NCT - MARK.HYUCK

Sinopse:

Donghyuck está cansado de Mark tratá-lo de qualquer jeito, sentindo-se triste e frustrado pelo mais velho sempre ignorá-lo. Decidido a dar um fim nisso, passa a tratar o mais velho com indiferença, objetivado a deixar de esperar algo dele, até mesmo carinho de amigo. Mark percebe a mudança e se vê obrigado a repensar suas atitudes se quiser o melhor amigo de volta.

Dorm Fight

— Onde está Donghyuck? — Mark pergunta afoito ao mais velho, que não desvia os olhos do celular para olhar o mais novo parado ao lado do sofá.

— De novo? Já disse que está no quarto — Yuta responde ainda sem olhar o mais novo, acomodando-se mais no sofá.

— Você tinha dito que ele estava na rua — Mark reclama e dá as costas ao mais velho antes que este possa respondê-lo.

          Mark anda apressado até o quarto que divide com o menor, e no meio do caminho se pergunta o porquê de seu desespero. Tudo bem, não vê Donghyuck há quase três dias, e isso é muito estranho e raro, mas não é para tanto. Tudo bem que achou que o Lee o estivesse evitando, mas e se fosse coisa de sua cabeça? Aquilo não era comum de Donghyuck, muito pelo contrário. Provável que o mais novo logo estaria atrás de si o perturbando novamente.

          Ao chegar em frente ao quarto, com mil pensamentos na cabeça porém mais calmo, não pestaneja em entrar de uma vez. O menor está ali, de pé mexendo em algo no móvel próximo à cama dele. Mark se sente internamente satisfeito ao vê-lo ali, em suas roupas confortáveis de ficar em casa.

— Quando chegou? Não te vi chegar — pergunta ao amigo se aproximando para ver o que está fazendo, mas Donghyuck ao ouvir sua voz guarda o que quer que fosse dentro de uma gaveta e a tranca, virando-se para o hyung.

— Sei lá, não prestei atenção na hora — responde e passa reto pelo mais velho já tirando seu celular do bolso da calça de moletom, se jogando na cama comumente bagunçada.

          Mark encara o mais novo com uma pequena expressão confusa, como uma mini careta. Ok que o Lee é uma pessoa de personalidade forte e distinta, que pode agir estranhamente às vezes, mas o que é isso? Geralmente o mais novo não perde a oportunidade de falar pelos cotovelos ou de importunar Mark, e agora está ali, simplesmente... Simplesmente... A cabeça de Mark quer completar com um "simplesmente não me dando atenção", mas ele se recusa a isso.

          Sem saber o que fazer, Minhyung anda pelo quarto em busca de algo para fazer, acabando por mexer nos móveis enquanto lança alguns olhares para a cama do mais novo, que parece entretido demais com um jogo qualquer.

— O que fez por esses dias? — Mark pergunta se aproximando da cama do outro e sentando na ponta, querendo puxar assunto. Talvez estivesse com falta dele por ter passado tantos dias distante, talvez quisesse conversar com ele para matar a saudade.

          A resposta demora a chegar, Donghyuck nem mesmo tira os olhos de seu jogo.

— Você sabe o que eu estava fazendo, temos uma agenda compartilhada — responde curto e direto, a voz baixa, e Mark não gosta disso. Desses momentos em que o dongsaeng apenas tem olhos para seus jogos e nada mais.

— Por que está falando assim comigo? Pare de jogar, Hyuck — Mark pede, fazendo um gesto com a mão como se fosse empurrar o celular do amigo para cair.

— Falando assim como? - Donghyuck o olha e se ajeita na cama, sentando encostado na cabeceira apoiado em um travesseiro e uma careta de desgosto em seu rosto. — Não vou parar de jogar, sai da minha cama.

          Quando o mais novo volta a atenção ao jogo, Mark se estressa e se chateia. Donghyuck nunca o trata dessa forma.

— Está falando formalmente comigo e me ignorando, o que eu te fiz? — se aproxima do menor, se arrastando pela cama até estar sentado exatamente ao lado do outro.

          Donghyuck não o olha, mas forma um bico estressado enquanto encara a tela do celular, mexendo os dedos de forma incongruente.

— Você nem mesmo está jogando, aigoo — reclama o mais velho empurrando-o ao perceber que aquilo é só uma artimanha para não lhe dar atenção.

          Ao que Mark o empurra seu celular cai no colchão, e Hyuck olha o mais velho visivelmente estressado.

— Pode me deixar em paz, hyung? Me deixe em paz — Donghyuck reclama pegando o celular de volta e levantando da cama pelo lado oposto ao que Mark está sentado.

          "Hyung"?

