Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

MELISSA - Capítulo 30

Entro na casa de Becca sem sequer olhar para trás e corro até o banheiro. Tranco a porta e escorrego nela até chegar ao chão. O que acabou de acontecer? E porque eu quase cedi ao seu toque e às suas palavras? Ariel some e depois volta do nada e o que eu faço? O que ele quer, como sempre! A prova disso é o bendito caderno no meu colo. Eu o reconheço, é aquele que ele sempre levava para as aulas e não deixava ninguém chegar perto.

Abraço o objeto e sinto o frescor da capa de plástico duro completamente preta.
Porque tudo teve que se complicar de repente? E aquela barba, de onde veio essa maturidade toda? Jesus ele está tão lindo...
Me levanto e coloco o caderno em cima da pia. Olho para ele como se de repente fosse sair uma cobra dali de dentro. Minha curiosidade está me matando, mas eu sei que se eu começar a ver agora o que tem dentro, eu não vou parar até chegar na última folha como ele mesmo disse. Eu deveria ter dito a ele que fosse à merda, mas eu simplesmente não pude, não depois de escutar aquelas palavras saindo da sua boca e de sentir o seu toque no meu rosto, foi como um bálsamo para o meu coração ferido. Todas as coisas que passamos a meses atrás vieram à tona na minha cabeça e se eu tivesse ficado mais tempo na sua presença, as coisas teriam tomado um rumo completamente diferente.
Ligo a torneira e lavo o meu rosto com água fria. Me olho no espelho e tanto meu rosto quanto meus olhos estão vermelhos. Ótimo!
Me seco com um pedaço de papel e destranco a porta pronta para voltar à vida real, só que quando a abro, dois pares de olhos estão do outro lado me encarando.

-Ele machucou você? -Rick pergunta observando o meu rosto vermelho.
-O quê? Claro que não! Nós só conversamos Ricardo. -O garoto faz uma careta sabendo que só digo o seu nome completo quando estou brava com ele e Becca me olha torto, ela é minha melhor amiga e sabe muito bem que eu e Ariel não apenas "conversamos". -Rick, sinto muito mas eu quero ir embora, posso te deixar na sua casa ou onde você quiser...
Ele balança a cabeça em negativa e sai da casa sem dizer nada, obviamente chateado com tudo isso.

O observo ir até o carro em silêncio e só quando ele está sentado do lado do passageiro é que Becca me abraça e me diz que vai ficar tudo bem.
-Eu sinto muito amiga, não queria estragar nossa noite de cinema em casa... -Começo a me desculpar e ela me interrompe levantando a mão bem na frente da minha cara.
-Mel, eu sabia que Ariel viria, só te chamei para que vocês dois pudessem conversar e ele pudesse se explicar para você.
-Becca, porque você fez isso? -Pergunto suavemente. Não estou com raiva apenas curiosa. Becca se afasta um pouco como se quisesse tomar impulso para dizer o que quer que ela queira dizer.

-Mel você é minha melhor amiga e eu te amo, não posso deixar que você continue assim infeliz desse jeito. Você está se iludindo e também a Rick, porque sabe que nunca vai olhar para ele como olhava para Ariel. Você pode até enganar aos outros, mas a mim não me convence. Pode até sorrir por fora, mas sei que está chorando por dentro. Sei que sente a falta dele, dê outra chance para que ele se explique Mel, esses três meses não devem ter sido fáceis para ele.

-Fáceis para ele? E para mim hein? Ele desapareceu do nada Becca, não ligou, não mandou mensagem, sinal de fumaça o que fosse! Eu liguei para ele várias vezes mas sempre caía na caixa postal... eu não podia esperá-lo para sempre! -Movimento minhas mãos para todo lado. Estou tão alterada que Becca chega a dar outros passos para trás.

