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Cap 13







Diana

A neve havia derretido, é óbvio que ela não ficaria muito tempo, agora o que resta no jardim dos fundos são vastas poças de lama, enquanto a cidade continua sendo coberta por nuvens pesadas e que nunca descarregam a água.

Suspiro fundo, desviando o meu olhar da natureza e guiando minha visão até Apollo, que se encontra sentado em uma das poltronas, com um livro aberto em uma página há mais de quinze minutos. A aparência dele está um pouco abatida e eu percebi que a postura de suas asas havia mudado, agora elas estavam mais baixas do que o normal.

Ando lentamente até os degraus da escada que daria para o porão, passando por ele, que por nenhum segundo me encara. Me viro para tentar ter algum sinal de seus olhos, mas vejo que eles continuam fixos naquela página. Não entendo ao certo o que está acontecendo, mas Apollo está estranho, ele está mais distante do que normalmente é.

Entreabro meus lábios para falar com ele, mas desisto no mesmo instante, apenas voltando o meu olhar para os degraus e descendo com cuidado a escada em direção ao porão. Ao terminar de descer eu levo minha mão até o interruptor e deixo que a luz amarela ilumine o local, me fazendo suspirar fundo ao ver a bagunça que estava, mas pelo menos é uma bagunça que eu me sinto confortável de estar.

Vou até algumas tintas que estavam no chão, recolhendo-as e as colocando em um canto, onde todos os materiais que eu uso se encontram. Aproveito que estou perto e pego uma escada que utilizo, levando-a até o centro do local e posicionando-a lá, assim eu volto e pego um pincel, preenchendo-o da cor marrom. Guio os meus passos de volta para a escada e subo em seus degraus, ficando com o rosto perto do teto e assim contorno alguns galhos secos que preenchem todo o teto, não importa em qual parte do local, todo o teto está preenchido com estes galhos.

Deixo que minha mente divague para o que aconteceu há quatro dias atrás, quando Apollo desceu aqui e seus olhos estavam repletos de lágrimas, alguma coisa aconteceu com ele, alguma coisa grave aconteceu com ele. O rosto dele estava totalmente em desespero e eu não soube o que fazer na hora, a única coisa que consegui pensar foi em chamá-lo para pintar, mas nem isso deu muito certo, pois em poucos minutos ele tinha parado e se encostado na parede, sentando-se e pegando no sono no mesmo minuto. Eu, por outro lado, acabei não conseguindo dormir, eu não senti o sono chegar, e por isso fiquei pintando a noite inteira. Quando Apollo acordou no outro dia ele parecia estar muito atordoado, suas joias âmbares ficaram me encarando por longos minuto. Mas foi apenas isso, pois ele não falou nada comigo e saiu o mais rápido que pode e se trancou em seu quarto durante metade do dia. Após isso ele me chamou para treinar, só que dessa vez nem tocamos no assunto de entrarmos no meu consciente, opinando na tentativa de me ajudar a controlar minhas asas. O que não deu muito certo, mas agora é o que estamos tentando treinar nestes quatro dias.

- O que está acontecendo? - me pergunto baixinho, desviando o meu olhar do teto e guiando-o até a parede com as asas pretas, encarando os âmbares que eu havia pintado. Nego com a minha cabeça e levanto-a de volta para o teto, passando mais um pouco de tinta no contorno de um dos galhos, tentando esquecer essa situação por um momento.

Hoje é o último dia do ano, faz mais ou menos três meses que estou nesta casa com Apollo, vivendo com ele vinte e quatro horas por dia, mas parece que nem isso me ajudou a suprimir a sede de sangue que vive em mim. É um fato que eu diminuí as vezes que eu me alimento de sangue, mas o desespero e a vontade de ver a morte nos olhos dos seres vivos não, parece algo que vai me consumindo aos poucos, como se meu caráter fosse se perdendo e o vazio fosse a única coisa que sobrasse no meu corpo. Às vezes eu me sinto como um fantoche e a única coisa que posso fazer é presenciar o caos que acontece ao meu redor.

