Cap 4
Diana
Abro os olhos, sentindo a leve brisa de outono passar pela minha pele, me fazendo estremecer um pouco pelo toque gélido que passou por toda a extensão do meu corpo. Suspiro fundo e me obrigo a levantar da cama, logo olhando para os lados e vendo que o Sol ainda não havia nascido.
Ando em direção à janela aberta e assim que chego perto fecho-a no mesmo instante, meu corpo treme um pouco pelo último toque frio da brisa e em seguida se acostuma com o aconchego da temperatura do quarto. Meus olhos se vão para além da janela e fico olhando para fora durante alguns minutos, vendo que mais e mais folhas vão caindo das árvores, enquanto a grama está se tornando amarela e alaranjada. O outono havia chegado até mesmo nessa cidade.
-Morte-falo baixinho, olhando para o céu que está ganhando cor, graças ao nascer do Sol, mas ao invés de conseguir visualizar o céu azul como quase sempre há nessa época, eu apenas vejo nuvens cinzas e carregadas-Sim, outono representa essa palavra, ela e o inverno-concluo comigo mesma e me afasto da janela, andando pelo quarto e assim olhando o relógio, que marca 5:43 da manhã.
Pelo visto nem mesmo dormir em uma cama confortável irá fazer com que meu horário biológico mude e me permita acordar mais tarde. Parece que velhos hábitos, hábitos de caçadores repugnantes, parece que esses hábitos me seguirão até o túmulo. Suspiro fundo e me afasto da janela, me direcionando até o interruptor e assim deixando o meu quarto mais claro, coberto por uma leve luz amarela que ao mesmo tempo aconchegante ainda possui uma atmosfera fria, mas me permite analisá-lo melhor.
Ontem não houve tempo para que eu pudesse olhar a beleza que existe neste quarto, mas eu soube que apenas as pequenas pinturas nele já diziam muita coisa, junto com os pequenos detalhes que envolvem. Há uma grande cama no centro do quarto onde eu havia dormido, ao lado dela uma pequena mesinha junto a uma cadeira, já do outro lado tem uma janela e ao lado dela tem uma escrivaninha com um jarro muito bem detalhado sobre ela.
Do outro lado, consigo perceber um guarda-roupa a mostra, nem muito grande nem muito pequeno. Segui com meus olhos depois do guarda-roupa e vejo uma porta que dá em direção ao banheiro. Ando calmamente até ela e quando adentro vejo um banheiro de tamanho médio também, me fazendo suspirar fundo apenas por conseguir ver o chuveiro, me lembrando da última vez que tomei um banho decente. Meses atrás.
Decido começar meu dia fazendo minha higiene e logo que termino me encaro no espelho. Reparo que minha pele com o passar do tempo se tornou mais branca do que o normal, mais uma amostra que eu deveria estar morta há muito tempo. Já meus olhos que antes eram claros agora se tornaram um azul escuro e eu devo dizer que foi a única coisa que me agradou nessa mudança, ao contrário do que eu vejo atrás de mim que é o que eu mais abomino. Duas grandes asas com penas pretas.
Saio do meu quarto após alguns minutos e decido explorar a casa, já que o café ainda demora horas para acontecer. Meus passos são leves assim como eu havia aprendido, para não acordar o dono da casa, mesmo com minhas pesadas asas eu consigo movimentar levemente. Passo pelo corredor que eu presumo ser onde os quartos ficam, vou reparando que há cinco portas largas no local e eu creio que dessas cinco duas são do quarto onde estou e outra deve ser o quarto onde ele está. Mas as outras três portas me deixam um pouco com dúvidas e como todas estão fechadas temo vir a abrir à errada e acabar abrindo a porta do quarto dele.
Uma luz mais para o final do corredor me atrai e assim me dirijo a ela, vendo que dá passagem a uma escada que eu desço sem hesitar em nenhum segundo e logo consigo confirmar minha teoria, assim estando no primeiro andar da casa novamente.
Reparo que há uma grande porta de madeira a minha frente, que eu presumo ser a porta de entrada da casa. Dirijo-me a ela e vejo um pequeno molho de chaves perto de um móvel que fica na entrada, assim eu o pego e depois de algumas tentativas eu abro a porta, atravessando-a e sentindo o vento gélido mais uma vez bater contra o meu corpo. Minhas asas se estremecem no mesmo instante e logo eu faço elas me contornarem, protegendo-me assim do frio enquanto vou andando um pouco para longe da casa, observando a vizinhança.
O lugar onde estamos é quase deserto se não fosse por algumas casas ao nosso redor, as quais eu julgo serem casas de férias, pois nenhuma parece ter o sinal de ser habitada durante esse tempo. Suspiro aliviada por isso, pois pelo menos poderei ficar um pouco exposta sem ter medo de que alguém me veja e na pior das hipóteses acabe surtando por conta disso.
