Pessoas Normais
"Sempre houve algo dentro dela que os homens quiseram dominar, e o desejo que têm de dominação pode ser muito parecido com a atração, até mesmo com o amor. Na escola, os garotos tentavam arrebentá-la com crueldade e desprezo, e na faculdade os homens tentavam fazê-lo com sexo e popularidade, tudo com o mesmo objetivo de subjugar a força de sua personalidade. Ficava deprimida em pensar que as pessoas eram tão previsíveis."
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"A literatura, como aparecia nessas leituras públicas, não tinha potencial como forma de resistência nem nada disso. Porém, Connell foi para casa naquela noite e releu algumas anotações que andava fazendo para um novo conto, e sentiu a velha batida de prazer dentro do corpo, como assistir a um gol perfeito, como o movimento rumorejante da luz através das folhagens, um fraseado musical da janela de um carro que passa. A vida propicia esses momentos de alegria, apesar de tudo."
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"Que ridículo, ele diz. Não vou pra Nova York sem você. Eu nem estaria aqui se não fosse por você.
É verdade, ela pensa, ele não estaria. Estaria em outro lugar, levando uma vida totalmente diferente. Seria diferente até com as mulheres, e suas aspirações sobre o amor seriam diferentes. E a própria Marianne, ela seria outra pessoa, totalmente diferente. Teria sido feliz um dia? E que tipo de felicidade poderia ser? Todos esses anos eles foram como duas plantinhas, dividindo o mesmo pedaço de terra, crescendo um ao redor do outro, se contorcendo para criar espaço, tomando certas atitudes improváveis. Mas, no fim, ela fizera algo por ele, tornara uma nova vida possível, e sempre poderá se sentir bem por conta disso."
- Pessoas Normais, de Sally Rooney -
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