Vinicius Miller:

— Eu também vou cuidar dele. — Calvin afirmou, com determinação em sua voz.

Isaac bufou lentamente, tenho certeza de que ele está olhando para Calvin exibindo uma expressão endurecida, algo que nunca havia mostrado antes. Meu irmão é superprotetor demais em certas situações que envolvem a minha pessoa.

No passado, ele sempre direcionava uma expressão assim para pessoas que me machucavam ou para nossos pais.

— Calvin, certifique-se de pensar mais uma vez antes de falar isso na minha frente. Não vê que essas palavras podem machucar meu irmão ou passar a ideia errada para ele?

— Sinto muito, Isaac. Mas essa é a verdade, eu vou proteger o Vih. — Calvin retrucou.

Ao lembrar do rosto contorcido de Isaac, involuntariamente acabei sorrindo. Eu pensava que meu irmão era uma pessoa justa, mas ele era apenas um rapaz que havia decidido proteger seu irmão mais novo do mundo um pouco antes do esperado.

— Só vou deixar claro que, daqui para frente, muita coisa vai mudar. — Isaac falou novamente. — E se magoar o meu irmão, acabarei com a sua raça.

A tensão do outro lado aumentou, e por um momento, tudo parecia suspenso no ar. Calvin, enfrentando a seriedade de Isaac, parecia refletir sobre as palavras que acabara de proferir.

— Isaac, não quero magoar o Vinícius, de forma alguma. Minhas intenções são sinceras, e eu respeito profundamente o que vocês têm como irmãos — Calvin disse com uma calma que contrastava com a intensidade da situação.

Isaac manteve em silecio por mais alguns instantes antes de suspirar.

— Acredito em segundas chances, então, Calvin, vou dar a você a oportunidade de provar que está aqui pelo Vih. Mas, se perceber que está machucando meu irmão, não hesitarei em intervir — Isaac declarou, firme.

Calvin deve ter balançando a cabeça com alguma confirmação.

— Entendo perfeitamente, Isaac. A última coisa que quero é causar dor ao Vinícius.

O clima tenso deu lugar a um silêncio momentâneo, enquanto as palavras pairavam no ar, delineando uma nova dinâmica entre eles. Fiquei ali, no meio desse turbilhão de emoções, ciente de que algo significativo estava se desdobrando diante de mim.

Ouvindo os passos de ambos se afastando e voltei aos meus afazeres higiênicos, esperando um pouco antes de poder sair do banheiro.

Estava tudo bem agora, porque sei me cuidar, e não precisarei ter a proteção dos meus familiares em cima de mim. Afinal, antes eu ainda era jovem, mas é certo que devo começar a lutar as minhas próprias batalhas sem qualquer hesitação, conforme fico mais velho e para que Axel possa ter orgulho do próprio pai.

Portanto, era crucial que eu me preparasse meticulosamente para todas as ocasiões, para impedir sofrimentos, e devo tomar cuidado com a gentileza de Calvin para o meu lado.

Essas são as etapas definidas para o futuro que eu mesmo quero ter. Não importa o quanto lute, não consigo superar minhas ilusões de me apaixonar facilmente.

Portanto, para atingir esse grande objetivo, precisarei dar um passo de cada vez. Por esse motivo, estou decidido a levar as coisas com calma no início desse relacionamento com a família Jones, para não me machucar futuramente por ter me envolvido romanticamente com alguém.

Depois de tomar minha decisão, voltei para o quarto, retomando meu trabalho e finalmente terminando um terno, enquanto começava a criar outro.

Calvin estava sentado na cama em silêncio, mas eu sentia seus olhos nas minhas costas. A atmosfera carregada de significado pairava no quarto, e eu sabia que algo estava se transformando, tanto em meu trabalho quanto nas dinâmicas entre nós.

— Vih, tenho algo que quero aprender com você — Calvin falou, quebrando o silêncio entre nós. — Posso te chamar de Vih?

— Pode, não ligo de usarem apelido comigo, e você acabou de me chamar — disse, virando-me para ele com um certo divertimento na voz. — E o que seria isso que você quer que eu te ensine?

— Eu quero aprender a costurar — Calvin disse, depois de ajustar sua postura para parecer alguém sério. — Sofia disse que você pode ensinar.

A costura era algo muito trivial; a pessoa que era muito boa nisso era a Sofia, famosa por criar roupas lindas que pareciam quase como se nenhuma linha fosse escapar depois de um bom tempo de sua criação.

Dizem que o motivo pelo qual atraiu o interesse do marido dela anos atrás foi justamente pelos lindos e delicados detalhes na costura de suas próprias roupas.

Pensar que ela disse que tenho talento para ensinar alguém me deixa até surpreso e animado. Então, não era como se eu estivesse tentando capturar o coração de um homem com as minhas técnicas de costura; pelo visto, eu e Calvin seremos apenas aluno e professor, assim como chefe e funcionário.

