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Cap 21




Diana

-Confia em mim- ouço Apollo falar com um sorriso no rosto, provavelmente se divertindo com a situação em que nos encontrávamos.

- Eu vou cair Apollo, nem pense nisso- rebato ele, rindo um pouco quando vejo o dono dos olhos âmbares estar com o rosto sujo de azul, devido as várias pinceladas que eu havia passado nele para provocar.

-Mas talvez isso acione seus instintos Diana. Suas asas estão ótimas, já consegue controlar elas, mas tem algo que está te bloqueando a voar- ele pondera, chegando perto de mim e passando seus dedos sujos de amarelo na minha bochecha.

Olho com raiva para ele e ameaço pegar o pincel verde, mas vejo-o se afastar com agilidade e ficar no outro canto da sala, com os braços erguidos em sinal de rendição. Levanto minha sobrancelha direita e em seguida reviro os olhos, negando com a cabeça e  volto a pintar algumas flores em uma das pilastras que havia no porão.

Um mês havia se passado desde que Hope e Theo estiveram aqui, as coisas mudaram um pouco. O ambiente parece que se tornou mais leve e mais prazeroso de se estar. Eu e Apollo treinamos com mais afinco minhas asas e eu consegui fazer todo o progresso que desejávamos, sendo que faltava apenas o voo. Bardon não havia vindo nos perturbar, mesmo que estivéssemos sempre alertas com qualquer movimento estranho ou insinuação de sua presença. Minha sede de sangue também havia parado, durante todo esse mês que passou eu não tive vontade nenhuma e nem a necessidade surreal de ter o gosto do sangue em meus lábios.

- Você não devia abaixar sua guarda com tanta facilidade- ouço a voz de Apollo no pé do meu ouvido, fazendo meus pelos se arrepiarem e em seguida sinto as mãos dele em meu cabelo, começando a passar pelos fios.

-Não Apollo! - grito com ele entre risos, pegando uma tinta qualquer e sujando minha mão, para em seguida passar no rosto dele e em seus fios loiros do cabelo, os quais estavam presos em um coque.

Me afasto dele com dificuldade e o encaro, vendo que o dono dos olhos âmbares estava preenchido com a cor verde, amarela, azul e rosa. Não consigo suprir meu riso ao ver ele me encarar e levantar sua sobrancelha direita. Eu com certeza não devia estar tão diferente dele, mas mesmo assim o meu riso não havia parado de ecoar do local.

-Você sabe o quanto é difícil de tirar as tintas delas Apollo! Se você suja meu cabelo você consequentemente está sujando minhas asas!- reclamo sobre meu par de voo, mas mesmo assim o sorriso em meus lábios estava prevalecido.

Os machucados nas minhas asas haviam sarado, sendo que Apollo havia feito algumas poções que ele alegava ajudar na agilidade do processo. Doeu um pouco, mas ao estarem curadas foi a melhor sensação do mundo, não sentir mais nenhuma dor e poder movimentá-las novamente.

Apollo levanta a sobrancelha e olha para minhas asas, em seguida olha para as suas. Elas estavam sujas de tintas, mas devo admitir que mesmo assim estavam belas e imponentes, assim como suas asas sempre foram. Ele havia me explicado mais algumas coisas sobre as asas, me explicando onde eu deveria focar mais, em quais músculos e quais partes eu devia tomar cuidado. O centro delas era o lugar mais delicado, ele dizia ser a parte mais sensível delas e eu fiquei me perguntando o quanto deve ter doido a aplicação daquele soro no centro de suas asas.

- Estou pensando em ir comprar algumas coisas hoje, vai querer ir comigo? - ele questiona, sentando na única cadeira que tinha no local, só que de maneira inversa, assim apoiando seus braços no encosto.

