Página #2
05 de Janeiro
Queria que meus sentimentos fossem como areia leve sendo carregada pelo vento, que passam depressa.
Ele chega, sente-se e então se vai, restando apenas a memória suave da brisa.
Mas não são.
São como rochas com estratos volumosos acumulados por longas datas, nunca esquecidos e cada vez mais pesados.
Queria que minha paixão fosse tão intensa quanto minha angústia, que minha certeza fosse tão verídica quanto minha dúvida, que meu interior fosse tão livre quanto meu exterior, ou que meus prazeres fossem mais baratos que minhas dores...
Já está. Já começou.
Eu sabia que seria assim.
E mais uma vez...
Nunca está bom.
E se disser que está ruim, precisarei justificar. Eu não consigo explicar essa insatisfação avassaladora e indomável; mesmo se conseguisse, não estaria mais feliz.
Eu me sinto assim, pesada e vazia, sempre tensa com medo daquilo que é o nada. Me sinto assim porque já não vivo por mim.
Mais uma vez, alguém pensa que palavras preencherão esse vazio apesar de serem como águas de um rio.
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