Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Remenda

Voltei com um capítulo de recomeço
Espero que vocês gostem
É bom estar de volta
E sintam-se a vontade para falarem aqui (っ˘з(˘⌣˘ )

Boa leitura ♡♡

———— M E D I C I N E ————

Louis Tomlinson

O feixe de luz é intrigante quando paramos para encará-lo por muito tempo. E depois esticamos nossas mãos, vislumbrando as definições dos detalhes delas percebemos que uma parte do nosso cérebro sabe como traduzí-las para nós através dos pensamentos. Fico pensando nisso por algum tempo, antes de me conceder a honra de levantar para poder voltar a rotina escolar. Voltar a me encarar subitamente e sentir repulsa sobre mim. Sobre meu corpo e sobre como me tornei.

As pessoas costumam dizer que existem dias em que acordam com uma baixa energia, eu já posso dizer que todos os dias me sinto assim.

Então eu lembro da criança que fui e o quanto amei tudo que havia em mim. Hoje eu sinto muito por ela. Sinto muito por crescer e descobrir o que é não ser criança. Crescer é tragicamente agoniante.

Depois de colocar meu moletom que disfarçava bem minhas gorduras, e estar com minhas calças pretas coladas e vans surrado. Desço para tomar café nem um pouco animado, minha tia sempre estava animada na mesa e eu tentava ser um pouco mais positivo perto dela, afinal, ela me acolheu no momento em que praticamente não tenho ninguém. Enquanto ela debatia sobre assuntos da psicologia, encaro o meu prato com waffles caramelizados e suspiro, eu amava esse prato mas hoje em dia já o evito.

— Lou? — ouvi seu chamado, a tia Jane parou de mexer no seu prato e estava me encarando.

— Hum, oi!

— Passei esse tempo conversando como uma amiga de trabalho, consegui uma psicóloga pra você. — eu não queria ir a terapia, não achava que minha vida fosse significante para tentar me tratar. — Tenho percebido que não come muito e que vomita algumas vezes. Eu percebi que faz isso quando “não estou por perto”.

Mordi meus lábios, largando assim o gafo e a faca. Iríamos entrar em um diálogo do qual eu preferia fugir.

— Tia, acho que não precisa se preocupar…

— Acha que não preciso me preocupar? — ela indagou, sua voz estava calma e não tão estressada. — É claro que eu preciso me preocupar, Louis. Eu sou sua tia mas tenho você como um filho. Me importo até com um fio de cabelo que cai dessa sua cabeça e observo constantemente você, eu sei que tem problemas com seu corpo e sua autoestima abaixou depois de muita coisa que aconteceu. Não preciso me preocupar? — ela negou com a cabeça, seus olhos estavam cheios como se ela estivesse prestes a desabafar. — Isso está fora de cogitação.

Eu não estava me sentindo bem, por mais que ela me amasse, algo dentro de mim se sentia ruim por fazê-la chorar e ainda mais dar trabalho para Jane. Do mesmo modo que não via salvação em fazer eu amar a mim mesmo quando estou tentando melhorar meu corpo para mais magro.

Levantei do meu lugar, dando a volta na mesa e ficando ao seu lado. Abracei minha tia, não por peso na consciência mas porque eu desejava fazer isso.

— Promete que irá e eu vou acompanhar você em todas as consultas. — era uma súplica relativamente tocante.

Eu poderia negar, pensar em vários motivos para inventar uma desculpa. Mas ela estava chorando, eu não quero magoá-la com uma decisão que já foi tomada por mim mesmo. Então eu pensei que mentir era o melhor caminho.

— Tudo bem. Eu vou.

Decisões foram feitas para serem tomadas mas naquele dia eu decidi que era por causa de uma boa ação que ao menos uma vez na vida eu poderia fazer ou para encerrar completo aquele assunto.

Hoje o sol estava agradável, eu não costumo ficar olhando muito para as coisas e dizer algo positivo sobre elas mas aquele dia estava sendo agradável de se ver. Me pego olhando pela janela do carro, as nuvens tão aveludadas no seu branco algodão e o céu azul que se estendia atrás delas. Quando criança me perguntava como era estar naquela altura, olhando o mundo abaixo de nós porque eu sentia paz através daquele pedaço branco.

Minha tia beijou minha testa quando chegamos na escola, sorri para ela quando me perguntou se eu ficaria bem e caminhei o mais rápido para dentro. Não queria me encontrar com o Josh ou com o amigo dele.

