Cap 18
Diana
-Vamos mais uma vez? - Apollo me pergunta, estendendo sua mão em minha direção, com um sorriso estampado em seu rosto.
Reviro os meus olhos, mas deixo um leve sorriso escapar dos meus lábios, enquanto dou minha mão para ele e me levanto. Ao fazer esse movimento eu sinto minhas asas doerem um pouco e franzo minha sobrancelha, tentando mexer um pouco, fazendo os movimentos de alongamento que Apollo havia me ensinado.
- Eu devo ser sua pior aluna em voo- falo brincando com ele, fechando os meus olhos e sentindo a luz do sol da tarde bater no meu rosto.
- Você é a única- ele rebate com um sorriso em seus lábios, soltando a minha mão e eu ouço seus passos, indicando que ele se afastava de mim- Vamos mais uma vez- ele repete e eu abro meus olhos, virando-me para ele.
Três semanas haviam se passado desde o meu último pesadelo, depois disso Bardon não havia mais aparecido em nossas vidas. Eu estou conseguindo controlar melhor a minha sede de sangue, sendo que nessas três semanas eu só senti a necessidade duas vezes. Meu treinamento com minhas asas também está melhorando, a cada dia que se passa a dor vai diminuindo e se tornando um pouco mais suportável.
- Abra-as e sinta um pouco as correntes do vento passarem por elas- ele manda e eu faço, vendo-o repetir o meu movimento, para que eu possa ter algum parâmetro para poder me comparar.
A dor vem no mesmo instante que eu faço o movimento, mas, como das outras vezes, eu consigo suportar ela e respiro fundo, vendo Apollo fazer leves movimentos que eu repito. Em poucos minutos vejo ele acenar com a cabeça e eu mordo o interior da minha bochecha, controlando minha respiração e em poucos segundos eu consigo bater minhas asas, erguendo-me para o alto e saindo do chão. Sorrio triunfante, mas o meu sucesso não dura por mais que vinte segundos, pois a dor das asas se tornar insuportável e não me dá tempo nem mesmo de pousar, pois eu já estava caída ao chão.
- Que frustrante! -exclamo irritada, olhando para o céu que estava escurecendo, agora sem a presença dos raios solares.
Ouço os passos de Apollo se aproximarem e em pouco tempo ele estava se sentando ao meu lado, em seguida deitando-se ao meu lado e encarando o céu azulado. As asas dele se encostam rapidamente nas minhas, mas ao perceber o toque ele as encolhe um pouco, se afastando das minhas.
-Estamos em fevereiro certo? - pergunto a ele, vendo que o céu azulado estava ficando cada vez mais escuro, indo em direção ao preto, que toma toda noite e permite que o brilho das estrelas e da Lua apareça.
- Sim, em breve a primavera irá chegar- ele fala e eu o ouço suspirar fundo, fazendo com que eu tire os meus olhos do céu e o encare.
- O que foi? -pergunto a ele, vendo seus âmbares presas no céu.
- Ele não agiu por três semanas, acho que está planejando alguma coisa. Inclusive agora que ele tem acesso ao meu subconsciente e ao seu, se não tomarmos cuidado estaremos perdidos e não teremos ninguém para nos salvar dessa vez- ele profere, se referindo última vez que quase nos matamos, mas por sorte fomos salvos.
Mordo o interior da minha bochecha e me sento na grama, olhando para todos os cantos, vendo as árvores ainda sem nenhuma folha por causa do inverno, mas era possível ver que alguns brotos já estavam aparecendo. Reparo também que alguns animais já estavam voltando para cá, pois sentiam que a primavera estava voltando e com ela, a vida.
- Nós deveríamos ir atrás dele- falo a Apollo, sentindo o olhar dele cravar em minhas costas e em seguida ele estava sentado ao meu lado, me fazendo virar para ele e encarar o fundo dos seus olhos- Deveríamos dar um basta nisso- digo.
