XII
-Seremos uma grande família. Sempre....
Já fazia dias que eu não saía de casa. Meu pai parecia entender meu lado, e me deixou a sós com os meus pesadelos e medos. Depois da nossa briga, James não me procurou mais. Benjamin foi o único a ter contato com ele, e pelo que disse, James não tocou no meu nome, nem no ocorrido.
Decidi que a janela não era mais meu ponto favorito, passei a olhar para olhar o telefone na minha mão e o pedaço de papel na mesa. Nada nesse mundo me deixava tão apavorada. Um simples telefonema. Juntei forças e disquei número por número, meus dedos tremiam, errei e disquei outra vez. O telefone tocou, três chamadas.
-Alo!? Alo? Esta me ouvindo?
-Eu...si...sim. Rita como vai?
- Marjorie?
- Eu mesma, meu pai....
- Quanto tempo depois que liguei? Pensei que não quisesse mais saber do seu filho.
-Tive alguns problemas, por isso não liguei. E não Rita, não tenho pretensão de esquecer meu filho.
-Oito anos. Eu pensei que viria atrás dele.
-Fui. Mas você mudou, ou fugiu, e não tive como ir até meu filho.
-Isso é outro assunto. Olha, ele é como você, um adulto no corpo de uma criança. Quer conhecer os pais.
- Como?
-Ele fará nove anos daqui três dias, se não quiser vir tudo bem, só não dê as costas para essa criança.
- Eu sei quando ele faz aniversário, e acredite, lembro de tudo. E sinto que estou pronta para dar a vida que ele merece.
-Eu preciso ir, hora de buscar ele na escola. Vou te mandar meu endereço por mensagem.
- Okay. Até mais.
Ele era meu filho. Eu não deveria ter tanto medo assim. Tudo bem que não fiz nada errado, foi tudo um plano dela. E seria bem mais fácil se eu não tivesse com a cabeça sendo caçada. Precisava falar com o Ben, ou com alguém que pudesse me ouvir. Meu pai estava fora como sempre, Ben trabalhando como nunca, e eu sozinha no meu quarto, e sem ninguém para conversar. Em outros tempos ligaria para o meu padrinho, mas agora além da desconfiança tem o James ouvindo tudo o quê ele fala, podia até imaginar a cara dele quando descobrisse sobre meu filho.
Com mais nada para fazer, fui em busca dos papéis, provas verdadeiras de que garotas estavam sendo molestadas até a morte, por um bando de loucos e drogados.
Em cada vídeo ou foto fui levada a perguntar como estaria os pais das garotas. A voz do homem martelava na minha mente, os gestos que ele fazia, minha mente tinha um maldito bloqueio, fui levada à noite em que conheci o Andreas, não era ele, com certeza, porque ou era novo no ramo ou burro demais, ele não soube como me deter, e nem atitude quando Ben me levou embora.
Procurei por elas na Internet, e descobri que todas eram de família rica, tinham o próprio carro, e foram vistas a últimas vez em boates de luxo, acompanhando um senhor, alto e magro até de mais.
-Alto e magro, mãos enrugadas e dedos magros. -Comecei a montar a imagem na minha mente. -Voz grave, por volta dos, Deus do céu. -Finalmente descobri quem era o dono da voz.
Rapidamente peguei meu celular, tinha que tirar uma pequena dúvida.
"Ben?
"Oi.
"Pode me dizer se o tribunal ainda está aberto?
"Porque? Ele te abandonou em algum bar?
Não idiota. Vamos...
"Acabou de fechar. Vai lá matar a saudade.
"Ben. Deixa de besteira. Beijos.
*******
A coisa chata era ter minha casa aberta ao público, ao passo que a da família dele era murada, e cercada de segurança, se eu chegasse lá no ritmo que sai de casa, seria alvejada de balas antes de cruzar o meio fio da casa dele. Parei um pouco para recuperar o fôlego, ajeitei o cabelo e fui até eles.
-Boa tarde. Eu preciso falar com o James.
-Desculpe senhora, ele não está em casa, e também não deixou avisado que teria visitas. - O segurança dele nem olhou para mim.
-Você não está entendendo, sou uma amiga dele... -Levei um susto quando o segurança virou de uma vez na minha direção.
-Eu disse que ele teria avisado. Agora, pode ir andando.
-Tá tudo bem. Se a moça disse que precisa me ver, é porque precisa, e ela também não é tão simples amiga assim.
-Senhor. Me desculpe.
-Vamos entrar Marjorie. -James estava sério, passou por mim cercado de seguranças.
A casa dele era como a minha, grande e vazia, somente o necessário. Sem fotos ou enfeites, não que eu não tenha entrado aqui antes, mas foi a noite, agora eu tinha outra visão.
Sentei no sofá e esperei ele se ajeitar, tirar o casaco e puxar a manga da camisa. Era uma visão maravilhosa.
- A partir de hoje não terei mais segurança o tempo todo. Parece que tiverem uma denúncia anônima dizendo que viram eles em Paris. -Ele cruzou as pernas.
