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Cap 19







Diana

Eu realmente não sabia o que fazer enquanto encarava o dono dos olhos avelãs a minha frente. Eu não sabia se abria a porta e deixava ele entrar, se eu fechava a porta e avisava Apollo sobre uma possível encrenca que havíamos nos metido ou se eu ia em direção a ele e lhe dava vários socos, descontando todos aqueles dias naquele lugar sujo e terrível. O lugar onde fizeram aquelas coisas com Bela e o lugar onde arrancaram minhas asas, me deixando sem esperança de um alvorecer.

-Diana? - a voz de Theo mostrava surpresa à medida que ele me observava, sendo que às vezes o seu olhar ia para Apollo, provavelmente avaliando e deduzindo que o dono dos olhos âmbares também era um Meli.

Passo a mão pelo meu cabelo, tirando uma franja do meu rosto e mordo o interior da minha bochecha, raciocinando as coisas. Theo era um caçador até onde eu sabia, ele recebe ordens vindas estritamente de Clark. A mulher que está lá embaixo é uma Meli e deu para ver o desespero dela quando a campainha tocou, provavelmente ela sabia de Theo, sabia que estava sendo caçada.

- O que você está fazendo aqui? - pergunto, para poder pensar em alguma coisa e analisar se teríamos que lutar contra ele ou não.

Entregar aquela garota estava fora de cogitação, foi muito possível ver que ela e Apollo tinham assuntos pendentes e que ainda precisavam ser resolvidos. Pelo menos foi o que eu vi em seus âmbares, enquanto a mulher dirigia todas aquelas frases para ele. O passado de Apollo estava na frente dele e talvez esse passado seja mais doloroso do que eu imagino.

- Não acha que quem está em uma situação mais tensa seria você? - ele pergunta, levantando uma adaga e eu sorrio sarcasticamente, ameaças vazias, já deu para perceber isso.

- Claro, claro- falo revirando os olhos- Já parou pra pensar que existem dois Melis na sua presença e não apenas um? - indago de maneira relutante e vejo um sorriso de canto aparecer no rosto de Theo, que já guardava a arma dentro do seu casaco- Vou repetir minha pergunta. O que está fazendo aqui? - questiono mais uma vez, cruzando os meus braços e não olhando para Apollo por nenhum momento, Theo era alguém perigoso e se suspeitasse de qualquer coisa, seria um problema muito grande.

O caçador dono dos olhos avelãs ri levemente, negando com a cabeça e cruzando os seus braços, mostrando que estava mais relaxado do que deveria estar. Franzo minha sobrancelha e reparo nele, alguma coisa estava diferente, ele não está tão recluso igual sempre foi e eu acabo me pegando pensando naqueles dias, depois que eu e Bela fugimos, a única vez que eu voei.

- Você sumiu do mapa Diana- ele começa e eu mordo o interior da minha bochecha- Ficamos à sua procura durante longos meses e nenhum sinal foi encontrado, pensamos que estava morta- diz e eu ouço um barulho nos galhos da árvore, olhando rapidamente para a árvore mais perto de nós e suspiro aliviada, era apenas aquele maldito gavião.

- Bom, parece que eu fiz o meu trabalho direito, já que eu não queria que nenhum caçador me encontrasse e me levasse para as mãos de Clark novamente- falo o óbvio e reviro meus olhos. Apenas me lembrar daquele ser repugnante me dava ânsia de vômito.

Sinto os olhos de Apollo cravados em mim e eu suspiro fundo, sabia que em breve essa conversa chegaria, mesmo ela já tendo sido abordada várias vezes, eu nunca havia contado realmente tudo para ele. Aquele cheiro de mofo, a escuridão ao meu redor enquanto gritos e mais gritos eram ouvidos e ecoados. As noites frias sem nenhum sinal da lua ou das estrelas iluminando o caminho. Eu perdi a noção dos dias e das horas, perdi a noção do tempo e do espaço, até mesmo vozes começaram a vir na minha mente, me dizendo que havia uma saída, mas uma saída que eu nunca consegui executar.