O dono dos olhos âmbares franze levemente a sobrancelha em minha direção, me analisando por alguns segundos e eu aproveito para fazer a mesma coisa. O cabelo dele havia crescido um pouco mais e agora era possível ver os pequenos ondulados loiros, que fazem uma leve volta para fora quando chegam ao meio da orelha. Os olhos dele estão mais reluzentes, parece que a cada dia que se passa seus âmbares se tornam mais brilhantes e mais vivos, sendo que mesmo assim são misteriosos, escondendo algumas coisas que talvez eu nunca saberei.
- Como nós faríamos isso Diana? -ele me indaga e eu pisco duas vezes, me trazendo de volta para a realidade.
- Precisamos saber onde ele está, posso tentar conseguir alguma informação se eu usar o computador- começo e vejo ele levantar a sobrancelha- Eu também quebrava as regras sobre o uso de tecnologia, acha que era fácil ficar seguindo apenas pegadas?-pergunto sarcasticamente a ele e vejo-o abrir um leve sorriso- Continuando, se nós descobríssemos onde ele está, poderíamos nos preparar e ir atrás dele, se o acharmos e- me interrompo, levando o meu olhar para ele.
- E o matarmos- completa, indicando para eu prosseguir.
- Se fizermos isso, daríamos um fim a tudo, até mesmo a tentativa dele conseguir aquele soro que você me falou. Evitaremos que novas pessoas passem pelo o que estamos passando- digo convicta, enquanto observo o olhar de Apollo sobre mim.
- E seria perigoso se ele percebesse que estamos tentando caçar ele, nesse caso ele poderia simplesmente nos controlar mais uma vez e desistir de tudo, tentando dar um fim em nós. Um movimento em falso e ele saberá de tudo, pois estará na nossa mente e ele descobriria- Apollo rebate mais uma vez e eu cruzo minhas pernas, ficando em uma posição mais confortável.
- Existe uma outra maneira que eu também pensei- começo, desviando o meu olhar dele, pois tenho certeza que ele achará essa ideia absurda.
- Qual seria? - ele pergunta e eu mordo o canto inferior da minha bochecha, apontando para minha cabeça.
-Se entrássemos no meu subconsciente ele saberia e tentaria nos incomodar, ao fazer isso eu poderia rebater a entrada dele, me lançando para dentro do subconsciente dele- conto a minha segunda ideia e ouço-o suspirar fundo, me fazendo virar em direção ao dono de olhos âmbares e perceber que ele passava a mão pelos seus fios dourados.
- Aí ele com certeza saberia que você esteve lá e o nosso plano com certeza seria descoberto- Apollo me contraria e eu sorrio de lado, sabendo que ele diria isso.
- Não se você entrar comigo, mas camuflado. A ideia não é simples e eu sei que é complexa, mas eu não vou fazer se você não for comigo, pois prometemos que iríamos passar por isso juntos- afirmo a ele e vejo seu olhar vacilar um pouco- Se nós entrarmos no meu subconsciente e você usar o seu poder para não ser visto Bardon não terá nenhuma ideia da sua presença. Quando ele tentar algo eu rebato, puxando você junto para o subconsciente dele e enquanto você procura algo, eu fico enrolando ele- explico minha ideia para Apollo, que se mexe desconfortável e com isso eu consigo perceber que algumas estrelas já estavam aparecendo no céu.
- Eu iria procurar informações de possíveis lugares e quando eu acabasse eu apareceria perto de você e nós dois iríamos voltar- ele completa minha linha de raciocínio e eu abro um leve sorriso, vendo que ele estava cogitando a ideia.
-Eu sei que é arriscado-começo, mas sou interrompida.
-Você pode se machucar seriamente com isso Diana, não vale a pena fazermos isso- ele fala e vejo um tom de desespero em sua voz, mas em nenhum momento ela se eleva.
-Eu posso acabar me machucando, mas do jeito que as coisas estão, nós dois estamos indo para uma cachoeira muito alta e não iremos conseguir nos salvar, precisamos ir contra a correnteza que está nos levando- falo sinceramente a ele e vejo-o um pouco inquieto, cruzando algumas vezes o seu braço e movimentando os seus olhos pelo local.
