4CAÇADA MORTAL
Enquanto isso em Florença, Andrea Frateschi "o rejeitado", acabava de descobrir a respeito da fuga do casal, e armava um plano para ter sua amada de volta. Contratou o melhor rastreador que o dinheiro podia pagar.
— Entre Sr Salvatore, sente-se!— Disse o Conde, pegando nas mãos dele com firmeza e um sorriso "falso" no rosto.
— Vamos direto ao assunto, foste muito bem recomendado, disseram-me que não há ninguém que você não possa encontrar.— Diz Andrea, Massageando o ego do caçador.
— Estou desesperado, minha amada Lúcia foi raptada, levada no meio da noite, acredito que por um bandido.
— Tem certeza? Ela não tinha nenhum motivo para fugir meu bom conde?
— Já que mencionou, o pai dela havia dito que não comia e vivia chorando pelos cantos. Mas tu não está aqui para me questionar e sim para encontrá-la quero me casar com ela daqui a duas semanas. Diga-me o que precisa!
— É importante saber a motivação, o Barão de Verona é querido, mas ninguém pode ser tão carismático a ponto de não ter nenhum inimigo, pois bem me dê uma mecha tirada de sua escova de cabelo, e uma peça de roupa e irei encontrá-la — falou confiante aquele homem, que escondia seu rosto por debaixo de um capuz, tinha uma espada longa e uma besta que carregava nas costas, pendurada por uma bandoleira.
Após sair da presença de Andrea, tomou ele a mecha e a roupa, e intrigantemente fechou os olhos e cheirou, subiu em seu cavalo, e foi até a casa do Barão, o lugar de onde acredita-se que Lúcia foi tirada, e pôde constatar que ela saiu sozinha, pois havia somente um cheiro no momento de sua partida. Porém antes de sair, Vincenzo Coppola vê aquele tipo estranho e logo o aborda em frente a sua casa, e questiona:
— Quem é? Que faz em minha casa?
— Sou Salvatore, caçador e rastreador, fui contratado pelo Sr Andrea Frateschi para encontrar Lúcia Coppola.
— Como pôde Andrea contratar-te sem me avisar? Pois bem agora já está feito. Mas como te encontrei quero também pedir que encontre Lurdes, uma de minhas camareiras que também sumiu. Eu a enviei até Florença para buscar uns vestidos de minha esposa e ainda não voltou — solicitou Vincenzo ao caçador. Embora acreditasse que Lurdes a essa altura, já havia sido assaltada e morta pelo caminho.
— Preciso de uma muda de roupa da camareira — recebendo a peça de roupa sem demora o caçador também a cheirou.
Aceitando também esse serviço Salvatore, retirou-se dali e seguiu os dois rastros até Florença, o de Lúcia seguia para Piazza della Signoria em frente a fonte de Netuno, e sentiu a partir dali outros dois cheiros distintos, um de homem e o outro de um cavalo que em seguida rumaram em direção ao norte.
Já seguindo o rastro do cheiro de Lurdes que quase havia se extinguido, viu que em primeiro momento levava até a prisão, e em seguida rumava em direção ao o sul, e intrigado pelo fato de Andrea haver lhe dito com convicção, que era um bandido quem havia sequestrado Lúcia, Salvatore decide seguir o cheiro de Lurdes primeiro.
Partiu dali em direção ao sul da Itália, perseguindo o rastro de Lurdes até a costa de Amalfi, a procurou pelas estalagens nas proximidades da área portuária, até descobrir que tinha ido para Palermo.
Cada vez mais intrigado, a cada passo de seu cavalo, mais desconfiava que Lurdes tinha a ver também com o sumiço de Lúcia pelo fato de em primeiro momento seu rastro o levar até a prisão, e além de estar sozinha, não tinha outro motivo aparente para fugir que não este, ser cúmplice.
Salvatore, logo que chega em Palermo segue o rastro até uma estalagem chamada La Fiore del Mare, e pergunta ao taberneiro:
— Viu uma mulher chamada Lurdes meu bom homem?