Saio dos meus pensamentos e sinto minhas costas doerem devido ao peso das minhas asas, me fazendo suspirar fundo e parar de pintar o teto, descendo cuidadosamente a escada para poder me alongar um pouco, igual Apollo havia me ensinado. O peso que carrego parece não ter mudado muito, mesmo com esses alongamentos, nenhuma mudança aconteceu, sendo que a única coisa que posso fazer é conviver com essa dor, mesmo que não seja o que eu queira.

-Eles ficarão sempre secos? - ouço uma voz no ressinto e eu paro os meus alongamentos, virando meu corpo para me dirigir ao dono da voz.

Apollo está parado a minha frente, reparo que o cabelo ondulado dele está dando uma pequena volta em sua orelha e suas asas um pouco mais para baixo, junto com olhar um pouco distante do que o normal. Vejo que ele encarar o teto repleto de galhos, me permitindo ver que suas âmbares percorrem toda a extensão que lhes é permitida.

- Acho que sim- respondo a ele, sem desviar os meus olhos do seu rosto por nenhum instante, até perceber que seu olhar se recaí sobre mim, fazendo com meu corpo trave por alguns milésimos de segundos.

- Por quê? -pergunta curioso e abre um leve sorriso para mim, mas eu consigo perceber o quanto esse sorriso foi forçado, não por maldade e sim por não conseguir sorrir sincero.

- Acho que eu sempre os visualizei assim, não sei se consigo pintá-los de uma maneira diferente dessa- respondo sincera a ele, vendo-o ir em direção a outros galhos que estavam na parede, só que estes estavam com pequenos brotos de flor.

- Talvez se você tentasse enxergar com outros olhos e- ele se interrompe, negando com a cabeça, provavelmente se repreendendo por algo que estava prestes a dizer.

Levo meu polegar até minha boca, mordendo um pouco a unha e quebrando-a sem querer, logo que termino de arrancar a parte quebrada, jogo-a no chão. O jeito que ele está agindo, a maneira que está pensando, parece que está tentando voltar a ser o que ele era antes, não que houvesse tido muita evolução, mas pelo menos ele não tentava se esconder tanto igual está tentando agora.

- Talvez eu tente- respondo a ele, suspirando fundo e cruzando os meus braços, tomando cuidado para não me sujar com o marrom presente no pincel.

Os âmbares voltam a me encarar e eu mordo o interior da minha bochecha, suspirando fundo e tentando me acalmar, pois parece que ele vai voar em cima de mim e me matar a qualquer momento.

Vejo-o desviar o olhar do meu e eu levanto a sobrancelha, vendo-o olhar para os lados, como se de alguma forma estivesse tentando decidir se falaria comigo ou não. Ele guia suas mãos até os bolsos da sua calça de moletom e suspira fundo, voltando-se a mim.

- Hoje é véspera de ano-novo e eu queria saber se você gostaria de ir comigo ver os fogos- ele fala diretamente.

Pisco algumas vezes, assimilando suas palavras enquanto vejo-o suspirar fundo, esperando minha resposta.

Fogos de artifício, acho que nunca vi eles, os caçadores não eram permitidos fazer essas comemorações festivas, sempre ficávamos incumbidos em alguma missão, sendo que mesmo tendo me transformado em um Caid eu fiquei escondida no último ano, eu temia que encontrasse algum ser e minha sede de sangue aparecesse do nada.

- Fogos? - pergunto para ele, só para ter certeza do que ele havia me falado, para ter certeza que ele havia feito esse convite tão inusitado.

- É só para nos distrairmos um pouco, além do mais, todo ano eu acabo indo vê-los no centro da cidade, tem um lugar bem legal que é possível ver toda a cidade- ele fala, dando um sorriso triste de lado- Mas se não quiser ir não tem problema-diz tranquilamente.

-Não!- digo meio que desesperada e percebo que havia descruzado meus braços, agora negando com minha cabeça- Não é que eu não quero, na verdade eu quero muito, é só que- me interrompo e sinto meu rosto esquentar um pouco, fazendo com que eu olhe para outro lugar que não fosse ele- Eu nunca vi fogos de artifício- admito e logo em seguida ouço um risinho da parte dele.