Não só isso, eu tinha uma professora e amiga muito confiável chamada Sofia ao meu lado. Se as coisas não dessem certo, iria pedir a ela ou para Bianca que desse aulas para Calvin em meu lugar.Sofia me ensinou a costurar à mão com tanta precisão que geralmente costuro minhas roupas dessa maneira.

— Posso fazer isso," falei sorrindo, e vi ele ficar imensamente feliz com minha resposta. — Mas posso saber por que você deseja aprender?

— Sabe, para que você não fique fazendo tudo sozinho. — Ele disse, com o rosto ficando vermelho. — Como disse, eu quero ajudar você com o que precisar. Isso é algo que digo com toda a sinceridade do meu coração.

Acabei rindo dele por causa das bochechas vermelhas que ficaram ainda mais.

Ele é realmente uma fofura.

— Iria ficar grato em ter a sua ajuda. — Falei, vendo o sorriso dele aumentar e dar um contraste à vermelhidão do seu rosto. — Se me permite dizer, você é uma pessoa maravilhosa.

— Digo o mesmo sobre você. — Ele disse sorrindo.

Depois disso, voltamos ao trabalho, sendo eu quem retomou as tarefas enquanto ele me fazia rir com suas piadas. O tempo passou agradavelmente até que ouvi uma voz vinda da porta.

Quando me virei, lá estava um rapaz de óculos, olhando para mim e depois na direção de Calvin. Ele vestia um uniforme de escola com o desenho de um cavalo.

— Alberto, finalmente voltou. — Calvin disse, levantando da cama e indo abraçar o rapaz. — Vih, esse é o meu irmãozinho mais novo, o Alberto.

— Olá, minha tia Anastácia falou para vir ao seu quarto para conhecer o Vinícius. — Alberto falou me olhando. — Você é um estilista que vai desenhar minhas roupas.

— Sim, eu mesmo. — Falei levantando e apertando a mão dele, que me puxou para um abraço. Reparei que temos a mesma altura. — Só preciso saber suas medidas e os seus gostos de roupa.

Alberto se afastou, e quando ia responder, Calvin abriu a boca.

— Alberto, ele pode fazer roupas para os seus dois estilos. — Calvin disse, bagunçando os cabelos do irmão. — Então pode pedir para ele fazer as suas roupas sem ter vergonha de dizer.

— Calvin, esqueci. — Alberto falou agora emburrado. — Só vou querer um par de calças, camiseta e mais nada.

Antes de mais nada, ele saiu do quarto, e Calvin olhou triste para o irmão que partiu.

— Sem ser muito intrometido, o que você queria que ele me falasse? — Perguntei. — Claro que não precisa me dizer se não quiser.

— Você pode prometer não contar a mais ninguém. — Calvin disse erguendo o mindinho. — É um segredo do meu irmãozinho e meu. Ninguém mais da casa sabe.

— Pode confiar em mim, para um segredo de irmãos? — Perguntei, sabendo como segredos entre irmãos são sagrados.

— Sinto que eu posso. — Ele falou calmamente.

— Então eu juro não contar a ninguém, seu segredo. — Falei, e juramos com nossos mindinhos.

— Meu irmão gosta de usar saias. — Calvin disse baixinho. — Só eu sei e mais ninguém. Ele usa em casa e em raras ocasiões sai na rua em lugares que nunca dá para reconhecê-lo.

— Entendi, ele tem vergonha das pessoas zoarem ele por usar saias. — Falei, compreendendo. — Que se dane o que as pessoas pensam.

Calvin acabou rindo do que falei, e o olhei na sua direção confuso.

— Quem diria que uma pessoa fofa como você sabe xingar. — Ele disse, e senti minhas bochechas esquentarem.

Calvin porque você é o meu tipo ideal.

Calvin continuou rindo da minha reação envergonhada, e depois de um momento, ele se acalmou.

— Desculpe por te deixar sem jeito. Mas falando sério, você está certo. Às vezes, precisamos nos importar menos com o que os outros pensam e mais com a nossa própria felicidade, não é?

Balancei a cabeça concordando, ainda um pouco constrangido.

— Bem, agora que você está por dentro do nosso segredo, acho que podemos contar com você para fazer roupas incríveis para o Alberto. — Calvin disse com um sorriso.

— Claro, estou aqui para ajudar no que for preciso. — Respondi, reassumindo minha postura profissional.

Ficamos mais um tempo trabalhando nos desenhos e conversando descontraidamente, enquanto eu tentava capturar as ideias de Calvin para as roupas de Alberto. A revelação sobre o irmão mais novo dele trouxe uma nova dimensão à nossa amizade, e eu me sentia grato por Calvin confiar em mim com algo tão pessoal.

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Gostaram?

Até a próxima com o segundo protagonista do livro, o melhor amigo do Vinícius.

O Patrick Thompson.