Mensagem de Texto
Hello!
Estamos de volta e espero que gostem do capítulo de hoje 🤍
Amo vocês e boa leitura!
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Engulo em seco e começo a passar mal com a situação que eu mesmo me submeti a viver. Harry vai me odiar pra sempre depois de digerir aquela mensagem estúpida que eu mandei pra ele. Aonde eu estava com a cabeça? Por que eu me desespero tão fácil e deixo as minhas emoções falarem por mim?
Droga.
Droga, Louis!
Sinto o gosto do vazio quando engulo seco encarando a tela do celular, Harry continuava online e me deixava agoniado. Eu não queria que ele ficasse com raiva de mim, mesmo que fosse o seu direito e isso me fazia chorar desesperado. A culpa era minha e talvez, ele visse que eu era um garoto completamente sem empatia.
Harry on 🟢
Digitando...
Meu coração faltava sair pela boca, comecei a achar que tudo o que eu proferisse em meus pensamentos, tornava a vir para o mundo real. Minha palma da mão estava suando e os dedos trêmulos o suficiente a ponto de deixar o celular cair. Será que ele nunca mais vai querer falar comigo? Será que nossa história seria igual aquelas de filmes em que o cara não fala mais com a pessoa? E depois segue em frente? Será??
Digitando...
Para ele estar demorando daquela forma, só poderia estar juntando todo o seu ódio e o disseminando palavra por palavra. Olho para os lados, percebendo que todos da escola me encaravam e subitamente era seguido por Liam, enterro meu celular no bolso e caminho às presas para longe, ignoro seus chamados e grito para que ele mantenha a distância. Eu estava nervoso o suficiente para querer ficar sozinho, tonto o bastante para cair como uma banana mole no chão e apagar pela minha fraqueza.
...
- Você está tentando me matar, não é mesmo? - Tia Jane gritou comigo.
Mas não foi um grito bravo, soou como desesperado e preocupado. Ela estava ao meu lado, com os olhos arregalados enquanto o soro entrava na minha veia. Acordei com o seu grito e por isso, fiquei confuso com o que se passava. Olhei ao meu redor, percebendo que estava na enfermaria da escola e meu estômago roncava de fome, ansiedade e aflição.
- Como você está?
- Ainda zonzo. - a respondi, diluindo as lembranças dos meus pensamentos. - Como eu vim parar aqui?
- Seu amigo Liam te trouxe com o namorado e um tal de Scott. Eles disseram que você estava nervoso e acabou desmaiando.
Fiquei em silêncio, com as mãos apoiadas na barriga e me sentindo bastante fraco para fazer algum esforço. A minha cabeça latejou relembrando que meu corpo estava precisando de nutrientes que eu mesmo me negava a dar a ele. Com tudo ainda girando, ouvi a tia Jane relatar que ficou muito preocupada quando recebeu a ligação da diretora Diana e correu para me ver na enfermaria.
"Ligação"
Uma lanterna acendeu no topo da minha cabeça e me trouxe nítido a lembrança da mensagem que mandei para Harry e que talvez ele me odiasse agora. Meu celular não estava comigo e isso me deixou desesperado, meus soluços ficaram altos e escondi meu rosto na palma da mão. Eu era um monstro. Harry quase perdeu a própria vida, seja qual for o motivo e tudo não estava bem, a mensagem que eu mandei poderia regredir seu estado e quem sabe por um fim no que ele teria conseguido recuperar.
- O que foi, Louis? Por que você está chorando? - tia Jane se aproximou, tocando em meu braço.
- Eu estrago tudo o que toco. - disse pausadamente e mostro um pouco dos meus olhos. - Tia, eu sinto muito por eu ser esse problema....
- Você jamais será um problema pra mim, Louis. Não pense isso de si mesmo não seja cruel. - Ela me puxa para um abraço, quente e fraterno. Fazia lembrar dos abraços da mamãe e com isso, me perguntei: será que me tornei um motivo de orgulho para meus pais?
Com todo esse maltrato de não ser o que quero ser, acabei me desviando dos caminhos que eles sonhavam pra mim. Eu estraguei tudo tão fácil, cortei a minha pele com os meus próprios vidros. Não consigo de imaginar mamãe me encontrando nessa forma, afinal, ela sempre motivava meus sonhos e em como eu poderia fazer tudo correr bem. Papai, pregava suas piadas divertidas. Tudo isso me fez refletir do que me fazia muita falta e eu nunca poderei ver outra vez.
