06.
Na manhã seguinte, quando acordei, tive uma dor de cabeça extrema. Mesmo tendo vomitado todos os medicamentos que eu havia consumido na noite passada, percebi que alguns resquícios deles permaneceram dentro do meu corpo.
Olhei pela janela do meu quarto e percebi que ainda estava chuviscando. O relógio marcava nove horas da manhã, significando que eu tinha uma hora até começar meu turno.
Eu teria de fazer um turno de doze horas hoje porque Hanni me implorou há algum tempo atrás por estarmos com falta de funcionários no hospital.
A maioria das enfermeiras preferia fugir de Yunjin, e eu não podia culpá-las.
Por causa dos meus turnos não serem fixos, eu nunca estava em casa. Então, eu e Hoon raramente tínhamos um tempo juntos como família.
Pequenas notas em post-its, mensagens de texto e ligações eram a única forma de nos comunicarmos por alguns dias.
Me levantei da cama relutantemente e fui para o banheiro.
Vinte minutos depois, eu estava vestida com o meu uniforme de enfermeira. Me sentei na cadeira na sala de jantar, comendo um pão com chocolate de pequeno almoço.
Enchi a minha garrafa térmica com café quente, peguei as chaves do meu carro e desci as escadas.
Quando me aproximei do estacionamento lembrei de ter deixado o meu carro no parque de estacionamento do hospital. Consequentemente, fiquei perto da estrada com um guarda chuva aberto, tentando chamar a atenção de um táxi.
Naquele dia, não me sentia bem em ir até ao quarto de Yunjin.
Eu sabia que esse era o meu trabalho, mas aquilo era diferente de todos os outros pacientes que eu já lidei anteriormente.
Yunjin era uma psicopata de alto desempenho, ela também era manipuladora e inteligente.
Ela parecia uma pessoa comum por um minuto, você nunca saberia se algo girasse em sua cabeça e ela estaria tramando algo que ameaçaria a sua vida.
Essa parte sobre ela me assustava.
Era o fato de não conseguir sequer ler sua mente.
Durante o dia, tentei evitar entrar no seu quarto e decidi cuidar de outros pacientes.
Instruí outra enfermeira a servir o café da manhã e o almoço de Yunjin, alertando-a sobre o comportamento manipulador e sedutor de Yunjin.
A tarde chegou e eu me sentei na cafeteria do hospital com meu colega de trabalho e também amigo.
Yeonjun, apelidado como Yeon. Ele estava falando sobre a discussão com outra enfermeira e reclamou também sobre o quanto ele queria terminar o seu atual relacionamento amoroso.
Continuei assentindo durante a conversa.
— Você nem está prestando atenção no que eu estou falando! — Choi disse.
— O quê?
— Como estão as coisas com Yunjin? Você não parece muito feliz com o novo trabalho.
— Na verdade não, Yeon. Eu sempre fui boa em lidar com pessoas como Yunjin no passado, mas de alguma forma, não está funcionando desta vez. É difícil entender.
Yeonjun concordou. — Estou surpreso que você tenha aceitado a proposta de Hanni depois de todos um rumores sobre Yunjin.
— Que tipo de rumores? — Perguntei, vendo-o se aproximar de mim e sussurrar:
— As pessoas dizem que ela nem sempre foi doida, foi como uma "mudança de chip", e ela matou a própria mãe. Você consegue imaginar? E depois disso ela saiu e matou outras pessoas da forma mais brutal possível. Foram encontradas partes dos corpos mordidas, cortadas, e... você sabe, entranhas e intestinos.
— Yeon, eu acho que consigo viver sem saber dos detalhes gráficos. — Disse-lhe, mesmo já tendo perdido o meu apetite.
— Mas... você nem ouviu a melhor parte ainda. — Ele protestou.
Eu já tinha visto coisas piores trabalhando no hospital como enfermeira, e mesmo assim o que Yeonjun me contou me causou arrepios.
— Quando trabalho com pacientes aqui, procuro não estudar seus antecedentes porque, se o fizer, posso mudar meu comportamento em relação a eles. Um paciente é um paciente, nada mais do que isso, e isso é exatamente como vejo Yunjin. Não foi isso que aprendemos na escola de enfermagem?
