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03

Ana: Preciso passar um tempo fora...- Falei olhando pro computador, achando que estava sozinha na sala.

Flávio: Você tem que parar de fugir, Ana! - Falou alto, me assustando.- Você não pode ficar mudando ou correndo disso, uma hora vai acontecer.

Ana: Você não entende, pai...- Coloquei a mão na cabeça.- O Théo é simplesmente tudo na minha vida.

Flávio: Ninguém vai tirar ele da gente, Ana! - Sentou do meu lado.

Ana: Eu não sei cara, eu não conheço nenhum dos possíveis pais, não sei o que eles vão querer fazer, caso descobrisse da existência de um filho nosso, eles são bandidos.

Flávio: Uma hora eles vão ter que saber da verdade, o Théo é filho de um deles e não dá pra negar os fatos.- Respirei fundo e peguei o computador, me levantando.

Beijei a sua cabeça e ele falou que logo iria dormir, subi as escadas e observei meu filho dormindo no nosso quarto.

Eu era muito apegada ao Théo de uma forma inexplicável, ele nem fazia tanta questão, mas se eu pudesse passava o resto da minha vida agarrada a ele.

Ele dormia na sua cama que era em um canto do quarto e eu liguei a luz do abajur, sentando na penteadeira.

Fiquei ali olhando mais alguns lugares legais e possíveis para eu e meu filho conhecer, até me bater a lembrança que eu poderia conseguir rastrear o carro, pois iria custar muito caro pro meu pai.

Respirei fundo olhando pela janela e me sentei na cama, abrindo o aplicativo de rastreamento. Procurei o modelo do carro e como esperado, já estava desativado.

Eu tava com a mente longe, cheia de preocupação e coisa ruim na mente, mas não tinha mais o que fazer, apenas relaxar pra não surtar.

▪▪▪

Théo: Mamãe...- Escutei uma voz e alguém batendo no meu rosto.

Pela mãozinha pequena e o pé com meia no meu rosto também, nem precisei de muita coisa pra abrir os olhos e ver o meu filho me olhando.

Théo: Fome...- Falou devagarinho como sempre e eu sorri.

Ana: O vô não veio aqui? - Falei passando a mão no rosto e dando espaço pra ele na cama.

Théo balançou a cabeça e eu concordei, me levantei de pijama mesmo e desliguei o ar. Abrir as cortinas enquanto ele tava sentado na cama, chamei ele e descemos as escadas, indo pra cozinha.

Ele não descia as escadas sozinho de jeito nenhum, o que era estupidamente fofo pra mim, eu sou mãe né, tá no sangue ser bestinha assim.

Rosa: Oi Ana, bom dia...- Coloquei o Théo sentado na cadeira dele e sorri pra ela.

Ana: Bom dia, tudo bem? - Ela sorriu pra mim, enquanto colocava as coisas em cima da mesa.

Rosa: Seu pai pediu pra avisar que saiu um pouco mais cedo hoje por conta de alguns problemas, pediu pra você assim que acordar ir pra lá.

Ana: Logo hoje que eu ia dar uma volta com ele...- Olhei pro Theo que brincava com a colher.- Mas tá bom, obrigada.

Théo: Ali...- Falou apontando pra maçã na mesa e eu peguei ela e pedi um prato pra tirar a casca.

A Rosa era a mulher que trabalhava aqui em casa, era novinha com 30 anos ainda. Morava em uma comunidade e ela foi a nossa primeira procura quando nos mudamos pra cá, para ajudar na organização e limpeza da casa.

Coloquei primeiro a comida do baby enquanto a Rosa lava as roupas lá atrás, depois de deixar ele comendo foi a minha vez.

Depois disso, ele ficou enrolando pra ir tomar banho e eu acabei deixando ele assistindo desenho enquanto fui cuidar do meu banho.

Desci pra pegar ele que fez um pequeno escândalo besta e eu nem perdi tempo, jogando ele na água. Quando estávamos prontos, pedi pro motorista da casa levar a gente pra concessionária e cheguei lá vendo tudo lotado.

Agradeci aos céus porque talvez assim iríamos repor a perda de um carro, ou não.

Ana: Meu pai tá onde? - Perguntei a Débora, uma das recepcionistas daqui também.

Eu tinha várias funções aqui dentro, as vezes ajudando nas vendas, propagandas, as vezes negociando e  fazendo nada também era uma das funções.

Ela respondeu que na sala e estava esperando por mim, carreguei o nenê até lá e entramos, meu pai tava no computador e eu me sentei.

Flávio: Preciso que você vá para Angra dos Reis apresentar um veículo a um cliente, ele é importante...- Falou me olhando.

Ana: Preciso do endereço certinho, vou ligar pra babá do Théo e pedir pra ela vim buscar ele aqui. - Ele concordou com a cabeça.

Ele me deu um papel com endereço e eu fiz careta, Flávio brincou um pouco com Théo enquanto eu ligava pra babá, ela falou que estava vindo e eu esperei ela chegar, dei as ordens certinhas e peguei o carro, indo para o destino certinho.

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