02 | o imediato
— BOA DE MIRA uma ova. Essa desgraça acertou minha perna.
O caçador praguejava pela milésima vez, após ter arrancado a flecha da perna. O latejar era constante, apesar da adrenalina fazer com que ele não pensasse muito naquilo.
— Roronoa, me desculpa. O Luffy ele... escorregou aí...
Akira desatou a falar assim que o mais velho se aproximou, enquanto matava alguns dos guardas em seu caminho. O olhar fulminante de ódio transbordava de Zoro, capaz de aniquilar qualquer um que entrasse em seu caminho. Se recusou a olha-lá.
A luta estava ficando cada vez mais difícil. Com a ajuda do espadachim conseguiram derrotar boa parte dos soldados, até ser a vez do chefe.
— Eu já deveria esperar que você faz parte disso, Akira.
A voz dele soou grogue pelas rachadores da muralha. A garota deu um passo para trás, quase tropeçando em um dos corpos ali.
Fez de tudo para não o encontrar. Mas agora ele estava bem diante a si. Os olhos de todos os seus companheiros de luta pousaram sobre ela, curiosos sobre aquilo.
— Se juntou com a impostora, o caçador de piratas e o prisioneiro. Bem o seu tipinho.
Conforme ele andava, os barulhos do machado eram ouvidos bem agudo.
— Eu não... — Akira começou a negar, mas fora interrompida.
— É. — clamou Luffy sorridente — Somos um bando.
Os outros três negaram ao mesmo tempo. Pois, nenhum deles estavam confiantes.
— Você escapou de mim uma vez, isso não vai acontecer novamente. — ameaçou.
— Não fala assim com ela. — gruniu Luffy.
O primeiro a partir para cima do General, fora Zoro. Conseguiu acertar poucos socos, logo em seguida fora Luffy que também não obteve muito sucesso.
Akira ajudava a garota ruiva a acabar com o restante dos guardas. Não fora muito difícil, afinal, não eram os melhores.
De relance viu Zoro e Luffy, a maneira como eles trabalhavam juntos e encaixavam de uma forma disciplinar. Ela se deixou perder os olhos ali por alguns segundos. Foi quando o Caçador impediu Luffy de ir até o inimigo. Ele arrancou a bandana que estava amarrada em seu braço esquerdo, a colocando na própria cabeça. Juntou as duas espadas em lados opostos, pegando a terceira (que até então, estava parada) e a colocando na boca.
Akira arfou ao ver a cena. Embasbacada.
Zoro correu contra o General, acertando bem o meio de seu peito. Seu corpo voou pelo ar, antes de cair de uma vez a alguns metros de distância.
Aquilo deixou a garota impressionada, pois desde que conhecia o General ninguém nunca tinha chegado tão perto de o machucar daquela forma. Zoro realmente era o melhor. Isso fez um burburinho crescer no pé de seu estômago.
Luffy correu na direção do caçador, usando suas costas como impulso para acertar o inimigo. Zoro não esperou nenhum segundo para parir para o segundo ato, conseguindo impossibilitar os movimentos de seu adversário.
— Gomu Gomu no Muchi!
Gritou o garoto, rodopiando no chão antes de acertar um chute com sua perna super elástica. O corpo do general rodou no chão, inconsciente.
— UHUUUUL. — Luffy gritou, erguendo os braços para cima.
— Gomu Gomu no Muchi? — Zoro repetiu, guardando as espadas.
— Todos os grandes lutadores gritam o nome dos ataques.
— Não, não gritam.
— Odeio interromper esse lindo momento, mas temos que tirar esse cofre daqui. — a ruiva apontou para o objeto no chão.
Akira que ainda sentia o estômago revirar ao olhar para o Caçador, se deu conta do por quê aquela briga havia se iniciado.
— Vocês roubaram o cofre? — perguntou perplexa.
— O mapa da Grand Lane.
Luffy respondeu orgulhoso de si mesmo, apoiando as mãos nas cinturas, vendo a catástrofe que haviam feito ali. Vários corpos caídos no chão.
— Ok. Ahm, talvez se pegarmos uma corda...
A suposição da maneira de tirar o cofre dali de Akira, foi interrompida quando Zoro apoiou as duas mãos no tranco do cofre e o ergueu como se não fosse nada.
Ela não sabia a razão por ter os ajudado explicitamente. Apenas se deu conta disso quando chegou até o pequeno barco deles e viu Zoro jogar o cofre de uma vez, recebendo insultos da ruiva de uma vez.
— Eu tô sentindo um pouco de tensão no meu bando. — tentou apaziguar Luffy.
— Não somos um bando.
Responderam em uníssono.
— Daqui a pouco os marinheiros chegam, não dá para ficar aqui. — avisou Akira, se lembrando perfeitamente do quão patéticos os soldados conseguiram ser.
