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O Acidente


— Corpo de bombeiros, em que podemos ajudar?

— Alô, é o Afonso! Ele entrou pelo cano da pia e ficou preso!

— Senhora, por favor, se acalme e seja mais específica. Quantos anos tem a criança e a quanto tempo ela está presa?

— Não, Afonso é meu pato de estimação, ele é filhote ainda e...

— A senhora disse pato de estimação?

— Sim! Eu ganhei ele do meu pai antes dele falecer e... vocês podem me ajudar ou não? Ele vai morrer asfixiado se não ajudarem!

— Senhora, fique calma, estamos enviando ajuda. Precisamos do seu nome e endereço.

— T-tudo bem. Me chamo Lis, moro na rua dos Pinhais, número 23.

— A ajuda já está a caminho, fique atenta. Boa noite.

— Obrigada, boa noite.

Encerro a ligação e coloco o telefone na cintura. Vou até a pia e observo a situação de Afonso. Esse pestinha tinha que se meter onde não é chamado! O que papai tinha na cabeça em me presentear com um pato? UM PATO! Ele sempre foi amante dos animais, mas isso passou dos limites até para ele, agora estou aqui quase chorando e com medo de acontecer algo com a única companhia que tenho.

Escuto os seus grasnidos e fico mais calma. Olho pela décima vez a hora no celular, já se passaram cinco minutos e ninguém aparece para me ajudar.

Disco novamente o número dos bombeiros e estou prestes a ligar, quando escuto uma buzina soando. Respiro fundo aliviada e corro até a porta para receber os bombeiros.

Não vejo nenhum caminhão daqueles típicos, vermelhos e cheios de tralhas, o que me preocupa de certa forma.

— Senhora Lis? -Meu nome é chamado e me viro em busca da origem da voz.

Dou de cara com um brutamontes vestido com o uniforme dos bombeiros e com uma mala preta nas mãos e uma carranca no rosto.

— Sim, sou eu! -Minha voz sobe algumas oitavas ao dizer essas palavras, no que o armário ambulante franze o cenho claramente descontente. — Cadê o resto? -Pergunto confundida.

— Que resto?

— O resto dos bombeiros oras! E porque não veio em um daqueles caminhões?

— Porque não iríamos mandar várias pessoas em um caminhão para salvar um patinho! Existem certas prioridades sabia? Muito bem, onde está "a vítima" ? -Pergunta debochado e agora é minha vez de expressar desgosto. Esse homem se acha e não é pouco.

— Se estiver perguntando pelo Afonso, meu pato, venha comigo, lhe mostrarei onde ele ficou preso. -Não espero por uma resposta, vou logo entrando na casa, na esperança de que ele me siga.

Quando chego na cozinha, Afonso começa a chiar novamente ao escutar minha voz.

— Tudo bem Fonfon, vamos te tirar daí, fique calmo, a ajuda já chegou! -Digo manhosa e como se entendesse o que falo, o pato se acalma, esperando a sua tão sonhada liberdade.

O bombeiro me observa, se segurando para não rir. Lanço um olhar desafiador, mas ele disfarça e coloca a mala em cima da mesa, começando a tirar um monte de ferramentas de dentro.

— Não vai machucá-lo, por favor... -Começo, mas sou interrompida pela careta emburrada.

— O seu pato vai sair vivinho da silva desse cano, pode ficar tranquila. -Solta depois de provavelmente ver minha cara de desespero e ficar com dó. Ou talvez seja apenas para que não o incomode mais.

Dou de ombros e me sento em uma das cadeiras, aguardando que ele faça o seu trabalho.

O grandalhão mexe em algumas coisas, puxa um cano, solta outro, procura algo com a lanterna... e nada de liberar o pato.

— Está tudo bem aí? -Pergunto nervosa, torcendo o tecido da blusa fina com meus dedos.

— Não estou achando nenhuma rosca para que possa retirar a parte onde o animal está preso... acho que terei que cortar. -Confessa, limpando o suor da testa bronzeada.

— Cortar?! -Me levanto de um pulo. — M-mas e se você machucar o Afonso?

— Então teremos pato para o jantar! -O idiota solta uma risada, que logo se desfaz ao ver minha expressão de escárnio.