Meus passos estavam tão ligeiros que não percebi quando amassei o rosto na jaqueta preta de alguém na minha frente. Ergui meu olhar completamente sem graça, vendo um moreno de olhos caramelos e sorriso misterioso.

— Ah, desculpa. — sorri, eu não sabia porque eu estava sorrindo mas sorri.

— Tudo bem. — percebi que o garoto usava roupas coladas e sua mochila estava em um dos ombros. — Você está perdido?

Neguei com a cabeça. Fiquei com vergonha de falar mais e sair besteiras da minha boca.  O garoto de cabelos sorriu outra vez.

— Tudo bem.

Ele acenou, se afastando com um sorriso simpático no rosto. Soltei um suspiro aliviado por ele não ser um valentão. Voltei a minha caminhada lembrando dos motivos dos meus passos serem apressados. Automaticamente pensei em Harry também, em nosso pequeno encontro e como ele estava.

Entrei na sala, ignorando os comentários audaciosos sobre o meu corpo vindo de Josh, o qual me deparei na entrada e recebi alguns beliscões na bochecha. E me sentei no fundo, massageando a camada de carne que se eu não tivesse, poderia ter evitado o seu aperto. Puxei meu celular e digitei:

“Hey, você não vem hoje?”, Lou.

Fiquei sem resposta, notando que ele tinha visualizado apenas de noite. Mordi os lábios pensando sobre algumas coisas que ele me disse que acontecia com ele. Até mesmo os cortes. Em como Harry era bom e o quanto o julgamento errado das pessoas o fazia ser ruim.

— Oi! — Liam sentou-se ao meu lado. Ele estava com cheiro de chocolate quente e isso fez meu estômago roncar.

— Oi.

— Quero te convidar para uma confraternização na minha casa! — ele se virou para mim, estava sorrindo animado. — Vai ser daqui duas semanas, você acha que pode ir?

Não era meio fetio sair. Me envolver com pessoas porque sempre me senti deslocado no meio delas. É assustador pra mim ficar com pessoas e vir pra escola é meio que ser obrigado a viver com elas até às três da tarde.

— Eu não sei. — sorri fraco.

— Vamos lá, Louis! Sua presença é importante, afinal, você é meu mais novo amigo. — Liam fez um biquinho, era fofo admito mas ainda estava inseguro.

— Ahn... Vai muita gente? — tentei abrir as opções para negar a minha ida.

— Não, apenas os mais próximos. Meus pais não gostam de bagunça e eu estou tentando me organizar em relação a isso.

Suspirei outra vez, esse negócio de confraternização me deixava exausto. Liam continuava esperando pela minha resposta quando vejo Harry entrando na sala, ele estava usando um moletom preto até as mãos, os cachos se escondiam por debaixo da touca também preta, calça jeans coladas e bota masculina. As olheiras estavam expostas como se ele não tivesse dormido e eu imaginei que ele poderia estar mal. Harry não me encarou e eu estranhei isso, pois havíamos passado um tempo juntos e estávamos tão bem.

— Louis? — Liam estalou os dedos na minha frente, atraindo a minha atenção.

— Posso pensar um pouco? Ainda tenho que falar com a minha tia.

— Tudo bem, você acha que ela vai deixar?

— Talvez. — respondi, olhando para Josh que jogava algumas bolas de papel em Harry.

Aquele garoto tinha sérios problemas e me dava nos nervos não conseguir fazer nada. As pessoas da sala estavam rindo do modo como ele ofendia Harry, e quando ele se levantou começou a lhe dar alguns tapas na cabeça, meu coração acelerou porque eu via o quão eram fortes. Josh dizia o quão Harry era estúpido e percebi que suas mãos estavam apertando a ponta da camisa.

Eu teria consequências graves mas não poderia deixar que continuassem a humilhá-lo daquela forma.

— Deixa ele! — fiquei de pé e isso atraiu os olhares de todos. Inclusive de Josh.

— O quê? — ele riu. — Está defendendo seu namorado agora? Seu porco!

Me senti envergonhado, alguns alunos começaram a rir alto e Liam me encarava preocupado.

— Seu namorado idiota, sempre será um perdedor. Vocês são a dupla perfeita! — gritou Josh, com o peito estufado e recebeu aplausos de alguns alunos. — Não é Styles?

