Corte de Asas e Ruína (#3)
"Não tinha certeza se nascera com a habilidade de perdoar. Não por terrores infligidos àqueles que eu amava. De minha parte, não importava — não tanto. Mas havia um pilar fundamental de aço dentro de mim que não podia se dobrar ou quebrar. Não podia suportar a ideia de deixar aquelas pessoas saírem impunes pelo que tinham feito."
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"— Sou Grã-Senhora da Corte Noturna — revelei, em voz baixa, para todos.
Até mesmo Eris perdeu a expressão de deboche. Os olhos âmbar se arregalaram, algo como medo agora tomava conta das suas íris.
— Grã-Senhora? Não existe tal coisa — disparou um dos irmãos de Lucien.
Um leve sorriso se abriu em minha boca.
— Agora existe.
E estava na hora de o mundo saber."
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"— Quando entrar em erupção, menina, certifique-se de que seja sentido através dos mundos."
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"— Mas Nestha não apenas conquistaria a morte. Ela a saquearia."
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"— Nós, Rhys, Cass e eu, de vez em quando nos lembramos de que o que achamos ser nossa maior fraqueza pode ser, às vezes, nossa maior força. E que a pessoa mais improvável pode mudar o curso da história."
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"— Será preciso tudo, sabe? — prosseguiu o rei, casualmente. — Para tentar me impedir. Tudo o que você tem. E, ainda assim, não será o bastante."
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"Se Rhysand era a Noite Triunfante, eu era a estrela que só brilhava graças a sua escuridão, a luz apenas visível por sua causa."
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"— Se você não tivesse roubado minha noiva na calada da noite, Rhysand, eu não teria sido forçado a tomar medidas tão drásticas para recuperá-la.
— O sol estava brilhando quando deixei você — corrigi, baixinho."
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"— Eles são minha família — expliquei, para as sobrancelhas erguidas que recebi ao servir o encantador de sombras. Tamlin apenas sacudiu a cabeça, enojado, e, por fim, deslizou aquela garra de volta para dentro. Mas encontrei o olhar incandescente de Eris, e minha voz soou tão fria quanto a expressão de Azriel quando falei: — Não me importo se somos aliados nesta guerra. Se insultar minha amiga de novo, não o impedirei da próxima vez."
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"Se Elain era uma flor naquele acampamento de guerra, então Nestha... ela era uma espada recém-forjada, esperando para tirar sangue."
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"— Apenas você pode decidir o que a destrói, Quebradora da Maldição. Apenas você."
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"— Deixe este mundo... um lugar melhor do que o encontrou.
E, quando o peito se elevou e parou de vez, quando seu fôlego escapou em um último suspiro, entendi por que o Suriel fora ao meu auxílio repetidas vezes. Não apenas por bondade... Mas porque ele era um sonhador."
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"— Lembre-se de que você é uma loba. E não pode ser enjaulada."
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"Sabíamos — todos nós sabíamos. Sabíamos que não sairíamos com vida daquele campo de batalha."
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"— Queria ver se você era digna de ser ajudada — prosseguiu o Entalhador. — É raro uma pessoa encarar quem realmente é e não fugir, não ser destruída por isso. É o que o Uróboro mostra a todos que o buscam: quem são, cada centímetro desprezível e profano. Alguns olham para o espelho e nem percebem que o horror refletido são eles, mesmo que o terror os deixe loucos. Alguns entram com arrogância e são arrasados pela pequena criatura medíocre que encontram no lugar. Mas você... Sim, de fato é rara. Eu não poderia arriscar deixar este lugar por menos."
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"— Querem o discurso inspirador ou o desanimador? — perguntou ele.
— Queremos o verdadeiro — respondeu Amren.
Rhys esticou os ombros, fechando elegantemente as asas atrás do corpo.
— Acredito que tudo acontece por um motivo. Se é decidido pela Mãe, pelo Caldeirão ou por alguma trama do Destino, não sei. Não me importo. Mas sou grato por isso, o que quer que seja. Grato por ter trazido todos vocês para minha vida. Se não tivesse... eu poderia ter me tornado tão terrível quanto o porco que enfrentaremos hoje. Se não tivesse conhecido um guerreiro illyriano em treinamento — disse Rhys para Cassian —, não conheceria a verdadeira profundidade da força, da resiliência, da honra e da lealdade. — Os olhos de Cassian brilharam forte. Rhys disse a Azriel: — Se eu não tivesse conhecido um encantador de sombras, não saberia que é a família que você faz, não aquela em que nasce, que importa. Não saberia o que é ter esperanças de verdade, mesmo quando o mundo lhe diz para desistir. — Azriel fez uma reverência em agradecimento.