- É muito arriscado e eu não posso u-interrompo ele ao segurar em sua mão, atraindo a atenção dele e lhe direcionando um sorriso, tentando de alguma forma confortá-lo.
-Isso ainda é uma ideia, temos tempo para pensar, refletir e depois darmos o veredito-digo a ele, mostrando que não ia escutar sua resposta agora.
-Está bem, irei pensar- ele se dá por rendido e eu sorrio em sua direção, largando a sua mão e levantando-me do chão.
O dono dos olhos âmbares faz a mesma coisa e não precisamos trocar nenhuma palavra, apenas começamos a andar em direção a casa. Ao passarmos por algumas árvores eu sinto o cheiro da umidade misturado com algumas frutas silvestres que alguns esquilos comem. Deixo os meus olhos irem em direção ao céu e eu sinto uma grande paz ao ver a lua cheia, junto com várias estrelas brilhando a volta dela, os dias nublados de inverno estão acabando.
Ao chegarmos perto da porta de vidro que dá acesso a sala eu retiro os meus sapatos, deixando-os em um ponto estratégico para poder lavá-los mais tarde e vejo Apollo fazer a mesma coisa. Após isso eu abro a porta e adentro o local, sentindo a temperatura morna me acolher e eu relaxo minhas asas, suspirando fundo e indo em direção aos armários da cozinha.
- Irei fazer chá. Gengibre? - pergunto a Apollo e cevo meu olhar para ele, vendo que estava mexendo em alguns livros da prateleira da sala.
- Pode ser- ele diz, me encarando e eu assinto levemente, pegando as coisas necessárias para fazer chá.
Suspiro fundo e começo a esquentar a água, pegando um pouco do gengibre e cortando ele em pequenos pedaços, o que vai facilitar para o gosto se soltar mais na água. Aumento um pouco o fogo no fogão e enquanto isso eu pego duas canecas brancas, sendo que a diferença delas era o desenho em cada.
- Você pode colocar mel se quiser- ele fala e eu levanto minha sobrancelha, virando em direção a ele, vendo que o dono de olhos âmbares ainda mexia na prateleira.
- Eu não colocarei nos dois, sei que você não gosta- rebato ele, vendo que seus olhos param de fixar nos livros e vão em minha direção- Vou colocar no meu depois- explico e vejo-o assentir, desviando seu olhar rapidamente e eu sorrio.
Volto a minha atenção para a água e vejo que ela já está em uma boa temperatura, por isso eu já coloco o gengibre e com isso espero mais uma pouco. Depois de tudo eu coloco o chá nas canecas, sendo que na minha eu adiciono um pouco de mel.
- Está pronto Apollo-digo a ele e deixo a caneca dele em cima da bancada, que divide a sala com a cozinha.
Não me dou o trabalho de esperar ele e guio os meus pés até a escada, descendo cuidadosamente os degraus dela e chegando ao porão. Reparo nas paredes que já haviam algumas pinturas que eu fiz há um tempo atrás, vejo as asas com os olhos âmbares de Apollo no centro, reparo nas folhas secas de outono, que retratava totalmente a estação e também a estação que eu fui transformada. Suspiro fundo e olho para cima, vendo o teto preenchido de alguns galhos com folhas verdes, sendo que essa pintura eu estava tentada a colocar algumas flores, pois a primavera estava chegando e deixaria o ambiente mais bonito, mas isso ainda é apenas uma ideia.
-Vejamos- falo comigo mesma e me viro para uma parede mais ao fundo do grande cômodo, onde eu havia começado a pintar um lindo mar, com seus tons de azul e o céu, sendo que esse último era o retrato perfeito para a prova de que o céu e o mar nunca ficariam juntos.
Sorrio de modo melancólico, olhando para o meu pulso onde estava a linha azul que Apollo havia amarrado em minha mão e havia me contado a lenda aquele dia na praia. Uma lenda com um destino muito cruel para aqueles que eram amantes do céu e do mar. Um destino em que o final feliz seria impossível.