Com os punhos fechados, ele socou o ombro de Harry e eu dei um grito para que parasse o que estava fazendo. Liam se levantou mas os amigos de Josh nós seguravam quando Harry foi para trás. Ele não falava nada. Ele não agia.

— Para com isso!

— Você foi o culpado do Sebastian morrer naquela noite, seu bastardo. Vai induzir mais um pra sua…

Josh caiu para trás, após Harry se levantar como um louco e fechar seus punhos no rosto do valentão. Ele estava diferente, estava agressivo e descontrolado. Lembrei do quão duro foi para sua mãe o manter na escola, aquela briga poderia causar sua expulsão. Ainda mais por Harry socar Josh sem parar.

Usei meu cotovelo para me soltar do loiro, que não me lembro o nome, e corri na direção dos dois. Eu estava com medo de tocá-lo mas precisava fazer alguma coisa, já que ninguém se movia.

— Harry! — segurei em seu ombro, quando vi que ele estava prestes a bater a cabeça de Josh contra o chão. — Para, por favor! — tentei o puxar, ele estava com os ombros tensionados e o demente do Josh ainda sorria com a boca cheia de sangue para alimentar a raiva de Harry. — Você não é igual a eles. Por favor!

Mantive minha mão em contato com seu rosto, quando me locomovi para sua frente. Os verdes de seus olhos estavam distantes, obscuros e vazios. Eu achei que ele não faria o que pedi, contudo, suas mãos soltaram o insolente que foi ajudado pelos amigos de sala. A turma encarava a nós dois, Harry estava sério com as mãos manchadas de sangue e eu não entendia como viemos para essa situação constrangedora.

— Pra você! — senti mãos me empurrarem e minha testa bater contra uma das mesas.

O ardor nas minhas narinas começaram a me trazer o cheiro forte de ferro e o sangue escorrendo pelo meu nariz. Olhei para o lado vendo o loiro sorrindo com Josh e o senhor Harris parado na porta da sala.

Droga!

Depois de uma bronca com a turma, o senhor Harris levou os envolvidos para a sala da diretoria. Meu nariz estava sangrando mas estanquei com pano para não pingar em todo o caminho. Minha tia iria surtar quando soubesse o que aconteceu comigo.

Harry estava quieto, sério desde a sala de aula. Havia alguma coisa de errado com ele, eu sentia que sim.

— Vocês estão achando que estamos em um campeonato de luta? — a diretora Diana Foster, nos encarava séria. — Está é uma escola e vocês são alunos!

A mulher negra, de cachos providos nos ombros, andava de um lado para o outro. Usava um vestido social azul escuro que destacava o castanho mel dos seus olhos. Eu estava ao lado de Harry, Liam ficou do outro lado e o Josh com o amigo loiro no sofá.

— Harry você está aqui mais uma vez na diretoria, sabe o quão difícil foi para sua mãe manter você aqui? — ela aponta na sua direção. Harry a encarou com suavidade. — Quer ser expulso?

Ele ficou em silêncio.

— Eu te fiz uma pergunta, Harry Styles.

— Não.

Assim que ele respondeu, olhei para Josh e companhia que riam.

— Posso falar? — ergui a minha mão, atraindo o olhar da diretora entendiada.

— Sim, senhor Tomlinson.

— Josh começou batendo sem razão alguma no Harry. De certo, não foi certo Harry usar a violência para resolver a situação mas não é de hoje que isso acontece. Josh enche o saco por causa do Sebastian e acho que Harry sabe o que aconteceu e não precisa que o lembrem. Então, eu me meti e fui segurado por esse aí. — apontei para o amigo de Josh. — Não acho que fazemos as coisas se não somos motivados a fazer. Se o Harry quase foi expulso pelo que fez ou que acreditam que ele fez. Por que o Josh não pode pagar pelas suas consequências de fazer bullying com alunos? Afinal, Sra. Foster, ele faz ameaças para que não possamos abrir a boca. A escola está ciente disso? E — olhei para Liam que estava em silêncio. — tenho uma prova aqui ao meu lado que parte da turma compactuou com o acontecido.

Eu estava assinando a minha carta na lista vermelha dos valentões mas eu precisava falar. Assisti muitos filmes e li livros que esses caras sempre se dão bem e a pessoa sofre até um dia conseguir contar. Não acho que tenha que ser assim, estou com medo do que pode me acontecer mas não quero que a minha vida vire um inferno quando já faço isso por mim mesmo.