— Não posso deixar meu companheiro. — Luffy olhava por cima dos ombros, procurando.
Em algum momento, enquanto tentava soltar as cordas, a garota ruiva disse seu nome a Akira. Ela se chamava Nami e por incrível que pareça também estava ali em busca do mapa da Grand Lane.
{...}
O barco não era tão pequeno quanto Akira achou que fosse quando entrou nele pela primeira vez. Mas, também não era o que se esperava de alguém que dizia que iria ser o rei dos piratas.
Nami passou as últimas duas horas tentando abrir o cofre, enquanto Luffy parecia estar ligado no 220v se balançando por todo o barco, recebendo ameaças de morte pela ruiva a cada instante.
Já estava escurecendo. Isso quer dizer que o mar já está se juntando com o céu, se tornando tudo uma só escuridão. Estar ali fez com que Akira se recordasse das razões por odiar andar de barco, odiava quando a noite chegava, sentia o frio da noite perfurar sua pele como facas.
Na tentativa de ter outra coisa para pensar, ela deixou Nami com Luffy ali na parte da frente e passou para dentro — onde continua um pequeno banheiro, e um cubículo para se deitar. Sentado puxando a barra da calça até a coxa, estava Zoro.
— Desculpa por isso, novamente.
Ela quebrou o pequeno espaço que os separava, se sentando no chão diante a Roronoa. Conseguiu notar a forma como seus olhos evitavam olha-lá fixamente, talvez por ainda estar com raiva pela maneira que tinha o ferido.
— Posso ajudar, deve estar doendo para cacete.
A garota puxou a mochila das costas, abrindo uma pequena caixinha branca. Normalmente usava aquilo para emergências, mas estava se sentindo culpada pela forma como o machucou. Puxou sua faca favorita do fundo da mochila, cortando o esparadrapo com agilidade.
— Uma faca? — a voz dele soou grogue — Está flertando comigo?
Um minuto de silêncio se instalou pelas madeiras ocas do barco. Akira que estava ajoelhada na frente do Caçador, ergueu as sobrancelhas com a pergunta.
— O quê?
Mais alguns segundos até ter os pares de olhos de Zoro sobre ela.
— O quê? — ele repetiu a palavra.
Seus olhos escuros pareciam fora de foco, como se estivessem confusos. Akira sentiu suas próprias bochechas queimarem, pois até então não tinha parado para pensar que de fato gostaria muito de flertar com ele. Ainda mais depois de ver o quão habilidoso ele era...
Quando ela tocou o esparadrapo em sua perna, no buraco da flecha. Sentiu a maneira que a pele dele estava quente, como o inferno.
— Você está com febre.
— Eu não fico com febre. — desdenhou.
Akira soltou um suspiro pesado, se sentindo muito mais culpada. Aquilo tudo era culpa sua, se não tivesse o acertado agora ele não estaria daquela forma.
Apertou com mais força o esparadrapo na hora de fechar.
— Desgraça, garota.
Praguejou novamente, cerrando os dentes. Akira se levantou do chão, limpando as mãos na própria calça.
— Dorme um pouco, Percy Jackson.
Com o dedo indicador ela empurrou a testa de Zoro com força, até que ele estivesse com as costas colada na cama totalmente. Os resmungos e insultos ecoaram pelo quarto conforme ela saia dali satisfeita, mas com o coração acelerado.
{...}
— Eu tô com uma fome da porra.
Exclamou Luffy, esticando as pernas no chão.
Nami ainda estava com a cabeça colada no cofre, tentando o destravar.
— Seu imediato tá com febre. — balbuciou a morena, também se deitando no chão.
— O que tem o Zoro?
Luffy se sentou, cruzando as pernas, de frente a garota.
— Acho que foi minha flecha. — resmungou baixinho, com medo da reação do Capitão.
Mas, ele sorriu. Esticando os braços para cima, se espreguiçando.
— Precisamos de comida. Uma boa comida faz qualquer febre passar.
Akira sorriu. Era a primeira vez na vida que conhecia alguém daquela forma, alguém que não se abalava. Achava o sonho dele um pouco bobo, quase impossível de se concretizar. Mas, nunca falaria aquilo em voz alta. Afinal, apostava que era aquilo que o fazia ser daquela maneira.
— O que estava fazendo lá quando...
Luffy deixou a frase morrer, quando percebeu a maneira que o início da pergunta deixou a morena nervosa.
— Estava querendo ir para outro lugar. — fechou os olhos se relembrando dos próprios planos — Peguei o barco errado.
Ele levou a mão direita sobre o ombro dela e mesmo estando um clima já gelado, a pele de Luffy era quente. E foi a primeira vez na vida que Akira não quis afastar o calor humano de alguém. Não sabia o que aquele garoto tinha, mas era realmente especial.