Observo um pouco mais a rua onde a casa está e em seguida viro-me em direção a ela, conseguindo vê-la totalmente. Analiso sua cor meio cinza e marrom contornada por algumas partes brancas ao seu redor. A casa mostra que há dois andares graças a sua arquitetura e também há vários vidros espalhados por ela, mostrando que é totalmente iluminada pela luz do dia. Na entrada eu consigo ver que é mais bonita do que aparenta, tendo uma grande porta de madeira a sua frente, sendo que ao lado da porta, uma grande parede de vidro está estendida, mostrando um pouco do interior da casa, mesmo sendo apenas o corredor e mais algumas pinturas. O formato dela é como as demais casas que se encontra nos EUA, mas parece que foi modernizada um pouco.
Ao redor do local consigo ver que também há duas árvores, uma em uma ponta da casa e a outra árvore na outra ponta da casa, deixando-a assim com um leve charme, mesmo que as árvores agora estejam praticamente sem folhas. O chão de fora da casa é grama e onde eu estou há cimento, ligando a calçada em outras casas, assim permitindo o deslocamento sem ter a necessidade de ir para a rua.
Sinto mais uma vez o vento gélido passar por mim e eu decido que é melhor voltar para dentro da casa, fechando em seguida a grande porta de madeira e suspirando fundo quando tiro minhas asas do meu corpo, deixando-as expostas novamente, mas o peso que é aquilo que mais me incomoda, não vai embora.
Adentro o corredor iluminado pela luz do dia que já ganhou forma, logo em seguida vou direto para a sala em que eu estava ontem e vejo o grande vidro depois da cozinha que é ligada com a sala, indicando a vasta floresta alaranjada a minha frente.
Levo meu dedo direito até meus lábios e mordo levemente minha unha, quebrando-a um pouco e deixando-a perto da carne viva, mas não me dei o trabalho de preocupar com isso, pois eu ouço um barulho e arregalo os olhos, me virando rapidamente e encontrando um par de âmbares me encarando. Suspiro fundo um pouco aliviada por ter sido ele, mas não consigo abaixar a guarda o suficiente, sem tirar meus olhos do seu.
-O que está fazendo acordada essa hora?-ele pergunta e eu desvio o meu olhar do dele, indo em direção a sala e vendo um relógio posto na parede, que marcava 7:30.
Arregalo os olhos pelo horário, pois parecia que havia se passado pouco tempo que eu havia acordado, mas pelo visto eu estava enganada e devo ter ficado muito tempo lá fora, observando as coisas à minha volta.
-Você não respondeu à pergunta- ele fala tranquilamente, passando por mim e indo em direção a bancada que dividia a cozinha com a sala, assim colocando alguns ingredientes em cima dela, que indica os que ele usaria para o preparo do café da manhã.
Minhas asas logo se desprendem do meu corpo e espreguiço-as um pouco, me fazendo ficar um pouco mais confortável, mas logo em seguida o peso delas cai sobre minhas costas e eu respiro fundo, sentindo minha boca um pouco seca.
Tento me distrair um pouco e logo começo acompanhar os movimentos dele enquanto se movia de um lado para o outro, pegando alguns instrumentos para usar no decorrer do processo. Vejo ele levantar levemente seu olhar para mim, mas não deixa de cessar suas ações, fazendo tudo com maestria.
-Eu fui criada assim, acordar cedo e ir dormir tarde, sempre tínhamos que treinar e em seguida caçar alg- me interrompo antes de pronunciar a frase e vejo que ele não me encarava mais, mas sei que continua ouvindo- caçar alguns Melis-concluo e ele assente levemente com a cabeça.
Vejo-o pegar dois pedaços de um pão qualquer e colocá-los na torradeira, logo indo em direção ao que parece ser a geladeira e de lá tirando uma garrafa com um conteúdo laranja e eu julgo ser um suco de laranja.Não consigo me mover e nem mesmo sei como posso ajudá-lo, na pior das hipóteses minhas asas iriam atrapalhar e quebrariam várias coisas ao nosso redor. Por isso resolvo apenas ficar o observando e assim percebo que ele continua com os mesmos trajes de ontem, ainda vestia a mesma blusa fina de manga comprida preta junto com sua calça de moletom cinza. A única coisa que mudou agora é que ele não usa mais as meias e anda descalço pela casa.
