02 de janeiro

Eu não sei o que fazer.

São essa pequenas palavras e minúsculos gestos que implicam com minha alma e dominam meu interior

Não sei se estou errada.

Ou certa.

Ou nada.

É proposital? Sou idiota por não perceber?

Não consigo focar pois fico procurando uma resposta que não existe em lado nenhum.

Nunca é pelo que eu fiz, mas pelo o que não fiz.

Tenho medo de fazer o que quero, preciso e gosto pois assim não dedicarei tempo favorecendo os outros.

Sempre os outros. Nunca eu.

Me preocupo tanto por nada.

Por que reparam em mim apenas quando sou ruim?

Mastigo os lábios, dói-me os ombros da tensão, mas nunca darei vida à tal pergunta tão vil, pois a resposta, se não doer, será em vão.

Portanto escrevo, é tudo o que consigo fazer nesta condição medíocre.

O que esperam de mim?

Por que me importo tanto?

"Ela só pensa nela mesma."

Então por que choro? Se choro por pensar em mim própria, que lástima! De fato um egoísmo. E se for pelos outros, que lástima novamente! Quão fraca de espírito eu sou para não suportar meros olhares e palavras.

Que expectativas devo cumprir? Pois jogue-as fora, não as quero, elas machucam meu ego por ser incapaz de satisfazê-las. Não tenho ânimo nem força.

Que batalha silenciosa se travou em minha mente; os vestígios dela são a carne solta dentro da minha boca, meus ombros rígidos e minha visão vaga.

Estou cansada, cansada desse nada, pois nada tenho que garanto ser meu, nem mesmo metas e vontades.

Me dissipei, estou perdida e não quero me achar. Tenho medo de não gostar de quem sou, medo de ser tão hipócrita quanto o mundo que me cerca.

"Por que você não fez isso?"

Ninguém me disse para fazer.

"Por que não me abraça?"

Eu não gosto.

"Por nos trata assim?"

Assim como?

"Você deve respeitar."

Por que?

Que virtude me falta? Será honra? Sabedoria? Ou humildade? Talvez empatia?

Me falta amor, amor a vida, amor a tudo.

Mas não posso amar porque não sei o que isso significa.

Porque não sou nada.