— Não, e se tivesse visto não falaria, não costumo dar informações sobre os hóspedes.
— Tudo tem seu preço — disse o caçador lançando um saco de moedas de prata por sobre o balcão.
— Ela se encontra no quarto número 23, vocês não serão incomodados.
Subiu ele pelas escadas, e chegando no quarto chutou e quebrou a porta, Lurdes assustou-se, e sabendo do que se tratava corre e salta pela janela, na tentativa desesperada de fugir. Na queda ela desmaia, e quando vem a acordar está amarrada deitada por sobre o cavalo indo de volta em direção à Florença.
Ao chegarem na cidade a camareira é imediatamente entregue a Andrea, que por sua vez a conduz ao Capitão da Guarda seu amigo, que coloca um capuz sobre a cabeça dela, e a lança dentro de uma carruagem.
Sem saber para onde estava indo, o medo da morte e o desespero tomam conta, mas ela mantém-se calada durante toda a viagem, então a carruagem para, a porta abre, e por alguns minutos ela é conduzida por corredores, onde podia-se ouvir gritos, e grunhidos de ratos, o cheiro de carniça era bem forte. Até que chegaram em uma sala, onde amarraram-na numa cadeira, bateram em sua cabeça para que ficasse desacordada, e só então removeram o capuz.
Depois de algum tempo Lurdes abre os olhos, e o choque com o que vê é tão grande, que urina em sua roupa de tanto medo. Ela grita mas ninguém vem em seu socorro.
Ela vê cadáveres de homens e mulheres pendurados por ganchos, alguns pelo queixo, outros pelas costas, uns sem os olhos ,outros sem uma orelha ou a língua, viu também uma mesa cheia de cabeças, parecia um verdadeiro açougue humano, e cada vez mais tinha certeza que não sairia viva dali. Foi então que um homem forte usando um avental ensaguentado e uma máscara de porco, adentrou a sala, em sua mão trazia um braseiro, juntamente, com um ferro quente, e começa a interrogá-la.
— Para onde estava indo?— Questiona o carrasco esquentando o ferro no braseiro.
— Estava esperando um barco para a Sicília. Ia visitar uns parentes — disse Lurdes tremendo.
— Mentira! Você estava fugindo. Confessa ou será teu fim! Interroga o homem encapuzado.
— Eu roubei o dinheiro do meu senhor, o peguei para ir embora.-Fala ela entre lágrimas, e soluços.
— Você pegou o dinheiro para ajudar o bandido a sequestrar Lúcia não foi? — Perguntou o mascarado encostando o ferro quente nas pernas de Lurdes.
— Pode me matar, mas não arrancarás nem uma palavra sequer de mim, vou morrer de qualquer forma.
A tortura prossegue noite adentro, até que o carrasco com cara de porco resolve ir descansar para continuar pela manhã. Ele sai e a deixa ali queimada em seus braços, pernas e algumas marcas de chicote, já haviam sido arrancadas algumas de suas unhas, e ela chorava, sentindo a morte eminente. Quando ouve a porta da sala abrir novamente, seu corpo treme, ainda sentindo a dor, mas quando olha vê o homem a quem ela tinha subornado, que a desamarra, e a conduz pelo mesmo caminho que levou Lorenzo à liberdade, ela segue pela floresta, mas o guarda não desfrutou da mesma sorte da primeira vez, sendo no dia seguinte descoberto acaba enforcado.
Após entregar a camareira para seus torturadores, Salvatore, passou a seguir o cheiro de Lúcia que seguia em direção ao norte. Rapidamente cavalgava em direção ao seu alvo, passando por Milão, e seguindo em direção à França.
Sem saber que estavam sendo perseguidos, Lorenzo e Lúcia, decidem parar perto de um lago, para descansar e ver o pôr do sol, esquecem do tempo, e ficam perdidos entre seus beijos.
— Já decidi para onde vamos, para Paris— disse Lorenzo abraçando sua amada contra seu peito.
— Paris? Meu pai já me levou lá uma vez, é linda!