- Então era isso- ele fala, parecendo um pouco mais aliviado e eu levo meu olhar para o rosto dele, vendo um leve sorriso em seus lábios, mas não o suficiente para dizer que ele estava alegre- Pensei que você odiaria a ideia- admite, deixando seu olhar um pouco mais suavizado, mas a preocupação ainda é muito presente.

- Pelo contrário, acho que será legal- admito a ele, voltando a cruzar meus braços e mais uma vez tomando cuidado para não me sujar com o pincel- Mas e a minha sede de sangue? - pergunto meio desconfortável, igual eu sempre fico quando esse é o assunto.

- Se alimente antes, faremos igual ao Natal, qualquer coisa voltaremos para cá o mais rápido possível- fala, me fazendo assentir em concordância e vejo-o se mover para a escada.

-Era só isso que queria me perguntar? - pergunto a ele, torcendo para que dissesse que não, que tinha mais coisas para me falar, mais coisas para conversar.

- Sim, era apenas isso- ele fala, abrindo outro sorriso forçado.

Mentiroso.

-Está bem- falo, abrindo um leve sorriso para ele, mas também forçado- Mais tarde nos encontramos então?- pergunto e vejo ele assentir.

- Mais tarde nos encontramos.

(...)

Termino de colocar o meu casaco bege, o qual tive que fazer dois furos para minhas asas passarem. Eu estou usando uma calça preta e botas marrons, que vão até abaixo do meu joelho, uma blusa preta de manga comprida está sob o grande casado bege, que está um pouco acima do meu joelho e está todo abotoado.

Eu não consegui apanhar muitas roupas ao longo do tempo, mas no dia que sai com Apollo para olhar as compras de Natal eu aproveitei e comprei algumas roupas. As que eu uso hoje são de uma pequena loja que eu vi lá no shopping e que estavam em um preço bom e aceitável para serem compradas.

- Diana? - ouço meu nome ser chamado e em seguida o som do toque na porta de madeira.

-Já estou indo- falo ao terminar de me olhar uma última vez no espelho, me guiando até a porta e assim abrindo-a.

A primeira coisa que consigo visualizar são seus olhos âmbares me encararem, para em seguida eu desviar e reparar em como ele está vestido, sem dar muita chance de me perder na profundidade deles. Apollo está usando um casaco parecido com o meu, só que do tom azul escuro, enquanto a blusa de dentro é branca, junto com o seu cachecol. Ele está usando um tênis normal e sua calça é um jeans azulado, combinando com o seu casaco. A sua franja foi partida em duas metades, sendo que a parte direita está presa com dois grampos, para assim evitar de ficar caindo toda hora em seu rosto, enquanto a parte esquerda estava apenas posta atrás da orelha, me fazendo ver que a cada dia que se passa seu cabelo vai crescendo mais.

Volto o meu olhar para o dele e vejo que ele havia feito a mesma análise que a minha, sorrindo levemente e eu devolvo o sorriso do mesmo modo, mas ainda consigo reparar nas olheiras que ele carrega.

- Combinou com você- ele fala e eu levanto a sobrancelha.

- Isso foi uma tentativa de elogio? - provoco, vendo que ele troca de peso da sua perna, colocando suas mãos dentro dos bolsos do casaco.

- Interprete da maneira que você desejar- ele fala, virando de costas para mim rapidamente e começando a seguir o corredor, rumo à escada.

Suspiro fundo e vou atrás dele, descendo os degraus cuidadosamente e assim chegando até o térreo, ficando de frente para a grande porta de madeira, que dava passagem para o lado de fora da casa. Apenas a luz da sala está acesa, enquanto o resto está apagado e a casa está em perfeita organização, como sempre. Reparo em Apollo, que mexe em alguns molhos de chaves e logo pega um em específico.

- Nós iremos voando- ele fala e eu arregalo os olhos, vendo-o me encarar seriamente, mostrando que não estava brincando.

- Voando? Mas eu não sei voar, não consigo nem mesmo erguer minhas asas do chão- falo para ele, agora mais preocupada.

Não é que eu não sabia voar, mas eu não consigo fazer mais isso. Após a minha fuga com Bela, depois de termos fugido de Clark, eu a deixei no local combinado com Theo e sai voando. Foram poucas horas de voo, pois uma escuridão me assombrou e eu caí, por sorte foi dentro de um lago, mas desde aquele dia as minhas asas começaram a se tornar mais pesadas, até que eu não consegui nem mais erguê-las.