Mordo o interior da minha bochecha e pondero um pouco sobre acompanhar ele ou não, pois se eu tivesse que ir teria que tomar aquele líquido amargo. Olho para minhas tintas e percebo que precisava comprar mais delas, então ou eu ia, ou eu o pedia para comprar mais, mas tenho certeza que ele não aceitaria meu dinheiro.

-Vou com você- decido por fim, voltando à pilastra que estava pintando e continuo retocando as folhas verdes das flores- Preciso de material novo- admito, dando de ombros e não encaro seus âmbares.

Ouço ele se remexer na cadeira e tenho certeza que era para pegar o pano com água, para tentar tirar o excesso de tinta que havia em seu corpo, assim como em suas asas. Eu fico mais um tempo viajando em meus pensamentos, dando alguns contornos nas plantas e nas flores, deixando-as mais belas e mais chamativas. Eu havia decidido que em cada pilastra desse porão eu iria pintar uma estação, já tinha idealizado toda a ideia e a do inverno estava pronta, faltava a do verão e do outono, sendo que a da primavera ainda não havia sido concluída.

- Acho que nunca te perguntei o motivo de ter desenhado meus olhos naquelas asas- Apollo fala e eu deixo meu olhar cair sobre o Meli.

Observo seus âmbares e em seguida olho para a figura na parede, vendo que eu havia retratado muito bem. Os detalhes me impressionavam às vezes, o que me deixa com um leve sorriso no rosto, pois aquelas foram às primeiras cores que eu peguei, sem ser marrom cinza e preto.

- Você me trouxe paz no dia que pintei isso e eu reparo muito nos seus olhos- admito, levantando a mão e ele joga o pano em minha direção, sendo que eu o pego- A pintura apenas apareceu na minha mente e quando eu vi estava assim- respondo a ele, passando o pincel no pano e removendo a cor verde do objeto fino.

Vejo Apollo assentir levemente, encarando ainda a pintura. Eu franzo a sobrancelha e deixo o pincel e o pano em cima da mesa, andando em direção a ele, o qual mantinha seus olhos fixos aos meus.

- Não se acha muito egocêntrico por ter perguntado e mencionado que era seus olhos? - indago a ele, parando a sua frente.

- Eu sabia que eram meus- Apollo ri de canto, levantando o seu olhar e prendendo ao meu.

- Como tem certeza? - desafio, com um sorriso em meu rosto.

Apollo sorri também, se levantando e dando alguns passos para trás. Me encarando por alguns segundos e vejo em seu olhar que iria fugir da pergunta, o que me faz abrir ainda mais o sorriso.

- Saímos de tarde- fala simplesmente, se virando e indo para a escada que daria para o primeiro andar, subindo degrau por degrau.

Rio levemente e nego com a cabeça, voltando minha atenção para os olhos âmbares que foram pintados. Dou um leve sorriso, negando com a cabeça mais uma vez e pegando os materiais e começando a guardá-los. Vou fechando as tintas e pegando os pincéis, deixando em cima de uma mesa, onde todas as minhas coisas ficavam, junto com vários panos sujos de diversas tintas que eu usei ao longo do tempo. Mordo o canto interno da minha bochecha, deixando que meus olhos guiem até onde tudo estava, onde todas as minhas pinturas estavam. Não pude deixar de sorrir orgulhosa, por ver todas elas em um só lugar, por ver o tanto de coisa que eu já havia pintado. Para mim, essas imagens representavam o tempo e tudo o que eu passei, mostrando que eu estava evoluindo, que as coisas estavam dando certo.

(...)

- Quando você conseguir voar eu prometo que te ensino como encolher as asas, é um pouco doloroso, mas vale mais a pena do que ter que ficar tomando essa coisa amarga toda vez- Apollo profere, parando em um sinal e me encarando de canto.

Eu com certeza estou fazendo uma careta, pois aquele líquido roxo que eu havia bebido é realmente muito amargo e horrível até mesmo de cheiro. Mas ou era isso, ou eu ficava presa dentro de casa por causa das minhas asas. 