— Donghyuck, me fala, está irritado comigo? — o mais velho pergunta ainda sentado na cama, o corpo virado para trás para observar o que o moreno faz.

          Lee apenas procura por um casaco em sua mochila jogada no chão e o veste, indo para o meio do quarto buscar por outra coisa, ignorando o mais velho. Quando Mark percebe que o outro irá sair, se levanta e para em sua frente, barrando a passagem do outro até a porta. Donghyuck tenta passar umas três vezes e Mark o impede, sem sair da frente, até que o mais baixo bufa.

— Eu sou obrigado a falar com você agora? — explode o menor, seu estresse é mais que visível.

          Mark se surpreende e abre os olhos mais que o normal pela atitude do saeng. O que diabos ele fez?

— Você não é obrigado, mas o que eu te fiz? Você do nada...

— Sai da minha frente, Minhyung — Donghyuck o empurra não tão de leve para trás, se aproximando um passo, ficando mais perto do mais velho. Mark quase pode se sentir intimidado pelo que quer que seja que o mais novo está sentindo. — Você me ignora todo dia, me trata mal todo dia, se estressa comigo todo dia, e eu não tenho esse direito? — embora o mais velho o olhe perplexo e sem reação e Donghyuck possa sair dali sem mais objeções, não o faz. Precisa falar, mas é interrompido.

— Eu não te ignoro e nem te trato mal — Mark responde em tom normal, se sentindo injustiçado, mas tudo que recebe é um revirar de olhos.

— Ah, você jura? — o tom debochado do mais novo faz Mark sentir-se mal, seu tom de voz soa quase magoado. — Você faz isso sempre. Todo dia. Age como se eu fosse um nada, vive me dispensando e me dando foras, me maltratando e me largando na primeira oportunidade pra ficar com os outros ou quem quer que seja. Vem atrás de mim depois e age como se nada tivesse acontecido, agindo como meu melhor amigo e querendo fazer coisas de melhores amigos, pra na primeira oportunidade me desprezar de novo — Hyuck joga todas as palavras em cima do Lee mais velho, as guardara por tanto tempo em sua cabeça e nunca antes havia pensado em proferi-las.

          O mais velho fica sem palavras nos primeiros segundos, jamais imaginara que o moreno via as coisas daquela forma.

— Isso não é verdade — diz por fim, ele não acredita que faz aquelas coisas porquê ele simplesmente não faz. Ele não "despreza" ou "larga" Donghyuck, que história é essa? Mas Donghyuck apenas cruza os braços com uma risada debochada, evitando contato visual com o mais velho. — É sério! Eu sempre te dou atenção e te trato normal, falo normal com você, mesmo você sendo... — parou por um momento, procurando a palavra certa. Donghyuck o olha, no fundo de seus olhos. E Mark sente como se estivesse o perdendo, de alguma forma.

— Mesmo eu sendo... — Donghyuck o incentiva, seu tom de voz já não é mais tão energizado. Soa murcho.

          Mark abre e fecha a boca em busca da palavra certa, mas não a encontra. Em dias normais diria na lata: mesmo você sendo um chato. Mas esse dia está longe de ser normal, e sente como se qualquer coisa pudesse chatear o outro. Ele nunca pensou que chatearia Hyuck, aquele papel era do mais novo!

— ... irritante — Donghyuck completa por si próprio a sentença do mais velho, rindo sem achar graça e os olhos perdido pelo cômodo.

— Não! — Mark nega e bagunça os cabelos, se sentindo agoniado. — Droga, Donghyuck! O que foi? Por que está assim? Está agindo como se fôssemos um casal e estivéssemos discutindo a relação — diz exasperado e nervoso por ter os olhos do de cabelos castanhos o encarando sem expressão. — Eu só... A gente sempre agiu assim, então o que aconteceu agora? Você gosta de me provocar e eu já estou acostumado, mas eu nunca te "largo" — faz aspas com os dedos — ou coisa do tipo. Você é meu amigo e eu também tenho outros amigos.

          Por mais que Mark queira falar mais, sente como se estivesse se explicando por algo e Donghyuck estivesse o odiando a cada palavra proferida. Então, apenas fica olhando o mais novo parado à sua frente, que o olha de volta, mas com uma intensidade muito maior. Donghyuck parece estar olhando através de si, e isso faz Mark se sentir estranho. Sentir como se estivesse mesmo fazendo algo de errado.

— Está bem — Donghyuck diz por fim, se afastando alguns passos para trás. — Se você se incomoda tanto comigo, o que estou fazendo é te deixando em paz. Não precisamos discutir sobre isso já que não somos um casal, então apenas vamos deixar as coisas assim — Donghyuck passa reto pelo mais velho de forma rápida e sai pela porta já aberta a passos rápidos.

