Capítulo Cinquenta e Nove
Patrick Thompson:
Depois de sair do quarto em que estava, insisti para que Arthur me levasse até o quarto onde Emma estava.
— Você precisa descansar — ele disse, com uma expressão de preocupação no rosto.
— Estou perfeitamente bem, não há nada de errado comigo. Além do mais, quero ver minha amiga — respondi, revirando os olhos, tentando esconder a impaciência.
Ele bateu na porta e, minutos depois, entramos. Emma estava sentada na cama com o pequeno Magnus nos braços, que olhava para a mãe com curiosidade.
— Migo, o Arthur me contou sobre o seu desmaio — disse Emma baixinho quando me viu. — Você está se sentindo bem? Fiquei preocupada quando não me deram notícias suas.
— Não se preocupe comigo, estou perfeitamente bem — respondi, tentando tranquilizá-la. — O Arthur e o Tayler só foram muito dramáticos, foi apenas uma tontura. Soube que o seu trabalho de parto foi complicado — acrescentei, olhando para o pequeno bebê. — Ele é tão adorável.
Magnus tinha cabelos ralinhos e castanhos, e me surpreendi ao vê-lo acordado, com enormes olhos escuros, ao invés de estar dormindo no colo da mãe.
— Emma, ele é uma fofura — falei, e ela riu. — Oi, Magnus.
— Ele é realmente uma fofura. Mal posso esperar para vê-lo vestido com as roupas que comprei para ele — disse ela baixinho, com um brilho nos olhos. — Vai ser um verdadeiro príncipe. O melhor do meu mundo é a preciosidade que me foi dada: você, meu pequeno neném.
Olhar para Emma me fez lembrar do que senti quando tive Max em meus braços.
Era um misto de ansiedade boa, de muita expectativa e um pouco de medo. Coloquei a mão no ventre e, nele, senti, pela primeira vez, a mágica da vida, do mundo, da criação.
Neste momento que é só meu e seu, você, que ainda se aninha em mim, que ainda respira e se alimenta através de mim. Meu corpo se transforma com a sua vida, enquanto meu mundo se enche de amor e esperança.
Planejar, esperar, imaginar como será, nada se compara com a sensação de saber e sentir a leve pulsação do coraçãozinho do meu primeiro bebê dentro de mim.
As palavras são escassas e os sentimentos limitados para descrever tudo o que senti, tudo o que sinto, desde o dia em que descobri a maior e mais maravilhosa felicidade do meu mundo: ser pai de uma pequena criatura, que me verá como seu herói.
Ouvi baterem na porta e, em seguida, Sam entrou carregando alguns balões coloridos para comemorar a chegada do bebê. No outro braço, ela segurava uma pequena gatinha branca.
— O Tayler me mandou uma mensagem dizendo que o filho da Emma nasceu — disse Sam. — Comprei os presentes a caminho daqui.
— Vejo que você estava desesperada para fazer algo — falei, e ela mostrou a língua para mim. — Como estão as suas férias?
— O que você acha? Só estou ficando em casa. Como vocês conseguem ficar um dia inteiro sem fazer nada? — Sam disse, amarrando os fios dos balões na borda da cama hospitalar. — Isso está sendo um saco, odeio ficar sem nada para fazer.
— Ainda bem que te deram férias, você iria acabar tendo um infarto se continuasse daquele jeito — Arthur disse com uma expressão séria.
— Não é para tanto, eu estava apenas sendo uma trabalhadora comum — Sam retrucou, entregando a pelúcia para Emma.
Soltei uma risada.
— Me diga novamente quantas xícaras de café você tomava, ou melhor, quantas garrafas. E ainda havia os remédios que você precisava tomar para ter mais energia e trabalhar — falei lentamente, com um tom de provocação.
— Só umas duas — Sam disse. — E os remédios eram prescritos.
— Mentira que eram só duas xícaras, era no mínimo trinta a cada dez minutos — respondi, rindo.
— Já pensou em escrever algo ou ir atrás de um hobby? — Emma perguntou enquanto Sam ajeitava o gatinho em cima de Magnus, que olhou curioso primeiro para o gatinho e depois para a mãe. — Eu poderia fazer isso? Quer saber, esquece isso, mas que tal ter um hobby? Amiga, você precisa.