O carro volta a andar e meus olhos se repousam na janela, enquanto eu vejo a paisagem ir mudando. O mundo estava mais verde, provavelmente pela primavera que chegou.

- O que você vai fazer no centro? - questiono a ele, pois apenas aceitei ir com o dono dos olhos âmbares, sem nem mesmo entender o que ele queria.

O loiro volta o seu olhar para mim por um instante, em seguida focando nas ruas e nos carros. Estávamos quase chegando no nosso destino final.

- Preciso comprar algumas coisas para limpeza, comida, além de que vou passar no banco, para retirar algumas das minhas ações que eu não consegui fazer online- me explica e eu assinto, voltando meu olhar para a janela mais uma vez.

Alguns minutos passam em silêncio, enquanto nós dois aproveitamos a companhia um do outro. Até que Apollo estaciona o carro e percebo que é a hora de sairmos. Desse modo eu tiro o meu cinto e abro a porta, fechando-a em seguida e sentindo o calor percorrer meu corpo. Se uma coisa que aprendi nesse tempo que estive em Miami é que à medida que o tempo passa, a cidade vai se tornando mais abafada.

- Não vou demorar muito, quer se encontrar na loja da Rita?- ele questiona.

Rita era a mulher que me vendia os materiais para minhas pinturas. Apollo me levou lá três vezes, eu gostava bastante daquela senhora simpática e eu sabia que o produto dela era de qualidade, o que me fez sempre querer comprar as coisas de lá.

- Pode ser, mas não quer ajuda para fazer as compras de casa? - questiono a ele, vendo-o negar.

- Não precisa, consigo fazer sozinho. Nos vemos depois- ele diz com um sorriso, levantando a mão em um aceno de despedida.

Faço a mesma coisa que ele e em seguida me viro de costas, começando a andar pelas ruas do centro de Miami. Era tudo muito vivo, havia músicos no local, pessoas de diferentes etnias, conversando, rindo e trabalhando. Aqui era uma mistura de cores, como se todo o arco-íris estivesse sendo representando em emoções tão calorosas que eu poderia viver toda a minha vida com essa sensação.

Eu continuo andando e nisso vou passando em frente a algumas lojas, olhando as vitrines para ver se algo me interessava, mas eu não gostava muito de roupas com estampas floridas demais. Vejo que também há uma loja com alguns itens de papelaria e eu paro em frente a vitrine, olhando alguns itens e rio comigo mesma, pois havia coisas demais que eu nunca usaria.

- Mamãe eu quero esse! - a voz de uma criança ecoa e eu olho em direção aonde estava, vendo uma criança de cabelos pretos e pele parda puxando o vestido de sua mãe e apontando para um brinquedo em uma vitrine.

- Você tem dinheiro para pagar, quer que desconta da sua mesada? - a mulher questiona e vejo o menino abaixar o olhar, negando com a cabeça- Foi o que eu pensei- a mãe diz, pegando na mão da criança e saindo de frente da vitrine.

Eu ri levemente, voltando a andar pela rua, até que chego em frente à loja da Rita, abrindo a porta e entrando nela.

- Com licença- falo baixinho, temendo que velhinha de pele achocolatada se assustasse, mas pelo contrário, ela parecia nem ter me ouvido, pois estava com um livro em sua mão, devorando cada página dele.

Rio levemente e resolvo não perturbar, indo em direção a uma das estantes, onde tinha alguns pincéis que eu compraria. Alguns dos meus já estavam bem gastos e eu precisava de novos, inclusive para o contorno. Também precisava de uma paleta nova, para poder colocar mais cores, pois a minha antiga já estava completamente acabada, mas eu nunca iria abrir mão dela.

- Diana? - a voz de Rita ecoa e eu me viro para a velhinha, que me encarava, ajeitando os seus óculos, que destacavam os seus olhos de cor café.