Saio dos meus pensamentos quando sinto a mão de Apollo sobre a minha e eu me obrigo a olhar para ele, vendo que assentia levemente, como se entendesse tudo e que não era para eu pensar nisso, pois era passado. Suspiro fundo e olho para Theo, vendo que ele tinha a sobrancelha direita levantada e tenho certeza que vários pensamentos passaram pela mente do caçador, exatamente o que eu não queria.

- Clark está morto- Theo fala sem nenhuma emoção e eu arregalo os olhos, dando um passo para trás por instinto- Após tudo o que aconteceu eu e Bela nos unimos em prol de um bem maior, foram muitos anos presos às coisas que ele fazia e não era mais possível continuar dessa maneira. Clark não caçava Melis para proteger os humanos, Clark caçava Melis para seu próprio prazer- diz e eu sinto a mão de Apollo apertar a minha levemente, como se desse modo ele mostrasse que estava ao meu lado.

Morto. Aquele caçador desprezível, aquela miséria estava morta. Clark não comandava mais os caçadores, ele não era mais uma ameaça, pois estava morto.

- Eu não sei o que dizer- falo e acabo deixando uma risada escapar dos meus lábios. Morto, Clark estava morto- Então quer dizer que agora o presidente de tudo aquilo é você?!- indago, soltando mais uma risada. Morto, aquele traste estava morto!

-Diana e- interrompo ele quando uma força maior do que eu me faz levantar o braço e em um movimento rápido Theo cai de costas no chão da entrada da casa.

Solto a mão de Apollo e vou andando em direção ao corpo caído do caçador a minha frente, me agacho ao lado dele e seguro o colarinho, encarando os olhos avelãs. O soco que eu havia dado nele iria render alguns hematomas, pois seu rosto já estava com um sinal de vermelhidão.

- Então se eu te matar agora tudo isso estará acabado?!- indago com um sorriso sarcástico em meu rosto e reviro os olhos, dando mais um soco no rosto dele, arrancando um pouco de sangue agora- Isso foi por tudo aquilo que aconteceu- falo seriamente e me levanto, vendo ele se sentar no chão e cuspir um pouco de sangue arrancado do soco.

Matar ele não iria adiantar em nada, a verdade é que Theo é a melhor opção para o cargo e se Bela confiou nele depois de tudo, se ela confiou nele a ponto de se aliar deve ter algum motivo maior. Suspiro frustrada, passando minha mão pelos meus cabelos e dando mais alguns passos para trás, ficando ao lado de Apollo. O dono de olhos âmbares estava quieto durante todo esse tempo, mas eu sei que pela sua postura estava alerto, tomando cuidado para que o caçador não faça nada contra nós ou que eu me descontrole.

- Ele foi morto na primavera do ano passado- Theo fala, tossindo um pouco e cuspindo mais algumas gotas de sangue- Após isso tudo a sede virou um caos, alguns grupos se revoltaram e outros ficaram agradecidos daquele inferno ter acabado- se interrompe, inspirando um pouco de ar e levantando com dificuldade- Estou tentando estabelecer a ordem das coisas, de uma maneira diferentes. Nós não iremos voltar a ser aqueles tipos de caçadores, o que fazíamos era errado, tudo o que seguíamos, todos os nossos princípios- Theo fala e vejo ele rir tristemente- Vivemos uma mentira a nossa vida toda, os caçadores foram criados não para matar monstros e sim proteger eles, sendo uma ponte entre o mundo humano e o mundo deles- diz, me fazendo arregalar os olhos e automaticamente virar para Apollo.

- Você sabia disso- não pergunto, na verdade eu afirmo. Me lembro de um tempo atrás ter uma conversa parecida com Apollo.

O dono dos olhos âmbares fixa suas joias em mim, me encarando por longos segundos que para mim foi considerado como a eternidade. Apenas quando ele piscou seus olhos eu consegui me concentrar mais uma vez, levantando a sobrancelha direita e esperando ouvir o que ele tinha a dizer sobre minha afirmação, sem me importar de Theo estar observando tudo.