- Talvez seja melhor devolver isso para onde pertence- falo comigo mesma, pegando meu pincel da cor azul escura, começando a dar uns retoques no lindo mar que eu havia desenhado.
Essa pintura que eu estava fazendo ocupou metade da parede, sendo que a outra metade eu pensei bem e decidi fazer um lindo lírio nela. Um lírio branco igual ao que eu e Apollo havíamos visto no ano-novo, onde eu finalmente percebi que Apollo não era uma má pessoa, na verdade, foi quando eu finalmente percebi com toda certeza do mundo de que eu poderia confiar nele.
(...)
Abro meus olhos quando ouço um barulho vindo do telhado. Eu penso que é apenas coisa da minha imaginação e resolvo fechá-los novamente, mas mais uma vez o barulho veio, sendo que dessa vez eu me levanto da cama. Franzo a sobrancelha quando vejo uma sombra passar rapidamente pela minha janela, a qual deixava a luz da lua iluminar o quarto.
Aproximo-me dessa janela e abro-a, colocando uma parte do meu corpo para fora, em busca daquele barulho no telhado, sendo que quando eu olho para cima, vejo uma das cenas mais lindas da minha vida. Uma sombra de perfil de um homem com asas, estando na frente da grande lua e com o corpo um pouco reclinado para trás. Apollo estava voando nessa noite, como se fosse um lindo pássaro livre, como se nada o pesasse e o puxasse para baixo. Ele parecia leve e livre, como se o vento fosse o seu melhor amigo, planando junto com ele.
Volto o meu corpo para dentro do quarto, indo rapidamente no meu guarda-roupa e pegando um cobertor extra que havia nele. Agora com o cobertor em mãos eu passo ele pelo meu pescoço e vou até a janela, colocando o meu corpo todo para fora e escalando as paredes, tomando cuidado por onde pisava. Foram poucos segundos até que eu conseguisse alcançar o lugar mais alto do telhado, me sentando mais confortável e passando o cobertor ao redor do meu corpo e de minhas asas, me aquecendo por fim.
A noite estava totalmente limpa e eu devo agradecer por Apollo gostar dessa casa, pois por ela ser afastada da cidade as luzes não atrapalham tanto o brilho das estrelas, permitindo que elas sejam vistas mais claramente. Entretanto, quem reinava no céu era a linda lua em sua fase cheia, iluminando tudo ao redor e dando um tom mágico para a noite.
- O que está fazendo aqui? - ouço a voz de Apollo e eu me viro levemente, vendo o dono dos olhos âmbares parado, me observando uma sobrancelha levantada e as asas aos postos. Dessa vez ele estava usando uma calça moletom cinza, estava sem nenhum calçado e vestia uma blusa branca de tecido fino.
- A noite está muito confortável, não acha? - pergunto para ele e sorrio de canto, tirando os meus olhos dele e voltando a olhar para a linda lua.
Ouço uma leve risada de Apollo e seus passos vão indicando que ele se aproximava de mim, até que sua fragrância entrou pelas minhas narinas e o Dintria se sentou ao meu lado esquerdo. Ouço o som de suas asas e eu olho de canto, vendo que elas estavam se juntando mais ao corpo dele, mas não se recolhendo igual ele fazia antes.
- Desculpa por ter te acordado, acho que essa é a segunda vez já- ele pede, me fazendo olhar para seu rosto e ver ele passando a mão esquerda em seus cabelos loiros, puxando-os um pouco e dando um leve volume nos pequenos cachos.
- Está tudo bem, eu que tenho um sono leve- admito e volto o meu olhar para a lua, sem me esquecer da linda imagem que eu havia visto e que eu com certeza transformaria em uma pintura- É tão bom assim?- questiono.
- É uma das melhores coisas do mundo- profere e ouço um suspiro- É como se tudo o que te prendesse não existisse, como se todo o peso não passasse de poeira. Voar para mim é a mesma coisa que me encontrar e entender que nem sempre as coisas são do jeito que esperamos, mas que podemos viver com elas e fazer do melhor jeito possível- ele fala e eu sorrio.
