Capítulo Vinte e Quatro
Vinícius Miller:
O resto do meu tempo passou rapidamente. Os Jones voltaram para casa, e não consegui evitar rir quando Calvin apareceu com a expressão de um cachorrinho triste que levou bronca do dono.
— Jonathan não gostou das roupas que compramos nem da decoração — disse Calvin, jogando-se na cama com um suspiro de frustração.
Fiz o possível para animá-lo antes de ir embora, e acho que consegui um pouco.
******************
Quando chegamos em casa, descemos imediatamente do carro da Bianca, que se despediu de nós e foi embora. Abri a porta, e Angel e eu entramos. Coloquei minha bolsa de lado e senti meu celular vibrar. Tirei-o do bolso, joguei-me no sofá e vi que era uma chamada de vídeo da minha chefe, Sofia.
Chamei Angel, e só então aceitei a chamada de vídeo.
— Oi, para vocês dois — disse Sofia, toda animada.
— Oi, Sofia — respondemos juntos. — Como você está?
— Bem, liguei para saber como estão — respondeu Sofia. — E, claro, para convidá-los para o meu aniversário de casamento!
— Estamos bem e adoraríamos ir à festa do seu aniversário de casamento — falei, sorrindo.
— Com certeza estaremos nesse evento — disse Angel. — E como está o Ryder?
Olhei para ele e vi a curiosidade nos seus olhos.
— Logo após você parar de trabalhar como assistente dele — explicou Sofia —, o babaca se demitiu, dizendo que seria melhor trabalhar para os pais dele.
— Então ele surtou, como sempre faz — comentei. Nesse momento, ouvi batidas na porta. — Já volto, Angel. Continua falando com ela.
Dei meu celular a Angel e me levantei do sofá, indo até a porta. Arrependi-me na mesma hora de ter feito isso.
— O que você quer, senhor Thompson? — perguntei, e o idiota fez uma cara de ofendido. — Por que está aqui, se ninguém te quer aqui? E como sabe onde eu moro?
— Vim falar com o meu filho — respondeu o senhor Thompson. — Perguntei por ele num local ao lado do restaurante onde ele trabalha.
— E te informaram onde ele mora — constatei, e ele assentiu. — Já até sei qual dos vendedores desta tal loja fizeram isso. Mas não importa agora.
O senhor Thompson assentiu e tentou entrar em casa.
— Sinto muito, mas você não pode entrar ou muito menos ter te convidado para entrar — falei, e ele me olhou horrorizado. — Não queria dizer isso, mas o Patrick odeia você e sua ex-mulher mais do que tudo, e acho que você sabe disso perfeitamente, só não quer aceitar por ser um cabeça dura.
— Eu... — O senhor Thompson não soube o que dizer, pois sempre sei o que Patrick deseja falar. — Ele realmente nos odeia?
— Como você o tratou quando ele morava com vocês? Se lembrar disso, terá sua resposta — respondi, olhando para o lado quando um carro parou. Vi Patrick chegando junto com as crianças e Carlos, que estavam nos encarando.
Então, lembrei que hoje Carlos sairia mais cedo do trabalho, buscaria Patrick e ambos iriam buscar as crianças na escolinha para podermos sair com elas em um passeio de família.
Hora errada para eles chegarem.
Carlos disse alguma coisa para as crianças, que comemoraram. Ele fechou a porta do carro, deu a volta, entrou novamente e saiu dali.
— O que ele está fazendo aqui? — perguntou Patrick, encarando o senhor Thompson.
— Acho que você devia me esquecer de vez. Não temos nenhuma ligação! — Patrick continuou, a voz carregada de emoção.
— Eu sou seu pai! — o senhor Thompson retrucou, embora sua voz tremesse, revelando incerteza. — Você me deve um pouco de respeito!
Sério que ele ainda pensa assim? Um grande idiota, pelo visto.
— Só te respeitei no passado, e você e sua ex-mulher me tratavam como uma ovelha negra — Patrick falou, revirando os olhos. — Já estou cansado disso. Vocês me destratavam e agora querem bancar os bons pais que se importam com o filho que sempre diminuíram. Só posso estar ficando maluco.
Os ombros do senhor Thompson se encolheram com essas palavras, revelando a verdade por trás de sua fachada de força. Ele sempre se fazia de durão, o típico homem raivoso quando havia outras pessoas por perto, mas no fundo, era apenas um covarde.
— Patrick, por favor, só me escute. Se você quiser, vou embora de vez — disse o senhor Thompson, com um tom de súplica na voz.
Patrick analisou a situação e suspirou lentamente.
— Vou ouvir o que você tem a dizer, e depois disso, desapareça da minha vida de uma vez por todas — falou Patrick, secamente. — E nunca mais me procure!
O senhor Thompson assentiu e esperou Patrick dar o primeiro passo.
— Pode falar o que tem a dizer — disse Patrick. — Mas não vou te convidar para entrar na minha casa!
Os ombros do homem à nossa frente se encolheram novamente, como se tivessem levado um tapa ao ouvir as palavras de Patrick. Meu amigo apenas o olhou friamente, sem qualquer traço de emoção.
— Está bem — disse o senhor Thompson. — Você já deve saber por que me divorciei da sua mãe?
— Foi por causa das brigas que vocês sempre tinham. Qualquer pessoa sabe disso, não é de se surpreender que tenham se divorciado — respondeu Patrick, mas o senhor Thompson balançou a cabeça, negando o fato. — Então, por que foi?
— Quando sua irmã tinha um ano de idade e eu trabalhava direto, sua mãe me traiu — explicou o senhor Thompson. — Ela engravidou de você, dizendo que era meu, e como um idiota apaixonado, acreditei. Anos depois, descobri a verdade, e foi por isso que nos divorciamos e te tratamos daquele jeito.
Olhei para Patrick, que encarou o homem e, lentamente, se aproximou e socou o senhor Thompson.
— Se isso for verdade, já pode ir. Já me contou as coisas que desejava contar — disse Patrick, acenando. — Não me importo de só ter o sangue daquela mulher. Ser meio-irmão da vagabunda da Márcia já é um avanço pra mim!
Meu amigo passou pelo senhor Thompson e veio em minha direção.
— Não me importo com isso. Eu sei quem sou — continuou Patrick. — E, pelo menos, já tenho uma família que me ama por quem sou.
— Melhor você ir embora — falei, olhando para o senhor Thompson. — Ninguém quer você aqui.
— Não mesmo — concordou Patrick. — Aproveita e manda um grande "foda-se" para a Márcia, o corno e a Lorena, pois não vou chamar ela de mãe. E isso vale para você também, Théo.
Théo o encarou por alguns segundos, e me surpreendi ao ver orgulho reluzir em seus olhos.
Sem dizer mais nada, Théo se virou e foi embora. Vi ele partir enquanto Patrick apoiava a cabeça no meu ombro.
— Obrigado por ser minha família e meu melhor amigo — disse Patrick.
— Eu que agradeço por ser minha família — respondi. — Sempre seremos a família um do outro e o apoio que precisamos, mesmo com seu temperamento explosivo.
Patrick riu.
— Vini, você é meu irmão de verdade — disse Patrick.
— Assim como você é meu irmão, mas devo dizer que o Isaac vai ficar com ciúmes — falei, e Patrick riu baixinho.
— Ele não é louco de fazer ciúmes para mim — respondeu Patrick, e notamos quando Carlos voltou com as crianças. — Agora, que tal sairmos com as crianças e o Carlos, junto com o Angel, para um incrível passeio de família?
— Eu adoraria — concordou Patrick. — Angel, venha, vamos sair para um grande passeio de família.
— Já vou — disse Angel, surgindo atrás de nós. — Vini, seu celular. A Sofia já anotou nossos nomes na lista de convidados da festa e disse que podemos levar companhia.
— Que festa? — perguntou Patrick, enquanto fechava a porta e íamos em direção ao carro.
— A festa de casamento dela — respondi, e ele me olhou com uma cara de desgosto. — Não se preocupe, não vou levar você.
— Que bom — falou Patrick, parecendo lembrar de algo. — Vocês não vão acreditar quem voltou ao restaurante na hora do almoço?
— Quem? — perguntamos Angel e eu ao mesmo tempo.
— O Arthur e aquele Tayler. Já me deu vontade de socar o Arthur — disse Patrick. — Ele veio se desculpar comigo por causa de ontem e já cortei ele. Fiquei assim toda hora que ele me chamava para atender. Só não o xinguei porque o Tayler ficava entrando no meio e mudava de assunto. São dois idiotas!
— Imaginamos — falamos juntos Angel e eu.
— Imagino você todo estressado — falei, rindo.
Patrick bufou, e todos entramos no carro, prontos para o nosso passeio de família.
__________________________________
Gostaram?
Até a próxima 😘
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro