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But all the promises we make
From the cradle to the grave
When all I want is you
You say you'll give me
A highway with no one on it
Treasure just to look upon it
All the riches in the night
• All I Want - U2 •
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Frase do Capítulo:
Às vezes tudo o que podemos fazer é sorrir, segurar o choro e seguir com a vida em frente.
António Torres, 2025
💄💋⚽️
• 2 dias depois •
Natasha Torres
10:45h - no Algarve, Portugal
Estes últimos dias António estava mais isolado do mundo. Duarte também tinha vindo para cá para o acompanhar e trabalhar na empresa enquanto o moreno não estava de forma alguma capacitado para tal coisa.
Todos esperavam o seu regresso antecipado, todavia com tanto a acontecer era até algo impossível de ser feito. Eu estava trabalhando na empresa remotamente e tudo estava bem em Barcelona, Emma por outro lado estava a dar com Gavi em doido. O moreno amava ela, mas só que o que eu não contei é que ela ainda tem a mania de morder os dedos das outras pessoas.
Emma sendo Emma. Convivendo com o Gavi seria até igual a ele, não queria isso.
— Natasha! Bom dia. — Duarte apareceu na mesa. —Como vai tudo bem? António ainda descansa?
— Ele passa a noite acordado. É terrível para ele ele só dormiu ás 06horas da manhã!
— Tudo tem o seu tempo e ele precisa desse tempo para perceber tudo isso.
— Ele fez o luto completo.
Ele suspirou.
— Sogro?!
— Bom....não, ele prometeu-nos fazer em um ano, mas passados seis meses isso deixou de ser concretizado....acho que agora quando tudo apertou ele se viu num abismo sem conseguir encontrar a luz.
— Ele agora está melhor. Ele tem que o fazer para que quando voltar ele estar pelo menos um pouco melhor do que estava quando falou tudo com o psicólogo.
— De alguma forma isso o libertou e fez ver a ele que meu pai não voltará mais. É doloroso?! Extremamente, mas nada pode ser feito na verdade, temos agora que encarar a realidade.
Ouvimos uma porta a bater no andar de cima e logo vimos António descendo as escadas. O moreno trazia uma caixa de metal com um cadeado, ele procurou tanto por ela ontem durante o dia que acabou por a encontrar no final da dia. Ele liberou o seu primeiro sorriso depois de muito tempo.
— Vamos ver? Já nem me lembro o que guardei aqui.
Pelo que ele me disse a caixa estava no quarto de S/n no armário dela em uma gaveta que nem mesmo ele sabia que existia. Algo irrealista, mas com amor tudo voltará a funcionar devidamente no seu devido tempo.
A abriu e logo seus olhos brilharam, relembrar tudo isto fazia com que ele ficasse melhor e conseguisse processar tudo. Existia imensas coisas na caixa, talvez coisas essas que Matheus usava antigamente.
— Tem aqui um cabelo dele dentro do saco. — a segurou com todo o amor. —Eu amava demais o cabelo dele, eu tinha o mesmo aspeto de cabelo que ele.
— Vocês eram bastante parecidos para ser sincero filho.
— Tem aqui três fotos! Uma com a família toda no jantar de Natal da empresa, outra comigo, com a Glória e com ele e a última uma dele no seu carro. Ele amava demais aquele carro, hoje em dia ele deve estar destruído, mas o amor que ele tinha por ele era até desproporcional aos outros tipos de amor.
Na caixa continha o relógio dele partido na hora exata da sua morte, a sua mini bíblia, a sua escova de cabelo e um tecido da sua roupa favorita. Tudo naquela caixa tinha um enorme valor, aquela caixa era a mais rica do mundo. Aquilo era OURO!!!
— E se eu te dissesse que arranjaram o carro. — sei alia acabou de comer.
— O quê?
— Pois é, o encontrei no início do outro ano e eu pedi que eles o deixassem como era antes, tiraram o partido e colocaram tudo novo.
— Ainda deve ter lá o seu amuleto da sorte no porta-luvas. Tenho a certeza!
