Eu não conseguia parar os soluços.

Por que isso teve que acontecer comigo?

Foi incrivelmente difícil suportar o olhar acusador de Hanni. Sua expressão de desgosto e desaprovação me deixou arrasada e envergonhada. Foi especialmente difícil aceitar porque ela era não apenas minha chefe, mas também minha amiga, e eu a admirava muito.

Ela confiava em mim, mas uma pitada de dúvida persistia, fazendo-me questionar se eu poderia trair sua confiança.

Peguei alguns lenços e limpei o nariz furiosamente, ainda chorando.

Se eu visse Yunjin na minha frente agora, eu a mataria com minhas próprias mãos.

Um som a algumas cabines de distância da minha chamou a minha atenção.

Quando entrei, não prestei atenção suficiente para perceber se alguém estava usando as outras cabines. Presumi que era evidente que ninguém estaria aqui.

Entrei sem querer no banheiro feminino da antiga ala, situada perto da ala nova, mas separada do resto do hospital por um corredor e uma escada que desce para o térreo. Atualmente, o hospital abandonou toda esta ala e ela só é usada ocasionalmente pela equipe.

Ninguém vinha aqui.

Então, quando ouvi outro som, pensei que minha mente estava tentando me assustar.

Se alguém estivesse lá, teria me ouvido chorar, e se eles tivessem me ouvido chorar, eu teria que inventar uma desculpa para explicar.

Cuidadosamente, abri a porta e não notei ninguém no banheiro.

Fui para perto da pia, abri a torneira e joguei um pouco de água no rosto.

Quando terminei, saí dali.

O longo corredor se estendia à minha frente.

Escuro e deserto.

Enquanto eu caminhava por ele e antes de me isolar num canto, não pensei muito sobre isso porque estava magoada e a minha mente estava ocupada.

Agora que estava mais calma, o medo tomou conta de mim. As luzes acima se apagaram e eu sabia que isso não significava nada, mas não pude deixar de imaginar todas as cenas de um filme de terror.

Dei dois passos e depois corri.

Quando virei numa esquina, tropecei em algo e caí no chão.

Era a enfermeira Ryujin.

Seu corpo sem vida jazia no chão em um ângulo torcido, seus olhos completamente vazios.

Ela não estava viva.

Ela estava morta.

Levantei-me, corri pelo corredor e fugi da ala abandonada.

[...]

Eu estava assustada e tremendo quando cheguei ao escritório de Hanni, nem bati na porta quando entrei.

Hanni olhou por cima de seus papéis. — Você está perdendo o juízo, acho que também está perdendo alguns modos.

Ignorei o comentário. — Hanni, a... a ala abandonada. — Gaguejei.

Todo o meu corpo tremia.

— O que está acontecendo? Por que você está agindo como se tivesse visto um fantasma?

— Enfermeira Ryujin. Ryujin, eu a vi deitada no chão. Ela estava morta. — Eu disse.

Hanni pulou da cadeira. — O quê?

— Eu vi! — Insisti.

Hanni me seguiu em direção à ala abandonada.

Levei-a até o local onde tinha visto o corpo e me assustei, minha mão indo em direção à minha boca.

O corredor estava vazio.

Não havia nenhum corpo lá.

Não havia vestígio de nada, nem mesmo uma gota de sangue.

— Hanni, eu não estava mentindo. Eu vi o corpo! Ela estava morta!

Hanni suspirou. — Já chega, Chaewon. — Ela colocou as mãos em meus ombros. — Você só está estressada com tudo que está acontecendo e está vendo coisas.

— Então você não acredita em mim?

— Você disse que tinha um corpo aqui e eu não vejo nada. Como é que eu vou acreditar em você?

Mas eu tinha visto o corpo.

Como ela conseguiu desaparecer tão rapidamente?

Eu comecei a ter alucinações?

Não discuti mais com Hanni e decidi apenas voltar para casa.

[...]

Hoon não estava, então presumi que ele estava com seus amigos.

Naquela noite, liguei para Ning e informei-a sobre a carta de suspensão. Ela ficou surpresa, mas garantiu-me que Hanni era severa e que não era culpa minha.

Tive uma sensação de alívio depois de conversar com ela.

Ela mencionou que algumas enfermeiras estavam planejando ir a uma boate com uma festa temática e tomar uns drinks neste fim de semana.

O tema era "The Dark Side"

Todos deveriam se vestir como monstros, vilões ou caveiras.

Ning me perguntou se eu queria ir também, mas recusei a oferta.

Alguns dias depois, eu disse "dane-se" e decidi ir.

