Chego em casa como um furação, depois de tomar um banho quente relaxo um pouco.
Como alguma coisa e vou preparar o violino, logo me vêm a cabeça tentar toca-lo.
Seguro-o um pouco sem jeito, pego o arco, respiro fundo e o telefone toca.
Levanto e vou atende-lo.

"Alô?" Falo.

"Alô, Melody?" Responde.

"Oi... Quem é?" Falei tentando identificar sua voz.

"É o Scott, da escola, lembra?" Falou doce.

"Ah, oi Scott" falei Surpresa.

"Eu não vou poder ir hoje... O que é uma pena, queria muito ensaiar..." Falou e eu fiquei em silêncio.

"É... Enfim, poderia avisar para sua mãe para mim?"

"Ah, sim claro..." Falei após alguns segundos de silêncio.

"Preciso ir agora... Até mais Mel."

"Até..." Falei e ele desligou.

Estou aliviada, mas ao mesmo tempo... Decepcionada por ter me preocupado tanto.
Afinal, o que deu em mim...?
Tenho meus pensamentos interrompidos pela porta se abrindo, era minha mãe.

"Oi mãe, Chegou cedo!" Tentei soar divertido.

"Oi" Falou e sumiu na cozinha.
Fui atrás dela.

"Mãe... Tá tudo bem...?" Perguntei preocupada

"Tá tudo bem filha, não se preocupe comigo, só estou um pouco cansada." Falou e subiu para o quarto com uma cara horrível.

O que deu nela...? O que deu em todo mundo?!
Parei de pensar um pouco nisso, fui Assistir séries.
Depois de enjoar e ficar extremamente entediada, subi para meu quarto e resolvi procurar músicas para escutar no celular.
Em meio as mais aleatórias músicas que pus, senti sensações esquisitas.
Dei play na música 7 years fechei os olhos e suspirei, assim que os abri novamente por algum motivo todos os meus pôsteres sumiram, minha cama estava acolchoada com um cobertor com a estampa de ursinhos, na minha prateleira vários ursos de pelúcia, meu celular agora era uma bonequinha, porém continuava a escutar a música que vinha de um pequeno radinho rosa.

Me levantei e fui em direção à janela que era de onde uma claridade cegante vinha, e conforme chegasse mais perto a minha visão ficava cada vez mais nítida e a janela ligeiramente mais alta, não facilitando que eu alcançasse.
Subi em um banquinho localizado ao lado da janela e olhei para fora, observei bem e vi um cachorrinho deitado na grama, no lugar do grande jardim só tinham mudas e pequenas flores.
Derrepente foquei no meu reflexo pelo vidro da janela.
Era eu, mas eu tinha a aparência de 7 anos, me assustei e caí do banquinho, minha mãe abriu a porta assim que ia tocar o chão, eu estava novamente na minha cama, tudo tinha voltado ao normal.

"Filha! Se arruma já! Esqueci completamente da sua consulta de hoje!" Falou e saiu do quarto às pressas, provavelmente não notou a minha cara assustada que provavelmente estava pálida.
Fiquei alguns segundos parada ali no mesmo lugar tentando me recompor e entender o que tinha acabado de acontecer.
Até minha mãe me apressar mais uma vez.

•••

Durante o banho criei várias teorias, e a que mais fez sentido para mim foi que poderia ser uma antiga memória.
Mas porque eu lembrei assim tão derrepente...? Tinha alguma coisa haver com a música...?
Resolvi ir até minha mãe, se for algo que já aconteceu ela vai lembrar.
Desci rapidamente, Minha mãe questionou se eu já estava pronta para sair.

"Tô, mas..." Respondi e ela me cortou sem ao menos perceber.

"Então vamos logo que estamos mega atrasadas!" Falou, foi em direção a porta segurando a mesma esperando que eu saísse.

"Mas mãe é..." Ela me interrompe novamente.

"Estamos atrasadas" fala reforçando cada sílaba de "atrasadas"

Entramos no carro e vamos para o hospital, aproveito para tentar provar minha teoria, pego o celular e ponho em outra música aleatória.
Respiro fundo e fecho os olhos, como havia feito antes.
Logo de cara a música diz:

"Quando me sinto assim
Volto a ter quinze anos
Começando tudo de novo..."

Assim que escuto essa palavras que ficam se repetindo continuamente na minha cabeça, percebo que ainda estou no carro, minha mãe ainda está dirigindo mas tem alguém no banco do passageiro.
Eu lembrava da sensação e conseguia senti-la.

É-é o meu pai...?
Eles estão conversando sobre como minha festa foi legal...

"Ei filha, você vai arrasar no seu primeiro dia na escola, como arrasou naquela festa." Ele disse se inclinando para me ver sorrindo e eu ri, desci do carro com minha mãe que ia confirmar as matrículas.
Vi meu pai partir pela última vez.
Comecei a chorar, minha mãe me chamava, eu sabia que foi naquele dia em que ele... Suspiro interrompendo meu pensamento.
Minha mãe me abraça, assim que tiro o rosto dos meus joelhos, nem sabia quando tinha feito aquilo...

"Filha?! Você está bem meu amor?" Confirmei com a cabeça segurando o choro.

"Desculpa filha, não sabia que era tão importante... Eu estou tão cansada... Não venho tendo tempo suficiente para você... E ainda íamos chegar atrasadas na consulta..." Falou olhando para o chão.

"Não, não é isso..." Falei olhando diretamente para ela.

"O que aconteceu?" Perguntou preocupada.

"E-eu vi meu pai..." Falei lembrando da cena.

"O que?!" Ela pareceu apreensiva e não estava entendendo nada.

"Como assim...?" Perguntou e a enfermeira nos chamou.
Só aí percebi que já estávamos dentro do hospital esperando ser atendidas, como cheguei aqui...? Não sei.

"Boa tarde vocês duas!" Falou sem nos olhar, estava preparando alguns documentos.

"Bom dia." Minha mãe disse.

"O que foi Melody, o gato comeu sua..." Me olhou e percebeu minha cara de choro.

"O que aconteceu...?" Eu ia responder mas minha mãe falou na minha frente.

"Ela disse ter visto o pai dela..." Ela disse e eu percebi a angústia em sua voz.

"Traga uma água para ela por favor..." Falou se dirigindo à minha mãe, já que a enfermeira estava ocupada com as pessoas lá fora. Minha mãe assentiu e foi pegar do lado de fora.

"Quando exatamente...?" Ele me perguntou assim que ela saiu.

"No carro, enquanto estávamos à caminho." Respondi.

"E como foi, escutou sua voz, o viu em algum momento...?"

"Ele falou comigo... Eu tinha 15 anos...Eu me recordei do dia... Foi o dia em que... Ele... Se foi" lágrimas escaparam dos meus olhos.

"Melody, oque você fazia exatamente quando isso aconteceu..." perguntou enquanto anotava tudo em sua prancheta.

"Escutava música... Não foi a primeira que isso aconteceu, em casa me recordei de algo, eu era pequena... Eu caí de um banquinho... Não sei se é verdade... Ainda não perguntei para minha mãe... Eu também estava escutando música quando isso aconteceu." Falei e ela entrou na sala com a água.

"Toma filha" falou e me entregou o copo, comecei a beber.

"Dona Carmen, a Melody alguma vez já caiu de um banco?"

"Sim, quando ela tinha 7 anos, caiu enquanto observava a janela... Mas porque tá perguntando isso...? Como sabe disso...?"

"Melody parece estar se recordando das coisas aos poucos... Se lembrou desse momento em casa, e do dia do acidente com o pai." Ele falou ela pareceu digerir a informação, logo em seguida me olhou e forçou um sorriso.

"Ei filha, tá tudo bem..." Falou e me abraçou.

"A Melody vai ficar bem, você só precisa levar alguns documentos, acho que ela vai precisar de um pouco de repouso." Falou entregando um atestado para ela. Logo em seguida sorriu para mim e eu retribui.

"Vocês precisam vir aqui amanhã, Melody você sabe o que fazer... Precisa ter certeza." Assentimos e fomos para casa.

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Olá preciosos!
Desculpa a demora para postar, tive que ajeitar algumas coisas no livro e fazer algumas pequenas modificações nos personagens e nos Capítulos.
Fiquei um pouco "presa" nesse Capítulo, mas só foi um bloqueio criativo passageiro...
Enfim não se preocupem, os capítulos vão sair semana sim, semana não, aos Sábados (7:00 às 21:30) ou domingos (7:00 às 19:45).
Desculpem pelo transtorno.

Feliz dia dos pais!

Esse Capítulo foi meio que um especial de dia dos Papais.

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Música:

15 anos-Ira!

•Quando me sinto assim
Volto a ter quinze anos
Começando tudo de novo•