- Mas e você?-pergunto tentando não deixar o ar tão pesado, mesmo que a minha vontade seja me trancar no quarto e nunca mais me encontrar com nenhum ser vivo- Por que resolver fazer o café as 8:00?-indago curiosa- Achei que vocês gostavam de acordar cedo, ou até mesmo tinham mania-esclareço e em seguida vejo ele parar tudo o que está fazendo e seus olhos focam inteiramente em mim, fazendo com que eu sinta um arrepio desde o início da minha espinha até o final dela, deixando todos os pelinhos da minha nuca eretos.
- Gosto de acordar mais tarde, além do mais, temos que aproveitar nossa hora de descanso, nunca saberemos quando será a nossa última-responde e eu pude reparar que seus olhos parecem ter viajado para outro lugar, mas logo voltam e continuam a me encarar.
- Entendo-digo apenas para cortar seu olhar e funciona com sucesso, pois em seguida a torradeira apita, avisando que os pães haviam ficado prontos. Ele foi em direção a eles, tirando-os de lá.
Depois de um tempo em um ambiente silencioso o café da manhã estava pronto e posto sobre uma pequena mesa de vidro totalmente simpática na cozinha, ela estava exatamente na parte que é possível ver da sala, sendo ela de frente para a floresta e o grande gramado da casa.
Sento-me na cadeira e franzo a sobrancelha por não ter me sentindo muito desconfortável por causa das minhas asas, na verdade a cadeira é bem larga, me permitindo ficar mais à vontade com elas. A iluminação do dia é bastante confortável e por isso não houve a necessidade de ligar a luz que se encontra sobre nós.
-Sirva-se-ele diz casualmente e logo pega um pedaço de pão e assim um pouco do suco de laranja.
Resolvo fazer o mesmo e pego uma torrada e enchendo o meu copo com o suco de laranja, em seguida levo ele aos meus lábios e tomo um gole, ficando impressionada por ser suco de laranja natural e não aqueles que são fabricados.
-Teve uma noite mais confortável? -ele pergunta e eu percebo que está tentando iniciar uma conversa comigo.
Pego um pequeno pote que pelo visto é de manteiga e logo passo minha faca, retirando um pouco do conteúdo e espalhando-a sobre minha torrada, logo dando a minha primeira mordida.
-Sem pesadelos e sem sonhos-respondo para ele meio contragosto e dou um sorriso sarcástico, voltando a comer em seguida.
O café se passou assim e em pouco tempo nós dois já havíamos terminado, por isso eu apenas juntei algumas coisas para ele colocar na máquina facilmente e outras coisas para ele guardar. Em seguida nós dois já estávamos mais uma vez sentados naquelas poltronas e eu levava meus dedos a minha boca. Às vezes mordendo minhas unhas, às vezes mordendo uma pele solta nos cantos do meu dedo.
- Tem alguma dúvida que queira tirar comigo antes de nós começarmos? -ele pergunta e eu olho ao redor, reparando em alguns objetos e logo volto a encarar ele novamente.
-Por que as portas e cadeiras aqui são mais largas do que o normal? -pergunto a ele e vejo-o levantar a sobrancelha, como se dessa forma julgasse minha pergunta.
-Essa casa antes de ser minha era de uma senhora. O marido dela teve um problema de obesidade e por isso eles tiveram que reformar toda a casa- ele me explica e eu franzo a sobrancelha- Só que o estado do marido dela piorou e ela teve que se mudar às pressas para mais perto do hospital e como eu estava procurando uma casa mais afastada do centro e até mesmo da cidade, ela me vendeu por um bom preço e mobiliada-completa a explicação e eu apenas balanço a cabeça em entendimento.
- Posso fazer mais uma pergunta? -questiono a ele que assente com a cabeça-Há algum lugar que eu não possa ir dentro dessa casa?-pergunto para ele e vejo-o levantar a sobrancelha novamente e unir suas mãos.
-Posso saber o motivo dessa pergunta? -ele questiona intrigado e leva o seu corpo um pouco mais para frente, apoiando os seus braços sobre suas pernas.
-É porque eu não quero que haja um desentendimento entre nós caso eu acabe entrando em uma porta errada ou até mesmo por curiosidade de conhecer a casa entre no cômodo errado-explico a ele com sinceridade na minha resposta-Além do mais, eu não gostaria que algum estranho começasse a mexer nas minhas coisas e vasculhar minha casa-concluo a ele e vejo-o um pouco pensativo.