Abri o meu armário e tirei um vestido roxo. Era feito de cetim e tinha um ar mais sexy, perfeito para uma boate. Foi também o vestido que usei no Halloween do ano passado.

Depois de aplicar um pouco de maquiagem, soube que tinha feito um bom trabalho. Eu parecia uma bruxa.

Coloquei um par de saltos altos que não usava há muito tempo e borrifei um pouco de perfume; Eu estava pronta para a festa.

Eu precisava de tempo para clarear minha mente com todas as coisas malucas que aconteceram, especialmente com Yunjin.

Esta parecia uma boa desculpa.

[...]

A boate não estava tão lotada quanto eu esperava.

Claro, chegamos um pouco mais cedo do que o suposto. A maioria das pessoas não apareceu antes da meia-noite.

Encontrei as garotas perto do bar. Ning estava vestida como a Harley Quinn e a enfermeira Hayoung estava vestida de vampira.

As outras enfermeiras não apareceram, o que me deixou feliz porque não as conhecia muito bem.

— Os homens estão olhando para você como se você fosse o troféu de ouro no final de uma maratona. — Ning comentou, dando uma mordida em suas batatas fritas. — Já faz muito tempo desde que você ficou com alguém.

Revirei os olhos. — Estou bem, obrigada.

— Ah, vamos lá, Chaewon! Você precisa de alguma ação! — Ela disse. — Sou sua melhor amiga, só quero te ajudar.

— Por que você não segue seu próprio conselho e procura alguém?

Ning riu. — Já o segui ontem à noite. Você se lembra do Soobin?

Soobin era o melhor amigo do meu irmão Sunghoon.

— Sim. O que há de errado com ele? Você transou com ele?

Ning fez uma careta, negando. — Você vai me julgar?

— Depende do que você for me contar.

— Bem, Soobin me ligou ontem à noite e perguntou se eu poderia cuidar da irmã mais nova dele, e eu concordei sem pensar muito. — Ela explicou. — Você sabe que Soobin não é meu tipo, e foi bastante óbvio desde o primeiro momento em que nos conhecemos, então decidimos ser apenas amigos.

Eu senti que havia uma armadilha ali.

Eu dei a ela um olhar curioso.

Ela continuou. — Coloquei Hyein para dormir, e então Minhyuk voltou para casa do trabalho.

Fiquei olhando para ela por um minuto inteiro.

Minhyuk é o pai de Soobin.

— Você ficou com ele?

— Eu sei, eu sei. — Disse Ning, sem demonstrar constrangimento ou desculpas. — Já passei muito tempo com Soobin na casa dele antes, e foi lá que conheci Minhyuk. Ele esteve na marinha, tem um corpo sexy e muita experiência em áreas que eu gostaria que os homens da nossa idade tivessem. E já que a mãe de Soobin está morta, o que isso importa?

Suspirei. — Eu não estou te julgando, Ning, mas ele é o pai do Soobin e vinte anos mais velho que você! Além disso, se Soobin descobrir que você está dormindo com o pai dele, ele vai dar em louco.

Ning tomou um gole de sua bebida. — Eu cuido disso.

Ela tinha uma expressão sonhadora no rosto.

Se ela fosse uma personagem de desenho animado, eu poderia imaginar corações saltando de seus olhos.

— Minhyuk é um homem maduro e respeitoso, ao contrário dos homens mais velhos assustadores que nos assobiam na rua. — Ela olhou para longe, e eu percebi que seus olhos estavam marejados.

Coloquei minha mão na dela. — Ah, Ning...

Ela balançou a cabeça. — Eu gostava que a vida não fosse tão complicada, Chaewon.

Ela pediu um shot de tequila e bebeu-o.

Ning não tinha daddy issues, mas eu sabia que ela nunca gostou de namorar homens da nossa idade. Ela estava mais interessada nos mais calmos, velhos e bonitos, assim como o pai de Soobin era.

— Se vocês dois se gostam e ele te faz feliz, então está tudo bem. — Eu disse sorrindo para ela.

De repente, ela estava brincalhona novamente. — Pelo menos gosto de homens mais velhos, mas e você? Eu sei o seu fetiche, Sra. Kim.

— Meu fetiche?

Ela me lançou um olhar zombador. — Você gosta dos bad guys e serial killers, tanto homens quanto mulheres.

— Cala a boca, Ning. — Eu disse, sentindo minhas bochechas esquentando.

Comecei a mexer em uma pilha de lenços de papel sobre a mesa.

— Oh, Chaewon. Eu sei que você tem algo com eles. Você é praticamente obcecada, garota.

