I guess you know by now

That we will meet again somehow

Time can come and take away the pain

But I just want my memories to remain

How, Regina Spektor.

Dois meses depois

Megan se levantou da cama, ouvindo seu notebook fazer barulho de notificações. Ela caminhou pelo quarto gigantesco do seu apartamento gigantesco, um mimo de Tony que ela não conseguiu recusar. Tudo era em tons de branco e bege, altamente sofisticado e nada compatível com a moça que passou a maior parte de sua vida em um mar acinzentado. Ela era grata, porém, por Tony aceitar que ela fizesse trabalhos esporádicos pelo seu notebook para compensar todo o conforto que ele lhe dava.

Ela tocou a tela do notebook com seu dedo indicador, a qual logo se acendeu revelando uma chamada do Skype. "Stark #1" piscava, esperando para que ela atendesse.

Megan tentou minimizar sua cara de sono em plenas 11 da manhã, e logo aceitou.

-Aí está minha irmãzinha preferida! Tenho um trabalho para você. –ele estava em uma camiseta azul, jogado no que parecia um sofá preto.

-Estou bem sim, Tony, e você? –ela disse em um tom sarcástico, mas acostumada com o Tony ser sempre direto ao ponto.

-Ah, sim, ótimo. Então, como eu estava falando, preciso que você verifique uma pista que recebi sobre Rumlow. Pode fazer isso agora? –Megan teve um leve baque, lembrando-se da última vez que o vira. O elevador com Steve...

-Ãmm... Sim, Tony. Farei isso agora. Pode mandar. –Tony fuçou em seu celular por alguns segundos, mandando a tal pista no e-mail de Megan.

-Prontinho. E, então, como está Paris?

-Muito bem, Tony. Muito obrigada por perguntar. –seu tom não possuía animação nenhuma.

-Você ainda não saiu de casa, não é? Escuta, Megan, esse é o último prazo que eu te dou: mande fotos na torre estúpida ou comendo um croissant em dois dias senão eu vou até aí te arrastar para fora desse apartamento. Eu sei que ele é incrível e superequipado porque eu mesmo o fiz, mas a intenção era que você tivesse uma vida real, também.

-Tony, já passei um fim de semana fora, não pre-

-Megan, eu não estou brincando. Dois dias para a foto. –ele arqueou a sobrancelha, mostrando o quanto estava disposto a pegar seu jatinho por sete horas apenas para puxar a orelha dela.

Uma voz ao fundo soou, deixando Megan em alerta. Uma voz muito conhecida.

-...você iria gostar muito desse álbum, é um clássico!

Ao fundo, cabelos loiros se destacaram.

Era ele.

Megan congelou, arregalando os olhos instantaneamente e analisando como ele estava.

Dois meses sem falar com Steve. O sorriso daquele homem continuava brilhante, de tirar seu ar.

-Eu sou muito seletiva quanto a clássicos, Capitão.

Quando essa particular voz feminina soou em tom de flerte, Megan cerrou os olhos. Também era uma voz conhecida, mas não era de Natasha.

Ela começou a se lembrar quem era a dona daquele timbre, assumindo feições mais altamente assassinas a cada milissegundo. Tony arregalou os olhos, lembrando-se que ainda não havia conversado com sua irmã sobre a tal figura feminina que ele havia recrutado duas semanas depois da saída de Megan.

-ANTHONY STARK! –o berro de Megan fez Tony dar um leve salto do sofá, assustando-se e temendo que ela atravessasse sua mão pela tela e o enforcasse com os próprios dedos. Os dois loiros que conversavam mais para trás também se assustaram, dirigindo seus olhares para o iPad que estava nas mãos de Tony.

-NOS FALAMOS MAIS TARDE, MAGGIE, TE AMO! –Tony cuspiu as palavras sem nenhuma pausa, afobando-se para desligar aquela chamada o mais rápido possível.

Megan se levantou da cadeira de escritório que estava sentada, sentindo suas mãos tremerem e sua face pegar fogo.

-SHARON CARTER, ANTHONY !? ERA ISSO QUE VOCÊ ESTAVA ESCONDENDO DE MIM? MAS VAI SE ARREPENDER E MUITO DE TER SIDO O ESPERMATOZÓIDE VENCEDOR! –ela andava de um lado para o outro no seu quarto, gritando com as paredes, pensando em sua prima flertando com Steve pelos corredores, assumindo seu lugar no posto de diretoria dos Vingadores e roubando a família que, até então, era sua.

Ela estava com as emoções fora de controle, sabia muito bem disso. Pensava em pegar um jato e ir até as instalações que acabara de ver pela tela do notebook, esmurrar Tony e estapear Sharon. Mas ela não podia.

O que restou, então, foi descer até a sua academia particular no andar de baixo. Seu refúgio sempre que estava nervosa.