Abri um leve sorriso para ela, indo em sua direção, com alguns pincéis e a paleta em minha mão.

- Como você está Rita? Já faz um mês e meio que não venho aqui. Devo admitir que as tintas maiores ajudaram muito, igual você falou- começo uma conversa com a velhinha, olhando alguns potes de tinta em uma prateleira perto dela, a qual eu não alcançava, pois o balcão colocava um limite.

- Estou bem, com algumas dores nas costas, mas a velhice não é para qualquer um- ela diz, de modo brincalhão e eu rio de sua piada- E Apollo? Não estou vendo-o aqui hoje- a velhinha procura pelo dono dos olhos âmbares, vasculhando cada centímetro da loja.

- Ele vai chegar daqui a pouco, disse que tinha algumas coisas para fazer e me encontraria aqui- admito, pois, querendo ou não, eu era bem demorada para escolher as coisas.

- Entendi- profere, se levantando da cadeira que estava, olhando as coisas que eu iria comprar. Ela vai tirando o preço de cada um deles- E quando vocês dois vão começar a namorar? - ela questiona, me fazendo corar levemente, mas sem esconder o riso do meu rosto.

Rita tinha realmente uma campanha, achando que eu e Apollo iríamos namorar a qualquer minuto.

- Eu tenho certeza que aquele homem está apaixonado por você Diana. Não entendo como não percebe isso- a idosa lamenta, negando com a cabeça e pegando uma calculadora, fazendo a soma dos produtos.

- Não acho que seja assim Rita, eu e Apollo apenas somos bons amigos- admito, vendo-a parar tudo o que fazia, para levantar seu olhar a mim, com sua sobrancelha levantada.

- Criança, eu devo ter mais tempo de vida do que você e Apollo juntos, multiplicado por dois!- exclama, apontando para a calculadora agora- Eu já vi muitas coisas nesse meio tempo, sei muito bem ler o olhar das pessoas e o de vocês dois mostram claramente que não são apenas amigos- ela diz, com um sorriso sarcástico em seu rosto, voltando a fazer as contas.

Era verdade o que ela disse, eu e Apollo não éramos apenas amigos. Apollo havia se tornado aquele que eu confiava meus pesadelos, meus medos e minhas mágoas. Ele era meu confidente e eu sabia que havia me tornado sua confidente também.

- Não é bem assim Rita- falo por fim, olhando para a prateleira- Eu quero comprar algumas cores. Lilás, verde claro, verde escuro, azul escuro, amarelo, laranja, cinza, branco, preto, rosa, verde-água e esse dourado- índico com o dedo a última cor e a senhora assente.

Ela se levanta e pega todas as cores que eu havia pedido, franzindo a sobrancelha e eu mordo o canto interno da minha bochecha, recebendo o olhar acusador da velhinha. Se eu não tivesse certeza que ela era humana, julgaria ela como caçadora, pois a mulher realmente percebia os pequenos detalhes.

- Se pegar o vermelho consegue fazer um kit e desse modo fica mais barato- ela me explica, igual todas as vezes.

- Não preciso de vermelho, já tenho muito lá me casa- minto, igual eu sempre fazia.

- Fico impressionada com o quanto de vermelho você tem, sempre compra essas cores, mas nunca comprou o vermelho- ela diz, começando a contagem na calculadora.

Resolvo não contradizer a última fala da mulher e não concordo também. Apenas permaneço quieta, vendo-a calcular o preço total. A verdade era que eu não conseguiria comprar a cor vermelha, pois eu não uso ela. Não consigo pintar nada com vermelho ainda, nem mesmo as flores eu pinto, pois eu odeio o vermelho. Odeio a cor que ele representa, todo aquele sangue inocente que foi derramado, enquanto eu era caçadora e agora que sou um Meli. Eu derramei muito sangue, muita cor vermelha foi derramada por mim e não havia como reparar esse erro, não havia como trazer mortos de volta à vida. Uma vez que morre é impossível de voltar.