-Mel se acalma por favor, eu conversei com ele, se estou te dizendo para dar outra chance, não é em vão. Sabe que se eu sequer suspeitasse que ele está mentindo eu seria a primeira em mandá-lo a merda, não sabe?
-Sei...
-Então meu bem, faça isso, não por ele, não por mim, mas por você. Vocês merecem ser felizes.
Meus olhos se enchem de lágrimas e não consigo entender como eu posso merecer uma pessoa como Becca na minha vida. Dou um abraço apertado enquanto digo que também a amo com a voz completamente embargada. Prometo que vou ver o caderno, mais uma vez e saio pela porta a deixando sozinha.
Entro no carro calada e Rick também não diz nada.
-Para onde eu te levo? -Pergunto sem ter coragem de olhar nos seus olhos.

Rick não diz nada por alguns minutos e eu vou ficando cada vez mais apreensiva.
-Para a minha casa por favor.
-Okay. -Respondo enquanto coloco o carro em marcha.
Durante todo o caminho ficamos em silêncio. Cada um preso no seu mundo, nos seus problemas. O único som que se escuta dentro do carro é o da nossa própria respiração combinado com o barulho do ar condicionado. Hoje é uma noite especialmente quente e insuportável. Eu dirijo no automático e nem percebo quando estaciono bem na frente da sua casa. Ele tira o cinto de segurança e faz menção de sair, mas volta a se sentar no banco, chamando minha atenção.

-Você vai voltar para ele não vai? -Pergunta de repente e balanço minha cabeça.
-Para ser sincera com você Rick, eu não sei...
-Eu sabia que voltaria, eu ainda não sei como fui tão idiota de acreditar que você poderia gostar de mim como gosta dele algum dia. -Passa as mãos pelo rosto e me sinto terrivelmente mal por ele. Agora as palavras de Becca voltam com força na minha cabeça e percebo que ela estava certa mais uma vez.
-Eu sinto muito se te dei falsas esperanças Rick, eu juro que não quis fazê-lo, eu...
-Tudo bem Mel, eu sabia muito bem aonde estava me metendo.
-Rick...
-Nos vemos por ai Mel. -Diz e sai do carro batendo a porta ao sair.
Quão terrível eu sou? Como eu pude fazer isso com um garoto tão legal? Merda, merda, merda! A quem eu quero enganar? Ele tem razão, eu nunca vou gostar dele como gostava de Ariel.
Deus porque tudo tem que ser tão dificil! Bato a cabeça no volante e acabo buzinando sem querer.

Fico assim por pelo menos uns dez minutos, remoendo na minha cabeça tantas coisas que começo a sentir uma leve pontada de dor. Perfeito! Arranco com o carro e dirijo direto para mimha casa.
Passo pela porta de casa e vou direto para o meu quarto. Não quero ter que dar nenhuma explicaçãoa ninguém no momento, o único que preciso agora é de um banho quente e minha cama.

[********]
Já se passaram dois dias e eu ainda não tive coragem de ver o caderno de Ariel. Já são seis horas de domingo e estou deitada na minha cama enquanto observo o objeto preto descansando despreocupadamente em cima da minha escrivaninha.

Porque estou com tanto medo de um simples caderno? Já chega Melissa, deixa de ser tão covarde!
Me levanto da cama em um pulo e levanto o caderno. Passo a mão pela sua capa, pelas molas inclusive aproximo do nariz e cheiro o objeto. Estranhamente consigo sentir o perfume de Ariel nele. Eu devo estar ficando louca mesmo!
Tranco a porta do quarto e volto a sentar na cama agora com o caderno no meu colo. É isso, eu finalmente vou saber cada detalhe da vida de Ariel.

