, xingando Apollo de várias maneiras diferentes enquanto observo aspinturas detalhadas do teto, sendo que mais uma vez a com o símbolo preto mechama a atenção, me fazendo adormecer enquanto observo ela atentamente

Oi fadinhas :3 

 DESCULPA TER DEMORADO eu juro que tenteie screver o máximo que eu pude e eu to tentando sério escrever, mas como vocês estão vendo, os cap estão recisando de mais cuidado e tals, pois eles estão o dobro do que eu costumo escrever kkkk então neh kkk

 Espero que voces tenham gostado desse cap, não desistam de mim e nem do apollo pq ele vai melhorar, eu acho kkkk

 Comentem e votem para eu saber o que vocês estão achando

 TENTAREI POSTAR CAP COM MAI FREQUENCIA KKKK

 Amo vocês fadinhas 

 Bjs Mary e até a próxima ;3

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