Não queria, mas minha mente vai para as lembranças de todas aquelas pessoas, de todos aqueles rostos. Melis e humanos, tantas pessoas que eu matei, pessoas inocentes.

- Vamos pagar Diana ou lembrou de outra coisa que queria? - a voz de Apollo me acorda e no mesmo instante eu sinto uma de suas mãos repousadas em meu ombro esquerdo, mostrando que ele estava presente.

Pisquei três vezes, até levar minha mão para a de Apollo em meu ombro. Encosto nela e com isso percebi o quanto minha pele estava fria, provavelmente eu estava quase me afogando na minha própria escuridão de novo. O dono dos olhos âmbares entrelaça os nossos dedos e eu olho para ele, vendo um leve sorriso de compreensão, para em seguida se voltar para Rita.

- Como você tem passado? - ele pergunta a mulher idosa, a qual abre um sorriso, olhando para nossas mãos.

- Vou muito bem, mas estava discutindo com Diana quando que vocês vão começar a namorar- ela aponta para nós dois, me fazendo abrir um leve sorriso e tirar o cartão da minha carteira, entregando a ela.

Ouço o riso de Apollo no local e sabia que ele havia achado graça da situação, assim como eu havia achado. Rita realmente era uma figura de pessoa e eu sabia que essa não era a primeira, nem última vez que tentaria supor que eu e Apollo nos gostamos.

Vejo a velhinha revirar os olhos, para em seguida passar o cartão na máquina, o qual efetuou o pagamento e ela me estendeu a notinha, para assinar e comprovar que estava pago. Fiz isso e em poucos segundos já estava com tudo dentro de uma sacola, enquanto minha outra mão não havia desprendido da de Apollo. Suspiro fundo, mordendo o canto interno da minha bochecha, enquanto Apollo conversava alguma coisa com Rita, mas eu não consigo me concentrar.

- Nos vemos depois- ele por fim diz e eu deixo um leve sorriso ser direcionado a velhinha.

- Seus produtos são os melhores, prometo que volto aqui para comprar mais- falo a ela, vendo-a sorrir em minha direção.

Sem mais delongas nós saímos da loja e eu fecho com cuidado a porta, sentindo o vento de primavera bater contra nós à medida que andávamos de volta para o carro. Olhei com curiosidade para as sacolas que Apollo carregava e levantei a sobrancelha, pois havia mais do que eu pensei que ele compraria.

- Seu senso de caçadora não consegue descobrir o que tem aqui dentro? - ouço a provocação dele e deixo meus lábios se repuxaram em um leve sorriso, virando meu rosto para algumas vitrines que passávamos.

- É mais legal permanecer na curiosidade- respondo ele com simplicidade e continuamos andando.

Havia realmente muitas pessoas por aqui, todas elas estavam em busca de algo para fazerem, todos eles estavam tentando, de alguma forma, ir atrás de seus objetivos. Era possível ver isso apenas no olhar deles, cada um focado em algum objetivo. Percebi que isso daria uma bela imagem, a imagem de pessoas diferentes e com objetivos diferentes, que no final se assemelhavam em uma coisa. Todas elas eram vivas.

- Talvez vida seja o que há de semelhança entre todos os seres- digo meus pensamentos a Apollo, atraindo atenção do loiro, que me encara durante alguns segundos e eu tive que dar um puxão entre nossas mãos entrelaçadas, para que assim ele não batesse contra uma mulher.

Não consigo reprimir um leve riso que sai dos meus lábios pela situação, junto com Apollo, que havia rido, mas ao mesmo tempo estava um pouco vermelho, provavelmente envergonhado. Mordi o canto interno da bochecha e concordei comigo mesma que o sorriso de Apollo também daria uma bela imagem.

