ALMA DISSIPADA
Não sei onde anda aquela alma estranha que me teve ao seu dispor
Sem avisar, ela surgiu, e igualmente saiu do meu interior
O resultado da partida foi uma moral pervertida de um infrator
Mas ainda não me prenda, deixe que me renda perante minha dor
Ressoa na minha memória a falta de misericórdia que tenho apresentado
Pelos prazeres carnais, tantos atos banais fez de mim um condenado
Não quero compreensão, mas permita remissão de um cidadão bastardo
Que fez do sofrimento o seu regulamento para ser justificado
Neste espaço deletério mastigo o mistério do destino da minha alma
Talvez fora buscar abrigo longe desse perigo para se dissipar com calma
Estou sozinho nessa cela com uma faísca singela, miúda, distante e alva
Talvez seja minha sentença confirmando a imensa nulidade dessa causa
Meu corpo está paralisado
Já não posso mais caminhar
Lágrimas escorrem pelo lado
Enquanto vejo o guarda passar
Estou sendo ignorado
Afinal estou condenado
Sem direito de respirar
Fui deixado na escuridão, abafado pela profusão de vozes acusadoras
Um bárbaro cruel, um monstro, um réu, tais calúnias tentadoras
Acalentaram o desassossego que mantive em segredo pelas avenças traidoras
Da faísca que saltita, à distância, me excita, uma faísca usurpadora
Quiçá olhei demais, ela simpatizou com meus ais, me abraçou com seu calor
Me refugiei nesse amparo, tão fútil e tão caro, que lavou a minha dor
A faísca gerou fumaça, uma baforada de desgraça restaurou meu vigor
Aceitei a situação, sem remorso ou emoção, é o destino de um infrator
Por mais que tenha chorado
Foram lágrimas de um condenado
A quem me declarou culpado
Devo a ti um obrigado
Por expiar o meu pecado e
Pela última baforada do cigarro
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