- Eu espero poder voar um dia- admito e deixo meu olhar ir para ele, vendo que as âmbares me encaravam e o brilho do luar deixava-as mais atraentes do que eram.
- Você vai, tenho certeza disso- fala convicto e dou um leve sorriso para ele, enrolando um pouco mais na coberta quando uma frente fria passa.
Se eu for parar para pensar, acho que essa foi a primeira vez que admiti em voz alta que queria voar. Nunca havia dito isso para Apollo e acho que nem mesmo para mim, mas parece que dizer isso foi como se um peso enorme saísse das minhas costas, mesmo que ele seja como poeira perto dos outros que existem.
- Sabe por que eu gosto da lua? - ouço Apollo perguntar e eu levo meu olhar para o astro mais brilhante do céu.
- Porque ela é linda, brilhante e parece uma grande pedra preciosa? - indago, deixando um sorriso aparecer mais uma vez em meus lábios.
- Não- Apollo nega, rindo baixinho- Na verdade ela é isso também, mas eu gosto da lua por outro motivo- ele faz uma pausa e tenho certeza que um sorriso surgiu nos lábios dele- A lua tem suas fases e mil formas de ser, ela tem seus tempos de brilho, mas também tem seus tempos de escuridão, mas ela nunca deixou de ser lua- ele fala e eu franzo minha sobrancelha, virando meu olhar para ele.
- Ela é a mesma? - pergunto e vejo o rosto de Apollo ir em direção ao meu, me fazendo ver ele abrir um sorriso em minha direção, um sorriso lindo e que eu nunca havia visto antes.
- Ela é, assim como nós dois somos, Dintrias e Caids, todos nós temos os nossos momentos, mas continuarmos sendo a mesma coisa, não é porque estamos em momentos de escuridão que devemos temer, ainda somos nós- ele fala e eu abro um sorriso para ele.
O que ele havia dito fazia total sentido, não era porque passávamos por problemas que devemos desistir de tudo, somos como a lua, temos fases e mil formas de ser, cada uma diferente da outra, mas no final ainda somos nós mesmo, com nossa essência. Apollo estava certo, mas devo admitir que me peguei pensando por quantas coisas ele passou para chegar nessa conclusão sozinho, sem ter ninguém para ajudar.
- Eu sou muito grata por ter te conhecido- admito para ele e vejo-o curvar os lábios em um leve sorriso, levando sua mão aos meus cabelos, passando a mão entre um fio e o outro, para em seguida olhar nos meus olhos.
- Acho que eu que sou Diana- ele diz, se aproximando levemente de mim, mas para o seu movimento quando um barulho de vidro se quebrando invade nossa audição.
Me afasto dele e olho para todos os lados, temendo que Bardon houvesse voltado para infernizar nossas vidas. Me ponho de pé ao lado de Apollo e vejo que a casa vizinha estava com as luzes acesas, o que me fez franzir a sobrancelha e me virar para Apollo.
- Eles já não tinham ido embora? - pergunto, pois pelo o que eu me lembre, esses vizinhos só vinham aqui durante os feriados ou as férias.
- Eles foram- Apollo fala com a sobrancelha também franzida.
Volto o meu olhar para a casa e vejo mais luzes sendo acesas, sendo que um barulho de outra coisa se quebrando é ouvido, sendo que isso foi o estopim. Eu senti Apollo me segurar levemente e em poucos segundos nós estávamos pousando em frente a casa, em um silêncio muito maior do que das últimas vezes que eu voei com Apollo.
Deixo o cobertor tampar ainda mais minhas asas e olho para o dono dos olhos âmbares, que me indicou silêncio à medida que fomos entrando na casa após ter conseguindo sumir com suas asas, provavelmente utilizando o seu poder, para não causar o barulho dos ossos se quebrando. A porta de vidro estava arrombada e havia vários cacos espalhados pelo chão. Franzo a testa e olho para Apollo mais uma vez, indicando que eu iria pela esquerda e ele iria para a direita. Fui andando pela casa a passos silenciosos e com minhas asas um pouco erguidas, sendo cobertas pelo cobertor.