— Como assim, Donghyuck? — Mark vai atrás do mais novo pelo corredor. — O que quer dizer com isso? Eu nem me incomodo de verdade, eu...

— Mas EU me incomodo, Mark! — Donghyuck grita ao parar, virando para trás, quase fazendo com que o hyung esbarre em si. Os olhos arregalados e a expressão estressada assustam Mark. — Você é tão burro assim que não percebe? Me deixa em paz, que eu vou te deixar em paz. Vê se me erra — o mais novo vira as costas e sai dali, virando o corredor tão rápido que Mark nem se lembra de vê-lo o fazendo. Escuta uma conversa e em seguida a porta batendo forte, mas permanece parado sozinho no corredor, absorvendo as informações.

          Sabe que não trata Donghyuck cheio de amores, mesmo que ele seja uma pessoa afetiva. Donghyuck também é uma pessoa afetiva e que gosta de contato, mas embora eles sejam colados um ao outro, as provocações estão presentes na maior parte do tempo. Desde crianças que têm esse tipo de amizade, Mark não entende.

— Brigaram? — Mark escuta alguém de repente e leva um susto, olhando para o início do corredor e vendo Nakamoto parado ali, o celular agora em mãos.

— Ah, sim — Mark conta e se pergunta se o mais velho realmente não ouviu toda a discussão, já que o quarto nem é tão longe assim da sala. — Mas isso é normal, não é? — sorri sem graça passando caminhando pelo corredor até o mais velho, com a intenção de comer algo. Ainda é fim da manhã e muitas coisas já estão acontecendo.

— Não, as brigas de vocês nunca são sérias — Yuta responde sério e preocupado ao que o mais novo passa por si, o seguindo até a entrada da cozinha.

— E dessa vez foi? — Mark pergunta nervoso, fuçando os armários sem saber pelo que procura.

          Yuta não responde, apenas suspira observando o mais novo. Ouvira apenas algumas partes da discussão, e de longe pode dizer que não era assunto bobo a ser deixado de lado.

— Tem rámen na prateleira de cima. — E sai dali, deixando Mark sozinho e suspirando, com as mãos na cabeça e coração a mil.

~

HAECHAN
'tão no dormitório?

JENO
Eu, Sung e Le estamos
Por que?

HAECHAN
Estou indo até aí

JENO
Acabou a comida do seu dormitório?
Jisung e Chenle comeram todo o almoço, nem adianta

HAECHAN
Idiota, eu nem 'tô pensando em comida
Mas eles comeram tudo mesmo?

JENO
Fala logo o que você quer

HAECHAN
Já disse que 'tô indo aí
É só isso tchau

~

— Não vai jogar hoje? — pergunta o mais velho assim que vê Donghyuck na porta de seu quarto.

— Não — responde emburrado entrando no quarto e se sentando na cadeira do computador com tudo, cruzando os braços contra o peito e encarando o chão.

— Ahn... — Jeno percebe que o amigo está irritado e chateado, luzes neon seriam mais discretas que sua expressão raivosa.

          Como o moreno é uma pessoa difícil de lidar, Jeno dificilmente sabe a coisa certa a dizer sem que o outro exploda em xingamentos. Então, se levanta de sua cama e senta na beirada, próximo ao outro, observando como o bico enorme nem se move. Não é estranho os meninos irem ao dormitório um do outro, mas Donghyuck está sempre na cola de Mark. Quando Mark chega, pode-se esperar que logo apareça Donghyuck atrás.

— Fala o que aconteceu que eu prometo só falar se você deixar — diz ao amigo, vendo-o suspirar frustrado.

          Donghyuck pensa bem no que falar antes de abrir a boca.

— É o Mark — conta com a voz irritadiça, os olhos fixados no chão de madeira. Jeno se ajeita no lugar, já imaginava sobre o que Hyuck falaria. — Ele é um total idiota e eu não quero mais dividir quarto com ele, é isso.

          Jeno sente vontade de soltar uma risadinha mas se contém, antes que Donghyuck o agrida ou desista de falar e vá embora.

— O que aconteceu dessa vez? — pergunta se apoiando nos braços encostados na cama, tentando alcançar seu celular sobre o travesseiro.

— Eu acabei de falar que o Mark é um idiota, tá surdo? — se irrita, olhando o amigo com expressão indignada e se movendo desconfortável na cadeira.

— Hyuck, é sério, você sabe que pode falar sobre isso comigo — Jeno fala calmo, atraindo o olhar de Donghyuck para si. Ele sabe do afeto que o mais novo sente por Mark, eles já haviam conversado superficialmente sobre o assunto, até Donghyuck se dar conta e ir embora fingindo que nada havia acontecido.