Ignorei o comentário dela, embora não quisesse admitir; no fundo, eu era interessada em todo o tipo de pessoas erradas. É claro que não quero justificar os crimes horríveis que cometeram. Mesmo assim, minhas obsessões haviam atingido outro patamar, tanto que comecei a sentir vergonha de mim mesma, da mesma forma que tenho vergonha de estar pensando em Yunjin mais do que deveria ultimamente, principalmente porque ela havia fugido do hospital. Quase fiquei triste por não vê-la novamente.

Eu estava prestes a responder a Ning quando percebi que ela desviou o olhar para algo distante — alguém, na verdade.

— Aquele cara está olhando para nós. Não, ele está olhando para você.

Segui seu olhar para encontrar um homem de estatura mediana com cabelos verdes olhando para mim. Seu rosto estava pintado como o do Coringa, e percebi que ele era muito bonito, mesmo com toda aquela maquiagem assustadora. Ele usava um terno roxo idêntico ao do personagem e tinha o sorriso do coringa pintado na mão também.

Sua aparência me deu arrepios.

Eu queria parar de olhar, mas não consegui. O garoto começou a se aproximar de onde nós estávamos.

Ning pigarreou e pulou da cadeira onde estava.

— Eu preciso usar o banheiro. — Ela disse.

— Espere! — Ela me fez um joinha antes de correr para o meio da multidão, me deixando sozinha.

— Você tem uma boa amiga. — Disse o Coringa.

— Sim, ela consegue ser legal quando quer.

— Posso pedir uma bebida para você?

Ele deve estar cego se não consegue ver o copo de bebida bem na minha frente. E esta é a minha terceira bebida; Acho que não há como eu tomar outra.

— Obrigada, mas não aceito bebidas de estranhos. No entanto, você pode pedir palitos de mussarela. Ouvi dizer que eles têm os melhores palitos de mussarela da cidade.

Não sei o que deu em mim hoje, estou deixando um estranho pedir algo para mim numa boate!

Ele sorriu e fez o pedido.

Tive uma sensação estranha, como se já o tivesse visto em algum lugar antes.

— Eu te conheço? — Perguntei.

— Acho que não. Nós não nos conhecemos antes. — Ele respondeu, simplista. — Você fica muito bem de bruxa.

— Obrigada. — Disse.

— Você quer dançar?

Bebi o resto que tinha no meu copo e sorri. — Claro, por que não?

Ele me levou para a pista de dança e eu nem sequer perguntei o nome dele.

Ele deslizou sua mão pela minha cintura e me aproximou de si, eu não protestei, afinal, era só uma dança.

Eu podia sentir sua respiração em minha orelha.

E então sua mão deslizou para baixo.

Eu o parei. — O que você está fazendo?

Me arrependo de ter bebido aquela bebida porque ela está me deixando louca.

Ele riu. — Minha mão simplesmente escorregou.

Ele me agarrou novamente e eu dei um tapa na mão dele. — Ei.

— Me deixe em paz!

Quando ele agarrou meu pulso, gritei alto e vi uma sombra se aproximando por trás dele.

Ela colocou a mão no ombro do homem e apertou-o. — Minha namorada está lhe causando problemas?

Ela usava uma jaqueta de couro preta, uma camiseta preta e jeans também pretos e rasgados; sua altura ultrapassava a do homem em alguns centímetros.

Seu rosto estava pintado com uma caveira.

Ela sorriu para o Coringa e disse. — Peço desculpas se ela tocou em você por engano. Ela pode ser difícil quando bebe demais.

O Coringa engoliu seco e balançou a cabeça.

O rosto sorridente da mulher contorceu-se num olhar grotesco. Ela agarrou o pescoço do Coringa com um aperto mortal; seus dedos bem esculpidos também estavam pintados como ossos de esqueleto. — Você tenta mexer com algo que é meu, e vou cortar você em cubinhos e mandar para o supermercado mais próximo. Você entende?

Ele assentiu e se afastou rapidamente, e eu tive a sensação de que ele estava indo direto para seu carro.

Aquela voz e aquela ameaça.

Eu conhecia alguém que dominava a arte de ameaçar pessoas.

A mulher esqueleto caminhou em minha direção e segurou meu rosto, aproximando o seu do meu.

— Ah, Chae, como senti sua falta. Você também sentiu minha falta?

— Yunjin, o que você está fazendo aqui? — Perguntei.

— Tenho alguns assuntos inacabados, princesa.

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a capinha nova toda tchutchuca 😔🤏🏻