Respiro profundamente e viro a capa revelando o conteúdo da primeira folha.
Um desenho meio obscuro e difícil de entender no começo, mas quanto mais observo, mais as imagens vão ficando mais claras. Os riscos rústicos como de alguém que está começando a aprender a desenhar, não tiram a beleza da obra, uma mulher sentada em uma escrivaninha e uma criança puxando sua blusa. Eu não sei o que dizer sobre esse desenho, mas tenho a terrível sensação de que a criança é Ariel. Viro a página e mais desenhos do mesmo tipo vão aparecendo, uma mulher deitada em uma cama e uma criança a observando da porta. Uma mulher tomando sol enquanto lê uma revista, e uma criança tentando chamar sua atenção do outro lado da piscina. A cada folha que passa, os desenhos vão ficando mais nítidos, obviamente produto da prática incansável do artista. Agora a mulher parece mais velha, assim como a criança já não é tão pequena. Uma mulher deitada na cama e um menino a chamando, varios riscos saem da sua boca e vão direto até a janela aberta, como se a mulher sequer se importasse em escutá-lo, em saber o que ele tem a dizer.

Vou passando rapidamente as folhas e de repente tudo começa a ficar mais sombrio.
Uma mulher brigando com um homem, que assumo ser Alex. Uma mulher pegando uma garrafa de bebida. Passo as folhas. Uma mulher com o rosto totalmente desfigurado pela raiva. Passo mais uma folha. Uma mulher... batendo no menino. Outra folha. Uma mulher descendo de um carro e entrando em casa. Outra folha uma mulher batendo no menino. Outra folha. Uma mulher jogando um telefone na parede e na folha seguinte, batendo no menino. Meu Deus! Fecho o caderno com força. Eu não sei se vou conseguir continuar vendo isso. O que fizeram com você Ariel? Eu preciso ser forte, eu preciso saber o que aconteceu. Vamos Melissa, não seja covarde!

Abro novamente o caderno e continuo de onde parei. Mais e mais desenhos do menino sendo praticamente espancado pela mulher. Outra discussão dela com o homem e nas próximas folhas ela já não está. Deve ser quando sua mãe os abandonou.
Agora as coisas tomam um rumo diferente. O menino já é adolescente. Agora os desenhos são variações do garoto saindo, em festas, bebendo com outros garotos, brigando nas ruas... passo varias folhas até que uma me chama a atenção. O garoto segura um frasco branco como se sentisse curiosidade por ele enquanto outro garoto aparentemente da mesma idade empurra o objeto nas suas mãos. Oh meu Deus! Foi aqui que ele começou a se drogar! Nas próximas folhas os desenhos são sem pé nem cabeça, coisas aleatórias, criaturas de outro mundo... ele claramente as desenhou enquanto estava sob o efeito daquela coisa. Eu soube que algo andava mal no momento em que achei aquele frasco escondido na sua gaveta. Ele ficou tão estranho quando percebeu o que eu tinha nas mãos. Porque eu não insisti? Porque não perguntei o que era aquilo até que ele respondesse? Quem sabe assim ele não teria tido aquela maldita overdose.

Continuo passando as páginas e o cenário começa a mudar. O garoto briga com o homem quase em todas as próximas folhas que vejo e de repente, eles estão dentro de um avião. Na próxima folha estão na sala de uma casa enorme, é a casa deles. Na próxima estão conversando com uma mulher que parece muito a diretora do colégio e na próxima... uma garota de cabelos e olhos castanhos o encara com antipatia. Reconheço muito bem essa cena, porque eu vivi ela. Outra folha. Estamos brigando no estacionamento e Ariel está sorrindo enquanto escreve o seu nome na minha testa. Outra folha, estamos nos beijando dentro de uma sala qualquer. Outra folha. Estou concentrada prestando atenção no que o professor está dizendo. Outra folha. Estou conversando com Becca mo refeitorio. Outra folha. Estou pintando o stand de madeira e meu corpo está cheio de manchas de tinta. Outra folha. Estou dormindo em uma cama, obviamente a dele. Outra folha. Estamos os dois dentro do chuveiro. Outra folha. Estou sentada em uma bancada com as bochechas vermelhas. Meu Deus são tantos desenhos sobre mim, tantos acontecimentos que eu nem lembrava mais.

