Capítulo Quinze
Vinícius Miller:
As horas foram passando e foi muito divertido trabalhar com o Calvin. Afinal, ele me pedia para fazer a roupa, destacando a beleza dele, e ficava conversando comigo o tempo todo. Até deu ideias sobre como devo fazer as saias para o Alberto.
Bianca também se divertiu o dia inteiro com o Alan. Quando Bobby chegou na casa, se deu bem demais com a minha amiga e comigo.
O que me deixou feliz foi ver Angel conversando bastante com o meu irmão. Só vi meu amigo ficando vermelho o tempo todo.
Anastácia às vezes conversa conosco quando passa no quarto do Calvin e depois volta aos seus afazeres domésticos. Calvin continuava sendo uma fonte constante de inspiração, e suas sugestões para realçar a beleza em minhas criações tornavam cada projeto mais cativante.
Cada segundo estava me dando um motivo para sorrir com suas histórias sobre a infância dele, devo dizer que pelo visto ele era fofo desde a infância. Quando notei, ele pegou um álbum de família e abriu, mostrando-me as fotos. Vi o bebê Calvin, uma gracinha com as bochechas gordinhas e os bracinhos pegando o colar da mãe ou nos braços dos pais. Então, virou a página para uma foto um pouco mais velho, onde ele estava com um pouco de tinta no rosto, apontando para o pai que dormia no sofá, todo sujo de tinta verde e vermelha.
— Era em homenagem ao Natal — Calvin disse e soltou uma risada. — Minha mãe e a Anastacia ficaram rindo do meu pai, não pelo sofá, que era o que ele mantinha na caverna dele.
— Você era uma gracinha, mas agora está bem boni... — Falei, mas parei na última parte quando percebi que ele estava perto demais.
— Então você me acha bonito — Calvin disse com um sorriso.
Senti as bochechas esquentarem.
— Acho que é melhor encerrarmos os desenhos das roupas por hoje — falei, voltando o olhar para o caderno.
— Vih, você é uma graça — Calvin disse.
Calvin se afastou um pouco, parecendo perceber a súbita mudança de atmosfera. Eu retomei a concentração no caderno, tentando desviar o foco do momento constrangedor.
Calvin assentiu, e voltamos ao trabalho. Durante o resto da tarde, continuamos discutindo ideias para as roupas, trocando risadas ocasionais sobre histórias engraçadas de infância. A conexão entre nós era evidente, mas eu me esforçava para manter uma distância confortável.
Quando finalmente terminamos os esboços, Calvin recolheu os materiais.
— Obrigado, Vih. Você realmente tem um talento incrível para isso — elogiou ele, com um brilho nos olhos.
Agradeci, tentando não deixar transparecer minha ainda presente timidez.
******************
No final, o dia passou voando muito rápido. Acho que nunca me diverti tanto no trabalho, e quando percebi, já era hora de irmos embora.
Me despedi de todos na casa, incluindo os meus amigos. Isaac e Calvin foram nos levar até a entrada da casa.
— Até de manhã. — Calvin falou e me surpreendeu ao me abraçar. — Vih.
Ouvir ele dizendo isso me deixou completamente derretido.
— Pode soltar o meu irmão? — Isaac perguntou, tentando puxar Calvin para longe. — Ele precisa ir para casa e cuidar do meu sobrinho.
— Não precisa ativar o modo irmão ciumento. — Calvin falou, me soltando. — Já soltei ele.
— Ótimo, já nos despedimos. Ainda tenho que ir buscar meu irmão no trabalho dele. — Bianca falou. — Após deixar esses dois na casa do Vinícius!
— Por que o Angel está na casa do Vinícius? — Isaac perguntou, encarando Angel, que ficou vermelho como um pimentão.
Que fofura, ele todo envergonhado com o Isaac.
— É uma longa história. — Angel falou. — Não é nada do que você está pensando. Vinícius e eu somos apenas amigos.
— Estou apenas pensando que você se dá bem com o Vinícius. — Isaac falou, cruzando os braços em frente ao peito. — Só isso, nada mais.
Olhei para Isaac, percebendo que ele não entendeu nada do que Angel quis dizer. Como meu irmão pode ser tão desatento e não perceber que Angel o achou muito bonito e está até envergonhado com isso, sem saber o que fazer.
— Vamos logo. — Bianca falou, puxando meu braço e o de Angel. — Saiamos daqui, essa cena está muito patética.
— O que está patético? — Isaac perguntou, confuso.
— Nada! — Ouvi Calvin dizer. — Vamos entrar em casa logo. Até amanhã!
Ele puxou Isaac pela camisa para dentro de casa, enquanto Bianca destravava o carro dela e empurrava Angel para o banco de trás. Rindo, entrei no banco do carona. Saímos dali, e o portão automático abriu, então deixamos o terreno dos Jones para trás.
***********
— Angel, você me faz rir com essa sua vergonha. — Bianca falou, mantendo os olhos na estrada.
— Por que você diz isso? — Angel perguntou, curioso.
— Você mal conheceu o cara e já ficou todo envergonhado. — Bianca falou. — E nem falou muito com ele. Eu te conheço, posso apostar que ficou desenhando as roupas com as bochechas vermelhas a cada assunto que o Isaac puxava, ou ficou olhando sem perceber para as partes... — Angel a cortou na hora exata.