Eu estava ficando tonto com todas aquelas lembranças e tudo o que eu pensei, foi em finalizar com todo o meu sofrimento. Eu nunca serei uma pessoa perfeita, as pessoas continuaram a me atormentar sem eu precisar fazer o mínimo esforço e Harry nunca mais olharia na minha cara.
Porque eu era um monstro.
Desatei em chorar para não ter que tocar no assunto, me sentia covarde por não conseguir encarar os meus problemas de frente e estar disposto a fugir mais do que ir atrás de uma reconciliação.
- Louis? Estou falando com você.
- O que?
Tia Jane mordeu as bochechas arrumando minha franja e suspirou, parecia estar pensando em alguma antes de começar a falar.
- Fiquei sabendo de algumas coisas que aconteceram com o Harry. Sei que vocês eram próximos e sinto muito por ter julgado toda a trajetória dele antes. - A sua voz estava suave e coberta por culpa, aquilo me fez prestar mais atenção no que ela dizia. - Hoje acabei trombando com a Anne no corredor da escola, ela parecia trêmula e assustada com algo, acabei precisando levá-la para a minha sala até que ficasse mais calma para poder falar com a diretora Diana.
Olho para baixo e começo a mexer nos meus dedos.
- E como você sabe, eu analiso as emoções das pessoas por natureza. E por fazer isso, precisei conversar com Anne sobre o que ela estava passando. Posso afirmar que depois de muito relutar, ela me disse sobre Harry e a overdose. - Tia Jane fez uma pausa e esperou alguma reação da minha parte, mas eu não conseguia falar nada. - Pelo dia que ela me contou que aconteceu... Bate com o dia em que ele deixou você em casa. Então, devo me questionar sobre isso?
Solto um suspiro longo e que atraia o formigamento para a minha cabeça.
- O que espera que eu diga? Estou tão perdido quanto você sobre o Harry e a sua overdose.
- Não estou julgando ninguém, só quero entender se houve algum conflito entre os dois que possa... - Jane balançou as mãos. - Você sabe, ter motivado o comportamento impulsivo de Harry.
- Não. Pelo contrário, a última vez que estávamos juntos parecia tudo incrível e eu nunca me senti tão bem perto de alguém como eu me senti com ele. Eu sei que pra vocês, psicólogos, as emoções das pessoas tem algum tipo de reação, seja boa ou ruim. Mas não, definitivamente, aquele dia não foi ruim. - limpo meus olhos cheios de água. - Harry foi maravilhoso comigo, apesar de ter sumido sem dar alguma notícia, ele foi alguém que me entendeu... Contudo, se tiver alguém para ser julgado como culpado, então, eu tomo esse fardo pelo simples fato de ter partido o coração dele ao mandar palavras cruéis em uma mensagem hostil de texto.
Cubro o meu rosto, lembrando palavra por palavra revoltada na mensagem, que a essa hora estava em suas mãos. Harry devia ter mandando um texto enorme dizendo o quanto sou amargurado e que iria se afastar como eu desejava. Nunca mais iriamos conversar e a tensão, a mágoa e a solidão começariam a se aliar a min.
Tia Jane, me observou enquanto eu chorava aos soluços na sua frente e apesar de fraco, consegui arrancar estímulo para sofrer. Suas mãos ficam sobre a minha e ela começa a fazer movimentos circulatórios afim de me acalmar.
- Harry vai ficar bem, pelo que Anne me contou, ele anda fazendo tratamentos no hospital e está tendo o suporte da equipe médica. Assim como, tem progredido para melhora no tratamento psicológico. Quer falar sobre as mensagens que mandou a ele?
- Não, por favor. Não agora...
- Como quiser. Mas eu estou aqui pra falar com você. Sempre.
E depois do que ela havia dito, meu coração aqueceu por saber da boa notícia. Todavia, não tirava o fato de que era uma mensagem cruel a que mandei para ele.
- Louis?
- Hum...
- Quero pedir algo, não como uma psicóloga, mas como tia. - Jane olhou para o alto, limpando suas lágrimas. - Não me abandone. Eu sei que é pedir demais, mas não me abandone. Perdi a minha irmã e isso me tortura todos os dias, não posso perder a única pessoa que me faz bem como ela me fez. Então, eu peço, eu te imploro para que faça o tratamento contra a anorexia. Eu te suplico para que não se mate.