- Os Liwures me informaram de algumas coisas, mas querendo ou não eles, às vezes, são brincalhões em suas informações. Eu tinha quase certeza, mas só poderia concluir se algum caçador me falasse isso. Quando eu te disse isso, fiz para poder provocar sua mente, para tentar extrair algo, qualquer coisa que fosse-Apollo admite e eu franzo a sobrancelha, olhando para Theo, agora em pé, encarando Apollo e indo seus olhos a mim, repetindo o movimento várias vezes.

- Por quê? - indago, tirando o meu olhar do dono de olhos avelãs e indo para o Dintria- Por que queria extrair essa informação?- questiono a ele.

- Porque isso muda tudo- Theo responde no lugar de Apollo, mas eu não tiro os meus olhos do dele.

Fico encarando os âmbares, esperando ter certeza que aquela era a resposta que eu estava procurando, mesmo que no fundo, eu já saiba que elas são verdadeiras. A questão toda é que eu deixei de confiar a muito tempo nos caçadores e em qualquer um, mas com o tempo Apollo começou a ganhar minha confiança e eu tinha que ter certeza através dele.

- Se os caçadores estão aqui para ser uma ponte entre nós, o mundo que conhecemos irá mudar- Apollo confirma o que eu queria e eu sinto meu coração acelerar.

Não, apenas não. O mundo mudar, as coisas iriam piorar, muitas coisas iriam acontecer, mais guerras iriam acontecer, mais desencontros iriam acontecer. As pessoas que possuem paz irão deixar de ter e as pessoas que não a têm irão se prejudicar mais do que já estão prejudicadas. O mundo viraria o caos, ele não mudaria e sim pioraria. Com essa mudança poderia acabar com todo um fluxo, iria quebrar ele e a quebra de um fluxo trás consequências.

- Diana! - ouço meu nome meio abafado e pisco algumas vezes- Diana!- ouço me chamarem mais uma vez e a voz parecia mais perto- Diana!- arregalo os olhos, piscando algumas vezes e inspirando fundo, ouvindo as coisas claramente agora.

Meu corpo estava tremendo e eu não estava mais em pé. Eu percebo que minhas mãos estavam sobre minha cabeça e meus dedos estavam enlaçados nos meus fios de cabelo. Meu corpo estava praticamente encolhido e eu via um pouco de sangue escorrendo e pingando no chão.

- Calma- ouço a voz de Apollo projetar suavemente, enquanto eu sentia sua mão tocar a minha e eu me desfaço dos fios de cabelo.

Ainda sentindo meu corpo tremendo eu começo a sair da posição que eu estava e quando olho ao redor parecia que um furacão havia passado ao meu redor. Ouço o som de sangue escorrendo no chão e arregalo os olhos, fazendo um movimento brusco e olhando para trás. Theo estava um pouco mais afastado de nós do que antes, com os olhos arregalados e me encarando. Eu franzo a sobrancelha e o som do sangue batendo no chão ecoa novamente, me fazendo procurar de onde vinha e arregalo os olhos ao ver o que causava o som.

Pela primeira vez eu estava vendo minhas asas sangrarem. O vermelho escuro misturava com o preto e deixava uma cor aterrorizante, uma cor que eu não tiraria durante muito tempo da minha mente. O meio da asa direita estava com um grande corte, enquanto a ponta da asa esquerda se denunciava por ter feito esse corte, possuindo parte do sangue grudado nela.

-Apollo- falo baixinho e me viro para frente, suspirando aliviada por não ver nenhum machucado nele, que ainda segurava levemente minhas mãos.

Ouço os passos do Theo se aproximarem aos poucos, ouço ele subindo as escadas mais uma vez e parar, esperando que nós déssemos a atenção para ele. Suspiro fundo e olho para Apollo, assentindo levemente e o dono dos olhos âmbares me ajuda a levantar, sendo que eu mantenho uma parte do meu peso apoiado nele, pois minhas asas doíam demais e a dor irradiava por todo o meu corpo.

- Bela tentou te achar, ela ficou durante um longo tempo estudando o seu paradeiro, ela viu o que você estava passando naquele tempo em que vocês estavam juntas. Ela queria tentar te ajudar-diz, dando um passo em minha direção e eu acabo apertando levemente o ombro de Apollo, como se temesse a aproximação dele.

