Steve acordou alguns segundos depois, percebendo estar jogado no teto do elevador. Ele caiu cerca de cinco andares em queda livre até seu corpo ser parado pelo metal (felizmente) resistente. Ele estava extremamente preocupado com Megan, com Bucky, e ainda confuso sobre o que havia acontecido ali.

Rogers tentou abrir a porta de emergência que ficava no teto do elevador, mas estava emperrada. Decidiu, então, tirar sua jaqueta de couro e ficar apenas com a confortável camiseta cinza. Segurou nas barras de ferro que sustentavam o elevador, escalando a parede, andar por andar, até chegar à cobertura.

Ele sabia que o helicóptero de Tony estava ali e que aquele seria o meio de fuga mais rápido.

Quando abriu a porta que dava para o heliporto, pôde ver um Bucky se preparando para decolar. O helicóptero subiu por alguns metros, mas Steve correu e conseguiu segurá-lo. Barnes continuou forçando o helicóptero a subir, mas a força de Steve o mantinha perto do chão.

Foi quando Bucky, ainda tomado pela lavagem cerebral, jogou o helicóptero em Steve, não se preocupando com os estragos. O Capitão conseguiu se safar de todas as partes de metal que quase o atingiram, mas não conseguiu se livrar do punho de ferro que segurou seu pescoço e o levou junto até as profundezas de um lago no térreo, na parte de fora do edifício.

Ele pôde ver Bucky afundando dentro do helicóptero depois de bater a cabeça com muita força, ficando inconsciente. Obviamente, Steve salvou o amigo. Tirou-o da água, deixou seu corpo a salvo em terra firme depois de notar que ele estava respirando normalmente, e se jogou na água de novo. Steve nadou até as profundezas do lago, mantendo os olhos abertos em baixo d'água com certa dificuldade. Ele estava se certificando que Megan não estava ali, presa em algum escombro, se afogando.

Depois que teve 100% de certeza que ela estava bem longe daquele helicóptero, Steve voltou à superfície. Por um lado, estava aliviado. Por outro, ainda mais preocupado.

Onde está Megan?

+ + +

Steve olhava pelo vidro parcialmente quebrado da janela. Fora daquele balcão velho e esquecido pelo mundo, muitos helicópteros varriam o perímetro em busca dos fugitivos mais procurados do mundo: Capitão América, Falcão e Soldado Invernal.

Que grande dia para eles.

De uma sala daquele prédio, Sam encarava o ainda desacordado Bucky Barnes. Seu braço assassino de metal estava preso em uma máquina, impossibilitando que ele tentasse até mesmo mexer os dedos.

Alguns minutos de extrema preocupação e mentes totalmente divagantes depois, Bucky dá os primeiros indícios de estar acordando.

-Hey, Cap! -Sam chama o homem que ainda divagava sobre as aeronaves, que se dirigiu mais que rapidamente até o local em que Bucky dava o ar de sua graça.

Os dois estavam apreensivos, com os punhos cerrados, se preparando para o pior. Se preparando para o Bucky assassino, psicótico, que não conhece as pessoas para nada além de alvos.

Entretanto, após o forte choque do crânio do homem com a estrutura de vidro do helicóptero, um outro Bucky acordou. O Bucky de verdade.

-Steve? -ele ergueu a cabeça, revelando o rosto cheio de pequenos cortes e um tanto abatido.

-Qual Bucky é você?

Barnes o encarou por alguns segundos até entender que Steve precisaria de provas de que realmente era ele.

-O nome da sua mãe era Sarah... Você costumava colocar jornal nos seus sapatos. -um sorriso saudoso saiu dos lábios dele. Steve logo cedeu com a cara carrancuda, sabendo que aquele era o amigo que ele tanto esperava que retornasse um dia.

Sam notou que Steve já havia derretido, o que o deixou demasiadamente bravo. Quer dizer, Bucky havia matado pessoas com todo aquele showzinho, e em questão de dois minutos Rogers o perdoou.

-É sério, Steve? Vamos confiar nele só com isso?

-Por que? O que eu fiz agora? -o clima pesou instantaneamente com o Bucky em sua feição confusa e ansiosa.

Steve sabia que, quando o protocolo da Hydra controlava sua mente, não havia opções para ele. Se fosse dito "matar", ele mataria. Foi transformado apenas para obedecer, e não para ter misericórdia.

-Fez o suficiente. Agora vamos nos concentrar no que o tal homem queria com você, Bucky.

-Eu... Eu não sei, Steve.

Tanto Steve quanto Sam puderam perceber que era verdade. Mas não chegariam a lugar algum com um "não sei".

-Bem... Ele levou a Megan, Buck. Não sei como vocês se conheceram, mas se quisermos vê-la de novo, precisamos de algo melhor que um "não sei". -a menção de Megan foi o suficiente para fazer Barnes revirar suas mais profundas memórias. Mas a questão é que ele nunca se lembra do que acontece enquanto Soldado Invernal.

-Ele perguntou algo sobre onde fui criado. Sibéria... -Bucky franziu o cenho, agora tendo alguns flashes invadindo sua cabeça. -Também disse algo sobre "derrubar um Império" com a ajuda de alguém... É tudo que eu me lembro.

-Ajuda de alguém? Ele não está trabalhando sozinho? -Sam interveio, já criando uma teoria conspiratória em sua cabeça.

Foi quando Bucky teve um lapso de memória intenso.

A Sibéria...

Ele não era o único Soldado Invernal.

+ + +

Megan abriu os olhos, sentindo sua cabeça doer como se estivesse com um martelo enferrujado enterrado em seu crânio. Ela apertou os olhos, os quais ainda carregavam lágrimas.

Ela mexeu as mãos, checando se elas ainda estavam ali. Na verdade, não conseguia as sentir muito por conta das amarras de couro muito apertadas em seus pulsos. A mesma coisa acontecia com seus pés, os quais estavam descalços, molhados e dormentes.

Os fios ainda estavam conectados em suas têmporas. Seus cabelos continuavam molhados, assim como sua roupa.

Ela estava esgotada.

Já havia passado por horas e mais horas de tortura com choque de fios elétricos crus em seu corpo molhado. Ela chegou a beirar um ataque cardíaco por algumas vezes, e era quando a tortura era pausada para ela ter um descanso de algumas horas. Quando tudo estava calmo, a luz por trás do vidro se acendia e a coisa toda era reiniciada.

Entretanto, ainda não conseguia responder a única pergunta que o tal Zemo, o falso psiquiatra e seu torturador, fazia incansavelmente: qual o relatório da missão de 16 de dezembro de 1991?