Mor já chorava quando Rhys falou com ela.
— Se não tivesse conhecido minha prima, jamais saberia que a luz pode ser encontrada até mesmo no mais escuro inferno. Que bondade pode prevalecer mesmo em meio à crueldade. — Mor limpou as lágrimas ao assentir.
Esperei que Amren desse uma resposta. Mas ela apenas aguardava.
Rhys fez uma reverência a Amren.
— Se não tivesse conhecido um monstro minúsculo que acumula joias com mais fervor que um dragão de fogo... — Uma risada baixinha de todos. Rhys sorriu levemente. — Meu poder teria me consumido há muito tempo.
Rhys apertou minha mão quando me olhou por fim.
— E se não tivesse conhecido minha parceira... — As palavras de Rhys falharam quando os olhos se encheram de lágrimas.
Ele falou pelo laço: Eu teria esperado quinhentos anos mais por você. Mil anos. E, se esse foi todo o tempo que nos foi permitido... a espera valeu a pena.
Ele limpou as lágrimas que escorriam por meu rosto.
— Acredito que tudo aconteceu exatamente como deveria... para que eu pudesse encontrá-la. — Rhys beijou mais uma lágrima para limpá-la.
E então, ele falou para minhas irmãs:
— Nós não nos conhecemos há muito tempo. Mas tenho de acreditar que vocês foram trazidas aqui, para nossa família, por um motivo também. E talvez hoje o descubramos.
Rhys observou todos de novo... e estendeu a mão para Cassian. Cassian a aceitou e estendeu a outra mão para Mor. Então, Mor ofereceu a dela a Azriel. Azriel, para Amren. Amren, para Nestha. Nestha, para Elain. E Elain, para mim. Até que estivéssemos todos ligados, todos unidos.
— Caminharemos para aquele campo — declarou Rhys. — E só aceitaremos a Morte quando ela vier nos puxar para o Outro Mundo. Lutaremos pela vida, por sobrevivência, por nossos futuros. Mas, se ficar decidido por aquela trama do Destino ou pelo Caldeirão ou pela Mãe que não sairemos daquele campo hoje... — Rhys ergueu o queixo. — A grande alegria e honra de minha vida foi conhecê-los. Chamar vocês de minha família. E sou grato, mais do que posso expressar, por ter recebido esse tempo com vocês.
— Somos gratos, Rhysand — ecoou Amren, baixinho. — Mais do que você sabe.
Rhys deu um leve sorriso a ela quando os demais murmuraram em concordância.
Ele apertou minha mão de novo ao dizer:
— Então, vamos fazer Hybern amaldiçoar o dia em que nos conheceu."
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"— Quem encontrou Vassa? — perguntou Nestha, com aquele mesmo tom inexpressivo. Como se ela, de alguma forma, já soubesse.
Aqueles navios humanos velejavam para mais perto. Muitos — muitos deles, empunhando uma diversidade de bandeiras que eu começava a enxergar graças à visão feérica.
— Ele se chama Príncipe dos Mercadores — disse Drakon. — Aparentemente, descobriu que as rainhas humanas eram traidoras há meses, e anda reunindo um exército humano independente para enfrentar Hybern desde então. Conseguiu encontrar a rainha Vassa, e, juntos, eles reuniram esse exército. — Drakon deu de ombros. — Ele me contou que tem três filhas que vivem aqui. E que fracassou com elas durante muitos anos. Mas não fracassaria dessa vez.
Os navios na frente da armada humana se tornaram claros, assim como as letras douradas nas laterais.
— Nomeou os três navios pessoais em homenagem a elas — disse Drakon, com um sorriso.
E ali, velejando à frente... Vi os nomes daqueles navios.
Feyre.
Elain.
E, liderando a investida contra Hybern, disparando sobre as ondas, determinado e sem um pingo de medo...
Nestha.
Com meu pai... nosso pai no leme."
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"Elain saiu de uma sombra e enfiou Reveladora da Verdade até o cabo na nuca do rei de Hybern enquanto lhe grunhia ao ouvido:
— Não toque em minha irmã."
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"Levei um momento para entender. O que vi.
Rhys estava jogado no chão rochoso, as asas abertas atrás do corpo.
Ele parecia estar dormindo.
Mas quando inspirei...
Não estava ali.
Aquela coisa que se erguia e descia com cada fôlego. Que ecoava cada batida do coração.
O laço da parceria.
Não estava ali. Tinha sumido.
Porque o peito... não se movia.
E Rhys estava morto."
- Corte de Asas e Ruína, de Sarah J. Maas -
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