Um descendente direto, era o que ele e Bela eram, pelo menos o que ele havia me explicado aquele dia naquele lugar escuro. Eu nunca visualizei a marca, mas de alguma forma ela fazia com que meu corpo reagisse contra ela, como se ele mesmo a temesse. Essa era a única explicação lógica para todas as minhas ações com Theo desde que ele chegou.

- Por que veio? - dessa vez quem pergunta é Apollo e eu agradeço mentalmente por sua pergunta.

Theo suspira fundo, passando a mão pelos seus cabelos e em seguida indo ao pescoço, passando a mão na nuca. Reparo que ele parecia mais saudável desde a última vez que eu o vi e fico me perguntando se durante a presença de Clark ele tinha que se privar de mais coisas do que sabíamos.

-Eu tenho um objetivo em mente. Irei trazer tudo de volta, o passado, irei erguer ele novamente. Estabeleceremos um novo fluxo para os caçadores, protegeremos não apenas os humanos, mas o mundo mágico também. Mudaremos tudo e viraremos o que Richard sempre quis que fossemos- fala convicto e eu mordo o lado inferior da minha bochecha.

A ideia de Theo era perfeita, mas era utópica, as pessoas odeiam mudanças, elas gostam de estar sempre na zona de conforto delas. Uma pequena mudança pode causar alguns problemas, mas uma grande mudança pode causar vários problemas.

- Pessoas irão morrer Theo- falo baixinho ao encarar ele e percebo que minha voz estava trêmula- O mundo não vai ser o mesmo se estiver disposto a fazer isso e vidas serão tomadas durante o percurso- pondero, tentando entender o que se passava na mente desse caçador.

Os caçadores tinham que acabar, nós não poderíamos existir mais, essa era a verdade. Somos o mau que habita esse mundo e nós não somos capazes de manter nenhum equilíbrio, pois não temos capacidade para isso. Theo deveria acabar com os caçadores e não tentar mudá-los.

- Isso não vai ser feito da noite para o dia Diana, infelizmente eu admito que os anos futuros serão conturbados, mas não é possível que continuemos do jeito que estamos agora- explica para mim e eu aperto levemente o ombro de Apollo com a mão que eu estava apoiando.

- Acabe com os caçadores- profiro, vendo o dono dos olhos avelãs franzir a testa- Acabe com tudo Theo, eu sei que você tem o poder de fazer isso. Acabe com todo esse sofrimento que tantos passaram por nossa causa, acabe com a dor de crianças nascendo em famílias de caçadores- paro de me apoiar em Apollo e sinto uma grande dor nas minhas asas, fazendo com que eu feche os olhos por alguns segundo e em seguida dou alguns passos em direção a Theo- Por que quer continuar com algo que vai trazer mais tristeza a todos?!- questiono, sentindo algumas lágrimas caírem na minha bochecha.

Os caçadores, todos aqueles Melis, todas as pessoas inocentes que matamos. Tudo um erro, tudo uma escuridão, uma grande escuridão que começo há muito tempo e corroeu todos nós. Aconteceu isso comigo, aconteceu isso com Bela, com Adam e muitos outros. Tudo baseado em premissas erradas. Éramos cegos que atiravam em alvos visíveis.

- Por que antes dos caçadores serem o que são, nós éramos algo melhor, algo belo e incrível. Não posso acabar com os caçadores, pois ainda existem aqueles que podem fazer o equilíbrio restaurar- explica, dando passos em minha direção e parando a centímetros de mim- Diana nós não fomos criados por Richard para caçar, fomos criados para guardar e proteger- conclui, me fazendo morder a parte interna da minha bochecha.

Proteger ao invés de matar. Vida ao invés da morte. Luz ao invés de trevas.

- Então seremos guardiões? - pergunto de modo sarcástico e vejo Theo sorri de canto.

- Acho que seria o melhor nome para o que os caçadores se tornarão- profere, levando a mão ao meu rosto e acariciando levemente minha bochecha- Iremos guardar os dois mundos. O mundo dos humanos e dos seres mágicos, protegeremos eles de qualquer ameaça que venha a acontecer- conclui e eu rio levemente.

Um sonho utópico e completamente estranho. Um sonho que pode vir a dar várias falhas se for arquitetado errado e um caos pode se estabelecer caso isso aconteça. Apenas Theo Saving para pensar em algo tão estúpido.

- Se tivéssemos sido guardiões desde o início- ele começa e eu levanto o meu olhar, encarando seus olhos e vejo-o abrir um sorriso para mim- Eu teria sido muito grato de ter sido seu amigo- admite me pegando de surpresa, dando um beijo na minha testa e se afastando.

Fico encarando o caçador dar alguns passos para trás enquanto ainda me encarava, sendo que memórias me vieram à mente. Quando eu era pequena e treinava, eu e Theo nos tornamos amigos, fomos verdadeiramente amigos durante um bom tempo. Escondíamos tudo dos caçadores, para eles não descobrirem e não nos punirem. Entretanto alguma coisa mudou em Theo e ele se tornou mais distante, ele se tornou o caçador que todos queriam que fosse. Nossos caminhos se separaram, Theo virou o vice-presidente e começou a seguir todas as ordens de Clark, já eu virei a arma que eles precisavam quando o assunto era extermínio total.

- Teria sido interessante- falo com um sorriso triste em meus lábios. Minhas pernas fraquejam levemente, mas sinto as mãos de Apollo tornearem minha cintura e assim consigo me apoiar com mais precisão, agora com sua mão direita segurando firme minha cintura.

- Eu vim aqui atrás de um Meli. É uma mulher que pode virar lobo. Ela é um dos tipos de ameaça para os dois mundos- me explica e eu franzo a sobrancelha, me lembrando da garota do cachecol vermelho que está amarrada em nosso porão- Por acaso vocês viram algo anormal?- pergunta, me fazendo morder mais uma vez a parte interna da minha bochecha.

- Não vimos- respondo e sinto a respiração de Apollo mudar um pouco- A única coisa que tem aqui somos nós- explico para ele e vejo-o assentir, colocando as mãos no bolso de sua jaqueta.

- Entendo, de todo modo preciso continuar minha procura- ele fala e eu assinto- Espero que possamos nos encontrar mais uma vez Diana e entenda que tudo o que eu te disse, foi para mostrar que já estamos tentando começar diferente, estamos tentando ser diferente- ele pede me direcionando um sorriso.

- Eu entendo Theo, mesmo não tendo aceitado tudo ainda. Sobre o nosso encontro, quando os caçadores não tentarem matar mais os Melis, nós iremos nos encontrar- digo, como se fosse um combinado e o dono dos olhos avelãs assente, se virando e indo em direção à rua.

Sinto minhas pernas perderem todas as forças e eu passo rapidamente meu braço ao redor do corpo de Apollo, sentindo-o me segurar e com sua mão livre ele a enlaça na minha cintura, me carregando para dentro da casa.

-Apollo- chamo ele baixinho quando ele me coloca sentada em uma cadeira e sai da perto de mim- Apollo- chamo mais uma vez, mas não tenho certeza se foi alto o suficiente.

- Você perdeu muito sangue- ouço Apollo murmurar e eu levanto o meu olhar, vendo-o ir de um lado para o outro, enquanto o som da água era possível de ser ouvido ao longe.

Vejo o dono dos olhos âmbares aparecer com uma agulha em minha direção e eu arregalo os olhos, minhas asas estavam feridas, elas precisavam ser tratadas.

- Apollo- falo baixinho e inspirando fundo, impedindo que suas mãos alcançassem minhas asas, ele não podia fazer isso agora-Eu sei que perdi muito sangue e que o prudente seria tratar disso agora, mas eu também sei tem uma mulher lá embaixo que Theo está procurando e que ela é importante para você- digo ao morder meus lábios- Ela pode ir embora a qualquer momento e eu sei que você tem algumas perguntas para ela- falo, vendo-o franzir a sobrancelha.

-Vamos lá Diana, você não está pensando direito-ele me contradiz, pronto para levar a agulha na minha asa, mas eu desvio a asa, encolhendo-a para perto do meu corpo, causando uma grande dor que eu não emito som nem careta.