— Sim, lá podemos viver das minhas pinturas, vamos comprar uma casinha, e enchê-la de filhos.
— Mas você nem se quer pediu minha mão ainda.— acomodando-se no peito de Lorenzo enquanto observa o lago.
— Não seja por isso.- foi até a mata e pegou uns ramos que entrelaçando-os fez um pequeno anel.
— Lúcia que se casar comigo? — Disse ele ajoelhando-se e pegando em suas mãos.
— Para sempre sim — respondeu ela, com um sorriso que não se continha.
Em seguida Lorenzo a levanta olhando fixamente em seus olhos e os dois giram iluminados pela luz alaranjada do sol refletida na água, Se beijaram e seguiram, rumo ao seu sonho.
Não muito distante dali, Salvatore chega até a estalagem onde eles tiveram sua noite de amor, entrou no quarto pôde sentir o cheiro deles impregnado por todo o lugar. Saindo dali sobe novamente em seu cavalo e parte no encalço dos amantes.
— A lua está linda como seus olhos — fala Lorenzo a sua amada cavalgando despreocupado, pela noite.
— Hum, você sabe ser galanteador, mas não exagere Lorenzo.
De repente são interrompidos pelo barulho de passadas rápidas de um cavalo vindo em sua direção.
Sem se preocuparem permitem que os alcancem, pois já estavam muito longe de Florença, e não se passava em suas mentes que seria possível estarem sendo alcançados naquele momento, ainda que imaginassem estarem sendo perseguidos, acreditavam estar muito à frente de quaisquer perseguidores.
Logo o cavaleiro se emparelhou a eles, e apontando uma besta para Lorenzo ordena!
— Largue a moça! Solte-a e pode seguir viagem, não tenho ordens a seu respeito — diz Salvatore ao pintor.
— Nunca! Ainda que custe a minha vida.
Lorenzo sempre procurou um verdadeiro sentido para sua vida, e acreditava que a arte em forma de pintura tinha esse significado, até encontrar o amor, que passou a ser seu único tesouro sua razão de viver, preferia morrer a passar um instante sequer longe de Lúcia.....
Começa a gotejar, e os pingos vão ficando cada vez mais fortes até que a chuva aperta , enquanto os homens fitam seus olhos entre si , como que um presságio dos céus sobre o que estava por vir.
— Fuja meu amor, eu te alcanço em seguida — sussurrou Lorenzo nos ouvidos dela. Que por sua vez tomou as rédeas do cavalo e partiu.
Logo Lorenzo saltou para cima de Salvatore, e juntos caíram de cima do cavalo dele na lama, enquanto Lúcia fugia. A besta caiu das mãos de Salvatore e ambos lutavam com seus punhos, rolando na lama enquanto a chuva caía e espalhava o sangue pela terra encharcada , até que o caçador ficou desacordado após ter sido golpeado por Lorenzo na cabeça com uma pedra. Ele não perdeu tempo e foi ao encontro de Lúcia ainda cambaleante da batalha.
— Oh meu amor o que fizeram com você? Pergunta ela com lágrimas nos olhos enquanto o encosta numa árvore e começa a limpar suas feridas.
Antes mesmo que pudesse responder ele desmaia, e num breve abrir de olhos vê Lúcia repentinamente entrar em sua frente gritando:
— Não! — Grita ela enquanto corre pra frente de Lorenzo na tentativa de salvá-lo.
Enquanto Lúcia cuidava dos ferimentos dele, vê o caçador sair da mata e apontar sua arma para Lorenzo, e sem hesitar a dispara . Lúcia atravessa na frente abraçando Lorenzo e a seta atravessa os dois, Atingindo o coração dela e o peito direito dele.
Salvatore, então percebendo o grande erro que cometeu, vai cabisbaixo até os dois, e remove a seta, toma o corpo de Lúcia em suas mãos, já sem respirar, põe no cavalo, e ruma de volta a Florença , no meio da chuva , deixando o corpo de Lorenzo para trás ...
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