Como ele conseguia desenhar assim tão perfeito? Percebo que esse caderno é quase como um diário para Ariel, ele coloca todos os seus sentimentos aqui, como uma forma de se extravasar, de se livrar da raiva e da frustação. Quando penso que cheguei na última folha do caderno, percebo que há pelo menos mais umas cinquenta que foram colocadas ali depois. Os desenhos são de um homem deitado em uma cama. Ele está sofrendo, lágrimas escorrem do seu rosto e parece que seu corpo está todo suado. As coisas voltaram a ficar sombrias. O que aconteceu nesses três meses? Mais desenhos sobre mim surgem, mas são apenas meu rosto. Em alguns estou sorrindo, em outros estou seria. Mas todos são somente rostos sem corpo. Mais desenhos do homem sentado no chão, com uma enfermeira, tomando banho com roupa e tudo... Consigo sentir a sua dor transmitida nas linhas pretas. Uma gota acaba caindo e borrando algumas delas e percebo que estou chorando. Me sinto tão mal por Ariel que meu coração dói. Dói de saber que ele sofreu todo esse tempo. Não sei o que aconteceu, mas tenho certeza que essas lágrimas que ele derramou não foram em vão.

Continuo olhando os desenhos e chorando cada vez mais com a tristeza e a dor que ele sentia, até que chego na última folha. Colada a ela, há um envelope selado. Abro com cuidado o papel para não danificar o que quer que esteja lá dentro e me surpreendo ao puxar um monte de folhas escritas. Ele escreveu uma carta para mim?
Sinto meu coração se acelerar quando coloco as folhas no meu colo. O que será que está escrito? O que será que ele quer dizer?
As folhas estão ordenadas por número e começo a ler a que tem escrito o número um.

"Oi Mel, se você chegou até aqui, quer dizer que decidiu ver o que diabos tinha nesse bendito caderno. Eu sei, sou muito covarde para explicar tudo frente a frente para você, portanto decidi te mostrar do jeito que eu estou acostumado a liberar todo o meu estress: na forma de desenhos.

Quero que você entenda que eu o tenho desde que era apenas uma criança, sempre tive essa facilidade para desenhar e com o tempo fui melhorando cada vez mais. Nesse caderno eu descarreguei minha raiva mas também meus momentos mais felizes, e se você perceber, em todos eles, há um desenho seu. Esse caderno agora é seu. Você pode fazer o que quiser com ele. Pode guardá-lo ou pode jogar tudo fora, eu não me importo, pois a partir de agora eu tenho outro.

Bom, agora, eu vou te explicar o que aconteceu comigo e porque minha mãe nos abandonou, assim você vai entender um pouquinho mais da minha vida.

Meus pais se casaram quando minha mãe engravidou dele. Eles não saíam a muito tempo, mas meu pai gostava muito dela e como minha avó era uma mulher conservadora, insistiu até que os dois se casassem. Mamãe sempre foi muito linda e tinha um corpo exuberante. Ela era modelo sabia? Os problemas começaram quando ela foi ficando com a barriga cada vez maior. Em um das vezes que brigamos, ela disse que tentou me abortar varias vezes, pois não queria que eu arruinasse sua figura.

Bom, eu nasci alguns meses depois e foi só o tempo dela se recuperar para voltar a sair de novo com os amigos. Papai era quem cuidava de mim o tempo todo. Eles brigavam muito por isso e eu tentava ser o melhor filho possível pois pensava que tudo era por minha culpa. E de certa forma era não é mesmo? Eu amava minha mãe ela era tudo para mim, eu a venerava, afinal, que criança não olha para sua mãe como se ela fosse uma heroína? Eu chamava sua atenção, tentava brincar com ela, eu fazia tudo, tudo para que ela ligasse para mim, para que ela soubesse que eu estava ali, para que ao menos, notasse minha presença. O tempo foi passando e as coisaa foram ficando mais feias. Ela não conseguia mais nenhum trabalho como modelo então chegava em casa, muitas das vezes bêbada e descontava toda a sua raiva em mim.

