Bônus Dois
Eduardo Martins:
Cinco meses depois....
Acho que o tempo passa em segundos para mim nesse período. Quer dizer, depois do ano tumultuado que tive e a minha família também, adorei a calmaria que tivemos nos últimos cinco meses. Então, volto a ressaltar que o tempo voou para a minha família. Afinal, a adoção de Pietro deu certo e perante a lei, tornou—se oficialmente filho de Miguel, junto dos gêmeos. E, finalmente, os filhos de Edu e Marcos nasceriam em breve.
Edu e Marcos ficaram felizes quando perceberam que recuperei todas as minhas memórias. No entanto, Edu ficou estranho por causa do meu relacionamento com Dener. Conversamos, e ele disse que vai tentar o melhor para compreender. Mas nem tudo foi um mar de rosas. Depois disso, para aqueles que não são da minha família, as coisas não foram bem. Julia deixou o irmão no dia do nascimento do filho dela, e Manuel surtou, nem querendo ficar com o bebê. Como Erick era o pai, Rosangela pegou o bebê e aproveitou que ela já tinha comprado algumas coisas de bebê, levando—o para casa e fazendo amizade com Elsie, que adorou ter um novo bebê para fazer companhia.
Quanto a Manuel, não tivemos notícias dele desde o surto no hospital após saber da irmã. Imagino como ele se sentiu ao perder a irmã.
Erick voltou ao trabalho, mas o deixamos responsável por organizar os outros capatazes e se concentrar na lesão dele. Percebi que ele estava um pouquinho estranho esses dias, mas não perguntei, pois não gosto de me intrometer na vida dos outros.
Meu namoro com Dener foi se tornando cada vez melhor, e todos na casa gostam dele, até os gêmeos. Ele ajuda na cozinha quando está em casa, e para completar, só não contei para o Edu ainda sobre isso.
A gravidez de Arnold completou cinco meses, e ele, junto de Thomas, decidiu saber o sexo do bebê na hora do parto, que acontecerá daqui a quatro meses. Todos ficamos ansiosos com isso, pois será uma surpresa, e o mais importante é que terá muito amor.
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Balanço a minha cabeça a ouvi um Choraminguei que parece um resmungo, sabia que era de um bebe lembro que Miguel, era do mesmo jeitinho. Elsie ficou feliz ao reconhecer quem seria que levantou a cabeça animada do meu colo e desistindo da mamadeira.
E olhamos para as escadas e descendo está Mark que segurava Júlio que chorava amplamente.
— Tio Mark, Júlio acordou? — Giulio perguntou.
— Ele vai poder brincar com a gente? — Adele perguntou.
Engraçado, ambos estavam brincando no chão da sala e fazendo suas perguntas se o Alison seria o pai deles também em breve. Foi só ouvir o Júlio chorar que todos direcionaram seus olhares para ele. Abandonaram as brincadeiras e as perguntas para ir até o bebê e a pessoa que o segurava. Até Elsie queria fazer o mesmo, embora com seus seis meses estivesse sendo muito apressada para andar. Isso me arranca uma risada toda vez que reparo nisso, enquanto a coloco no chão e vou na direção que os irmãos foram, com ela tentando dar seus passinhos comigo apoiando-a.
— Acordou, mas como eu falei, ele ainda é pequeno para poder brincar — Mark disse com um sorriso. — É só manha de ficar sozinho no berço, lembra que a Elsie era desse jeito.
— Vai demorar para ele aprender? — Giulio perguntou.
— Vai! — Mark respondeu. — Mas quer me ajudar com ele? Aposto que ele quer ir para a cozinha com o tio favorito dele e os primos.
Coloquei Elsie no andador, já sentindo minhas costas doendo, e assim os cinco foram para a cozinha, calmamente, com o bebê que choramingava de manha.
E só fiquei eu na sala, Miguel e Alison saíram junto com Pietro, Arnold e Thomas para comprar alguma coisa. Quando pensei em ligar para falar com o Dener, recebi uma video-chamada do Edu.
Peguei o celular, desbloqueei a tela e vi o sorriso do Edu do outro lado, parecia todo feliz.
— Oi, pai! — Edu disse com o sorriso aumentando. — Achei que você deve ser o primeiro do pessoal a ver a carrinha dos seus netos!
— Já nasceram — Falei. — Me mostra os rostinhos deles.
Ele virou a tela do celular, e vi os bebês nos berçários do hospital. Edu apontou para um bebê.
— Aquele é o Danilo — Edu falou apontando.
Danilo tinha a pele um pouco branca, os olhos um pouco abertos eram castanhos, e os cabelinhos ralinhos eram de um castanho escuro.
— Que lindo! — Falei, encantado com o bebê.
— Aquele é o Timmy! — Edu falou apontando para o bebê ao lado, que também tinha os olhinhos abertos.
Timmy tinha cabelos ralinhos da cor castanho claro, pele parda, e os olhos eram da cor castanho mel.
— Edu, eles são lindos — Falei. — Não vou nem brigar por não ter avisado que eles estavam para nascer.
— Desculpa, esqueci! — Edu disse. — E o Marcos nem viu eles ainda, o mesmo está dormindo após o longo parto que tirou as forças dele! A família dele já veio aqui vê-los, só falta ele conhecer os filhos.
E o outro avô paterno também conhece os outros netos.