Vejo-o guiar sua mão até o bolso do seu casaco mais uma vez, tirando de lá um frasco com o mesmo liquido roxo que eu bebi para ir ao shopping, para minhas asas ficarem invisíveis aos olhos dos humanos e caçadores.

- É mais fácil do que ir de carro e ter que achar um local para estacionar, além de que assim nós iremos mais rápidos e conseguiremos ficar no topo no prédio sem que ninguém perceba- ele me explica ao entregar para mim o recipiente e eu destampo o frasco, virando todo o líquido na minha boca e assim o engulo, sentindo o gosto amargo em meus lábios.

- Eu continuo não sabendo voar- falo a ele, deixando o frasco em cima da mesa de madeira que fica na parede, onde as chaves também se localizam.

- Você se alimentou? - ele pergunta, ignorando minha fala e eu reviro os olhos, assentindo em direção a ele.

Ele devolve o aceno e se vira de costas, me dando visão das suas enormes asas pretas, com várias penas e cada uma delas organizadas em seu devido lugar. Ouço o barulho da fechadura e assim sinto uma brisa gélida bater contra todo o meu corpo, fazendo com que eu encolha levemente minhas asas.

Apollo anda para fora da casa e eu faço a mesma coisa, apagando a luz e fechando a porta, girando a chave e trancando-a. Viro-me mais uma vez para ele e vejo-o abrir suas asas um pouco, batendo-as levemente e eu arregalo os olhos ao vê-lo tirar os pés do chão por mais segundos que a lei da gravidade permite. Foram poucas as vezes que eu vi Apollo voar, sendo que as que eu visualizei, ele de alguma forma estava me atacando, ou estava atacando Bardon.

- Você irá comigo- ele começa, me fazendo levantar a sobrancelha com o que ele havia falado.

- Voar com você? - pergunto e vejo-o pousar levemente no chão, deixando suas asas erguidas.

- Você tem uma ideia melhor? - ele me desafia e eu mordo o interior da minha bochecha, ponderando suas palavras enquanto sinto a brisa gélida bater contra nós, fazendo meus fios de cabelo se desarrumarem um pouco.

- Você conseguiria voar mesmo me carregando? E se os humanos nos virem, ou os caçadores? - pergunto a ele, pensando em outras maneiras que poderiam atrapalhar a ideia dele e por nossas vidas em risco, principalmente se um caçador nos ver.

- Eu treinei Diana, minhas asas aguentam até mesmo duas pessoas enquanto estou voando- ele fala e eu suspiro fundo, eu deveria saber disso, além do mais, ele sempre foi um Meli- E respondendo a sua outra pergunta- ele fala e eu arregalo os olhos ao vê-lo fechar os seus e se concentrar.

Em poucos segundos o seu corpo desaparece da minha frente e eu não consigo me mover por nenhum momento. Durante toda a minha vida como uma caçadora, eu nunca ouvi falar em Melis que conseguem ficar invisíveis ou desaparecer. Nunca foi possível descobrir, mas tenho certeza que se os caçadores descobrissem, se os caçadores descobrissem sobre a existência de Apollo, ele seria um dos Melis mais perigosos já encontrados. Além de que seria colocado em alta posição do rank, ou seja, apenas caçadores excepcionais viriam atrás dele, na tentativa de matá-lo.

Vejo-o voltar a aparecer a minha frente, só que agora um pouco mais perto, me assustando pela proximidade repentina e me obrigando a dar um passo para trás. Ele me encara para ver minha reação e sorri levemente de lado, provavelmente pela minha cara de susto.

- Vamos? Ou ficaremos nos encarando a noite toda- ele fala, tentando soar brincalhão e consegue, arrancando um sorriso da minha parte.

- Você não aguentaria olhar para tanta beleza- falo, tentando deixar a conversa fluir e o desconforto passar.

- Tem razão, mas acho que valeria o esforço- profere, piscando com o olho direito em minha direção e estendendo-me a mão.