Ela me batia quase todas as noites e exigia que eu ficasse calado, que aguentasse como 'homem', caso contrario, papai nos deixaria e a culpa seria toda minha. Papai obviamente não sabia de nada, pois trabalhava muito duro até tarde, para manter a mulher mesquinha que ela era. Eu continuei apanhando calado por algum tempo, pois na minha cabeça infantil, eu não queria ser responsável da separação deles dois. Eu ainda a amava muito. Nossa rotina era essa, ela chegava frustada, ia beber e depois subia até o meu quarto para me bater sem nenhum motivo aparente. Até que um dia, papai tinha uma reunião mas ela foi cancelada e ele voltou mais cedo para casa. Quando chegou, procurou minha mãe no seu quarto mas não a achou então foi até o meu para ver se eu ja havia chegado do colégio. Ele entrou bem na hora em que aquela mulher me batia com um cinto com uma mão e bebia de uma garrafa de rum com a outra. Lembro que eles brigaram a quase a noite toda e no final, papai a expulsou de casa. Os papéis do divórcio chegaram algumas semanas depois.

Eu fiquei tão chateado com ele, pensava que ele não deveria ter feito isso, pois achava que agora sim que ela não iria me amar mesmo, ela iria me culpar por tudo. Eu comecei a tratá-lo da pior maneira possível. Não o obedecia, saia todas as noites, me metia em brigas em confusão após confusão e ele sempre estava lá para me tirar daquilo e eu continuava fazendo o mesmo pois achava que aquilo era o correto, que eu estava com toda a razão do mundo. Eu conheci muitas pessoas más pelo caminho, algumas delas se faziam de meus amigos e outras nem ligavam se eu estava vivo ou morto. Uma dessas pessoas que eu chamava de amigo, um dia, me ofereceu outra maneira de descarregar minha raiva. Era algo fácil e eu nem precisava sair de casa. Ele me apresentou um comprimido chamado oxicodona, você já escutou falar? É
um fármaco opioide analgésico, análogo semi-sintético da morfina, derivado da tebaína.

Sua potência é duas vezes superior a da morfina. É um medicamento indicado no tratamento da dor de intensidade moderada a intensa, porém muitas pessoas a utilizam como droga. E eu me tornei uma delas. No começo eu disse a mim mesmo que não consumiria por muito tempo, que só seria até eu me sentir melhor. Mas isso nunca acontecia. Eu consumia de todas as formas, triturado e injetado direto na veia, cheirando o pó como se fosse cocaína, e em vez de me sentir melhor, eu sentia que estava caindo cada vez mais fundo e para que essa sensação sumisse, eu precisava de cada vez mais. Eu estava tão viciado que quando papai disse que nos mudariamos para cá, a minha primeira preocupação, era saber quem seria a pessoa que me venderia a oxi. Então o garoto que me vendia na outra cidade, me passou o contato de Caio. Aquela vez que você me seguiu, fiquei com muito medo de você descobrir tudo, mas depois você não deu nenhuma pista de nada, então eu fiquei mais tranquilo. Caio não é uma boa pessoa e sei que se ele se sentisse ameaçado eu agiria, foi por isso que te tratei tão mal naquela noite Mel, eu não queria que ele pensasse que eu gostava de você porque na primeira oportunidade que ele tivesse, ele usaria isso contra mim e eu não podia suportar a ideia de que você poderia se machucar por minha culpa. Quando eu descobri que Jonah era nosso irmão, fiquei tão desolado que a única coisa que fiz foi te tratar mal, mesmo você não tendo culpa nenhuma naquela historia toda e quando você foi na minha casa naquela noite e descobriu a mesma coisa, eu fiquei desesperado. Eu já estava chapado da nossa briga anterior e quando a vi ali conversando com o meu pai eu sabia que ele estava te contando tudo e pensei que você não ia querer mais saber de mim. Por isso disse aquelas coisas horriveis sobre a sua mãe e o acidente e eu quero que saiba que eu sinto tanto Mel, eu me arrependo de haver dito aquelas palavras até hoje. Eu preferiria que você tivesse me batido, me xingado, feito qualquer coisa, mas ver você sair por aquela porta sem dizer nada, isso foi pior porque eu percebi que eu tinha estragado tudo. Papai começou a me dizer um monte de coisas e eu entrei em desespero, subi até o meu quarto e injetei uma quantidade de oxi dez vezes maior do que a recomendada direto na minha veia e ai... tive a overdose. Eu me sentia vazio e parecia que tudo se resolveria se eu simplesmente deixasse de existir, mas Deus, eu estava tão errado. Por sorte papai me encontrou a tempo e me levou para o hospital. Eu pedi a Jonah que te dissesse que tudo ficaria bem Mel, porque nesse momento, a unica coisa que passava pela minha cabeça era você. Eu te escutei, quando você falou comigo, quando disse que me amava, eu te escutei. Quando eu acordei três dias depois, fui praticamente coagido a ir para uma clínica de reabilitação, só assim o idiota que estava me processando por bater no seu filho, iria retirar a denúncia. Eu não tinha acesso ao telefone lá Mel, só podia ligar para alguém alguma vez ou outra e eu tentei te ligar, juro que tentei, mas a vergonha me consumia tanto que eu desistia e acabava ligando para papai. Eu sinto tanto, tanto Mel por te fazer passar por tudo isso, mas eu sei que tanto eu quanto você fomos feitos um para o outro e sou tão egoísta a ponto de te querer só para mim, porque todo esse esforço que fiz esses três meses, foram por você, para poder voltar e dizer com toda a certeza: agora sim sou uma pessoa que vale a pena.