A diretora encarou a todos e ao Josh, parecia refletir sobre as minhas palavras.

— Eu não faço bullying. — Josh se defendeu — Tentei conversar com Harry mas ele não me parecia sensato a diálogo. Ele sequer está se defendendo aqui. Não é estranho?

Eu quase vomitei na cara daquele infeliz. Como conseguia ser tão estúpido?

— Eu vi o que ele fez diretora. — Liam afirmou o que eu teria colocado como questão para a mulher.

— Bem, vejo que tem muitas coisas que acontecem sem que eu saiba. Essa briga foi a gota d'água para mim e essa instituição. — a Sra. Foster caminhou para atrás da mesa. — Harry, Louis e Liam, vão para a detenção até o final do bimestre por comportamento rebelde em sala de aula. Já que você, Louis, se portou muito mais rebelde que Liam, irá fazer companhia ao Harry durante visitas duas vezes na semana em um asilo, para que saibam ser mais flexíveis em relação a suas ações.

Ouvi um pigarro de risada atrás de mim que me deixou irritado.

— Josh e Stefan… — agora descobri o nome do ser. — Estão fora do time da escola, ficaram sob vistoria da coordenação dessa instituição. Quero que tragam seus pais para a escola pois vão ficar uma semana de suspensão e precisam que eles assinem a cláusula para continuem estudando nessa escola. Além disso, se isso acontecer, vão ocupar mais a mente de vocês ajudando o clube de teatro com a montagem da peça  e limparam a quadra toda a sexta após os jogos do time.

— Isso não é justo! — Josh exclamou exaltado. — Vamos sair do time por causa de um idiota que faz merdas?

— Silêncio, Devine. — Diana apontou para o sofá. — Está pagando pelo que você acredita ter soberania, alunos violentos nessa escola aprendem a se portar como pessoas que praticam empatia ao próximo. Nosso time precisa dessas pessoas e não de valentões. Agora sente-se e não aumente o tom de voz comigo!

No fundo, eu sorri pelo que ouvi.

— Quero que parem com essas práticas hostis ou serão expulsos de verdade. — ela voltou a se sentar. — Essa escola não é a favor de qualquer ato de violência e vocês vão aprender sobre isso. Que não haja brigas a parte e isso vale para todos nesta sala. Agora saíam e cumpram com a consequência de suas ações.

Não houve resmungos ou reclamações. Mas eu sabia que fora da escola, Josh poderia ser o monstro que quisesse comigo ou com qualquer um. Entretanto, não me arrependo do que fiz aqui. E nem por ir a detenção.

— Pelo menos vamos ficar sem ver a cara deles por um bom tempo. — Liam comentou.

Sorri fraco para ele e senti uma dor no nariz.

— E você precisa ir na enfermaria para ver isso!

— Vou ficar bem. — gemi baixinho pegando na parte inchada que se formou na minha pele.

Liam parou sua caminhada olhando por cima do meu ombro com o olhar assustado. O acompanhei, vendo Harry atrás de mim e me perguntando porque as pessoas sentem medo de alguém legal.

— Oi. — enfim, ele trocou palavras comigo. — Posso te levar a enfermaria?

Seu estado de humor estava mais leve, o que me surpreendeu, ainda mais por eu ter presenciado sua frieza. Olhei para Liam que parecia um patinho assustado e suspirei.

— Liam, eu…

— Tudo bem. Eu vou indo e cuidado. Nos vemos depois! — recebi um abraço e o vi sair, sem falar com Harry.

Encarei o cacheado na minha frente, percebi que ele tinha um novo pincerng na boca. De cor diferente.

— Vamos, então.

Harry me acompanhou em silêncio, parecia estar dialogando com a sua mente alguma coisa que eu gostaria de saber. Meus olhos todavia circulavam pelas suas mãos até o rosto, alguma coisa nele me fazia querer o abraçar mas eu cogitei por não saber se ele gostaria disso.

Entrar na enfermaria me fez entender que ela é a parte mais fazia da escola. Embora muitos alunos façam algo que lhe causam lesões, ela é um lugar de paz. A enfermeira que trabalhava ali, me atendeu dizendo que por pouco não quebrei o meu nariz e ainda bem que isso não aconteceu. Tomei um anti-inflamatório pois estava com uma dor nasal horrível e fiquei fazendo compressa na pequena sala com Harry ao meu lado.