— Não foi bem assim. — Angel falou. — Nunca fui de dar em cima de alguém e ser bem direto com algo.
— Não, você é vergonhoso. Vou ter que te ensinar como não deixar sua timidez te controlar. — Bianca disse. — Ficou nisso o dia todo que eu sei, mas não puxou assunto para saber das coisas.
— Vai ser difícil, meu irmão é meio lerdinho. — Falei, e ambos riram. — Mas vai, pelo que ele me falou, não está com mais ninguém desde o ocorrido em Los Angeles. Vai fundo! Imagina nós dois como cunhados, seria um sonho.
— Está exagerando demais — Angel disse, mas notei as bochechas vermelhas ficando igual pimentão.
— Nunca diga nunca — Falei.
— Então só temos que ajudar na lerdeza e na timidez. — Bianca disse sorrindo. — Vai ser fácil, mais fácil do que o Erick reconquistar o Luigi!
— Quem é Luigi e Erick? — Angel perguntou, confuso.
— Uns conhecidos dela — Falei. — É uma longa história com esses dois, que envolve uma pulseira de couro, uma promessa falsa, entre outras coisas.
— Outra hora te conto isso. — Bianca falou, ligando o rádio. — Agora é hora da música.
— Entendi — Angel falou. — Mas vou querer saber desses dois, fiquei bastante curioso.
A música começou a tocar, e de imediato, reconheci ser uma eletrônica.
***********
Chegamos em frente de casa, e Bianca já nos expulsou do carro. Quando demos tchau, ela foi embora. Quando me virei, vi Sam saindo da casa do Patrick. Ela tinha uma expressão tão triste, e assim que me encarou, com um olhar, eu entendi tudo. Algo aconteceu com o Patrick.
— Angel, pode ir entrando. — Falei, entregando minha chave a ele. — Já estou indo.
Ele pareceu entender e pegou a chave. Fui em direção a Sam.
— O que aconteceu? Por que estava na casa do Patrick e do Carlos? — Perguntei, atropelando as palavras.
— Patrick e o pessoal do restaurante saíram mais cedo. — Sam falou. — E aconteceu algo que deixou o Patrick triste, mas consegui convencê-lo a contar para você. Tenta consolar nosso amigo, ele está bastante fragilizado.
Sam é como uma irmã para o Patrick, pois se preocupa muito com ele, ao contrário da Márcia, que só deseja o mal dele.
— E vou lá. — Falei, e ela sorriu. — Ainda tenho que esperar as crianças. Vou pedir para o Angel ficar de olho nelas.
— O garoto que estava com você? — Sam perguntou, e eu assenti. — Já vi fotos de vocês juntos. Em todas, ele tinha uma cara triste, como se tivesse sofrido bastante.
— A família dele é feita de víboras, mas ele se livrou deles. — Falei e passei por Sam, escrevendo uma mensagem para Angel. — Vou lá falar com o Patrick.
Abri a porta, me despedi de Sam e encontrei Patrick sentado numa poltrona. Parecia tão pra baixo que fiquei triste pelo meu amigo. Vi que o que aconteceu com ele hoje foi muito doloroso.
Me sentei no braço da poltrona, e Patrick se virou para mim, sorri.
— Conta o que aconteceu com você. — pedi. — Não gosto de ver o meu melhor amigo desse jeito, sem o sorriso dele!
Me surpreendi quando Patrick me abraçou e colocou sua cabeça em cima do meu colo, começando a me narrar os fatos do seu dia, desde o encontro com os pais dele e a Márcia até a verdade sobre o pai do Max e as palavras do Arthur.
— Eu sou um idiota! — Patrick falou cabisbaixo. — Não sou?
— Não, você não é. — Falei. — Patrick, você é uma pessoa maravilhosa. Não precisa ligar para o que esse cara falou ou deixou de falar! — Suspirei e fiz um cafuné em seus cabelos. — Você é incrível, essa dor que está sentindo vai desaparecer com o tempo, sabe por quê?
— Não! — Patrick falou com a voz frágil.
— Você é forte e sempre será. — Falei. — Algum dia você vai conhecer um cara incrível que merece ser chamado de pai pelo Max e de amor por você!
— Você ainda acredita nisso? — Patrick Perguntou. — No amor para alguém quebrado como eu!
— Claro que acredito. — Falei sorrindo. — E você não é quebrado, você é uma pessoa completa, maravilhosa, bom pai de um filho super esperto! — Patrick sorriu quando falei do filho dele. — Você não é nada do que os seus pais diziam, não é uma ovelha negra e nem nada, é um ser com defeitos e qualidades. — Falei abraçando ele. — Você é a melhor pessoa que poderia estar na minha vida, me ajudou bastante, agora é a minha vez.
Fiz uma pausa, e se fez um silêncio confortante entre nós, no qual Patrick absorvia minhas palavras.
— Obrigado por ser meu melhor amigo. — Patrick falou. — E ser meu irmão.
— Eu que agradeço, por você ser meu irmão e melhor amigo. — Falei sorrindo enquanto ele me abraçava de volta.
Só desejo o melhor para mim e Patrick, pois fomos muito machucados nessa vida e sei que não seremos mais!
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Essa amizade do Vinícius e Patrick, é tão linda!
Gostaram?
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