- Apollo- falo seu nome e olho em seus olhos- Eu estou falando sério. Não quero que ela vá embora, mas provavelmente ela está se movendo nesse exato momento e tentando se livrar das amarras, se você não falar com ela agora, provavelmente nunca terá a chance novamente- digo séria e vejo o dono dos olhos âmbares fixar suas joias em mim, ficando alguns segundo assim.

- Tome isso- ele fala, suspirando fundo e indo até a bancada da cozinha, pegando alguns comprimidos que eu tomo sem hesitar, enquanto sinto ele passar um pano pela asa machucada, deixando-o lá para reter mais um pouco do sangue.

- Eu posso ficar aqui enqu- me interrompe quando ouço o barulho de ossos se quebrando e as asas dele aparecem mais uma vez.

O Dintria se aproxima de mim e sem falar nada ele passa seu braço direito ao redor da minha cintura, enquanto sua asa direita passava por cima da minha esquerda e direita que estavam encolhidas, protegendo-as.

- Essa vai ser a coisa mais egoísta que vou fazer relacionada a tudo isso, me desculpe- ele pede- Mas eu gostaria que você estivesse lá, acho que te devo algumas explicações- admite e eu assinto levemente para ele, apoiando meu braço em seu ombro direito.

Nós fomos em direção a escada e descemos degrau por degrau com o maior cuidado possível, sendo que ao chegarmos lá no porão Apollo me ajuda a sentar no chão e eu fico encarando a Meli do cachecol vermelho. Ela agora me olhava de maneira diferente, ainda havia o ódio estampado em seu rosto, mas em seus olhos havia um pouco de agradecimento e curiosidade.

- Você não me entregou para ele- profere e fica me encarando, um pouco atônita, enquanto eu me ajeitava para que minhas asas doessem o menos possível.

- Todos têm direito de contar sua história antes de ser sentenciado. Theo está com muitas coisas na cabeça para ouvir a sua agora, então o melhor a se fazer é não deixá-lo te encontrar agora- admito, sentindo o olhar de Apollo sobre mim, mas eu continuo encarando o rosto da menina, sendo que consigo perceber um pouco de sardas em seu rosto.

A garota não me responde, mas vejo-a assentir levemente com a cabeça em sinal de agradecimento. Entretanto, é possível perceber que nem mesmo uma ação como essa iria facilitar alguma coisa, pois quando seus olhos vão em direção a Apollo o olhar dela muda e agora o desprezo e arrogância são totalmente visíveis.

- O que você quer Apollo? - ela indaga para o dono dos olhos âmbares que a encarava tristemente.

- O que aconteceu depois daquele dia? - pergunta e percebo que era isso que o incomodava mais, que na verdade essa era a única pergunta que ele tinha, mas que o peso dela era maior do que eu imaginava.

A garota revira os olhos e uma mecha do seu cabelo cai sobre seu rosto, tampando algumas de suas sardas. Em um sopro com a boca ela consegue tirar aquilo que atrapalhava um pouco a sua visão e os olhos cravam em Apollo.

- Você sabe o que aconteceu Apollo- ela fala sarcástica e revira os olhos mais uma vez, inclinando o seu corpo para frente e um sorriso em seus lábios aparece, um sorriso muito cruel- Depois que saímos daquele inferno eu fui com aquelas pessoas, assim como Gael, Ruth, Jess, entre todos aqueles outros. Nós os acompanhamos. Eles nos deram uma casa para morar, roupas para nos vestirmos e comida para nos alimentarmos, claro que tudo tem um preço. Tivemos que fazer trabalhos para eles até conseguimos quitar as dívidas, não foi tão fácil, mas não foi tão difícil. Em pouco tempo conseguimos nossa justa liberdade e cada um seguiu o seu caminho. No meu caso, eu quis continuar com eles e me tornei um deles- ela diz e vejo que as asas de Apollo se movimentarem levemente, como se tivessem levado um corte profundo demais para ser passado despercebido.

O dono dos olhos âmbares fica encarando-a durante algum tempo, em seguida andando na direção da garota e soltando-a. Não falo nada e não emito nenhum som, era a escolha dele que deveria ser tomada a partir de suas decisões e não minhas.