- Acho que você está certa nisso Diana- o dono dos olhos âmbares começa, após ter se recuperado um pouco do seu riso- No final, todos nós somos seres vivos e aquilo que é mais inexplicável para nós é a morte, que interrompe a vida- diz, abrindo um leve sorriso para mim, um sorriso de compreensão e mostrando que estaria ao meu lado.

Devolvi o leve sorriso, mas sabia que o meu estava acompanhado de tristeza.

Um passo de cada vez.

(...)

- Obrigada- agradeci a Apollo, pegando a xícara de chá de gengibre, enquanto observo-o subir a escada e ir para o andar de cima.

Dei alguns goles e percebi que ele havia colocado um pouco de mel no meu chá, me fazendo morder o canto interno da bochecha, agradecida por ele ter feito aquilo. Gostava bastante do chá de gengibre, mas com mel ele ficava mil vezes melhor.

- Vejamos- falo comigo mesma, andando em direção a mesa, onde os materiais de tintura estavam.

Deixei minha caneca nessa mesa e peguei um pincel com tinta branca, segurando-o com meus lábios, enquanto eu pegava mais outros dois, um da cor preta e o outro da cor prateada, a qual eu tinha de sobra e por isso não comprei. Fui andando em direção a uma parte da parede e comecei a fazer alguns detalhes no olho que eu estava fazendo. Era um olho completamente preto, estava começando pelas pupilas, escuras como a noite, e em breve começaria a pintar a parte de fora, sendo ela toda branca.

Passo levemente o pincel preto na pupila, criando algumas sombras que ficariam mais destacadas, formando a escuridão que eu queria que aquelas pupilas transmitissem. Troco os pincéis e agora levo o pincel branco, para começar a parte do olho mais externa, só que eu não contava com um espirro que veio e me fez riscar a pintura de branco. Eu arregalei os olhos quando reparo no que havia acontecido, quando vejo a grande bola preta com um risco branco em seu lado direito.

- Só pode estar brincando- falo comigo mesma, deixando o pincel que estava na minha boca cair no chão e encaro a pintura, agora brava por causa do que tinha acontecido.

Mesmo se eu passasse tinta por cima, a sombra que eu havia feito não ia permanecer de nenhuma maneira e não adiantava encurtar o olho, pois a pintura ficaria completamente desproporcionada.

Suspiro fundo, deixando o pincel com tinta preta no chão e fico apenas com o branco na minha mão direita. Olho para a pintura destruída e penso no que eu posso fazer para mudar isso, para que eu possa fazer a pintura, mesmo não sendo o que eu desejava. Rio de mim mesma, de modo sarcástico, apenas fechando meus olhos e levando meu pincel até a imagem, fazendo um ponto e depois alguns rabiscos. Quando abro, vejo uma figura um pouco mais formada e estranho por ela me parecer familiar.

Mordo o canto interno da minha boca, franzindo a sobrancelha e começando a fazer os leves contornos na figura, contornando o que eu tinha adquirido. Havia uma leve curva, que dividia o círculo preto, desse modo eu resolvo preencher uma das partes com a cor branca, criando duas metades. Fui contornando mais, passando algumas linhas, fazendo os detalhes que nem mesmo eu sabia que poderia existir.

- Não- falo baixinho, arregalando os olhos e soltando o pincel, me afastando da ilustração enquanto eu ouvia o objeto se chocar contra o chão.

Fico estática, meus pés não se moviam enquanto eu olhava para aquela figura, uma figura tão familiar que nem mesmo eu poderia dizer que era possível. Era uma coincidência, só poderia ser uma coincidência, não tinha como não ser.

Não consigo discernir direito o que faço a seguir. Meus pés apenas se movem, de modo apressado, enquanto eu subia os degraus da escada, que daria para o primeiro andar, mas não é nele que eu vou, eu subo mais um andar e chego no segundo, correndo em direção ao meu quarto e abrindo a porta. Começo a olhar pelo quarto, com a respiração um pouco desregulada, enquanto observava as paredes, observava os detalhes. Era uma coincidência, só podia ser.