Ela caminhou decididamente até o saco de pancada vermelho que estava pendurado à sua frente. Colocou duas luvas do modo mais esfarrapado possível, sentindo o calor se acumular em seus punhos. Ela estava transferindo toda sua raiva e chateação para suas mãos, pronta para desferir socos naquilo até se acalmar.

Um soco, dois, três... Quando sua contagem chegou em doze, uma imagem de Sharon e Steve surgiu em sua cabeça. Os dois no mesmo quarto, na mesma cama, ocupando o lugar que um dia foi de Megan.

Treze, quatorze, quinze socos. Suas mãos começaram a doer, ela sentia o tecido da luva cortando sua pele, mas não queria parar.

Dezesseis, dezessete, dezoito. Sentia todo o seu sangue fervendo ao fluir por seus dedos, concentrando toda a força que tinha na sua mão direita.

Dezenove, vinte.

O saco de pancadas não aguentou. Ele se soltou do gancho de ferro que o prendia no teto, voando cerca de dois metros para trás. Um estrondo preencheu o espaço quando a peça atingiu a parede, destruindo-a. Um buraco naquela parede agora dava o toque final à academia, fazendo Megan parar para respirar profundamente três vezes.

Ela quebrou uma parede. Enfiando um saco de pancadas nela. De novo.

Um alarme muito alto soou, assustando a moça, que olhava à sua volta procurando por algo que explicasse aquele barulho.

Uma tela se acendeu a sua direita, mostrando a cara de um Tony extremamente preocupado.

-Megan, o que foi isso? Alguma explosão? Alguém invadiu?

-Não, Anthony. Eu só estava brincando de lutinha. –ela dirigiu os olhos até o buraco com um saco de pancada surrado no meio, sendo acompanhada pelo olhar de Tony. Ele involuntariamente abriu a boca.

-Maggie, isso é só por causa de Sha-

-EU NÃO QUERO OUVIR ESSE NOME! –Megan pegou um dos pesos de academia, o de 3kg, e o arremessou diretamente até o pequeno ponto eletrônico na parede que atuava como projetor. No mesmo momento, a tela com Tony se apagou. Ela encarou o estrago que fez por alguns segundos, logo respirando fundo novamente para puxar o pouco de racionalidade e calma que tinha em sua cabeça.

Megan teve que passar a tarde toda tomando chás e assistindo ao seriado mais tosco que estava passando na TV no momento para distrair sua cabeça. Era exatamente o que havia feito enquanto acompanhava as notícias em tempo real sobre o incidente de Sokovia, dois meses atrás. O número de mortos subia a cada segundo, e ela considerou se drogar para se acalmar. Tinha tanto medo de que um dos seus Vingadores entrasse para a estatística que viveu em meio a ataques de pânico intermináveis por três dias. Até que tudo fosse terminado definitivamente. 

Às seis da tarde, com mais um episódio de Gossip Girl, ela conseguiu retomar sua calma e foco. Pegou seu notebook, analisando a pista de Rumlow. Era uma foto dele conversando com um tal cientista, o que a fez procurar pelo laboratório para o qual o homem trabalhava. Encontrou a seguinte cidade: Lagos, na Nigéria. Era para lá que Rumlow iria.

Mandou as coordenadas para Tony, não esperando nenhum tipo de resposta ou contato da parte dele.

A moça ainda se sentia profundamente... Triste.

Ela estava sozinha enquanto, mais uma vez, Sharon tentava tirar tudo que a fazia feliz. Tudo que a pertencia.

Ela estava em um estado vegetativo/depressivo em que não sentia a menor vontade de levantar da cama. Estava mais magra, passava o dia todo cansada, à noite com insônia, apenas pensando em tudo que havia perdido. Ela se sentia no fundo de um poço, sendo que sua única salvação seria sua vida anterior. Mas não existem coisas como voltar no tempo. Ela devia seguir sua vida, mesmo que fosse insignificante. Mentia para Tony, Fury e todos que tentavam manter contato com ela. Fingia que estava ótima, aproveitando as férias, enquanto a única coisa que a trazia uma satisfação momentânea eram seus trabalhos esporádicos como consultora dos Vingadores.

Só havia uma pessoa que ela havia visto durante esses dois meses. Uma pessoa que ela havia procurado meses antes, a pessoa para a qual ela não precisava mentir.

Megan alcançou seu celular, certificando-se de desativar todos os comandos de vigia que Tony tinha de seu quarto, coisa que sempre fazia quando falava com ele. Iniciou a chamada.

-Alô? Megan?

-Sou eu. Posso pegar o próximo trem para te fazer uma visita? Preciso de um fim de semana longe de tudo.

-Outro saco de pancadas destruído? –uma risada irônica soou do outro lado, fazendo Megan sorrir de um jeito tristonho.

-É, você me conhece...

-Pode vir, garota. A Romênia te espera.

-Obrigada, Buck.

N/A: AAAAAAAAAAA

Quem aí sacou o que vai começar a acontecer? rsrsrsrs

 O que tá acontecendo com Megan e Bucky? E essa tal Sharon, hein? TO ANSIOSA!