Eu nunca tinha visto a minha tia assim, nunca a vi chorar daquela forma - apenas no enterro da minha família ou nos filmes tristes, como Titanic -, fiquei abismado e horrorizado comigo mesmo. Nunca parei pra pensar que poderia afetar alguém ao meu redor, que ela me notava daquela forma. A Ana sempre me sussurrou no ouvido que ninguém se importava tanto quanto ela, comigo. A Mia me influenciava a colocar tudo para fora quando estabelecíamos uma meta de definir os detalhes do meu corpo. A Ana e a Mia eram as únicas que pareciam entender a minha dor depois da morte dos meus pais, era como se elas me quisessem levar até eles e eu, queria tanto quanto isso.
Morrer, parecia ser um método fácil para lidar com os meus problemas.
Todos os exercícios para poder me deixar satisfeito, era um vício sem fim. Abdominais em horas intermináveis, vômitos, corridas e dietas de onze dias, me deixavam obcecado por mais. Mais, mais e mais. Mas meus corpo parecia travar uma batalha em não me deixar com o corpo perfeito que eu queria. Beber somente água, se tornou o motivo de que eu continuava daquele jeito. Sequei meu estoque e não ingeri mais nada. Até começar a ouvir meu coração bater nos meus ouvidos.
Era aterrorizante e delicioso, sentir a morte cada vez mais perto de mim. Eu lutei para conseguir tirar a minha própria vida e parecia que alguém não queria me deixar concluir o processo. Nesse momento de escuridão, Harry esbarrou na minha frente e acabou se encaixando sem precisar de muito esforço. Até mesmo a sua vinda para minha vida, parecia ter um propósito idiota em que eu tentei lutar.
Mas a Tia Jane? Eu achava que por ter a minha guarda, ela sentia-se na obrigação de cuidar do filho sobrevivente da sua irmã mais velha e me aturava até eu precisar entrar na faculdade. Fiquei boquiaberto, encarando sua expressão desesperada e para não parecer frio, toquei na sua outra mão sorrindo fraco.
Eu realmente não sabia como reagir.
✧✧✧
Voltamos pra casa.
A Tia Jane, me pareceu amorosa e solidária, notei tudo isso desde a vinda pra cá e ainda me sentia surpreso com o seu modo de agir. Mas, retribui ao tentar me esforçar para vê-la bem. Ela preparou o jantar, uma sopa de legumes potente e eu não pude negar, apesar de ter sido difícil "rapar" o prato por completo. Ela me deu uma força dizendo que por eu ter ao menos ingerido boa parte a deixava feliz. Percebi que ela realmente estava com medo de me perder e seu desespero transparecia em seus olhos cansados.
Depois de passar um tempo digerindo a sopa, precisei tomar o remédio para o estômago, pois, eu tinha problemas sérios gastrointestinais. Tomei um banho quente, lavando todo o meu corpo e tentando esquecer por um segundo que um professor tocou em mim. Não consegui contar pra minha tia sobre o acontecido na sala, ela já estava abalada com o meu estado de saúde, imagine com o relato de abuso. Eu sei que estava errado em negar a contar os detalhes, entretanto era por uma boa causa. Parei de frente para o espelho enorme apenas de toalha e encarei as manchas roxas que Harry citou uma vez para mim, olhei para os ossos expostos e a quantidade que se tornava exposta, meu rosto estava fundo e eu não tinha cor. Parecia que eu não tinha nada que fizesse acreditar que era eu ali. Engoli em seco e me afastei, ainda sob efeito da minha fraqueza.
Voltei para a minha cama, afirmando a tia Jane que ficaria bem e que ela não teria que se preocupar. Encarei os detalhes no meu teto e vaguei no dia de hoje, me sentindo covarde por não conseguir tocar no meu celular na beirada do criado mudo. Talvez eu esteja com medo de Harry estar me odiando tanto?
Não consigo imaginar o tanto que o magoei. Eu queria saber se ele estava bem, sem precisar falar necessariamente com ele. Estou parecendo um covarde. Mas é difícil lidar com um problema quando se trata de alguém que significa muito pra você. E pensar que ela pode nunca mais olhar na sua cara, é assustador.
O som da notificação, me fez dar um pulo e encarar a tela do celular.
22 mensagens mais a nova que fez o aparelho vibrar.
Será que era ele? Harry poderia ter discernido todo seu ódio em vinte duas mensagens de texto. Isso agitou a minha ansiedade porque, ao mesmo tempo que eu estava fugindo de saber o que ele tinha a dizer, eu queria saber.
- Aí meu pai! Eu não consigo fingir que não me importo! Que eu não quero saber!
Estico a minha mão na cômodo e sinto o suor escorrendo pelas minhas costas. Aperto no botão do meio e a tela abre diretamente no ícone do whatsapp. Engulo em seco ao ver:
Harry
Assim que puder me responda...(22)
Droga!