Suspiro fundo olhando para ele e para a sua mão estendida, pegando-a e me aproximando mais dele. Vejo que o desconforto não é só da minha parte, pois é possível ver que Apollo não sabe muito bem para onde olhar, enquanto eu sentia sua mão livre passar pela minha cintura, encostando um pouco nas penas das minhas asas.

- Desculpe por isso- ele fala e vejo um leve rubor percorrer a bochecha dele, enquanto encara um ponto fixo na rua deserta- Mas é porque é o jeito mais fácil de te carregar, se você se sentir incomodada pode me falar- diz e eu apenas assinto, passando minha mão direita atrás de sua nuca, para eu ter onde me apoiar.

Em poucos segundos sinto a mão dele ir até minhas pernas e ele me levanta no colo, me segurando firme para eu não cair, enquanto eu levo minha mão esquerda a enlaço da minha mão direita, enlaçando-as e me sentindo mais segura. A brisa gélida bate mais uma vez contra nós e eu não consigo encolher minhas asas, pois o braço de Apollo estava rodeado em minha cintura, me fazendo estremecer apenas ao sentir minhas penas tocarem sutilmente em sua pele.

Vejo-o encarar meu rosto por alguns segundos e eu me obrigo a desviar o olhar pelo nível de proximidade que nos encontramos. Olho para qualquer ponto fixo que não fosse ele, esperando que parasse de me fitar com suas âmbares.

- Está tudo bem? - ele pergunta e consigo ouvir o tom de preocupação em sua voz, mesmo aparentando que não quisesse mostrar.

- Está sim, um pouco estranho, mas acho que é tolerável- falo, me virando para ele e lhe lançando um pequeno sorriso, mas um pouco surpresa, pois não esperava que nossos rostos estivessem tão pertos.

-Será rápido, não demoraremos muito para chegarmos, as pessoas não irão nos visualizar e se nos visualizarem, acharão que são apenas pássaros tentando por uma última vez fugir do inverno- ele fala e eu vejo suas asas se abrirem um pouco mais.

- Iremos voar tão alto assim? - pergunto, pois, a vez que eu voei com Bela, não havia sido muito alto, querendo ou não, eu estava com medo que nós duas caíssemos.

- Tem medo de altura? - ele pergunta e vejo um pingo de provocação em sua frase, me fazendo revirar os olhos.

- Não, eu tenho é frio mesmo- admito e ouço ele tentar abafar uma risada, me fazendo revirar os olhos mais uma vez- Só vamos logo! - exclamo um pouco irritada e ele não contesta mais, abrindo suas asas e levantando voo.

Sinto o vento gelado bater contra o meu rosto, deixando meus cabelos irem um pouco à minha face, enquanto eu tento tirar um pouco balançando minha cabeça. Estamos subindo em uma velocidade incrível e eu consigo ver as asas de Apollo baterem graciosamente pelo céu, enquanto nos guia em direção ao nosso destino.

Deixo que meus olhos curiosos se vão para baixo, me fazendo ver apenas pequenos pontos luminosos, enquanto o mar escuro encontra com o céu negro e sem estrelas, pois as luzes da cidade as ofuscam. Percebo que a metrópole está movimentada, ruas principais estão lotadas de carros e é possível ver a aglomeração de pessoas por toda a extensão da praia principal.

- É lindo- profiro maravilhada, vendo tantas cores de uma só vez, como se fosse uma grande tela pintada de uma vez só e que está sempre em mudança.

- Se gostou disso creio que adorará o show de fogos- ouço Apollo falar para mim e eu levanto o meu olhar para o dele, vendo-o sorrir levemente para mim e voltar sua atenção para frente, acelerando mais um pouco.

Inspiro fundo e deixo o vento bater contra meu rosto, junto com o seu toque gélido que mais tarde eu iria reclamar. Reparo um pouco mais no céu e consigo ver a lua em sua forma minguante, mas nunca perdendo o seu brilho gracioso. Sinto o cheiro do mar chegar até aqui, provavelmente pelo olfato mais desenvolvido dos Melis, mas também consigo sentir o cheiro de sangue, fazendo com que eu aperte com um pouco de força minhas duas mãos e me encolha levemente.