— Acho que não estou fazendo isso direito! — olhei para o saco de gelo em minhas mãos. — O legal é que agora me sinto um porco mesmo.

— Deixa eu ajudar. — Harry saiu do seu lugar, ficando entre as minhas pernas sem receio do que fazia. Ao contrário de mim, que estava como uma pimenta. — Posso?

Assenti com a cabeça, quando ele pegou a compressa e colocou próximo da região lesionada. Fiquei admirando seus cuidados ao pressionar a camada de gelo no meu nariz, seu olhar suave sobre a ferida e em como seus lábios eram rosados. Olhei em seus olhos, vi o ser humano que existia através deles.

— Por que você me defendeu? — ele pergunta, cortando meu momento de apreciação.

— Bem, eu… — procurei pelas palavras certas. — Só não gosto de como eles te tratam, você não é o que eles dizem que é.

Harry pressionou por algum tempo a compressa de gelo e me encarou.

— Como tem certeza disso?

— Porque eu sei que você é bom. — toquei no seu ombro, embora estivesse com receio do meu ato. — Essa é a verdade. E se você erra, o que que tem? O ser humano faz isso todos os dias.

— E se eu for um monstro? Mesmo assim ficaria perto de mim?

Eu percebi pela sua voz que ele estava tentando mostrar o lado mais obscuro de si mesmo.

— Harry, você não é um monstro. Não tem que acreditar no que as pessoas te julgam ser.

— Você faz isso quando se trata de você?

Aquela pergunta me fez engolir todas as minhas boas palavras. Harry estava sério outra vez e agora, o gelo que estava meu rosto ficou na mesa.

— Porque não é o que parece. Você me diz coisas positivas mas não a prática consigo mesmo, como acha que pode me ajudar se não se ajuda?

Ele estava me tratando como um idiota, eu acho. Foi o que me pareceu. Era como se toda a minha tentativa de mostrar ser seu amigo de nada valessem. Engoli a tristeza que senti após suas palavras e me afastei dele porque estava ficando com raiva.

— Não é porque não prático isso comigo que não saiba dizer as coisas certas. Eu estou tentando ajudar mas você é um idiota!

Me virei de costas, apoiando as minhas mãos na pia e segurando a vontade de chorar. Eu sou um grande infeliz, com o corpo infeliz que se importa demais com os outros.

— Não precisa me lembrar do que eu já sei. — Harry disse outra vez.

— Por que não vai embora? Não é melhor do que tentar ouvir algo de mim?

Continuei na mesma posição. Sentindo-me mal por estar falando aquelas coisas, ao mesmo tempo que certo que eu precisava me expressar também. Eu tinha muitas coisas para colocar para fora mas preferi guardá-las para mim. Ouve um silêncio após eu o mandar se afastar. Contudo, não escutei o barulho dos seus passos até a porta, do mesmo modo que procurei não me virar para o encarar.

Harry estava descontando sua raiva em mim e isso não foi legal. Talvez, o problema seja comigo também, afinal, eu não sou uma boa companhia.

— Me desculpe. — ouvi sua voz rouca, alguns centímetros atrás de mim.

Soltei um suspiro cansado, permaneci no mesmo lugar submerso em suas palavras.

— Lou, me desculpe por ter falado essas coisas. Eu fui estúpido!

— É você foi, mas parece que isso é apenas comigo. — o encarei, com receio de fraquejar devido ao meu lado frágil.

Harry estava com os ombros curvados.  O maxilar dele não me parecia tenso e seus olhos estavam escondidos no tecido da sua blusa.

— Não é. Não é com você. É comigo, sempre vai ser comigo.

Olhei para um pedaço da manga do seu moletom que havia subido, Harry estava com marcas de cortes no pulso.

— E droga! Você está machucado por causa de mim. Está chateado porque não sou um bom garoto!

Vejo Harry fechar os punhos e bater em si mesmo com brutalidade. Arregalei meus olhos por ver tamanha violência consigo mesmo. Harry repetia para si mesmo que merecia o que estava fazendo e eu corri, agarrando seus braços, embora ele fosse mais forte que eu.

— Eu preciso pagar pelo que fiz a você!

— Não, não precisa. — entrei em seu meio, abraçando seu corpo. — Está tudo bem, Harry, está tudo bem.