— E se fores ali fora?
— Ali fora? Não. — ele não estava acreditando.
Duarte no início deste ano me falou que queria fazer esta surpresa a António, era algo maravilhoso por sua parte. Aquele carro seria mais um para a coleção, mas numa parte especial e intocável da casa.
— Vamos lá.
Saiu correndo da mesa, abriu a porta de entrada e ficou surpreso com o que via á sua frente. As suas lágrimas vieram aos olhos e logo desceu mais três degraus até chegar perto do carro, tocou nele e passou pro todo ele talvez relembrando tudo o que viveu com seu avô.
Estas memórias jamais o podiam tirar dele.
— Amorzinho!
— Sim.
— Aqui o que eu disse, ainda aqui está. Tem a carteira do motorista, a caixa dos seus óculos e uma fita da família. Tudo está aqui.
Me acerquei dele.
— Ele era bonito sabias? Normal que saias a ele, tu também és bonito.
— Só bonito? — colocou-se na minha frente.
— Talvez algo mais. — murmurei. —O que vais fazer?
— Queres te sentar no carro?! Ele era bastante confortável para a época. Meu avô deve estar tão feliz por ele estar de volta no lugar onde nunca devia ter saído.
— Ele agora tomará conta do carro como nós tomaremos conta de ti.
— Ela tem razão filho. A lembrança não morrera e com toda a certeza quando a tua irmã vir o carro ela irá chorar eu tenho a certeza!
— Conhecendo a minha cunhada ela fará mesmo isso.
— Nem duvidem disso.....minha irmã quer bancar a durona, mas depois chora com coisas simples.
Recebi uma mensagem de S/n. Me afastei e vi que ela me avisou que Pedri vinha para cá. Droga! O moreno não podia esperar para a semana, mas o conhecendo ele não descansaria até ter este problema enfim resolvido. Ele avisou que o tentou travar, mas já era tarde demais....o moreno estaria aqui em menos de duas horas.
— Amorzinho! — António me chamou. —Está tudo bem? — perguntou já desconfiado.
— Sim....sim claro.
Guardei meu telemóvel. Eu não queria que de forma alguma ele soubesse o que se passava quando Pedri chegasse eu teria que falar com ele em primeiro lugar, ele tinha que se acalmar e não pensar tanto neste assunto, mas saber de tudo o que tinha causado de certa forma estava matando-o por dentro. Era doloroso!
— Minha mãe comprou este carro para o meu pai dois meses antes dela falecer. — Duarte sorriu. —Apos ela morrer este carro virou digamos que o amor dele, era como se algo nela estivesse nele.
— Entendo.
António estava a entender a minha apreensão. Merda! Não consegui esconder o que de facto se estava a acontecer comigo era até de certa forma uma bomba relógio dentro de mim.
— Pai! Podes dar-nos licença?
— Claro filho, também já irei para a empresa passarás lá de tarde?!
— Tentarei sim. Obrigada.
— Nada.
Droga! Ele não pararia de me questiono se até eu lhe dizer o que escondia, ele iria atrás de mim para qualquer lado que fosse. Me afastei do carro para ir até ao lago e ele me seguiu.
Me sentei no banco perto dele e logo mexi no meu telemóvel. O moreno o tirou da minha mãe, ele queria que eu falasse o que estava acontecendo pois eu estava estranha este tempo em que aqui estava, eu não lhe tinha dito como estava o clube e ele havia-me perguntado por isso.
— O que se está a passar na real? Droga Natasha, o que estás a esconder-me?!
— Nada!
— Nada? — riu sarcasticamente. —Não me mintas, sabes que isso não te levará a absolutamente nada. Estás a trair-me não estás?
— O quê?!
As suas suposições definitivamente matavam-me de rir por dentro, António me perguntava algo que não tinha lógica alguma e se eu estivesse a gostar de outro homem ele seria o primeiro a saber disso, eu terminaria o casamento e não o estaria a trair.
— É verdade não é?
— Não! — me levantei e logo me segura pelo braço. —António em larga.