- Se acalme- ouço a voz de Apollo e olho para o rosto dele, vendo que não havia desviado o olhar por nenhum instante, continuando sem me encarar- Isso é apenas uma peça que a sua mente está tentando te pregar, não caia nela, nós estamos indo para um lugar confortável, você não precisa ficar assim e nem se preocupar com isso, tente relaxar – ele fala algumas coisas e vejo que não há muito sentido nem conexões com o que ele diz, mas resolvo não contesta, pois consegui pegar o principal que ele queria dizer.

Após suas palavras eu permaneço em silêncio e aproveito por mais alguns minutos as alturas do céu, da sensação de liberdade que deve ser proporcionada por isso. Até que sinto meus ouvidos doerem um pouco devido a pressão e a velocidade que estamos descendo, e em poucos segundos nós estamos pousando no topo de um enorme prédio o qual não há ninguém, permitindo que nós chegássemos ao solo com uma maior tranquilidade.

Quando Apollo encosta os seus pés no chão ele se abaixa um pouco, permitindo que meus pés toquem o chão e quando eu os firmo sinto sua mão deslizar para longe da minha cintura. Mas sinto seus dedos tocarem acidentalmente em uma das penas das minhas asas, me fazendo estremecer toda e quebrar o contato com mais rapidez dessa vez.

Ele havia encostado sem querer em uma das penas que aqueles malditos caçadores arrancaram, deixando aquela dor dilacerante durante meses no meu corpo. Mesmo após ter fugido, infelizmente o trauma não se foi junto com a dor, o que me incomoda bastante, inclusive o toque dele, que foi repentino demais.

-Desculpe-me- ele pede e coloca suas duas mãos atrás de seu corpo, mostrando que não tinha intenção nenhuma de tocar nas minhas asas e foi um mero acidente.

-Está tudo bem- eu falo meio hesitante e me viro de costas para ele, encarando um muro à minha frente, que provavelmente é onde a caixa d'água está localizada- É só que eu assustei e me lembrei das coisas do passado- admito a ele, abaixando minha cabeça, olhando para os meus pés e sinto as pontas do meu par de asas encostarem no chão.

Sinto a mão dele recair sobre a minha e eu me viro no mesmo instante, vendo-o me lançar um sorriso de compreensão. Em seguida Apollo se vira de costas para mim, me dando visão das suas grandes asas pretas e assim começando a andar reto, me puxando junto com ele, já que nossas mãos ainda estão unidas.

- Só vamos esquecer por um dia esses problemas que temos- ele fala baixinho, mas não o suficiente para eu não ouvir, enquanto continuo o seguindo- Só vamos ser dois Melis normais, pelo menos por essa noite- ele diz, chegando até a beira do prédio e eu arregalo os olhos ao ver a visão.

A cidade está preenchendo minha visão em um ângulo diferente da que eu vi no céu, ela se estende muito mais do que eu esperava, mas ainda me permitindo ver o mar se encontrar com o céu, criando um infinito vasto no meu horizonte.

- Podemos ser? Só essa noite?- ouço Apollo me perguntar mais uma vez e eu viro meu rosto para o lado, vendo ele de frente para mim, esperando minha resposta e sem soltar minhas mãos.

Sorrio para ele e também fico de frente, encarando suas âmbares que agora apresentam um brilho diferente, um brilho mais ofuscado do que as das últimas vezes que eu parei para poder observá-las. Alguma coisa está acontecendo com Apollo, alguma coisa muito ruim e que começou há quatro dias, quando ele apareceu no porão com os olhos cheios de lágrimas.

- Essa noite- falo para ele e aperto levemente sua mão, demonstrando que eu estava ao lado dele- Essa noite nós podemos ser normais- digo sincera e lhe direciono um sorriso, recebendo um em troca.

Essa noite nós somos normais.

Oi fadinhas :3

Aqui está mais um cap para vcs, desculpa como sempre pela demora, eu não to conseguindo achar mt tempo para escrever, mas sempre que posso eu tento. Espero conseguir publicar mais cap :3

Obrigada por acompanharem a Di e o Apollo e n desistirem deles

Se gostaram do cap, comenta e vota pra eu ter um feedback ;3

Espero que vcs estejam na torcida desse casal pq eu tbm estou :3:3

Bjs Mary e até a próxima ;3

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