-Na verdade você pode andar livremente pela casa, não há nada do que esconder de você, além do mais não adiantaria ir contar para caçadores, eles não iriam aceitá-la de volta pelo que eu sei-provoca, me fazendo sentir meu rosto queimar, mas não respondo a sua provocação -O meu quarto é a última porta ao lado esquerdo, enquanto o seu é o primeiro, estamos lado a lado. A primeira porta à direita é um quarto de hóspedes, a do meio é um banheiro e a última porta ao lado esquerdo é o meu escritório, se sinta livre para andar por todos esses locais, mas não entre no meu quarto, não gosto que invadam minha privacidade, assim como eu não irei entrar no seu quarto-ele diz e eu assinto, concordando com suas palavras-Também têm o porão que não é muito usado e está um pouco empoeirado, mas se quiser ir lá para fazer alguma coisa não há nenhum problema-termina de dizer e eu assinto mais uma vez, apenas para mostrar que estava em concordância com o que ele havia dito.
Ficamos em silêncio durante um tempo e eu devo admitir que fiquei um pouco curiosa para saber como é o porão da casa e por isso irei nele após terminar o que quer que eu tenha que fazer agora, para conseguir controlar meus poderes.
-Bom-ele começa, se levantando da poltrona e indo em minha direção, logo parando a minha frente.
Sou obrigada a erguer minha cabeça um pouco mais para conseguir enxergar seus olhos, vendo que os âmbares combinam perfeitamente com a luz do Sol que reflete sobre eles.
-Depois do que você me contou ontem a noite eu fiquei pensando sobre o que poderia ter acontecido. O meu objetivo ao ter te parado foi tentar invadir sua mente e ver o que está deixando seu corpo como um Caid, o que está te travando e deixando-a no lado das trevas. Quando eu tentei te deixar em um estado de sonho outro ser invadiu e tirou toda a calma que você poderia ter, me expulsando da sua mente e me bloqueando, me impedindo de voltar-fala gesticulando levemente com sua mão direita-Esse ser é um Meli, o Meli que a fez ficar desse jeito-concluiu e eu arregalo os olhos com o pronunciamento dele.
-Bardon-falo baixinho e ele assente, se ajoelhando a minha frente e eu fico cara a cara com seus âmbares.
-Ele está de olho em você quer fazer de tudo para que você não volte a ver a luz e continuará tentando- explica, me fazendo ficar um pouco estática com suas palavras.
-Então ele sabe sobre você? -pergunto e ele nega com a cabeça.
-Por pouco ele descobre minha identidade e nossa localização. Eu fiz uma leve magia para fazer você se esquecer onde está enquanto dorme e sobre quem eu sou, assim nos mantendo em segurança-conclui e eu assinto, suspirando fundo enterrando o meu rosto entre minhas mãos, tentando controlar meu nervosismo.
Fico um tempo assim e sei que os seus olhos estão sobre mim, mas não me importo de ficar assim agora, não mais. Não há o motivo de não demonstrar fraqueza, mesmo que eu não queira demonstrar, mas não há mais motivo. Os caçadores que colocaram essas ideias nas nossas cabeças, nos destruíram de dentro para fora e agora a única coisa que existe é uma casca e nada por dentro.
-Você não está perdida por completo-ele diz, me fazendo levantar meu olhar e encarar ele, vendo que me encara com firmeza e sem desviar o nosso olhar por nenhum instante-Ainda tem como te fazer voltar, não como uma caçadora, mas como uma Dintria-argumentou e eu suspiro fundo.
-Não há outra maneira? -pergunto e ele apenas nega com a cabeça.
Abaixo o meu olhar até minhas mãos que estão juntas e consigo ver algumas marcas de machucados nos meus dedos que eu vou fazendo a partir do estresse que passo. Logo em seguida levanto o meu olhar e vejo que ele faz o mesmo, provavelmente também encarava meus dedos machucados.
-Eu preciso que você me ajude-peço a ele ao tomar minha decisão, pois eu sei que sem ele eu não conseguirei nada.
Vejo seus olhos brilharem um pouco e eu franzo a sobrancelha, mas sei que ele não está me ajudando de graça e que futuramente irá cobrar algo de mim, mas isso não importa. Não tem como eu encontrar outra saída, se eu não deixar que ele me ajude, eu irei me descontrolar, irei matar mais pessoas, irei fazer o que aquele homem quer que eu faça.
-E eu posso te ajudar Diana, mas primeiro você precisa confiar em mim-ele afirma seriamente e eu levanto minha sobrancelha sem entender sua fala.
Ei fadinhass aki está mais um cap :3
Espero que tenham gostado desse cap e desculpa a demora para postar ;-; eu acabei de voltar as aulas e está tudo um grande bagunça que pelo amor de Deus kkkk
Bom espero que tenham gostado desse cap, aproveitem bastante e o prox cap já está sendo feito,mas não sei se conseguirei publicar ele amanhã ;-;
Mas de resto é isso, comentem e votem para eu saber a opinião de vocês e espero que não desistam de mim :3
Bjs Mary e até a próxima ;3
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