Vejo um fio vermelho no chão e franzo a sobrancelha, ouvindo um barulho de vidro sendo esmagado e arregalo os olhos, virando com toda a agilidade que eu tinha, mas não a tempo de sentir uma adaga contra o meu pescoço.
- Se gritar vai perder o direito de ter uma cabeça- uma voz feminina fala em um tom extremamente baixo no meu ouvido, sendo que minhas mãos já estavam na dela, que mantinha a adaga pressionada contra meu pescoço e sua mão livre puxava meus cabelos para trás-Seu cheiro é diferente- ouço ela falar, mas não dou tempo, puxando a mão dela com toda força que eu tenho, inclinando o meu corpo para frente e conseguindo tirar ela no meu enlace.
Me equilibro melhor e levanto o olhar para a garota, vendo os olhos dela brilharem levemente e presas aparecerem em sua boca, eu estava lidando com uma Meli. A menina vem correndo em minha direção e com a adaga em mãos, tentando me atacar, mas eu acabo desviando e com isso o cobertor que cobria minhas asas caiu, deixando-as amostra.
- Olha se esse não é meu dia de sorte! Um Dintria na minha frente! - ela fala e eu franzo a sobrancelha, ela havia sido a primeira a me chamar de Dintria e não de Caid- Sabia que suas asas valem uma fortuna? Eu ficaria rica vendendo elas! - ela diz, avançando em minha direção e eu desvio novamente, eu não tinha nada para me proteger e não queria feri-la, pois caso eu fizesse, eu poderia acabar sentindo a sede de sangue.
- Sinto muito, mas elas não estão nesse jogo- digo seriamente e a menina avança em mim, me fazendo recuar, mas não o suficiente, pois sinto um raspão no meu rosto e um filete de sangue começa a descer pela minha bochecha.
- Bom, eu penso o contrário- ela fala, me atacando com a adaga mais uma vez e eu suspiro fundo, desviando e pegando na ponta da adaga, puxando-a com força da mão dela e assim apontando na direção da garota.
- Nem mais um passo e eu devo dizer que dessa vez quem vai ficar sem cabeça é você- falo de modo cínico e com um sorriso sarcástico em meu rosto.
Ouço passos se aproximarem e eu suspiro fundo por ser Apollo se aproximando, mas quando eu foco na garota novamente eu vejo ela com um sorriso em seus lábios, avançando em minha direção. Levanto a sobrancelha, vendo os passos leves que ela ia dando e a cada momento eu ia me afastando mais, com minha mão latejando o sangue e minha respiração descompensada.
- Você não vai me fazer sangrar e nem vai me matar, a não ser que queira virar um Caid- ela fala e eu vacilo por um momento, vendo ela correr e chutar meu estômago, caindo para trás e fazendo com que eu solte a adaga.
Sinto o corpo dela e cima do meu e suas mãos estavam e meu pescoço, se eu não agisse rápido ela iria me enforcar. Vejo ela rindo levemente, quando eu começo a perder um pouco dos meus sentidos, mas eu aproveito essa deixa e uso minhas asas, empurrando-a para longe e fazendo-a bater contra a parede. Me levanto rápido e vou em direção a ela, que mostra seus caninos mais uma vez e corre em minha direção, mas eu consigo desviar do ataque quando ela erra o tempo de correr, assim consigo dar um soco na nuca dela, fazendo-a desmaiar.
-Diana! - ouço meu nome em desespero e eu me viro para onde o som vinha, vendo Apollo com os olhos arregalados, me encarando e encarando a garota no chão.
- Onde você estava?!- exclamo irritada, pois não é possível que eu tenha lutado contra essa garota esse tempo todo e ele não tenha ouvido- Como você não ouviu que eu estava aqui?!- grito irritada e vejo o olhar dele perdido para a garota- Apollo!- grito para ele, chamando-o atenção do dono dos olhos âmbares, que me encara perdido.