— Eu apoio essa ideia de você ter um hobby, Sam — falei, sorrindo.
— Um hobby até que seria uma boa ideia. Vou ver se consigo encontrar algo para acalmar minha mente — disse Sam. — Até meu tio está me enchendo a paciência de tanto que eu reclamo sobre estar de férias.
— Sam, você deve ser a única pessoa que eu conheço que reclama das férias que recebeu — falei, revirando os olhos. — Se sobreviveu até agora, aguente mais três meses. Depois poderá voltar à correria dos seus afazeres e, além disso, não vai ficar me estressando.
— O que seria da minha vida sem o seu humor, Patrick? — Sam disse, e eu dei de ombros. — Agora vamos esquecer disso, pois devemos espalhar beleza pelo mundo para essa criança.
— E também viver felizes com as coisas ao nosso redor — acrescentou Emma. — Uma conhecida minha dizia que a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos. — Ela continuou: — Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando do que sonhando, fazendo do que planejando, vivendo do que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. — Emma olhou para cada um de nós com um sorriso suave e disse: — Seja feliz do jeito que você é. Não mude sua rotina pelo que os outros exigem de você. Simplesmente viva de acordo com o seu próprio modo de viver.
— Belas palavras, mas agora mudando de assunto — disse Sam, dando um tapinha no bolso. — O Vini me mandou uma mensagem dizendo que o Calvin fez um pedido de casamento.
— O quê? — Emma e eu olhamos para ela, surpresos.
— É, ele me avisou há pouco — Sam disse. — Ele só não mandou para o Patrick porque teve uma reunião com a Anastácia sobre os detalhes para o casamento.
— Ela não pode ser pior que a Tereza, que desde que a Bianca era pequena trabalha no álbum do casamento — comentei, e Sam mostrou uma foto para nós.
Na foto, Vini e Calvin estavam radiantes, exibindo o anel de noivado. A imagem capturava a alegria e o amor entre eles, e por um momento, todos nós compartilhamos dessa felicidade. Sam passou para a próxima foto, que mostrava um álbum gigantesco, do tamanho de três livros com mil páginas cada um.
— Gente, Anastácia superou a Tereza com o tamanho desse álbum. Dá até medo — comentou Emma. — Mas voltando ao Vini, que ele seja muito feliz. O casamento é mais do que um compromisso para toda a vida, é a missão mais bela do amor.
— Agora vou ter que pensar em mais belas palavras para dizer no casamento do Vini — falei, estalando a língua. — Já está sendo difícil pensar no que vou dizer no casamento da Bianca, que é daqui a alguns dias.
— O que você vai dizer para ela? — perguntou Arthur.
— É um prazer poder testemunhar esse momento tão único das vossas vidas. Saibam que estou torcendo, de alma e coração, para que o amor de vocês seja eterno e inabalável — recitei. — Pensei nisso até o momento.
— Meu discurso já está pronto, e meu tio até ficou emocionado quando falei para ele — disse Sam, orgulhosa. — Ver duas pessoas de quem gosto tanto se casando é uma sensação inexplicável de felicidade. Graças a Deus que vocês se encontraram! Cuidem sempre um do outro e contem com a minha amizade para tudo. Que nessa vida nova que vocês estão começando hoje, se multipliquem os sorrisos, os abraços e as bênçãos. Parabéns, meus queridos amigos!
Arthur bateu palmas silenciosamente, e Emma se controlou para não rir. Ela colocou Magnus no berço ao lado da cama.
— Ela já deve ter mandado uma mensagem para a mãe dela, falando de como foi o pedido do Calvin para o Vinícius — disse Emma. — Se prepara, teremos uma grande disputa pela organização do casamento.
— Você acha que vai ser assim? — perguntei, visivelmente curioso.
— Vai ser uma guerra entre Amazonas — respondeu Emma, rindo. — A Tereza já tem fixação por coisas de casamento, imagina quando descobrir que terá uma rival nesse ramo.
Realmente, a mãe da Bianca é uma mulher que não gosta que alguém se intrometa nos assuntos dela. Quem faz isso acaba criando uma grande inimizade, quase mortal.
— Vou ter que dizer para o Calvin fazer pipoca — disse Arthur, rindo.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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