Dizem buscar o amor,
Mas que amor é esse que buscam?
De despir a alma, de nutrir a dor,
Prazeres soturnos que custam.

Será esse prazer,
Ilusório, amargo e temporário,
Um motivo para viver
Lícito e arbitrário?

Se há coisas que devo fazer
Antes do meu fatídico fim,
Três, dez ou mil, podem ser,
São coisas que só cabem a mim.

Plantar uma árvore,
Que bela quota ter mais uma
Dentro desse cárcere
Saturado de coisa nenhuma.

Árvores não faltam,
Predito que nunca faltarão,
Há tantas que fartam,
Só não se sabe onde estão.

Sobre escrever um livro,
De que vale palavras
Para um público vítreo
De faces tão magras?

Resta me virar à prole,
Que desconhece o amor
Que nada vale,
Apenas um que custa dor.

O amor que não custa,
É espontâneo e digno,
Apenas quem busca
Entende seu desígnio.

Para que metas de vida
Que anseiam a morte,
Se há lá fora, tão bonita,
Uma luz tão forte?

Cadê sua luz?

iterum ergo locutus est eis Iesus dicens ego sum Lux Mundi qui sequitur me non ambulabit in tenebris sed habebit lucem vitae

João 8 : 12