Olhei para cima e arregalei os olhos, quando encontrei o símbolo preto, o único símbolo preto que havia nos enormes detalhes no teto do quarto.

- Diana está tudo bem? - ouço a voz de Apollo e me viro para ele, vendo o dono dos olhos âmbares parado na porta, me encarando com um olhar preocupado.

- Apollo- falo baixinho, ligando mais um pouco os pontos, arregalando os olhos e andando até a porta, apressada.

O loiro abre espaço e eu passo por ele, mas ao invés de ir descer as escadas eu vou diretamente ao quarto de Apollo, arregalando os olhos, quando vejo o mesmo símbolo do teto do meu quarto. O mesmo símbolo, mas branco e em todos os locais, fazendo parte dos detalhes da parede.

Eu devia estar alucinando, não era possível que eu não estava alucinando, não era possível que isso não era uma coincidência. Mordi o canto interno da minha boca, pensando algumas vezes, pensando para juntar as peças, até que arregalo os olhos.

- Não é possível- falei baixinho, me lembrando do livro infantil um livro de símbolos.

Procurei por ele, sabendo que Apollo me encarava na porta, provavelmente medindo se eu estava indo para o descontrole. Mas eu não estava, a última coisa que eu estava era indo para o descontrole. Eu resolvia um quebra-cabeça na minha mente, um complexo, que eu não reparei antes, que eu não me toquei antes.

- Onde está- murmuro comigo mesma, olhando para todos os lados, até que arregalo os olhos ao ver ele, em cima de uma mesinha que havia no quarto do loiro.

Não meço meus passos, correndo até ele e agarrando-o, começando a abrir e folhear as páginas. Procurava por um símbolo em especifico, eu tenho certeza que havia visto ele, não poderia ser uma simples ilusão minha.

- Diana o qu- levanto a mão, interrompendo Apollo quando encontro o que eu queria.

A descrição era muito breve, mas era o que eu estava procurando. Aquilo que estava escondido durante tanto tempo.

Um símbolo com dois lados, o lado de trevas e o lado de luz. O lado da Lua e o lado do Sol.

Yin e Yang.

Não percebi que estava chorando, apenas me toquei quando algumas lágrimas caíram nas páginas, me fazendo levantar o olhar para Apollo, vendo-o estático, ainda sem compreender direito.  Coloquei minha mão esquerda sobre minha boca, tentando suprir um soluço que vinha junto ao choro, enquanto mais e mais lágrimas caiam.

Eu sabia o que eu tinha que fazer, depois de tanto tempo, eu sabia o que eu tinha que fazer, eu sabia como eu deveria lidar.

- Diana- Apollo começa, com o tom de voz baixo, se aproximando de mim e indo me tocar, mas eu não permito, não deixo que ele me toque, não ainda, não agora.

- Eu preciso sair- falo baixinho, encarando seus olhos âmbares, que arregalaram os olhos.

Vejo que dessa vez Apollo iria segurar meus pulsos, mas eu não permito, me levantando com pressa e saindo pelo corredor da casa, deixando o livro para trás e o dono dos olhos âmbares também. Desci as escadas com pressa e me virei, indo até a porta de vidro que dava para o jardim dos fundos.

Quando pisei fora a brisa da primavera bateu contra mim, fazendo minhas asas se arrepiarem e meus cabelos foram jogados para trás. Inspirei duas vezes, antes de começar a correr para o meio da floresta, em busca do local onde eu e Apollo estávamos treinando. Alguns galhos batiam contra o meu rosto, mas eu não me importava. Eu precisava chegar lá. Mais rápida, eu precisava ser mais rápida, já havia esperado tempo demais, já havia demorado demais para entender.