Eu não quero que você me desculpe por pena por tudo o que me aconteceu, longe disso, mas precisava que você soubesse o quanto é importante para mim e o quanto eu te amo com todas aa minhas forças e todo o meu coração. Sem você Mel, eu sou uma casca vazia, sem rumo e sem sentido.
Eu vou te dar um tempo para pensar e se você decidir me perdoar por tudo o que eu te fiz e quiser recomeçar do zero, eu vou te esperar domingo, às nove horas na praça perto do The Pub. Se você decidir não aparecer, eu saberei que não quer mais nada comigo e prometo que nunca mais vou te ligar nem mandar mensagem, eu vou respeitar a sua decisão, é o mínimo que posso fazer.
Eu te amo Mel,
Sua princesa, Ariel."

Eu não consigo parar de chorar. Meu Deus, Ariel sofreu tanto na vida e eu pensando que ele era apenas um garoto mimado, quando na verdade era abusado pela mãe violenta. Tenho vontade de bater naquela mulher só para ela saber como é a sensação! Eu o amo tanto e é hipocrisia minha tentar ir contra esse amor. Ele lutou por mim, fez sacrifícios por mim e voltou por mim.

Ariel é um lutador e um vencedor e como ele mesmo disse, somos feitos um para o outro.
Olho para o relógio no criado mudo e faltam apenas alguns minutos para as nove. Oh não! Preciso ser rápida!

Troco de roupa em tempo recorde, recolho o caderno e a carta e saio em disparada pela casa.
-Aonde vai com essa pressa toda minha filha? -Mamãe pergunta e eu grito enquanto passo pela porta da entrada.
-Encontrar o amor da minha vida!
Escuto sua risada alegre e sei que ela sabe muito bem de quem estou falando.
Desço impaciente pelo elevador. Porque está demorando tanto? Tambaleio meus dedos pela parede espelhada e quando as portas se abrem na garagem, saio correndo até o meu carro.
Dirijo como uma louca pela cidade e chego à pracinha em tempo recorde.

Estaciono de qualquer jeito -estou ficando muito boa nisso -e começo a procurar pelo garoto em todo lugar. Porque ele não disse exatamente onde ficaria? Essa praça é enorme! Começo a pensar que ele desistiu de esperar e foi embora, até que vejo alguém de costas para mim parado observando uma fonte jorrando.
-Ao contrario do que você pensa, -digo me aproximando a passos lentos -você vale muito a pena.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro