REALIZADO, MAS NÃO FELIZ!
Margarida está parada, na frente de Cavalcanti, olhando para o marido deitado numa cama no Hospital Português.
Ela chora em silêncio.
Mais cedo, o médico de plantão informou que por pouco ele não voltou a ficar em coma.
Desde que soubera do acidente, Cavalcanti havia entrado num espiral de culpa intenso.
O Dr. Aureliano, médico da família há vários anos, recomendou repouso absoluto.
Depois de dois dias de repouso, Cavalcanti abre os olhos.
— O que aconteceu? Por que me sinto tão lento?
— Boa tarde meu amor! Por favor não fale muito, você teve um grave colapso nervoso e quase morreu!
— Como vim parar aqui? não lembro?
— Você foi socorrido da casa do Dr. Elizeu!
— Dr. Elizeu? E quem é esse médico? E por que você está chorando? Que porra está acontecendo?
— Cavalcanti?! — Margarida sente sua espinha gelar.
"Ele voltou! O verdadeiro Cavalcanti despertou!"
— E você achou que era quem? Seu amante? Sua puta! Agora chama a porra do médico. Quero ir embora!
— Amor...
— Amor um caralho. Você sabe que não gosto dessa viadagem de "Meu amor."
— C-Claro. Vou chamar sim.
— E por que essa cara agora? Levou alguma tapa? Dei alguma corça em você?
— N-Não! — Margarida se sente um lixo. Olha para o homem ali deitado.
Seu odiado marido.
Todos os seus sonhos vão por água a baixo.
Todos os planos que estava fazendo, deixou de existir.
Agora somente existe a dor e o medo.
"Não vou voltar a viver como um lixo."
Margarida se levanta.
Fecha a porta.
Caminha na direção de Cavalcanti.
Ele comenta algo que para ela, agora, pouco importa. Ela suspira perto dele. O olha com total desprezo.
— Nada do que você diz, vai fazer alguma importância nos próximos minutos!
Cavalcanti observa Margarida vindo em sua direção. Ela pega um dos travesseiros e começa a fazer pressão sufocando-o.
— Morra, seu desgraçado! MORRA!
A fechadura se mexe.
Alguém quer entrar.
— Sra. Margarida!
— Sra. Margarida! — A enfermeira a chama três vezes.
Devido ao cansaço, Margarida pegou no sono, aguardando numa sala, ao lado do quarto que Cavalcanti estava se recuperando.
Foi um cochilo rápido, enquanto aguardava darem banho nele.
— Desculpa, foi um pesadelo!
— Não precisa pedir desculpas, a senhora não tem descansado. Todos temos vistos! Mas, uma hora, a senhora vai precisar dormir.
— Eu sei. Quando Cavalcanti voltar para casa, vou poder descansar.
— Ele está acordando! Quer falar com ele? — Um enfermeiro sai do quarto avisando.
Margarida teme, na possibilidade do sonho ser um aviso, que está para acontecer algo ruim.
Ela se levanta, entra no quarto, está vestindo uma calça azul turquesa com uma blusa branca.
— Meu amor. — A voz de Cavalcanti está cansada. — Estava preocupada com você!
— Eu acredito. Desculpas pelo susto!- Cavalcanti começa a falar, a boca está seca.
— Tudo bem! Não fale muito, você ainda está se recuperando, quase morreu!
— Eu sei! Não deveria ter ido na casa do Dr. Elizeu. — Cavalcanti ainda está grogue!
— Não quero falar com você sobre isso! Não agora. — Fala Margarida, chateada, sentando na cama, ao lado do marido.
Uma batida na porta.
— Boa noite!
— Boa noite Dr. Aureliano.
— Boa... Noite... Doutor — Cavalcanti vai falando, procurando não ficar mais cansado do que está.
— Cavalcanti que susto você nos deu. Mais um pouco e perderíamos você para sempre.
— Verdade. — Cavalcanti responde sonolento e olhando para esposa.
— Margarida conversou comigo, e que você anda com umas conversas estranhas, achando que você, não é você. E a tensão de não se lembrar das suas memórias, tem o deixado acreditando que seria uma outra pessoa.
— Eu tenho Memórias! A grande maioria delas já estou lembrando, porém não são minhas!
— Dr. Aureliano, meu marido está muito cansado. Obrigado pelo seu carinho conosco. — Margarida aperta a mão do médico, interrompendo o assunto.
Ela estava com medo que por alguma ironia do destino, essa conversa desbloqueasse a memória de Cavalcanti.
Depois que Dr. Aureliano sai ela senta ao lado dele.
— Essa conversa estava me dando nos nervos! Estava ficando chateado com a insistência do médico.
-Eu sei, por isso interrompi. — Margarida ajeita o cabelo de Cavalcanti.
— Não queria ser grosseiro com ele, haja vista, já está conosco há vários anos.
— Como é? Repete!
— Repete o que?
— Isso, sobre o Dr Aureliano.
— Que ele está com a família há vários anos?
— Sim! Meu Amor! Você está se lembrando! — Margarida dar um forte abraço em Cavalcanti.
Aquele abraço de quem ama, onde não tem nada, a que se possa comparar.
Depois de algumas horas Cavalcanti recebeu alta.
Tadeu abre a porta do carro.
— Bom dia Tadeu!
— Bom dia? Quase fui demitido por sua culpa. — Vão entrando no carro.
— E eu quase perdi minha vida! — Cavalcanti senta, e tem uma leve tontura. — Acho que baixei a cabeça demais.
— Cuidado patrão. Não entendo o senhor, teve uma segunda chance e fica tentando sabotar. Um dia, o senhor pode conseguir.
— Você esta certo! Não posso dar uma colher de chá para o azar! — Cavalcanti se cala e um filme vai passando pela cabeça dele. Sente-se realizado, mas, não feliz.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro