XLVI
O celular nos deu uma direção, tínhamos alguns dos sócios presos, garotas recuperadas, mas Marjorie não voltou e nem sabíamos por onde começar a procurar já que a ligação estava demorando um bocado e eu já começava a entrar em Pânico. As desculpas sobre a viagem surpresa da Marjorie estavam acabando e Nicolas era bem esperto para saber que era uma bela de uma mentira, aliás ele me fazia colocar a mão no livro penal e isso me deixava tenso, o menino estava me dando pressão.
Contei a Benjamin sobre a Jéssica, e ele entendeu até certo ponto.
Eu havia acabado mais uma massacrante seção, estava na minha sala organizando os papéis do outro dia quando o celular tocou, primeiro olhei para o meu, depois para o do Orlando e atendi meio as pressas.
— Sim? ,
- Meritíssimo. – Ouvi a voz carregada de sotaque Italiano. – Quantos dias ela está com eles?
- Pelo menos os anos de faculdade ensinaram alguma coisa. – Sentei na minha cadeira, tinha que alfinetar pelo menos um pouco. – Aquele safado do seu pai está com minha namorada á quase quatro dias.
- Ele não a matou. – O chefe respondeu. – Ainda. Consigo segurar por mais dois dias, Mas quero que pelo menos dessa vez trabalhem comigo.
- O que você quer? – Disparei logo em seguida.
- Viver em paz com quem eu amo, assim como você quer. – Matheo respondeu firme. – Minha outra ligação será para informar onde ele está. Até lá estejam atentos.
A outra ligação dele seria passada para Nadja, isso eu já sabia bem, Orlando antes de morrer alertou sobre os procedimentos, nunca o mesmo número duas vezes, e ele também não estava ajudando, estava tirando o rabo Italiano da reta. Agora seria esperar, esperar e esperar.
Marjorie
Já faziam dias que estava ali, meu ferimento mal costurado coçava bastante, já nem sabia mais se meu cabelo poderia ser escovado, tinha tantos nós que eu achava impossível passar uma escova nele. Harry estava a ponto de morrer,não comia mais e só ficava deitado encolhido. Acho que estavam dando alguma coisa na água para ele se manter calmo e não latir.
O projeto de Damon Salvatore sumiu, ouvi ele dizendo que ia sair em viagem, menos mal, assim seria mais fácil sem a beleza perigosa dele. O cara era um metido. Pelo menos ouvi dizer que ele era muito parecido com o irmão chefão. Nem mesmo Andreas escapava da linhagem bonita, mesmo que fosse um bocó.
Minha cantoria de Marjorie estava dando certo, ninguém queria ficar perto de mim, acho que eu estava pirando de vez.
— Levanta. – Um Italilouco se colocou na minha frente.
— Como se eu pudesse. – Respondi mexendo levemente a perna.
— O chefe quer te ver, e fedendo desse jeito aí, vai virar comida pra peixe.
Harry ficou alerta quando ele se aproximou, rosnou alto e abriu a boca mostrando todos os dentes. Tratei de ficar em pé rapidinho, mas não me afastei dele.
— Então deixa eu pelo menos acalmar meu cachorro. – Desafiei o cara com o olhar. — Ou ele vai ficar tão bravo que logo vai chamar a atenção com tanto latido..
O idiota já tinha me soltado, eu sabia que se corresse mancando levaria um monte de tiro antes mesmo de chegar até a porta.
Abracei o Harry pelo pescoço e esperei o cara se tocar e sair de perto, aí aproveitei para afrouxar a coleira. Se ele fosse esperto sairia dali rapidinho.
— Volte para casa Harry. Espere eu sair. Está me ouvindo. — Falei baixinho no ouvido dele.
Se Harry estava fedendo, imagina eu. Fui mancando até um SUV preto, sentei no banco pacientemente e esperei o carro sair. Rodamos por minutos até chegar no prédio onde me levaram no dia do sequestro. Dessa vez eu entrei, subimos pelo elevador que já dava na sala do apartamento magnífico.
— Da onde tiram tanto dinheiro? – Parei no meio da sala. — Acho que vou mudar de profissão. O que acha?
O cara nem se abalou, me pegou pelo braço e nada gentil me jogou no banheiro, que por sinal era um luxo.
— Já entendi. Preciso de banho! – Gritei. — Será que ele usa a Siri? Porque eu não entendo muito desses luxos.
Depois de lutar com a banheira de hidromassagem e lembrar que possivelmente o velho fazia sacanagem nela e que podia ter algum pelo pubiano ali, desisti e tomei banho de chuveiro mesmo. Deixei a água lavar o sangue e descobri que não estava tão ruim assim. Eu tinha algumas escoriações também, nada que uma boa pomada não resolvesse.
De banho tomado saí para fora, o mesmo grandão me interceptou na porta do banheiro.
— Onde pensa que vai?