— Está maluco? Esse pato é o único que me resta do meu pai! Se você machucar ele, eu te mato! -Rosno, mas em vez de assustá-lo, acabo arrancando outra gargalhada do babaca.

— Tudo bem, Rambo, desculpa. Eu não vou machucar o Afonso, vou cortar bem acima de onde ele está, apenas para tirar essa parte do cano e colocar em um lugar onde possa trabalhar melhor. -Explica e o observo desconfiada.

Me viro de costas, não quero ver essa cena.

O barulho da serra elétrica me deixa surda por alguns segundos e quando ela finalmente é desligada, escuto a reclamação de Afonso.

— Fonfon, você está bem? -Pergunto e o pato grasna em resposta. Suspiro aliviada e fico de frente novamente para o bombeiro sabichão.

— Não disse que ficaria tudo bem? -Debocha e me seguro para não arrancar sua expressão arrogante na base do tapa.

Prefiro não responder nada. Fico de olho nos seus movimentos enquanto ele chega bem perto da cabeça do pato, com um alicate enorme.

Mordo os cantos do meu dedo preocupada. O suor chega a escorrer na sua face, mas nada do cano ceder.

— Com que fizeram esse cano? Titânio? -Reclama se esforçando e solto uma risadinha.

— Precisa de ajuda? -Ofereço e recebo um olhar mortal.

— Eu deveria estar em casa, tomando chocolate quente e aproveitando a véspera de Natal, mas não... estou aqui suando para tirar um pato de um cano! -Resmunga e ofego ofendida.

— Escuta aqui... -Pauso tentando lembrar se ele havia me dito seu nome.

— Ethan. -Responde levantando uma sobrancelha.

— Escuta aqui, Ethan, acredite, eu também não gostaria de passar meu feriado com um brutamontes resmungão na minha cozinha, mas Afonso resolveu aprontar e isso não é minha culpa! -Solto chateada e ele tem a cara de pau de fazer uma expressão envergonhada.

Sem dizer nada, volta a trabalhar no resgate do soldado Afonso enquanto observo de longe.

Decido não dizer mais nada, caso contrário vou acabar sendo presa por desacato ao bombeiro, se é que isso existe.

Apesar de fazer quase zero graus do lado de fora, dentro da casa mantenho a temperatura quentinha. De repente, Ethan começa a tirar o casaco, jaqueta e a calça do uniforme, ficando apenas com a calça fina e blusa preta.

Alguns minutos passam e nada. Vou até a geladeira e sirvo um copo de chá gelado para mim e outro para ele.

— Aqui, descanse um pouquinho. -Ofereço e ele tira o copo da minha mão e bebe tudo em uma golada só. — Quer mais? -Digo com a garganta seca repentinamente, observando aquela cena. De repente ficou mais quente, ou é impressão minha?

Ele apenas concorda balançando a cabeça e sirvo outro copo.

Ethan se senta em uma cadeira e respira fundo algumas vezes, observando o cano com uma expressão determinada no rosto.

— Por que um pato? -Pergunta de repente, me assustando. Penso por alguns minutos se devo ou não responder, mas acabo por não ligar, já que provavelmente nunca mais o verei na vida.

— Sinceramente? Não sei. Antes de morrer papai chegou com ele nos braços e disse que eu deveria cuidá-lo bem. Ele tinha câncer e um dia depois partiu, e eu fiquei com Afonso. No começo fiquei tão brava, não entendia qual era a dele me deixando com um animal que sequer era comum ser usado como um bicho de estimação, chorei muitas vezes ao sentir saudades, então um dia, Afonso ao perceber minha tristeza, subiu na cama e se sentou do meu lado. Ele me olhou com os olhinhos diminutos e colocou seu bico em cima da minha perna, como se estivesse me consolando. Então entendi que apesar dele não ser um cachorro ou um gato, ele era meu amigo, meu companheiro e o último presente que papai foi capaz de me dar. -Não terminar de falar, sinto uma lágrima solitária escorrer pela minha bochecha.

Ethan então se levanta e passa o polegar bem no lugar húmedo.