— Não até me provares que não amas mais nenhum homem. Escondes algo de mim e eu quero saber o que é!! Eu posso ajudar.
Ele não podia saber de forma alguma o que Pedri causou, ele faria em doido e eu o conhecendo tão bem o moreno o suspenderia ou até o expulsaria do jogo. Era até um enorme prejuízo não só para o clube como também para o psicológico de Pedri, ele amava demais jogar.
— Senhor! Seu pai o chama ao telefone. — Lopez interveio. —É urgente.
— Agora?! — respondeu incrédulo. —Daqui a pouco.
— Assunto urgente senhor. Venha vamos para dentro de casa.
— Tudo bem. Mas nós, nós ainda não terminamos.
— Tudo bem. — abaixei a cabeça e logo a levantei em seguida. —O meu telemóvel por gentileza senhor Torres?!
— Claro! Aqui.
Ele estava um tanto ou quanto redutível em querer dar-me o telemóvel, mas não demorou muito para o fazer. Murmurei baixinho agradecendo Lopez e logo se afastaram, o moreno talvez tenha arranjado uma desculpa para tal. António não sairia de perto de mim até eu falar.
Fiquei mais um tempo perto do rio e logo voltei para perto de casa, Pedri já cá estava. Ele tinha vindo antes da hora perdia.....se António o visse pediria uma boa justificativa para tal situação estar a acontecer. O parei e o levei para o mais longe.
— Eu não te disse para falar na próxima semana?
— Me perdoe Natasha, eu não consigo. Isto está a matar-me por dentro.
— Pedri vai embora. Por favor.
— O jato que vim já partiu quando eu cheguei.....agora eu tenho que falar com ele.
Saiu disparado de perto de mim e logo o segurei novamente. Ele queria tudo por tudo entrar em casa e acabar com a sua apreensão e angústia, todavia fazendo isso não levaria a absolutamente nada e até pioraria as coisas para o seu lado.
— Pedri vai embora! Por favor.
— ...
— Pedri!
O olhar dele era confuso, não conseguia enxergar e nem entender o que de facto ele estava a sentir neste momento. Era a pior coisa do mundo, eu resolvi o seu problema no clube á dias atrás e agora estava tentando resolver de não gerar uma confusão.
— Eu tenho que lhe dizer! Eu tenho que o informar que fiz asneiras.
— Não o faças, sabes como é o temperamento dele. Por favor Pedri. Se ele souber que aqui estás e começares a falar nisso com essa cara ele suspeitará que é algo com a filha dele.
Engoliu em seco.
— Não quero saber. Eu quero dizer-lhe a verdade e arcar com o meu prejuízo.
— Deixa-me só fazer uma chamada pelo menos.
— Tudo bem. — assentiu, mas as suas palavras não me pareceram tão convictas como as que ele realmente pensava. —Eu espero!
Peguei no meu telemóvel, disquei dois números e logo perdi o moreno do meu campo de vista. Ele estava correndo para dentro de casa. Se eu entendesse os jovens eu estaria melhor neste contexto e até pro cima do assunto, não sei quem realmente era o mais complicado se os meninos ou as meninas.
Entrei em casa e logo o vi gritando pelo nome de António. Aquilo fazia as minhas costas arrepiarem e um frio se abater sobre mim, o moreno iria com toda a certeza chatear-se comigo por ocultar este assunto.
— António! António!!!!— grita mais uma vez e logo ele aparece do escritório com Duarte.
Ele ainda não tinha saído. Ainda bem, talvez Duarte conseguisse de alguma forma controlar António quando Pedri estivesse a falar. Os seguranças também estavam presentes.
— Tudo bem Pedri? A S/n e o Matheus não estão contigo? Está tudo bem?! — seu coração disparou.
— Eu falei! — sussurrei para o moreno. —Vem embora Pedri. — o segurei.
— Larga-o Natasha. Ele veio e agora ele vai falar. O que se passa?!
— Algo terrível que eu fiz. Me perdoe Presidente.