— Colocar uma roupa, ou pensa que vou ficar andando nua por aí?
Dessa vez ele não me jogou, abriu a porta de um quarto e esperou eu passar de tolha. Havia um vestido estendido na cama enorme, era curto, rosa. Odeio rosa.
Me atrapalhei um pouco mas consegui.
— Credo – Ri de mim mesma.
O decote ia até o umbigo, era curto e claro de mais, e não ornou com meu tom de pele. Fiquei parecendo embalagem de iogurte de morango. Tratei de colocar a sandália, soltei meu cabelo lavado, se ia morrer pelo menos estava com a cabeça levinha. De banho tomado, e uma roupa apresentável. Bati na porta e esperei o grandão que me levou até a sala de jantar, com vista para a rua. A mesa estava posta e eu quase voei até ela, não fosse o fato da coruja velha estar sentada e me despindo com os olhos.
— Boa tarde senhorita Raoni. Ou devo de chamar de senhora O'Hare?
— Me chama pelo nome. O resto não é da sua conta. – Ben riria se estivesse comigo.
O velho Joseph me estudou por um bom tempo, quando achei que ia pegar no sono, estendeu a mão para a cadeira mais perto dele.
—Venha. Junte-se a mim.
Fui. Porque não gostava de desperdício, e a comida estava com cara boa.
— Se sirva. – Ele disse calmamente. — Sei que onde estava não se alimentava.
— Olha, a comida está com cara boa, mas não espera que eu coma sem você ter experimentado. Posso morrer envenenada.
Joseph cruzou os dedos, estava ficando impaciente.
— Coma Marjorie! – Ele estava me dando ordem.
Comi o mínimo possível. Uma xícara de café que cheirei antes, um pedaço de pão doce, que passei a língua e esperei, não ficou dormente, comi ele todo. E por fim dois morangos, que também cheirei, e a cada pequena mordida esperava a sensação de morte, que não veio. Pelo menos comi as custas do ex-patrão. Quando acabei, Joseph estalou os dedos, as empregadas começaram a retirar a mesa.
— Sempre te achei brilhante Marjorie. Por isso te deixava com casos rasos. Sabia que se um dia soubesse de uma vírgula, descobriria a trama toda.
— Porque desde o começo você burlava a segurança e tirava o rabo da reta. Uma hora alguém pegaria. – Fui clara. Não faria papel de garota assustada. — Mas eu não fui atrás, e vocês me caçaram como uma presa, eu só quero voltar para a minha casa. Para a minha vida.
— O seu notebook foi útil, não posso negar, mas não foi só isso que sumiu do sistema. E se aquele traidor te mandou é melhor confessar.
O traidor era meu padrinho. Engoli a resposta dura, eu era advogada, tinha que impor limites ali.
— Te dei meu notebook pessoal, ali consta e-mails, arquivos na nuvem e se você foi atrás viu que não tem nada ali. Eu entreguei a maldita prova. Só quero sair desse meio.
— Seu namorado vai vir pra cima da gente. Aliás ele já me causou muita baixa por esses dias. E eu realmente estou bravo. – Joseph estalou a língua. — Acho que ele no fundo não deixou de procurar a Jéssica..
— Quem é essa? – Perguntei tão logo ele se calou.
— A noiva dele. Do James. – Joseph me encarou. — James estava perto de me descobrir, tive que tomar medidas drásticas, e a noiva dele estava no lugar errado, na hora errada. Aliás aquela ruiva era um espetáculo de mulher. Ela era modelo sabia?
— Hum. – Engoli a raiva crescente. – Isso é assunto dele. — Mentira. Seria meu também. — Agora me deixa logo ir.
Joseph riu, uma risada seca que gelou até meus ossos, dessa vez o grandão se aproximou e colocou a arma na minha cabeça. Joseph se levantou da cadeira dele lentamente e veio até mim, igual um gato seco e velho. Se fosse para ser molestada que fosse pelo menos o Salvatore mais novo.
— Você é atraente. – Ele passou a mão na minha coxa e foi subindo.
Meu pânico me travou, nem respirar eu sabia mais. Ele tocou a minha boca com os dedos enrugados e decidi nunca mais umedecer os lábios com a língua, o sacana estava falando obscenidades em Italiano. Joseph resolveu se entreter com meus pobres seios, ele afastou meu vestido e meu seio pulou para fora, o nojento abaixou, eu sabia o que ele ia fazer e fiz a única coisa que podia. Mordi a orelha dele até sentir o gosto de sangue na boca.
Quando ele levantou a cabeça incrédulo, cuspi o pedaço da orelha dele e sorri. Eu quase vomitei, na verdade nunca mais na vida comeria nada com o aspecto seco.
— Desgraçada. Você arrancou um pedaço da minha orelha! – Ele tentava segurar a orelha machucada, o sangue escorrendo até o cotovelo.
Joseph fechou a mão e me socou. Apaguei achando que ia morrer.
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