Franzo a sobrancelha e vejo um movimento muito familiar acontecer. Apollo coloca suas duas mãos sobre sua boca enquanto me encarava, me fazendo arregalar os olhos. Bardon, a resposta mais coerente para isso, Bardon entrou na mente de Apollo enquanto eu lutava contra essa garota e agora ele está quase se descontrolando por causa do sangue que está em meu rosto e em minhas mãos.
Não consigo nem mesmo abrir meus lábios, pois Apollo já havia saído da casa e eu ouço o som das asas baterem. Ele havia ido embora, para não me atacar iguala última vez. Ele foi embora, pois não sabia se seria capaz de se controlar.
Suspiro fundo, olhando para a garota desmaiada aos meus pés. Franzo a sobrancelha, pois seu rosto me era um pouco familiar, mas eu não sabia dizer de onde. Vejo que ela carregava várias armas consigo e que usava um cachecol vermelho muito gasto.
- Agora me diga- falo me abaixando e ficando agachada- O que eu irei fazer com você? - questiono, levando em seguida o meu olhar para o caos que essa casa havia se tornado.
(...)
Estava com meus braços apoiados no encosto da cadeira, enquanto eu observava a mulher amarrada a minha frente. Ela ainda estava desmaiada e isso facilitou minha vida para trazer ela aqui. Eu havia amarrado ela em uma cadeira no porão, pois isso permitiria que ela não conseguisse reconhecer bem o local. A nossa casa havia várias coisas para ela usar como armas, ao contrário do porão, que não tinha quase nada e o que tinha eu havia tirado.
Eu também havia feito alguns curativos nos meus machucados, não o suficiente para curar eles, mas não podia deixar ela aqui sozinha, pois caso acordasse o mais sábio seria ficar de guarda, não ia ser interessante ter uma surpresa igual à da última vez.
Ouço passos vindos da escada e eu sabia que era Apollo, pois o cheiro dele havia invadido o local quando ele entrou no cômodo. Viro meu olhar para ele, quando o dono das joias âmbares parou ao meu lado e se abaixou, ficando da minha altura.
- Está tudo bem? - pergunto para ele, vendo que seus olhos expressavam uma tristeza que ele nunca diria em voz alta.
- Eu que deveria te perguntar isso- ele fala, abrindo um sorriso triste em minha direção e levando sua mão até onde eu estava machucada no rosto, mas eu acabo me afastando por instinto e rio envergonhada para ele.
- Força do habito- admito e ele ri baixinho, recolhendo sua mão e indo seu olhar para a garota do cachecol vermelho.
Reparo que o olhar de Apollo ficou perdido por alguns minutos, até que eu ouço a respiração dela se alterar e eu levo meu olhar para ela. A Meli abriu os olhos e ficou encarando o local por alguns segundos, tentando assimilar onde estava, até que seus olhos caíram sobre mim e Apollo, abrindo um sorriso sarcástico em seguida.
- Olha o que a maré trouxe- ela fala rindo levemente e eu olho para Apollo, que suspirou fundo e se levantou do chão- Pensei que eu nunca mais te veria seu bastardo- ela o xinga e franzo a sobrancelha.
- Faz muito tempo Hope- ele diz simplesmente, mordo o interior da minha quando vejo a mão dele tremer levemente.
- Não devia dizer tipo, "você continua a mesma" ou "nossa como você cresceu" - ela fala sarcasticamente, soltando uma risada em seguida e eu resolvo não falar nada por enquanto.
- Sabe que não irei dizer nada disso a você- Apollo fala firmemente e vejo a mulher revirar os olhos, deixando um sorriso maldoso aparecer em seus lábios.
- Por quê? Porque eu não sou aquela que você um dia conheceu? Ainda anda com esses pensamentos Apollo, os pensamentos de uma criança ingênua e burra, que sonhava em ver a luz da lua?!- ela indaga, rindo mais uma vez e eu vejo ele fechar a mão com força.