O silêncio no local era soberano, parece que até mesmo os animais haviam ido embora. Estava silencioso, como na noite que eu havia virado um Meli. Mordi o canto interno da minha bochecha, me sentando no chão e fechando os olhos.

Inspirei todo o ar que havia no local, senti o chão contra mim, comecei a ouvir galhos e folhas se debaterem por causa do vento, ouvi respiração de animais, os quais eu pensava que não estavam presentes. Senti a vida no local, senti o mundo aqui. Senti os Liwures, sabia que eles estavam por aqui também, senti a presença deles como nunca havia sentindo antes. Eles rodeavam a minha volta, junto com um grande vínculo de magia, eu sabia o que eram, Apollo havia me dito algumas vezes. Eram renmagis, a energia viva do mundo.

Abri meus olhos e não estava mais no meio da floresta, estava em meu subconsciente. Havia neve nele, como sempre houve, um local branco e com apenas portas e mais portas, cada uma dela levando a um lugar. Fazia alguns meses que eu não entrava aqui, com medo de Bardon, com medo de tudo o que ele guardava.

Suspirei fundo, negando a cabeça, pois não era para isso que eu havia vindo aqui e desse modo eu começo a andar. Meus pés vão se afundando na neve a cada passo que eu dava, enquanto eu observava as portas, até que comecei a ouvir murmúrios, sussurros de exclamação em meio ao silêncio que esse lugar representa.

Meu corpo inteiro havia se arrepiado e tenho certeza que se minhas asas estivessem aqui, elas seriam as que tomariam a maior parte da sensibilidade.

Procurei pelo único barulho que havia no local, deixei que o som me guiasse e fui andando mais, a passos lentos dessa vez, um de cada vez, até que me deparei em frente a uma porta. Preta. Completamente preta e com poucos detalhes. Sua maçaneta era da mesma cor e os murmúrios eram mais altos, eles vinham de trás da porta.

- Diana- pisco algumas vezes, me virando e vendo Apollo me encarar preocupado.

Sorrio levemente para ele, de modo triste, enquanto via ele se aproximando de mim, a passos leves e delicados, como se desse modo não fosse me fazer assustar. Vejo ele parar no mesmo instante, quando olhou para a porta e a minha mão na maçaneta. Ele franziu a sobrancelha, sem ter entendido.

- Preciso fazer isso sozinha- falo, fechando meus olhos, desejando que Apollo saísse do meu subconsciente, rebatendo a entrada dele.

Quando abri meus olhos, o dono das jóias âmbares não estava mais presente, o que me fez suspirar fundo, aliviada, pois essa não era uma guerra dele e sim uma guerra minha.

Olhei para a porta, olhei para minha mão na maçaneta, sorri tristemente à medida que eu ia abrindo-a, abrindo a porta da pior parte do meu subconsciente. Fui entrando na sala e ouvi a porta se fechar e assim meus olhos vagam no local.

Trevas. Eram trevas que me rodeavam agora.

Oioioi fadinhas! Não demorei tanto dessa vez para escrever o novo capítulo né :) estou bem feliz por ter conseguido ir mais rápido dessa vez kkkk

Mas como prometido, aqui está mais um cal lindo do Apollo e da Diana. Aguardem que mais novidades estão por vir e espero que vocês estejam tão animados quanto eu to :)

Obrigada por estarem acompanhando e lendo essa história. Comentem e votem para eu ter uma ideia de como ta a situação, se vocês estão gostando e tals.

Gostaria de dizer que o livro chegou a marca de 100 000 palavras e eu estou extremamente feliz por isso.  Não se se vocês sabem, mas o Apollo e a Diana são o casal que eu tenho mais dificuldade em escrever kakakakkaka, mas eles estavam gritando por uma história desde 2017. Não tinha como evitar kkkkk aiai

Bom fadinhas é isso! Espero que tenham gostado e fiquem alertas.

Bjs Mary e até a próxima ;)

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