— Uau... você precisa relaxar, Chaewon, mas de verdade, você precisa ir hoje para casa e procurar na Internet aquela louca. Você vai se surpreender com o que vai encontrar. Existem até histórias sobre ela em Creepypastas e Fanfiction. Essa garota é uma filha da... — Ele começou dizendo quando eu tossi alto para ele não dizer nada rude na frente de todos os funcionários. — Digo... ela é uma lenda.
— Tudo bem. — Respondi, comendo o resto da minha salada. — Eu não entendo a sua obsessão por assassinatos.
Yeonjun revirou os olhos. — Eles são muito interessantes, eu acho. Eu não quero dizer que adoro todas as coisas horríveis que eles fizeram contra outras pessoas, mas eu gosto de investigar. — Ele me encarou com um olhar de "Eu sou muito-muito-muito estranho". — Você não me acha doido, pois não?
— Não se preocupe, você não é o único aqui.
[...]
Naquela tarde, contei a Hanni que Yunjin me perguntou se ela poderia tirar um dia de folga do asilo se demonstrasse bom comportamento, e antes que Hanni pudesse responder a essa pergunta, eu sabia o que ela diria.
Não!
Ela me perguntou como eu poderia propor a ideia de Yunjin ficar solta por vinte e quatro horas.
Me senti envergonhada ao sair da sala de Hanni, como um pai saindo da sala do professor segurando um relatório acadêmico ruim de seu filho.
Eu estava passando pela área de lazer dos pacientes quando ouvi gritos. Parei para olhar para Yunjin sentada em frente à televisão montada na parede e dois pacientes gritando com ela
Seus olhos estavam fixados na tela da televisão, uma expressão plena em seu rosto, e ela estava com o bocal e seus pulsos acorrentados um no outro.
Na TV estava passando uma repetição da série Friends que ninguém parecia estar prestando atenção.
Me escondi atrás da porta para ver o que estava acontecendo.
Chan, mais conhecido como Chris, gritou no rosto de Yunjin.
Chan era a causa de alguns problemas por aqui, ele era como uma praga. Tentava assediar sexualmente as enfermeiras, e sua boca era mais nojenta do que um ovo podre.
Ele estava dizendo algo sobre a irmã de Yunjin, que não tinha certeza se ela existia. Ele disse uma palavra tão vil que eu gostaria de ser surda antes de sequer ouvir. O parceiro de Chan, Minho, estava rindo de tudo o que o homem dizia.
Taehyun, um homem-garotinho, estava sentado no chão de frente para o ecrã, assistindo a série, mas eu não tinha certeza se ele entendia o que era dito. Ele balançou de um lado para o outro, chupando o polegar e ignorando completamente a luta que estava acontecendo atrás de si. Senhor Panda (o animal de pelúcia de Taehyun) também estava assistindo TV ao lado dele.
Chan continuava dizendo coisas horríveis para Yunjin e nada conseguia lhe dar uma reação vinda da garota, o que me assustava ainda mais.
Yunjin continuava fixada no ecrã, mas seus olhos se tornavam mais escuros a cada minuto.
Num momento, Chris disse. — Sua mãe ligou para o hospital ontem. Oh, espere... ela não consegue porque ela está morta. Cortada como um pedaço de carne.
Foi aí que tudo começou a dar errado.
Houve gargalhadas vindas dos garotos, e os olhos de Yunjin se tornaram em algo ameaçador quando ela literalmente chutou a sua cadeira e bateu com a mão acorrentada no rosto de Chris com tanta força que sua boca começou a sangrar.
Eu estava muito atordoada para reagir ao que estava acontecendo diante dos meus olhos.
Suas mãos se envolveram no pescoço de Chan, sufocando-o.
— Me solta! — Chan lhe dava cotoveladas, mas não estava funcionando.
Yunjin largou-o por um momento e eu achei que ela havia se acalmado por agora quando ela sacudiu seus braços com tanta força que quebrou as correntes.
Elas se quebraram em duas partes, perfurando sua pele, mas Yunjin não parecia se importar com a dor. Ela rapidamente tirou o bocal, continuou com sua boca fechada e foi aí que eu saí do meu estado de choque.
— Yunjin, pare! — Eu gritei com ela, mas era como se um interruptor tivesse desligado e ela não pudesse me escutar.
Aquilo era violento para além da compreensão.
Ela empurrou Chan contra o chão e continuou acertando seu rosto até ter o sangue do mesmo em seus punhos.
Se essa situação continuasse, eu não tinha dúvidas que Chris iria sair morto dali.
Eu tinha que parar Yunjin.
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