António teria um treco daqui a poucos minutos se Pedri não falasse o que de facto tinha vindo cá fazer e como ele não viu nem sua filha nem seu neto já estava especulando com toda a certeza um milhão de coisas na sua cabeça.
— Perdoar pelo quê Pedri?! Fala logo.
— Eu....eu....
— Filho vem, vamos embora vem. — Duarte tentou intervir.
— PEDRI!!!! — S/n aparece nos surpreendendo a todos. —Vem vamos embora.
— Alguém me explica o que aqui se passa ou terei que correr a outros métodos?
— Eu bati numa pessoa é isso.
António olhou para S/n tentando perceber o que estava acontecendo e logo a morena abraçou Pedri pelo braço. Ela de alguma forma o queria proteger da ira do seu pai e digamos que todos aqui queríamos, António neste tipo de situações podia ser até pior do que tudo.
— Pedri vem embora para Barcelona. Depois falas.
— Pedri. — António rebateu entre os dentes. —Fala agora!!!!!
— Filho calma. O teu coração vá.
Tudo isto era um LINHA TÉNUE.
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António Torres
15:59h - de casa á empresa (Algarve)
Estava simplesmente cansado de esperar por uma resposta, eu não estava a entender absolutamente mais nada sobre tudo isto, era Pedri querer me dizer algo e que havia batido em alguém, era a minha filha chegando de repente e era meu pai e minha mulher me escondendo algo. Eu era o único que não sabia! Que raiva!!!!
Cruzei os braços e todos os segundos que passavam pareciam minutos. Estava farto de segredos, eu queria realmente saber o que estava acontecendo aqui para tanto alarido. Eu precisava disso.
— Estava no treino... — começa a respirar ofegante. —Estava com o treino já terminando e eu e os meninos estávamos bebendo água quando eu vi Luka, o filho do Ernesto brincando com Matheus e S/n. Eu juro, eu juro pro tudo que é mais sagrado que eu não queria isto.
— Não querias o quê! Fala logo Pedri.
— Papai calma por favor. — S/n tentou acalmar tudo.
Impossível!
— Eu fiquei furioso e fui até ele e dei um soco na boca dele e de seguida começamos a brigar e dei outro antes dos meninos nos segurarem.
Coloquei minhas mãos na minha cabeça. Meu coração parou por um momento, eu nunca pensei que o moreno ainda mais Pedri fizesse algo deste género. Eu esperava isto de diversas pessoas, mas dele, dele nunca me passou pela cabeça.
Eu sabia que a vinda de Luka geraria mais tarde uma confusão o que acabou realmente por acontecer. Eu estava perplexo com tamanha coragem do moreno pois ele sabia perfeitamente o que aconteceria se isto acontecesse. Eu acho que ele veio para esse intuito, ele não conseguia mais manter tanta pressão na sua cabeça.
— Vamos ali ao escritório Pedri! — falei.
— Sim Presidente.
— Pedri. — S/n o agarrou. —Eu te amo sim. — lágrimas vieram aos seus olhos.
— Eu também te amo. Volta, volta para Barcelona pelo nosso filho.
Enxaguou as lágrimas da morena e logo se dirigiu comigo e com meu pai para o escritório. Eu estava chateado, sim, mas ver a coragem que ele teve para me falar o que tinha acontecido foi de um prova de resistência e de valor imenso. Talvez até a sua punição não fosse tão severa.
Existiam poucas pessoas neste mundo que viam o seu próprio erro. Eu sabia que lá no fundo todas as pessoas que eu convivia diariamente eram sinceras e sempre assumiam os erros cometidos.
Isso era gratificante!
— Senta-te! — entreguei-lhe um copo de água. —Sabes o que te espera agora não sabes?
— Sei...sei sim. — ele estava com a cabeça baixa.
— Filho tem calma! Ele assumiu o erro.
— Eu sei. Por isso decidi que irei te suspender por dois jogos seguidos. Sei que amas jogar, sei que amas estar com eles, porém as tuas atitudes não foram as mais corretas.
— Claro!
Ele estava acabado, o clube e o os jogos eram vida para ele mas fazer isto mostrava para ele que ele conseguiria gerir as suas emoções e acima de tudo o seu próprio autocontrole.
— Eu poderia punir-te severamente por isto, agrediste um convidado....mas se agredisses um dos jogadores ou até um membro da equipa técnica as coisas poderiam ser bem piores. Assumiste os teus erros e isso é de uma extrema valentia.
— Sei que agi errado. Nunca fui assim e quando causei tudo aquilo eu me arrependi. — ele tentava tapar os seus punhos. —Eu aceitarei a minha punição senhor!
— Ótimo! A equipa joga domingo, então eu direi ao treinador para te tirar da lista de convocadas e colocar o Gundogan no teu lugar. Será assim neste domingo e na próxima sexta-feira entendidos?
— Claro! Poderei ir?!
— Não saias de casa. Quero um momento contigo mais daqui a pouco.
— Claro! Como queira.
Pedri era meu genro, mas acima de tudo era o jogador da equipa onde eu comandava. Não era porque ele tinha casado com a minha filha que os privilégios para ele aumentavam, não, ele tinha os mesmos do que todos os jogadores......até mesmo o de Ferran.
Fiquei mais um tempo com meu pai no escritório, telefonei para Flick e logo saímos. S/n estava sentada com Pedri no sofá, o moreno acariciava a sua cabeça. Natasha por sua vez estava no andar de cima pelo barulho que por ali vinha.
— Pedri vamos?
— Vão? Vão onde?! — ela se desesperou. —Pedri não morras por favor, não quero cuidar do Matheus sozinho.
Todos rimos.
— Ele não vai fugir de ti, ele só precisa de aprender umas coisas da vida e acima de tudo a senhorita devia ter ficado em Barcelona não vindo cá.
— Matheus está com muitos seguranças em volta dele. — ela sorriu ligeiramente. —Ele ficou com a Ella e o Mason. — murmurou.
— Vem! Vamos agora.
— Claro! Eu ficarei bem meu bem. Eu voltarei.
— Mesmo?!
— Sim S/n, ele voltará ás 19horas da noite e estará no angar espero que a senhorita também esteja lá.
— Tudo bem.
Nunca era fácil encarar os próprios erros, porém Pedri o encarou na maior tranquilidade e estava disposto a tudo para tirar este sofrimento dele. Não o julgo nesse aspeto, eu já fui como ele quando jovem, cometia erros e tinha medo que os outros descobrissem....foi meu avô que me ensinou a confrotá-los e assumir os erros cometidos.
Now hush, little baby, don't you cry
Everything's gonna be alright
Stiffen that upper lip up, little lady, I told ya
Daddy's here to hold ya through the night
I know mommy's not here right now
and we don't know why
We feel how we feel inside
...
Entramos no carro e logo dirigi até á empresa. Meu pai ia no carro da frente. Eu queria fazer ver a Pedri que todas as coisas tinham um propósito na vida, tudo tinha um meio, a promessa que meu avô fiz comigo eu queria fazer com ele. Já o tinha feito com Ferran no natal e agora era a vez de Pedri, o moreno era o mais qualificado para quando acabasse a sua carreira no futebol.
...
— Enfim chegamos! Pronto para aprender e cumprir uma promessa?!
— Aprender? Cumprir uma promessa?! Não entendo.
Ele estava mais confuso do que tudo, era natural ele ainda não estava a par do que eu estava a querer com ele depois do que ouvi. Meu pai já em tinha ido para dentro, apenas eu e ele ficamos no estacionamento.
— Observa todos estes carros!
Ele os olhou confuso.
— Imagina que são pessoas que precisam das tuas ordens para serem melhor e melhor a cada dia. Essas pessoas precisam da tua visão para serem capazes de evoluir dentro e fora destas paredes, estas pessoas contam contigo.
— Mas....
— Vem vamos para dentro.