          Pensativo, o mais novo se inclina e apoia os cotovelos nas pernas, pondo o rosto nas mãos. Ele está tão agoniado por Mark o tratar daquela forma...

— Você sabe que eu gosto dele — o menor começa, e Jeno assente mesmo não podendo ser visto. Está surpreso por Donghyuck falar isso em voz alta. — Somos amigos há tempos e eu sei que vamos continuar sendo, mas porquê ele não pode me tratar direito? — o mais novo começa a soltar as palavras, levantando o rosto e gesticulando aflito. — Somos todos mais novos que ele mas ele me trata como... Aish! Ele ainda é meu hyung! — reclama indignado, os dedos apontando para si mesmo e os olhos arregalados na direção de Jeno. — Por que ele não pode me tratar como um dongsaeng, ao invés de ficar sempre me rejeitando?

— Hyuck — Jeno começa cauteloso, um tanto nervoso sob o olhar acusador do amigo. — Vocês sempre foram assim um com o outro, você também é assim com ele.

— Eu?! — o moreno faz uma careta e se joga mais de contra a cadeira. Não sabe o que dizer, sabe que perturba a vida de Mark desde que se conheceram ainda crianças.

— Sim, você provoca o hyung, provoca todo mundo — Jeno fala com o celular passando por suas mãos para aliviar a ansiedade que a conversa está causando. — Mark hyung é o que mais tem paciência com suas brincadeiras, Hyuck, também é o que sempre ri de tudo que você faz.

          O mais novo escuta as palavras e as absorve. Se sente agitado, nervoso e chateado. Sai da cadeira e senta ao lado do amigo na cama, pensativo enquanto Jeno o olha com carinho. Poxa, Donghyuck sabe que Mark é paciente consigo, mas ele quer mais do que apenas sua paciência. Ele não é uma criança, é tão errado pedir por mais?

— Ele pode ser muito legal quando estamos todos juntos — Donghyuck começa com a voz calma e baixa, olhando para as próprias mãos sobre seu colo. — Mas no dormitório ele nem quer saber de mim. Me dá foras e fica me mandando calar a boca, e quando ele faz isso eu me sinto chateado — revela ao mais velho, e Jeno o olha surpreso. Quando Donghyuck ficara tão sentimental? E ainda falando sobre seus sentimentos? — Vocês também fazem isso, mas... Sei lá. Eu nunca falo nada, porque ele é só meu amigo. Eu sei que vai continuar sendo sempre meu amigo, mas você não acha que até amigos precisam se tratar bem? Como meu hyung, você não acha que ele deveria me tratar mais... Ah, eu sou tão idiota. — O mais novo sente os olhos quentes e pressiona as pálpebras com força, esfregando as mãos no rosto. Que idiota se sentia por estar chorando por Mark.

          O mais velho ali fica sem saber o que fazer, sente o coração apertar por ver o amigo naquela situação. Jeno se aproxima mais de Hyuck, passando seu braço direito por seus ombros, em um meio abraço. Enquanto o menor mantém aos mãos sobre o rosto, Jeno faz um breve carinho em seu ombro, com cuidado. Hyuck é uma pessoa afetiva, mas os dois nunca tiveram um momento como esse.

— Desculpa, eu não sei o que dizer — o Lee diz baixinho pro amigo, que apenas assente devagar, ainda com as mãos no rosto. — Eu não vejo as coisas assim, porque não sou eu que estou gostando dele. Mas o que eu vejo, é que o hyung gosta sim de você, não importa de que forma. Você pode falar com ele sobre ele te tratar melhor, ou...

— Eu falei com ele. — diz tirando as mãos do rosto, olhando pro amigo que ainda se mantém perto com o meio abraço.

— Sério? E o que disse? — pergunta curioso vendo os olhinhos um pouco vermelhos do amigo.

— A gente brigou, seu burro, por isso eu tô aqui — conta irritado, mas num tom baixo e sem sair do abraço.

— Vocês o quê?! O que você disse?

Escrito em 27 de agosto de 2018

Notas:

eu simplesmente AMO esse plot, e lááá em 2018 eu tida toda a ideia da fic na minha mente, desde esse bate-boca até eles se reconciliando, pedidos de desculpas etc, mas nunca mais escrevi sobre e acabou ficando por isso mesmo TT

eu até tenho rastros do desenrolar do plot em uma conversa com uma amiga, mas isso foi, tipo... antes da pandemia? e é meio impossível de achar, então eh isso... sem contar que agora os meninos já cresceram e esses personagens ficaram meio ''ultrapassados''.