A verdade era que eu ainda queria socar a cara dele, mas o maldito sabia me desarmar.
- Me desculpa. Eu estava nervoso... Não costumo ser violento com quem eu gosto...
o olhar dele era estranho. E eu perdi a língua. Fingi demência e continuei como se nunca tivesse escutado nada.
-Eu...eu descobri quem é o chefe, ou sei lá o quê eles chamam. -Ele se aproximou.
- Também tenho uma notícia para você, mas me conta, estou interessado. -Ele olhou para a janela.- Acho melhor eu ir até aí.
James levantou e veio sentar do meu lado, senti o cheiro dele, e pronto estávamos muito juntos para quem teria uma conversa séria.
-Joseph. Eu desconfiei dele desde o dia do julgamento, pensando bem ele estava apavorado, queria as provas a todo custo, e deve ter pensado que ficou dentro da minha sala. -James abriu a boca.
-Verdade. Quando ele não achou, matou a mulher por pensar que ela estava do seu lado. Velho maldito, todo tempo foi ele. -Ele deu um soco no sofá.
-Pode me dizer a sua parte.
-Ontem seu padrinho recebeu uma ligação. Ele vai fazer a primeira colheita hoje na mesma boate que você foi. Acho que ele está devendo muita grana pros caras.
-E agora? Acha que devemos chamar a polícia?
-Não. Pensei em ir até lá e tirar fotos. Depois informar o FBI, são os únicos que não vão ter nada com eles.
-Ótimo, eu passo aqui que horas?
-Eu vou sozinho, se ele te ver você pode ser pega.
-Eu estou dizendo que vou junto. Se você não me levar, eu vou do mesmo jeito. Estarei aqui nove horas.
Saí da casa dele sem sentir minhas pernas, tamanho era meu nervosismo. James não ficou nervoso, ele deu o famoso sorriso galã, enquanto eu lutava com as minhas pernas.
Nove horas em ponto eu estava voltando pra casa dele. O frio em Londres era perturbador, nem minha calça preto de coro e meu casaco preto conseguia barrar o frio.
-Nossa. Você está parecendo uma atriz de filme de terror. -Ele abriu o porta do carro. - Vê se a adaga está aí.
-Muito engraçado né? -Entrei no carro.
James ligou o rádio e fomos ouvindo música, ele batia no volante e cantava bem baixinho.
Encostamos o carro no outro lado da rua, James desligou Os faróis e pegou a câmera. Eu busquei meu celular.
-O que? Acha que sou burra? A gente tem que ter mais provas.
Quase duas horas depois uma moça morena saiu carregada pelo meu padrinho, ela estava bêbada de mais para correr. A coitada estava apavorada. Eu tinha que fazer alguma coisa. Enquanto ela tentava se livrar dele eu fiz o quê podia. Liguei para ele. O simples ato de pagar o celular fez ela se soltar dele e se enfiar um táxi.
-Perfeito. Agora você me fez perder a minha chance. PORQUE? NÃO QUER QUE ELE SEJA PRESO?-James me segurou pelo ombro.
-Eu não podia deixar aquela moça ser levada. E se fosse eu? Já passei por isso! -Me soltei e gritei com ele.
-Ótimo. Ele está olhando para os lados agora. Você vai se ferrar. E sabe de uma coisa? Vou atrás dele.
Um carro, o mesmo carro que quase me levou pegou meu padrinho. James esperou ter uma boa distância e seguiu ele.
Saímos da cidade, e entramos numa estrada de terra, passamos por prédios abandonados e paramos perto de um galpão abandonado.
-Você fica aí, vou deixar o carro ligado. Qualquer coisa você parte sem mim. -Ele saiu em disparada até eles.
-Não vai. E se for uma emboscada? Ele pode ter visto você. James não vai. -Puxei ele. -Por favor.
-Olha só gatinha. Eu vou voltar. E depois você pode me dar um beijo pra matar matar a saudade.
-Idiota.
James sumiu nas sombras, e não demorou muito para eu ver uma coisa iluminar o céu, outra vez, só que dessa vez eu ouvi o som. Foi um tiro, ou vários agora. Meu coração estava batendo nos ouvidos, saí para fora do carro e me arrastei até uma lixeira.
-Merda James. Você tinha que ser idiota. -Outro tiro, e dessa vez mais perto.
Um homem veio correndo, ele estava curvado, cambaleando, custei muito para ver que era ele. Tomei coragem e corri, passei o braço dele por cima da minha nuca e me arrastei até o carro.
-Foi. Uma emboscada. - James se afundou no banco do carro. -Eles estão vindo, você vai ter que correr.
A coisa toda foi muito rápida. Dei ré no carro e voltei por onde passamos, não demorou muito para ver que estava sendo seguida, e o pior de tudo, estavam atirando na gente.
- Vira a direita e segue pela Inter estadual. Dois quilômetros. E. Vire a direita. -Ele estava respirando com dificuldade. - Droga. Estou sangrando.
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