- Continua o mesmo idiota de sempre- ela profere, andando para a saída e trombando com ele, mas logo passando por mim, me olhando de relance e em seguida subindo as escadas.

Olho para o Meli e vejo que ele encarava a cadeira onde a dona do cachecol vermelho estava a poucos segundos atrás. Ele suspira levemente e passa a mão pelos cabelos, negando com a cabeça e se virando em minha direção, andando até mim e se abaixando, para me dar suporte ao levantar.

-Vamos tratar dos seus machucados- ele profere e eu arregalo os olhos.

A medida que nós íamos subindo a escada eu não consegui tirar o meu olhar dele, enquanto suas âmbares estavam fixas em subir as escadas. Apollo tinha muito mais perguntas para aquela garota e eu tenho certeza disso, mas mesmo assim ele não perguntou, encurtando o tempo da conversa.

- Você- me interrompo quando seus olhos vão para mim e eu o vejo sorrir levemente em minha direção, confirmando aquilo que eu não iria mais perguntar.

Ao invés de irmos para a cozinha Apollo continua seus passos para a próxima escada e eu sem questionar o acompanho. Vamos subindo degrau por degrau e em poucos minutos estávamos no andar de cima e assim fomos indo em direção ao meu quarto, mas franzo a sobrancelha quando não vamos ao meu quarto e sim ao dele.

- Eu tenho as coisas para tratar com mais facilidade suas asas. É mais fácil do que ter que ficar subindo e descendo as escadas toda hora e indo e voltando do seu quarto- me explica e eu assinto, me sentando em sua cama e sentindo uma leve tontura.

Apollo me deixa por alguns instantes e eu vou ouvindo os passos apressados dele pela casa até que ele volta. Reparo que ele estava com a agulha mais uma vez em suas mãos e uma grande bacia de água que parecia estar bem quente.

- Os remédios já devem ter feito um pouco de efeito- Apollo fala, pegando uma agulha com um líquido dentro, se aproximando de mim, agachado a minha frente- Pode doer um pouco- ele diz e eu franzo a sobrancelha, pois era apenas uma anestesia.

Solto um grito quando a agulha entra em contato com minha asa e eu sinto lágrimas saírem involuntariamente dos meus olhos à medida que sentia o líquido entrando. Respiro fundo várias vezes enquanto me acalmava, sentindo a agulha sair da asa, só que agora eu não sentia mais a dor.

- Vou fazer os pontos agora, se doer me avise, mas você provavelmente não vai sentir tanto agora- ele fala e vejo que suas mãos estavam com a agulha e a linha, pronto para fazer os pontos.

Assinto levemente e deixo que seus olhos âmbares caíam sobre minhas asas e ele encosta nelas, mas não sinto o toque, apenas observo enquanto ele enfiava levemente a agulha, puxando-as e começando a fazer o primeiro ponto. Observo-o totalmente atento durante o processo, sendo que algumas vezes ele pegava uma toalha e molhava ela na água, passando sobre a asa coberta de sangue.

- Era vazio- começo e vejo ele me olhar de canto, mas logo em seguida voltou a prestar atenção ao que fazia- Parecia que uma escuridão estava me consumindo e meu peito não parava de se sentir o incômodo. Meu coração batia mais rápido do que o normal e parecia que ele iria rasgar o meu peito. Eu senti como se tudo estivesse sendo perdido, como se nenhuma saída fosse encontrada. Os gritos vieram e eles começaram a ecoar na minha mente, gritos dos Melis que eu matei quando caçadora e das pessoas que eu matei como Caid- admito e sinto uma lágrima descer mais uma vez pelo meu rosto- Quando ele disse sobre mudar eu desabei. Se ele fizer uma mudança dessas mais pessoas irão sofrer e eu não aguentei- admito, vendo-o terminar o quinto ponto e pelo o que eu observei ainda faltava dois- Eu não sei o que aconteceu, mas foi como se o mundo todo tivesse pesado nas minhas costas e todas as coisas negativas que poderiam acontecer vieram à tona. Eu não quero mais ver todo esse sofrimento, não quero mais ver pessoas inocentes morrendo por razões inconsequentes dos dois lados- falo, deixando um soluço escapar dos meus lábios à medida que mais lágrimas caíam.

Apollo termina de dar os sete pontos na minha asa e coloca a toalha suja de sangue dentro da bacia de água, passando suas mãos nessa água e tirando o excesso do líquido vermelho. Após isso ele seca as mãos em sua camisa e levam elas ao meu rosto, enxugando algumas lágrimas que caíam dos meus olhos e eu consigo ver que nos seus havia algumas também.

- Sabe- ele começa, se levantando e sentando ao meu lado- O mundo poderia ser um lugar pacífico e belo, onde as pessoas poderiam morar em paz, sem guerras e sem conflitos. Entretanto não é o mundo em que vivemos, muitas guerras e conflitos acontecem nesse meio tempo e é nesse mundo que devemos agir. Cada um tem o seu papel a cumprir, seja para o bem ou para o mal- arregalo os olhos quando ele diz aquilo, pois eu havia ouvido essa mesma frase no dia que fugi da sede dos caçadores com Bela- Se Theo está disposto a tentar alguma coisa nova, talvez seja para o bem e dessa forma poderemos tentar estabelecer algo diferente. Eu sei que mudanças são assustadoras, mas nós aprendemos com elas- ele conclui e eu deixo mais um soluço escapar dos meus lábios.

- Sempre foi você, não foi Apollo? - pergunto chorando mais um pouco e abraço ele, tomando cuidado com minhas asas.

Foi ele que estava me observando de longe quando fiz minha fuga, foi ele que me acompanhou durante um ano naquela solidão, me impedindo de cometer besteiras. Foi ele que esteve me observando esse tempo todo. Provavelmente ele estava escondido com os Liwures, aguardando o momento certo para poder me encontrar, conversar comigo e tentar me fazer ir para o caminho certo.

- Do que você está falando? - ele pergunta e eu sorrio levemente, apertando um pouco o abraço, como se ele fosse sumir a qualquer momento.

- Não é nada- um soluço escapa dos meus lábios e eu continuo o abraçando.

Ficamos um tempo assim e eu senti o meu corpo ir se acalmando à medida que o tempo passava. Minhas mãos pararam de tremer e meu choro começou a cessar. Eu senti minhas asas doerem quando me afastei do dono dos olhos âmbares devido aos movimentos, provavelmente o efeito da anestesia estava começando a passar.

Assim que me ajeito melhor eu deixo meus olhos caírem nos âmbares de Apollo e eu observo. Vejo que eles estavam brilhantes mesmo no escuro, prontos para dizerem palavras que não foram ditas há muito tempo, como se tivessem sido soterradas de pouco a pouco, tentando ser esquecidas.

Eu também tinha algumas coisas para dizer, eu também tinha que jogar minhas cartas na mesa, pois agora não é uma questão de que eu devo, mas uma questão de necessidade. Eu queria que Apollo ouvisse o que eu tenho a dizer e eu queria ouvir o que Apollo tem a dizer a mim. Depois de tudo o que aconteceu e tudo o que irá acontecer. Alguém precisa saber quem eu sou.

- Lembra o que você me perguntou? Sobre o que aconteceu comigo após o incêndio? - questiona e eu assinto levemente, vendo uma lágrima cair do olho direito dele- Hope aconteceu e o pesadelo sem fim também- profere e eu mordo a parte interna da minha bochecha.

- O que aconteceu naquela época? - pergunto, instigando-o a contar aquilo que eu pensei que nunca iria ouvir.

- A morte aconteceu- fala, encarando o fundo dos meus olhos.

Oi fadinhas :)

Aqui estou eu com mais um cap e surpreendendo até eu mesma por ter postado um cap tão rápido depois de um tão recente kkkkk

Bom espero que tenham gostado desse cap, Theo aparece, fiquei até emocionada enquanto eu escrevia. O prox cap vai ter uns tapa na cara da gente, mas conseguimos passar por isso juntas ;)

Se gostarem favoritem e comentem, pois eu gosto de saber o feedback e adoro as interações com vocês :)

De resto é isso fadinhas! Espero que estejam gostando de Metamorfose e aguardem, pois muita coisa ainda vai acontecer hihihi

Bjs Mary e até a próxima ;)

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