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XXXI

Helen

Marjorie era mesmo uma mulher forte, havia passado por tudo, pelo que James me contou. No fundo me identifiquei com ela. Com a única diferença que ela tinha um filho, e eu não podia gerar.

Eu não queria dizer que sabia desde o inicio que Andreas estava me rondando, acordei pela manhã e Harry estava latindo muito, não sei como ele conseguiu dar um jeito de colocar a rosa vermelha na frente da minha porta. Era o sinal dele quando a gente namorava escondido, Eu seguia as rosas e o encontrava. mas ali na minha frente só havia uma. De alguma forma o condomínio não estava sendo seguro, ele arrumou um jeito de entrar e estava ali, esperando qualquer brecha.

Marjorie era uma sortuda, tinha dois homens aos pés dela. James era possessivo, e estava se mordendo de saudade dela, ele ficava igual o Harry de orelha em pé, esperando ela o chamar para dentro. E toda vez voltava com o rabo entre as pernas. Quem sofria era os coitados dos seguranças e a equipe dele.

Por outro lado tinha Benjamin, que não sabia se ficava comigo ou corria atrás dela. Eles eram amigos e isso me deixou um pouco desconfortável no início. Ela tinha que dar um jeito nisso, essa distração e distanciamento só serviriam para nos enfraquecer.

Já fazia um bom tempo que Marjorie estava lá em cima com Ben. Pelo jeito a coisa ia ser longa.

— Bom dia Helen.

Andreas abriu a porta e sentou do meu lado. O infeliz estava usando boné e casaco com a gola levantada. Meu coração quase parou de tanto medo.

— Sai daqui Andreas. – Ameacei sair do carro.

— Não faz isso. – Ele me encarou. — Primeiro quero dizer que ainda te amo, e sinto sua falta, depois tenho uma proposta pra fazer.

— Corta essa Andreas. Você não me ama coisa nenhuma. E quando sentir falta pega a saudade e soca no cu.

— Calma. – Ele riu de mim. — O negócio é o seguinte, você tem que me entregar as provas que estão com a mini advogada, e depois vir comigo. Para onde? Não vou dizer. Mas seu irmão não pode saber.

— Você é mais insistente que vendedor de loja. Ninguém aqui está com vontade de cair na sua. Vai procurar alguma garota e iludir com a sua vida fácil, cheia de drogas e dinheiro.

Eu estava morrendo de medo, mas não dei o braço a torcer. Se ele quisesse me tirar aqui, ele que lutasse. Eu ia, mas ele deixava pelo menos um braço para trás.

— As provas Helen. E depois você vem comigo.. Ou você está namorando o bobão?

— Ele é meu irmão Andreas. – Respondi.

— O bobão loiro?

Ben. Ele estava sondando o Ben, e devia ter achado que eu e ele... Bom, de todo caso estamos, ou tivemos. É melhor deixar essa parte para mim.

- è o seguinte. Eu não vou e você se quiser enfia uma bala na minha cabeça agora mesmo.

Andreas socou o painel do carro com raiva. Assustei, mas banquei a brava.

-Eu vou te levar, e se teimar eu mato o garotinho. E antes que me tire de louco, deixa eu refrescar sua memória. Eu tenho como entrar no condomínio e sei que seu irmão sai com ele nas tardes para bancar o paizão.

Ele destrancou o carro e desceu, deu a volta e bateu no meu vidro.

- O quanto antes.. 

No banco do carro tinha um papel com um número rabiscado. Eu sabia que ele usaria só uma vez esse aparelho e depois iria descartar, mesmo assim amassei e joguei para fora do carro. Marjorie passou pela portaria feito uma versão mini da mulher maravilha, com os cabelos negros voando de tanta pressa que andava.

Marjorie

- Como assim ele esteve aqui? - Limpei as lágrimas dos olhos e encarei minha mais nova amiga.

- Ele quer as provas. - Ela disse. - Ou vai fazer uma besteira. Eu preciso contar para o meu irmão.

Eu fiquei tensa na hora. Se meu encontro com Ben foi cheio de revelações estranhas e tristes, imagina com James que era mil vezes pior. 

- Façamos assim, - Ela estava estranha. - Seu pai busca o Nicolas na escola, e nós precisamos contar para o meu irmão.

- Helen você sabe que o James está chateado comigo.

- Tá nada. Ele fica indo na sua casa brincar com Nicolas na esperança de você correr até os braços dele, e fica tentando arrancar com o menino se você chora por ele.

- Nicolas nunca me disse isso. - liguei o carro sem graça.

- Talvez ele goste da amizade dos dois. Ben e James. Agora vamos indo, preciso buscar Harry na veterinária.

Harry estava triste, segundo a veterinária ele havia comido alguma coisa que não fez bem. O pior foi dirigir com ele no meu colo. Um animal colossal no meu colo. As vezes ele dava uma mordidinha no meu braço, o que me causava calafrios de medo, tirando isso chegamos bem. Dei uma passada em casa, Rita ainda estava fora. Aliás ela e meu pai estavam inventando desculpas para ficar saindo.

Helen estava do lado de fora, e Harry comigo. Quase ri quando me lembrei da cena do filme As Crônicas de Nárnia, quando Lucy andava do lado de Aslan. Harry era um baita de um cachorro, e tenho certeza que fora treinado para proteger, só não entendo porque me atacou naquela manhã, já que eu tenho quase o tamanho de um esquilo.

Helen abriu a porta e me deixou passar. A casa estava escura. Fiquei na sala passando a mão na cabeçona do Harry enquanto ela ia chamar o princeso. Quando ele apareceu tinha os olhos brilhantes.

- Oi. - Falei meio sem graça, - Helen...

- Helen disse que precisava tomar um banho.

Safada. Ela me jogou no fogo cruzado de novo e sumiu.

- Ah. Se quiser eu posso ir embora e voltar depois. 

Duas pessoas adultas com vergonha um do outro. Ele também não ajudava em nada, vestindo casaco preto e um belo de um terno sob medida por baixo. 

- Voltei hoje ao tribunal. - Ele parecia adivinhar meus pensamentos.

- Hum.

- Olha, sinto muito por aquele dia na sua casa. É que seu amigo estava bravo... - Ele levantou a mão e abaixou de novo. - Eu achei que você me escolheria. Ficaria do meu lado.

- Mas não tem lado pra ficar. Eu amo Ben como amigo, e amo você. Só não quero ficar decidindo com quem ficar. Você sabe que Ben e eu não teríamos nada. Não dá certo.

- O que eu acho é que você é culpada por tudo. Se tivesse falado com ele, ou assumido nossa relação.

- Eu assumi, e quer saber? Você não falou comigo depois daquilo. Minha cabeça está na mira de mafiosos, meu filho corre risco de vida e tem uma mulher doente terminal na minha casa. 

ignorei a cabeça do Harry na minha mão e me afastei.

- Parece que todo mundo resolveu me excluir das suas vidas.

Ele ficou parado no meio da sala, com o olhar indecifrável. Harry veio atrás de mim.

- Harry! - Ele chamou. - Volta aqui,

Harry deu um rosnado daqueles de arrepiar até os cabelos de onde o sol não bate e me seguiu.







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