— Às vezes o barco errado te leva ao ancoradouro certo.
Nunca teve algo na vida que a fizesse se sentir daquela forma antes. Pela primeira vez desde que se conhece, Akira se sentiu grata por algo. As palavras de conforto de Luffy foram suficientes para que ela aceitasse fazer parte daquele bando. Não haveria um lugar melhor para se estar do que com alguém como ele... Algum dia Akira gostaria de ser como ele... nem que só um pouco.
— Consegui.
A voz de Nami se vangloriando atraiu a atenção dos dois. Luffy e Akira deslizaram pelo chão até estarem frente a frente o cofre. A ruiva abriu, pegando o mapa em mãos.
— Ué. — a morena enfiou o rosto dentro do cofre — Não deveria ter ouro? Assim poderíamos comprar alguma comida, sei lá...
Nami abriu o mapa, bem em frente os olhos dos outros dois.
— Uau.
Os lábios de Luffy se abriram em um sorriso enorme. Chegando na mesma conclusão que Akira: nunca tinha visto algo tão bonito antes.
— Isso aqui é bem melhor do que ouro. É conhecimento.
Nami falou para a outra garota.
— A Grand Lane, fica... — Luffy apertou os olhos para enxergar melhor — Onde fica mesmo?
A ruiva riu.
— Quer ir para a Grand Lane mas nem sabe onde ela fica?
— Eu também não sei.
Nami revirou os olhos, abrindo a porta onde era o cubículo do barco.
— Ei. — praguejou Zoro — Tem gente tentando dormir aqui.
A ruiva abriu o mapa na pequena mesinha que continha ali no meio, sendo rodeada por Luffy e Akira. Poucos segundos depois um Zoro mal humorado também se sentou ali, ganhando brevemente os olhos preocupados da morena.
— Os mares são divididos em quatro quadrantes: — Nami começou a desenhar sobre o papel, para que entendessem melhor — East Blue, North Blue, West e South.
A atenção de todos era dela.
— Essa faixa fina de terra que circula o globo é chamada de Red Lane.
Nami olhou brevemente para os olhos de cada um deles, para se certificar que estavam entendendo, antes de continuar.
— E essa faixa que atravessa o meio é a Grand Lane.
Rabiscou o desenho para ilustrar corretamente.
— Um trecho traiçoeiro do oceano com ilhas maiores. — continuou ela — Cidades maiores e piratas maiores. Cheia de riquezas prontas para serem coletadas.
— E é aí que a gente vai encontrar o One Piece.
A voz empolgante de Luffy sobrepôs a da Nami.
— Eu matei muitos piratas procurando por isso. — Zoro apoiou as duas mãos sobre a mesa, sério — O que é isso? É um diamante gigante?
— É o tesouro do Gold Roger.
Akira e Luffy responderam em uníssono.
— Ele escondeu em algum lugar da Grand Lane, tudo no One Piece. — continuou Monkey.
— É um mito. — contradisse Nami — O motivo de ninguém nunca ter achado ele em 22 anos é porque não existe.
— Só quero ver a sua cara quando eu encontrar.
Um barulho agudo foi ouvido do lado de fora do barco.
— Como a marinha encontrou a gente? — Akira pensou em voz alta.
Luffy e Nami foi quem saíram pela porta primeiramente. A morena estava saindo logo atrás, porém, antes que pudesse chegar do lado de fora seu pé se enganchou na linha de pesca que estava jogada no chão. Puxou com toda sua força, conseguindo se soltar. Porém, seu corpo voou para trás batendo de frente com o do caçador.
Na tentativa de não cair de cara no chão, Zoro tentou se equilibrar —, mas na velocidade que Akira veio, ele a puxou no automático. O corpo da mais nova se chocou contra o dele, ao mesmo tempo em que uma fumaça estranha entrava no barco.
Ambos giraram antes de caírem de uma vez no chão.
Ela com o peito enfiado no pescoço dele, sentindo a forma como a febre parecia piorar.
E desde que havia o conhecido essa tinha sido a primeira vez que os olhares de ambos se cruzaram de verdade. Akira tentou levantar a cabeça do pescoço de Roronoa, mas alguma coisa estava a deixando tonta. Porém, da posição que estava Zoro conseguiu ver a feição dela por completo. Tinha pequenos cortes por sua face, nos lábios, acima da sobrancelha direita e no nariz. Tentou se convencer que a razão por seu peito começar a doer foi por conta da febre e não por estar tão próximo de uma garota daquela forma.
Mas, nem ele acreditava em tal coisa. Principalmente quando começou a sentir uma parte de seu corpo responder por si só, como se tivesse vida própria —, sendo pressionado daquela forma.
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