Abracei o seu pescoço e logo entrei com ele na empresa. Demos bom dia a Patrícia e logo fomos para a minha sala, era a primeira vez na sua vida que o moreno aqui pisava, era a primeira vez que ele estava admirado com o tamanho da empresa. Eu me orgulho demasiado de como a empresa evoluiu.
— Sei que não entendes nada do que falei lá fora. Eu também fiquei assim quando meu avô me tentava buscar a melhor versão de mim. — abri a gaveta e tirei o documento mais importante para a vida de Pedri daqui a alguns anos. —Lê e aí perceberás o que eu falei lá fora.
O deixei lendo e logo fui tirar dois cafés na minha máquina para ambos. Pedri era de alguma forma fanático pro café quando estava de férias, nunca tinha visto alguém assim tão interessado e olha que eu por um lado tenho que colocar várias saquetas de açúcar nele para chegar ao meu ponto favorito.
Sua cara de surpreso e de felicidade ao ler era a melhor coisa da vida. Eu tinha imenso orgulho do jovem que ele se tinha tornado e daqui a alguns anos o clube estaria em excelentes mãos, Pedri seria um treinador maravilhoso. Eu tinha FÉ nele.
Me sentei novamente e a cada parágrafo que o moreno lia seus olhos brilhavam mais e mais. Sempre foi de um enorme orgulho para mim ter Pedri no clube mesmo após a sua retirada, ele tinha táticas e ideias bastante inovadores e com o passar dos anos Barcelona voltaria a ser o maior clube do mundo.
Digamos que o clube estava numa fase menos boa. Contudo, com novas estrelas nascendo e sendo aperfeiçoados em La Masia tudo daria certo.
— Tudo bem aí? — o vi limpando as suas lágrimas. —Ei! Não precisas chorar.
— Eu......eu estou sem palavras ainda. E Ferran?! Não seria ele o mais indicado já que ele é seu filho?!
— Ferran propôs-me a ti! Foi ele que te escolheu para ser sincero. Ferran tem orgulho no jogador que és, ele gostará de comandar a seleção espanhola.
— Sério mesmo?
Veio ter comigo e me abraçou. Ele tinha um amor muito forte e especial, seu corpo de alguma forma ainda processava tudo o que tinha acontecido até agora. Eu estava chateado com a sua atitude no clube, sim estava, mas assumir os erros é a melhor coisa do mundo.
— Sim! Aceitas?
— Mas......mas.....mas é claro que sim presidente. Ah Deus meu sonho tornou-se realidade! Ainda não estou a querer que eu realizarei o meu sonho. Ah droga! Ah droga! Eu consegui.
Saiu saltitando de um lado ao outro da sala. A minha alegria era o ver feliz e ver que realizei esse meu desejo foi ainda melhor. Com constância e dedicação tudo daria certo.
— Quando não estiveres bem procura-me, não é justo eu sorrir e tu ficares triste! Meu avô sempre tinha razão quando dizia tais palavras, meu avô me ensinou e eu estou disposto a ensinar-vos tudo o que aprendi com ele.
— Eu darei o melhor de mim quando for treinador presidente!!
— Que bom ouvir isso Pedri! Que bom. Agora vem quero levar-te a outro lugar antes de ires para Barcelona.
— Claro. Posso dizer á S/n a minha conquista?
— Pelo menos até ao aniversário dela não tudo bem? Ela ficará orgulhosa disso.
— Tudo bem. Ah Deus! Eu consegui. — seu corpo estava saltitante.
Saímos da minha sala e pedi ao moreno que fechasse a porta por mim, informei meu pai que sairia e que só me veria novamente em casa. Assinei os papéis que Patrícia já tinha pronto para mim e logo saímos da empresa, Pedri num certo modo não parava de bater em seus dedos fazendo movimentos repetitivos.
Eu queria levar Pedri a um sítio onde eu aprendi o verdadeiro significado de luta e preservação todos os dias. Não ficava muito longe da cidade em si, era uma pequena localidade onde as pessoas vendiam as próprias coisas que produziam. Era a única fonte de renda delas.
Não demorou muito para chegarmos e Lopez queria por tudo fazer uma vistoria antes de entrarmos verdadeiramente no local, não precisava. Eu confiava demais nas pessoas que aqui estavam. Elas sempre foram gentis.
— O que estamos aqui a fazer? Não estou a entender.
— Vem eu te explicarei quando chegarmos ali á frente.
— Naquelas pequenas barracas no centro da aldeia?! Mas.....
— Vem! Confia em mim, ninguém te fará mal. Quero que aprendes uma coisa.
— Tudo bem então.
Pedri estava sempre com um pé atrás e outro á frente quando mais andava para a frente. Ele não sabia o intuito e muito menos o que tinha haver isto com o que ele me falou á pouco.
Talvez não tivesse nada, mas nunca se resolveria nada com brigas e confusões. Esta população era a mais rica em questão de humanidade e de trabalho positivo que eles geravam entre si.
Eles vivam do que faziam!
Lopez também estava tenso, todos estavam tensos.....eu era o único tranquilo.
— Estás a ver estes vendedores vendendo o que produzem?!
— Sim, todavia o que isso tem haver comigo? — arqueou as sobrancelhas. —Fui um idiota sim em ter brigado, mas o que eu tenho haver com eles em específico.
Cruzei os braços.
— Quando eu arrumei a minha primeira briga meu avô me trouxe cá, eu também não entendi como tu.....e quanto ele mais falava dava para perceber que a única coisa que sustenta estas pessoas é o que elas vendem.
— Está a querer dizer que uns tem que lutar pelo que comem e outros já nascem sendo ricos e com posses?!
— Mais ou menos sim. Enquanto tu brigavas no CT do Barcelona, estas pessoas já estavam cá desde as 07horas da manhã até quase á noite! Muitas das vezes elas ficam cá para tentar vender tudo. Elas trabalham quase 24 horas por dia, 7 dias por semana. Isso é cansativo...........raramente não tiram férias.
— Acho que estou a entender! De facto eu procedi mal. Enquanto eu tenho uma boa vida, eles estão tentando ganhar o pouco dinheiro para sobreviver. Porque a vida é injusta? Porque uns tem tudo e outros não tem nada?
— Eu também me culpe por isso. Não é justo o mundo, os mais ricos ficam cada vez mais ricos e os mais pobres mais pobres. Estas pessoas depositam a fé em Deus e não nos homens.
— Podemos visitar?
— Claro, claro que sim.
Pedri era como um filho para mim. Ainda bem que ele entendeu onde eu queria aqui chegar, ele sempre foi um bom ouvinte quando as pessoas falavam para ele. Ele era daquelas pessoas que me cativava cada vez mais e mais falar com ele.
Andamos por toda a pequena área e logo nos deslocamos para o angar. S/n já estava na entrada do jato só esperando Pedri, Natasha estava junto dela.
Momentos de meninas elas tiveram, momentos de meninos eu tive com Pedri.
— PEPI! — a morena saiu correndo. —Estás inteiro não estás? Nem um arranham né?! Para quê essas laranjas?!
— E explico no caminho de volta. — sussurra. —Bom nós vamos indo. Obrigada presidente!
— Nada! Espero que tenhas aprendido algo deste dia em especial Pedri.
— Aprendi sim, obrigada.
Alegrava-me imenso que Pedri tivesse absorvido tudo o que tinha sido dito para ele, era de extrema importância que ele mostra-se-me que realmente mudou............isso era importante para ele, era importante para todos nós.
— Ele aprendeu?! — Natasha me abraçou enquanto nos despedíamos dele enquanto o jato decolava.
— Ele teve um aula bastante interativa. Levei-o naquela aldeia que o meu avô em levou, foi aí que comecei a dar valor a tudo o que tenho hoje.
— Ele é um rapaz esperto! Ele entendeu com toda a certeza.
— Eu espero que sim. — beijei a sua cabeça.
Á certas coisas que tem que ser feitas. Á pequenos passos que refletiram no futuro.
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