— Sinto muito pela sua perda. -Sua voz adquire um tom suave e pisco algumas vezes para ver se ele não foi trocado rapidamente por duendes natalinos e substituído por alguém com coração.

— O-obrigada. -Respondo sem me mover um centímetro sequer. Sua mão ainda paira sobre meu rosto e ao perceber isso, a retira rapidamente envergonhado.

— Bom, vamos tirar o pato do cano. -Fez um barulho com a garganta e voltou ao trabalho.

Afonso não parou de reclamar um segundo sequer ao ser incomodado pelas enormes mãos de Ethan. Suas patinhas laranjas se mexiam para cima e para baixo, ao escutar o barulho do alicate cortando o cano.

A cena seria hilária se não fosse tão trágica: Afonso preso até a cintura num cano, apenas com as patas de fora, porque era demasiado gordo para que sua enorme pança passasse para dentro.

Lentamente, Ethan cortou o cano, para não machucar o animalzinho. Apesar de querer parecer durão, eu percebi que ele também estava preocupado com Afonso.

Sua testa franzia cada vez que o pato soltava um ruído e ele retirava rapidamente o alicate de perto do cano.

E assim se passaram mais de meia hora. Entre cortar, molhar e abrir o cano.

Afonso estava visivelmente cansado, já nem mexia mais as patinhas com tanto afinco, o que me deixou preocupada.

Faltavam apenas alguns centímetros para que o cano fosse aberto completamente, já podia ver o bico de Afonso e seus olhinhos brincalhões.

— Fique calmo Fonfon, você vai sair daí já já! -Digo para tranquilizá-lo e Ethan esboça um sorrisinho de canto de boca.

Estou por repreendê-lo, quando em um golpe certeiro, o cano se abre liberando meu amiguinho, que só falta pular de alegria.

— Eu disse que ia sair daí! Não faça mais isso comigo, Afonso Ferreira, ou vai ficar de castigo! -Brigo e Ethan me observa rindo. — Obrigada Ethan, não sei o que faria se acontecesse algo com Fonfon. -Digo realmente agradecida. Esse pestinha me fez suar de preocupação.

— De nada senhorita, fiz apenas o meu trabalho. -O bombeiro murmura em meio a um sorriso sexy. Tenho que me controlar para não sorrir junto. Ele é lindo de uma maneira bem rústica o que me deixou um pouco desnorteada. O corpo definido, visível pela camiseta ajustada me deixou com a boca seca. Caramba Lis, você definitivamente precisa sair e conhecer alguém!

Ethan me observa por alguns minutos, abrindo e fechando a boca como um peixinho bobo, até que finalmente resolve falar algo.

— Tem onde jantar hoje? -A pergunta me surpreende.

— O que quer dizer com isso? -Solto na defensiva. Por acaso ele pensa que sou uma garota sozinha e sem amigos ou família com quem passar o natal? Por que se for isso, acertou em cheio.

— Desculpe, é que como disse que seu pai bem... eu pensei que talvez quisesse jantar comigo, quero dizer com os bombeiros... digo a estação de bombeiros vai fazer um jantar para o natal, algumas pessoas foram convidadas e... olha, deixa pra lá, não irei mais lhe incomodar. -Uma risadinha escapou ao perceber a sua intenção. No final das contas ele não é tão amargurado assim.

— Na verdade, eu aceito sim. -Agora quem está surpreendido é ele. — Me empresta seu telefone. -Peço e ele me passa o aparelho desconfiado. Anoto meu número na sua agenda e ligo para mim mesma para anotar o dele. — Pronto, me mande o endereço de onde será o jantar e o horário. -Ethan apenas balança a cabeça e sorri ao ver como salvei meu contato.

— Muito bem, Lis do Pato, nos vemos no jantar, foi um prazer lhe ajudar. -Diz e depois de juntar todas as suas tralhas, me deixa sozinha com meus pensamentos.

Estou praticamente nas nuvens, até que um grasnido me traz de volta à realidade.

Droga! Fonfon! Não posso deixá-lo sozinho ou é capaz de aprontar novamente. Terei que o levar comigo para o jantar, caso contrário é melhor nem ir. Só espero que não faça papel de ridículo. 

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