Balancei a cabeça e sabia que iria falar com Dener que os nossos netos nasceram, mesmo ele dizendo que não quer incomodar Edu com isso ou sobre esse assunto, como sempre tem sido quando Edu liga para mim e Dener está perto, se afasta para não incomodar ou causar uma certa estranheza. Ambos têm que tentar um pouco se quiserem ter uma relação boa no futuro.
— Pai, tudo bem? — Edu perguntou.
— Sim, só estou feliz por você e Marcos! — Falei sorrindo e sabia que esse não é o momento para contar a Edu sobre minha relação com Dener Robinson. — Melhor você ir, Marcos pode acordar a qualquer momento!
— Verdade! — Edu falou. — Até, pai!
Ele encerrou a chamada, e olhei para a tela do celular, vendo que fiz a escolha certa ao não dizer essas palavras para meu filho, que está tentando ficar neutro com Dener, assim como o outro tem feito nos últimos dias. Suspirei sem saber o que fazer e me encostei no sofá, com uma dúvida em mente: por que esses dois se afastam tanto em vez de conversar um com o outro? Nos últimos dias, notei que dá para perceber que eles só não querem se aproximar para evitar magoar-se ou magoar-me.
Para mim, são dois cabeças duras. Pelo menos, tente conversar sobre qualquer coisa. Nem parece que ambos são empreendedores.
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O tempo passou, e contei a novidade para todos quando fui até a cozinha. Ao olhar pela janela, vi Erick sentado na grama com a cadeira de rodas ao lado e um papel na mão.
Resolvi ir até ele, abri a porta da cozinha e me sentei ao seu lado.
— O que está pensando? — Perguntei, e ele apenas me olhou. — Está com dúvidas em sua mente, consigo ver isso nos últimos dias.
— Não escapa nada de você — Erick disse. — Minha mãe não te contou nada?
— Não, sabia que ela escondia algo em relação a você — Falei e apontei para o papel. — Tem algo a ver com isso?
— É uma carta da Júlia! — Erick falou e me estendeu a carta. — Se quiser, pode ler!
Peguei a carta e comecei a ler:
— Querido Erick,
Se está lendo esta carta, então aconteceu o que eu temia. Durante o parto do nosso bebê, eu morri. E o deixei aos seus cuidados. Imploro a você que cuide bem dele e o encha de amor por meu lado. Afinal, nunca estarei ao lado dele para ver seus primeiros passos, sua primeira palavra ou a maneira como seus olhos brilham ao encontrar algo que ele ame.
Posso não estar aí para ver isso, mas sei quem estará no meu lugar: Luigi. No futuro, ele será um homem maravilhoso, assim como é agora. Só lhe peço tempo para que vocês dois se descubram no amor, e no momento certo, se reencontrarão. Ele foi o único sincero comigo, como uma verdadeira pessoa que me compreendia, e ficaria feliz se meu filho tivesse alguém como Luigi em sua vida, que também é o melhor para você.
Espero que seja feliz. E também quero que saiba que nunca o odiei por nada e agradeço a sua mãe, seu irmão e a família Martins por terem cuidado de mim e estendido a mão sem nenhum tipo de julgamento.
Com sinceras palavras, feitas do meu coração,
Júlia Ferrari
Terminei de ler a carta e vi que Erick ficou pensativo, tudo se encaixando com a ligação misteriosa que Luigi recebeu antes de ir embora.
— O que você acha disso? — Erick perguntou.
— Não posso responder uma pergunta que você deve encontrar sozinho! — Falei e devolvi a carta. — Mas dê esse tempo para vocês dois. Veja o que acontecerá quando Luigi estiver mais velho e com a cabeça mais formada. Realmente avalie o que você sente, em vez de machucar a ele ou a si mesmo, como sempre tenho dito para você nos últimos meses.
Erick pegou a carta de volta, olhando para ela com olhos cheios de emoção. Seus sentimentos estavam à flor da pele, e eu podia perceber a angústia em seu rosto.
— Eduardo, eu sinto tantas coisas e ainda mais em saber que eu acabei com os sonhos da Julia e ainda magoei o Luigi, e agora, com esse bebê... — Erick começou, mas as palavras pareciam se perder em sua tristeza.
Coloquei minha mão no ombro dele, oferecendo um apoio silencioso. As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Erick, e ele respirou fundo, tentando conter a dor.
— Eu não sei o que fazer. Sinto como se estivesse perdido — Erick confessou.
— Às vezes, a vida nos coloca em situações difíceis, e não há respostas fáceis. Mas você não está sozinho, filho. Conte comigo, com sua família, para enfrentar tudo isso juntos. E quanto a Luigi, dê tempo ao tempo. Às vezes, o destino nos reserva surpresas que nem imaginamos. — Tentei transmitir conforto nas minhas palavras.
Erick olhou para o horizonte, absorvendo a mensagem. Sabia que a jornada à frente seria desafiadora, cheia de altos e baixos. Mas sabia que ele tomaria a decisão correta.
Levantei e estendi a mão para Erick.
— Venha ver o seu filho — Falei. — Ele precisa do pai.
Demorou alguns segundos, e Erick pegou minha mão. Ajudei-o a levantar e a se sentar na cadeira de rodas, e entramos para dentro. O caminho até os bebês seria repleto de desafios emocionais, mas estávamos juntos como família, prontos para enfrentar o que quer que o destino nos reservasse.
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