COLAPSO!
Cavalcanti atravessa o imenso corredor da casa. Na verdade é um imenso casarão.
Primeiro andar.
A luz entra com facilidade pelos cômodos da casa, mas, há lugares que foram intencionalmente projetados para que a luz não chegue totalmente.
Um exemplo disso é a cozinha.
Logo à frente de Cavalcanti está Elizeu.
Seu coração aperta, mas por condolências, do que por arrependimento.
"Como se arrepender por algo que não me lembro."
Ultimamente a ideia que mais vem norteando sua cabeça é que ele não é o famigerado Cavalcanti e sim o Marcos.
Por causa desses pensamentos é que ele está ali, na casa, de uma pessoa prejudicada diretamente por ele ou pelo outro.
Para Eliseu isso não importa, e Cavalcanti, o que mais importa é tentar concertar ou minimizar o máximo possível o resultado da tragédia e para todos os envolvidos.
Eles chegam na Sala - Consultório, Elizeu, posiciona-se para ficar de frente ao visitante.
Os minutos são intermináveis.
A caminhada até a sala já pareceu um dia.
O tempo parece que está mais devagar.
Talvez, pesado.
Quem sabe?
Cavalcanti suspira e percebe que Elizeu não se move um centímetro. Apenas o olha, gerando um desconforto.
"Não sei se fiz bem em vim...Não sinto-me bem."
Os minutos vão passando, um hora ou outra Janete aparece na porta da Sala, para ver se estão todos bem, o silêncio, também a está incomodando!
Se arrependimento matasse, ela estaria morta.
"É muita carga emocional junta..." — Pensa ela.
Janete chega na cozinha, coloca água para esquentar, pede a Esmeralda duas xícaras, as que são usadas para receber visitas.
— Esmeralda, pega as verdes. Elizeu gosta delas.
A funcionária vai na direção do armário em cerejeira, Abre e leva as xícaras para Janete organizar na bandeja, junto com torradas e bolo.
— Pode deixar, eu mesmo levo. Obrigado. — Janete leva o chá para eles.
Ainda estão em silêncio.
Porém, ela nota que um está a ponto de pular no pescoço do outro, enquanto o outro, está amarelado.
— Bom, trouxe um pouco de chá enquanto vocês conversam.
— Obrigado. — Cavalcanti, desacostumado com o silêncio demorado, agradece sem conseguir olhar direito para Janete, que sai logo em seguida.
— Por que você veio aqui? — Elizeu sai do silêncio.
— A verdade? Vim pedir desculpas!
Novo silêncio.
— Recentemente — Continua Cavalcanti. — Estava num restaurante, com minha esposa e fui abordado por uma senhora. — A voz fica travada. Arrastada.
— Sim! Verdade... Você falou com Mariana.
— Correto, acho que esse é o nome dela, e foi aí que fiquei sabendo do acidente e sua da fatalidade. Não estava lembrado do que ocorrera. Essa minha volta dos mortos, tem sido uma constante novidade. Depois, — Cavalcanti continua olhando para Elizeu. — voltei hoje no médico, que salvou minha vida, procurando resposta às minhas perguntas, e, ficou ainda mais complicado, por que fiquei sabendo que além de matar uma pessoa, feri outra!
— Você, na verdade, matou mais que uma pessoa! Você assassinou todos os nossos sonhos! Nosso amigo tem um filho, cinco anos, que vai crescer sem conhecer o pai POR SUA CULPA!
Cavalcanti sente náuseas.
Está tonto.
Elizeu se controla para não gritar.
— Eu, nunca mais vou voltar a andar. A minha vida está uma merda! Não tenho nem mais o controle de ir no banheiro!
Cavalcanti sente que vai desmaiar.
— Ando com um saco de merda e mijo colado no meu corpo. — Cavalcanti escuta a voz de Elizeu indo e vindo. Mais alta e bem baixinha.
Como se alguém aumentasse e diminuísse o volume bruscamente.
— Sinto muito... — Cavalcanti repete sem ter segurança se fora a primeira ou segunda vez, onde pediu desculpas.
"Porra! Por que ele não para de falar! Estou confuso. Por que a voz dele está distorcendo?"
— S i n t o m u i t o...
"Estou estranho... Por que o teto da casa... Que gritos são esse? O que fiz agora?
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