Agora que tinha lido a última frase mandada por ele, não conseguiria dormir bem. Fecho os olhos pedindo estômago para ler toda a sua declaração de ódio para mim. Clico de uma vez e encaro a tela tremendo por inteiro.
Harry
Visto por último à um minuto atrás
Oi, Lou! Sinto muito por não ter te respondido como deveria 😔 Acho que falhei nessa parte da comunicação com você
Quero que saiba que não foi por sua culpa e eu nem sei por onde começar, a essa altura tudo o que você me disse ali em cima, mexeu comigo
Não tiro sua razão, você tem todo o direito de me odiar e não seria a primeira vez que teria ouvido isso de alguém... Você sabe, as pessoas conseguem fazer isso sem eu precisar fazer muito.
Mas, antes de eu te deixar livre de mim - se assim for seu desejo - quero me explicar. Eu não costumo fazer isso pessoalmente, então, aproveitando que estou consciente quero poder colocar pra fora. Então, pra resumir, eu tive uma overdose na noite em que te deixei em casa. Por que? Bem, eu simplesmente surtei pelo simples fato de que eu me sentia ruim demais por te beijar porque eu pensei que poderia perder um grande amigo ou ferir seu coração por não suprir suas necessidades.
As pessoas me odeiam, na escola e em todos os lugares por onde eu ando. Então, como aquele beijo poderia te afetar?
Os demônios na minha cabeça me atormentaram, eu bebi e usei drogas, tudo de uma vez. Não por causa do nosso beijo, mas pela minha própria insegurança Louis.
Eu sei que eu não deveria tirar as minhas próprias conclusões, pois, somente você poderia me dizer como se sente ou como se sentiria sobre isso.
Acordei numa cama de hospital com um tubo tirando as toxinas do meu sangue e ouvi do médico que por pouco, não parto dessa pra pior (ou melhor)
Minha mãe estava aqui, não sei como ela soube, apenas sei que ela estava acabada por me ver desse jeito
Passei os dias aqui, sob cuidados e muito fraco por causa da medicação que estou tomando
Comendo essa comida de hospital sem gosto 😣
E fazendo um tratamento novo com uma psicóloga e psiquiatra. Fui diagnosticado com o transtorno bipolar e borderline, o que explicou muita coisa sobre outras coisas que eu costumava sentir demais
Fazer demais
Até mesmo o modo como eu escolhia me ferir diante a um grande problemão
Tudo tem ido aos poucos e nesse tempo que me tornei ausente, pensei em você. É, eu sabia que você deveria estar esperando uma resposta da minha parte e juro por Deus, que não sabia como falar tudo isso pra você. Tentei usar a desculpa de que era devido ao tratamento, mas era uma mentira, eu estava sendo um bundão
E quando criei coragem para pegar no celular, como se você tivesse lido a minha mente, acabei recebendo sua mensagem
E eu não posso ficar com raiva de você, Louis, tenho que concordar que sumir não foi uma boa coisa. Sinto por transparecer todos esses sentimentos dentro de você, por existir de modo cruel e te deixar sem uma resposta convincente
Eu estava com vergonha do que fiz, mas meu psicólogo me avaliou dizendo que isso apenas significava que: "Essa pessoa é tão importante pra você, a ponto de não querer desapontá-la. E enfrentar o modo como ela pode reagir a suas palavras. Não demore muito tempo, isso irá mexer ainda mais com você"
Confesso que deveria ter ouvido seus conselhos...
Quero novamente pedir desculpas por ter sumido
Eu não sei quando vou sair daqui, minha mãe foi resolver a minha situação na escola por esse mesmo motivo. Mas acho que somente por mensagem não podemos resolver, ainda quero poder me explicar e olhar nos seus olhos. Se você ainda quiser falar comigo, podemos marcar um dia quando eu puder fugir desses médicos... Me desculpa por tudo, Louis, de verdade
Enviado às 18:30 ✓✓
Assim que puder me responda...
Enviado à um minuto atrás ✓✓
Então, talvez, eu tenha surtado e antecipado minha dor antes mesmo de saber o que me aguardava. Limpei o canto dos meus olhos ao terminar de ler sua mensagem e comecei a digitar o quanto antes uma resposta descente. Apaguei quando não achei as palavras corretas que expressaram os meus sentimentos. Suspirei irritado pela minha demora e mandei a mensagem o quanto antes.
Meu coração estava aliviado por saber que Harry não me queria longe, ainda.
✯✯
Bem, espero que tenham gostado do capítulo e como eu disse, o drama é essencial em um bom livro!
Nos vemos no próximo capítulo 🤍
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