- Olha aqui, eu não te conh- me interrompo quando ouço a campainha tocar e arregalo os olhos, me virando para Apollo que também me encarava confuso.
- Merda- ouço a garota xingar baixinho e tanto o meu olhar como o de Apollo se repousam sobre ela, que nos encarava- Vamos fazer um combinado? Vocês nunca me viram aqui e eu não estou aqui- ela diz e eu ouço a campainha tocar novamente- Andem logo! Atendam logo essa porcaria de campainha! - ela exclama e eu percebo que o desespero dela era real, me fazendo levantar da cadeira e segurar na mão de Apollo, que ainda estava imóvel.
- Vamos lá em cima- falo sincera e vejo os âmbares me encararem.
- E se ela tentar fugir? - ele indaga e eu olho para ela, voltando o meu olhar para o dele.
- Te garanto que não vai, existe alguma coisa lá em cima que vai impedir ela de fazer qualquer movimento, pois ela parece saber muito bem o que é- falo, olhando para ela novamente e vejo-a me olhar com raiva, me fazendo direcionar um sorriso sarcástico para ela e puxar Apollo levemente.
Enquanto subíamos a escada eu parei no meio, me virando para o Dintria e vendo ele me encarar, mas os olhos estavam muito vazios e tristes para poder expressar qualquer reação. Suspiro fundo e desisto de perguntar a ele sobre Bardon e quem era a garota, mais tarde eu faria isso.
-Suas asas- falo sorrindo levemente para ele, que pisca seus olhos algumas vezes, percebendo que tinha que recolhe-las e assim faz, me fazendo ouvir o som horrível de ossos se quebrando.
Em seguida ouço ele inspirar e expirar rapidamente, controlando a respiração e por fim me encarando, abrindo os lábios para dizer algo, mas a campainha ecoa mais uma vez, agora mais inquieta e sendo repetidas várias vezes.
-Vamos- falo sem soltar a mão dele e vamos terminando de subir os degraus.
Quando chegamos lá eu solto a mão de Apollo e deixo ele ir na frente, se aproximando da grande porta e abrindo ela em uma pequena fresta.
- Olá- uma voz ecoa e eu arregalo os olhos- Por acaso não viu algo de estranho acontecendo aqui perto? - a voz masculina, a qual me é tão conhecida, indaga.
Dou alguns passos para mais perto de Apollo e antes que ele responda eu abro a porta, arregalando meus olhos e comprovando a minha teoria. O dono dos olhos avelãs estava a minha frente, me encarando da mesma forma.
-Theo?!- indago.
Bom fadinhas :) aqui está mais um capítulo. Vou pedir desculpa por ter atrasado dnv, mas to escrevendo no meu tempo, pq se não Apollo e Diana não vai sair exatamente do jeito que eu quero. Peço desculpas a vocês e peço paciência também, acho que eu nunca tive tanta dificuldade de escrever uma coisa kkkkkkk
Bom ta ai um cap pra vcs, espero que tenham gostado, comentem e votem pra eu saber o feedback de vocês ;)
Agora um aviso IMPORTANTE. Por muitos problemas e eu vi muita gente comentando e eu discuti até com a Mel sobre, eu decidi ALTERAR o nome da Elsa e do Jack. De agora em diante eles se chamam Lise e Adam. O motivo é muito simples, direitos autorais :/ irei respeitar os direitos da Dinsey e da Dreamworks, inclusive porque eu só estaria pegando o nome e a história seria toda diferente, então mudo o nome também. O Peter é diferente, pois já existe muitas histórias diferentes do Peter e ele se torna um personagem mais livre para as adaptações, por isso a substituição do nome não acontece.
As alterações no livro do Peter e da Bela demorarão um pouco mais, então ainda é possível encontrar Jack e Elsa lá, mas o livro agora será sobre a Lise e o Adam, espero que compreendam e não deixem de ler por esse motivo.
De resto é isso fadinhas :)
Bjs Mary e até a próxima ;)
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