Foi quando ele parou de se debater, apesar de eu o ver se beliscando. Harry deitou sua cabeça no meu ombro e começou a soluçar alto. Agradeci pela enfermeira nos deixar sozinho para falar no telefone.

— Me desculpe, me desculpe pelo que falei. — ele repetiu, caindo de joelhos na minha frente.

Meu coração acelerou ao vê-lo naquele estado, Harry estava frágil e tudo isso mudou tão rápido. Me vi de joelhos também, mantendo seu corpo junto ao meu e ele me abraçou com as mãos na minha cintura.

— Está tudo bem.

— Não, não está. Está tudo errado, eu estou ficando cansado do que sou e ainda estou jogando isso em você.

Mordi os lábios, fazendo um carinho em sua cabeça mantendo ele comigo. Eu não sabia o que ele estava sentindo ou os motivos dele estar chorando mas de uma coisa eu sabia que não se tratava do que o Josh fez.

Foi quando percebi também, que Harry Styles era uma caixinha com água em excesso transbordando pelas laterais. Era um humano com feridas abertas e que ele precisava ainda mais de um amigo.

Ficamos algum tempo abraçados sem dizer alguma palavra, nesses momentos não tinha nada melhor do que o conforto de um toque. Harry se levantou comigo quando ouvimos as risadas da enfermeira e resolvemos ir para a aula mas sabe quando você não quer se afastar da pessoa? Bem, eu estava com isso em mente, ficar com ele era muito melhor do que ficar longe.

Harry estava com os olhos inchados e o nariz vermelho devido ao seu choro, eu podia notar que ele tentava esconder isso.

— Você quer ir para outro lugar? — pergunto, quando entramos em mais um corredor.

— Acho melhor irmos para a sala. — ele me encarou.

— Por quê?

Harry soltou uma risada fraca, ficando de frente para mim.

— Porque não podemos nos encrencar mais, Lou. E você não quer que sua tia brigue, não é?

— Que diferença faz, se eu já fui pra diretoria.

— Faz muita.

Bufei jogando os ombros para frente e arrumando a franja que caiu no meu rosto. Não adianta, Harry não ia voltar atrás e eu sabia que só o veria depois das aulas mas antes, eu gostaria de fazer algo bom para ele. Sem jeito e sem saber como iria pedir ao meu amigo, engoli em seco e permaneci algum tempo olhando em seus olhos verdes.

— Posso te abraçar? — pergunto, sentindo que estava engolindo as minhas entranhas.

Harry olhou para os lados e depois para mim. Senti que havia sido estúpido o meu pedido quando já fizemos na enfermaria e ele provavelmente iria negar.

— Pode. — hum, expectativas foram positivas.

Caminhei lentamente até ele, mantendo nosso contato visual como incio.  Desde o começo Harry transparecia não gostar de toques e ter a honra dele me deixar fazer isso, era importante. Quando fiquei a centímetros de distância dele, respiro fundo e aspiro seu perfume masculino, sorri mentalmente por gostar desse cheiro e envolvi minhas mãos na sua cintura já que ele era grande demais para os meus braços alcançarem seus ombros. Harry passou as mãos envolta da minha nuca e decidi o apertar contra mim, deitando a minha cabeça em seu peito e ouvindo seus batimentos acelerados. Aquilo era bom, sentir seus braços em mim. Delicado, Harry deixou seus braços caírem para a minha lateral do corpo quando minhas mãos subiam pela sua cintura. Me afastei um pouco, mantendo o calor dos nossos olhares em contato instigante até Harry estar com as mãos na minha cintura e meus braços na sua nuca com a ajuda dos meus pés que estavam em ponta. Então, ele me apertou forte mas sem me machucar e eu fechei os olhos admirando aquele carinho entre nós dois.

Uma pena foi que ele havia terminado rápido. Harry já estava se afastando mas sorrindo para mim e disse que nos veríamos mais tarde.

Eu sei que posso ser julgado por estar com um cara completamente pirado mas eu sei que essa loucura toda precisa de uma remenda. Talvez ele seja assim para mim também.

Notas Finais

Hoje tratamos da bipolaridade e Borderline, acho importante falar sobre esse assunto até porque me vejo em momentos que faço isso. Essa história será uma terapia-não-terapia
Espero que possa ser boa para vocês!

Obrigada por todo o carinho e por não desistirem dessa história! Perdoem os erros!

ALL the love, A.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro