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You say I am loved when
I can't feel a thing
You say I am strong when
I think I am weak
And you say I am held when
I am falling short
When I don't belong, oh
You say I am Yours
And I believe
• You Say - Lauren Daigle •
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Frase do Capítulo:
-Nunca relembre o passado! Ele voltará para o assombrar.
António Torres, 2025
💄💋⚽️
Antonio Torres
09:30h - no Psicólogo
Meu pai estava de viagem e eu tinha pedido para que Natasha viesse comigo. Eu sinceramente precisava do apoio dela, pois era hoje que eu libertaria todo o peso que vivi todo este tempo com a morte de meu avô. Eu sentia imensa falta dele e se não fosse aquele terrível acidente ele estaria vivo. Vivo e comigo!
Merda! Porque o destino é tão injusto.
— Ei! Não fiques assim. Vai tudo correr bem. — Natasha acarinhou a minha cara. —Vá! Relaxa.
Respeirei fundo e logo contei até dez. Eu sinceramente precisava-me acalmar e a morena sabia disso, meu corpo estava extremamente tenso.
— Eu vou me libertar hoje. Eu tenho que o fazer.
— Nunca duvidei das tuas capacidades, mas nós e nem ninguém o irá esquecer eu prometo! Não irei deixar isso acontecer.
— Eu tenho medo. Relembrar tudo me faz muito mal.
— Vai com calma! Tu mesmo dizes-te que querias a manhã toda com ele para falares sobre isso não é?! Então....temos todo o tempo.
— Eu sei, eu preciso em libertar deste peso, desta culpa.
— Não tens culpa e agora ficarei a saber da história. Nunca contente a ninguém pois não, nunca contaste a ninguém de como te sentias.
— Não! Nunca e acho que era isso que deveria ter feito.
— Farás agora. Eu confio em ti Torres. — me beija. —Vais sentir-te mais aliviado quando terminares confia em mim.
— Eu confio! Eu sim confio nisso. Irá doer, sim, irei chorar com toda a certeza, mas será para o meu bem. Eu entendo isso agora.
— Isso mesmo Torres.
Dei leves batidas na minha perna e logo o psicólogo nos chamou para a sala. Eu estava frio, meu corpo tremia e minha mente estava tentando pensar em algo mais agradável para se reconfortar. Era complicado neste momento.
— Bom dia senhor António! Está preparado?!
— Eu....eu! Eu estou sim.
— Ótimo! Quando quiser começar poderá o fazer. Temos todo o tempo.
Eu tinha todo o tempo hoje, mas naquela noite, naquele momento meu avô não o teve. E por um suspiro injusto lhe foi tirada a vida, eu devia ter estado naquele carro com ele....era eu que devia ter partido, não ele.
— Torres!
— Hum! Á sim! Me desculpem.
— Nada. — sorriu ligeiramente para mim o moreno.
(...)
12.02.1997
08:10h - no Algarve
Hoje era um dia importante! Era um dia que eu amava bastante em especial, um dia que meu avô e eu sempre saímos apenas nós os dois. Sempre tínhamos um dia nosso todos os meses e esse era um daqueles dias.
Estava a família toda na mesa de jantar tomando o seu pequeno-almoço como habitualmente o fazíamos e sem dúvida este era o momento que eu mais amava em todos os aspetos.
Ter tempo para a família era bastante raro aqui em casa e hoje foi até uma admiração bastante grande, enfim aconteceu depois de dois meses.
— Vão passear juntos certo? — meu bisavô fala. —Espero não ter que vos salvar da polícia se fizerem algo de errado.
— Eu tomarei conta do vovô fique descansado.
Minha irmã riu. Ela ria por tudo e por nada, mas eu gostava disso, eu gostava de a ver sorrir. Ela ficava ainda mais linda quando o fazia.
— Que foi?! Só disse a verdade.
— Nada não, esquece. — come o seu pão. —Além do mais vendo por outro prisma, acho que quem tomará conta de ti é o vovô.
— Eu já sou adulto. Sei cuidar de mim e além do mais eu e vovô nos entendemos bastante bem. — me debrucei sobre a mesa.
— Sei! Arranja uma namorada maninho, irá fazer-te bem. — colocou todos a rir.
— Não quero tão cedo e além do mais tu e Jonnas não estão bem? Porque não se casam logo?!
— Prioridades primeiro.
— Essa prioridade agora é deixarem-se de conversa. — nossa mãe interveio. —Comam antes que vos puxe as orelhas.
— Sou o teu favorito mãe deves admitir.
Eu amava imenso pegar com a minha irmã a todos os instantes e horas, mas a qualidade dela era simplesmente absurda quando se comparava a me assustar a todos os instantes e horas. Ela podia ser chata, encrenqueira, mas no fundo era uma mulher especial para mim. Era a minha doce e bela irmã.
— Porque mentes António?!
— Chega vocês os dois! Comam, tu, António irás um tempo connosco para a empresa.
— Eu?!?!?! Não. — fiz um escândalo. —Prefiro ficar em casa, sempre andam atrás de mim lá.
— Quem sabe não arrumas uma namorada, porém pensando bem com essa cara feia nem agora nem nunca. — riu.
Atirei um morango para a minha irmã e logo nosso bisavô nos advertiu. Ele era muito certo e seguia as ordens da bíblia na risca. Ele era um católico devoto e eu por vezes me sentava perto dele ouvindo tudo. Eu amava tudo nesta família.
Não demorou muito e logo nos arrumamos para ir para a empresa. Eu estava tão animado para sair com meu avô que não pensava em absolutamente mais nada neste momento. Peguei nas chaves do meu carro e logo sai da quinta, meu pai e meu avô iam na frente em carros diferentes.
Todos iríamos para o mesmo sítio, mas passando as horas nos desencontraríamos por algumas breves horas.
...
09:05h - na empresa
Sai do carro e a primeira coisa que fiz foi me espreguiçar. Ficar sentado por muito tempo matava-me por completo. Eu ficava até um pouco dolorido das costas quando dormia mal e hoje foi o caso, eu acordei todo torto. Palavras de minha mãe.
— Vais ficar António?
— Vou já vovô! Um momento.
Eu não queria entrar. Era simplesmente um pesadelo ter que ficar aqui sabendo que todas as mulheres dariam em cima de mim só por eu simplesmente ser de uma linhagem de ouro. Nossa família era a mais rica de Portugal e da Espanha.
— Bom dia Patrícia! — dei um leve sorriso. —Alguma novidade?!
— António! Filho! Vem logo caramba.
— Já vou. Prazer em te ver novamente Patrícia.
Eu me admirava sempre que Patrícia estava cá. Ela foi uma escolha pessoal de meu avô quando ele foi a Lisboa tentar encontrar uma secretária em tão pouco tempo. A morena era simplesmente perfeita naquilo que fazia.
— O que vamos fazer hoje? — meu avô fala após eu entrar na sala.
— Não sei. Pensei em ir na praia e mais logo a um evento que terá. Quem sabe os nossos nomes já não estejam lá.
— Tu e as tuas surpresas ainda me mataram um dia sabias?!
— Espero que muito tarde isso aconteça vovô. O quero ver por muitos anos.
— Deixemos essa conversa de lado. Senta-te um pouco e relaxa.
— Irei me deitar no sofá. Estou com dor nas costas.
Meu avô riu.
— Também nas posições que eu te encontro dormindo por toda a casa.
— Acho que vou a um médico para me endireitar as costas.
— Vê se não ficas pior.
Eu e meu avô tínhamos uma conexão absurda. Dávamos super bem e todos os instantes ele arranjava um pretexto para me incomodar mais, mas eu amava isso. Eu amava todos os momentos com ele, pois o moreno era alguém muito importante na minha vida.
Pegou no telefone e logo telefonou á diretora da contabilidade. Essa era a pior, sempre que eu vinha per cá sempre arranjava um pretexto para me encontrar. Eu ficava até de certa forma farto dessa insistência por parte dela e de mais algumas.
— Bom dia chefe! Me chamou para algo urgente?! — a ruiva pergunta. —Posso?!
— Claro Laura, senta-te. — meu avô me viu a levantar. —Onde vais? Não te doía as costas?!
— Vou tomar um ar. Quando terminares avisa a Patrícia.
— Tudo bem então. — ele riu.
Ele de facto sabia que eu me sentia de facto bastante desconfortável com elas por perto. Andei mais um pouco pela empresa e logo dei de caras com Patrícia saindo da sala de meu pai. Fui atrás dela e em pé de conversa comecei a falar para a morena.
Eu era insistente em algum momento. Eu conseguia esse grande feito, mas eu apenas queria amizade com ele, namorar neste momento não era sem dúvida para mim. Eu queria apenas aproveitar a vida.
— Tudo bem mesmo Patrícia? Estás meio triste?! Passou-se algo? — me coloquei na frente dela. —Ei, podes falar está tudo bem.
— Meu...meu pai, ele, ele apareceu de novo.
— O teu pai! O teu pai, pai?! — fiquei furioso. —Aquele que te batia em ti e na tua mãe?!
— Sim, ele. Agora por favor não quero colocar meus problemas no senhor. Tenho trabalho a ser feito.
— Patrícia!!
Eu estava triste por ela. A morena nunca teve uma ótima relação com o pai e digamos que ele fazia de tudo para a irritar.
Fui até ela novamente até que vejo um homem alto entrando na empresa, nessa mesma hora a morena para estática olhando para ele. Algo me dizia que era ele o pai dela, era ele quem lhe batia na infância e até á pouco tempo. Merda! Eu iria perder a cabeça num momento para o outro.
— PATRÍCIA! Aqui estás tu, vem vamos para casa. Agora.
— Eu! Eu não vou. Me larga.
— Vais fazer birra agora?!
— Largue-a agora. É uma ordem!!!
— E o senhor quem é?! O novo namorado dela? Pelo menos espero que tenha alguma lata na cara e a convença a vir comigo.
Segurei seu braço com força fazendo-o estranhar.
— Solte-a agora. Não aviso novamente.
— Não! Ela é minha filha e eu mando nela.
— O senhor está completamente bêbado, sai daqui antes que eu mesmo chame a policia.
— E quem o senhor é hem? O dono desta empresa? Pelo seu modo de agir não acho nada isso, já a filha é minha e eu quero que ela volte para Lisboa comigo.
— Eu não quero, me deixe viver a vida.
— Ouviu! Ela não quer agora largue-a não aviso novamente!!!!!!!!!!
— NÃO!!!
Eu iria a qualquer momento perder a cabeça e foi exatamente o que aconteceu, o vendo a falar com ela como se a morena fosse uma mercadoria me enfureceu que com toda a raiva que continha em mim lhe acertei com um valente soco. Meu pai e meu avô vieram saber o que se passava.
Estava tudo mais que claro.
— Segurança! O coloque daqui para fora e certifique-se que ele não venha.
— Claro senhor Torres!!!
— Estás bem?! — Patrícia segurou minha mão. —António. Primeiro soco não é? Ele dói.
— Eu ficarei bem. Agora acho que vou levar uns puxões nas orelhas. Fica aqui no teu cantinho eu resolvo isto!
— António! Para a sala de reuniões agora.
— Claro vovô. Até Patrícia.
Eu havia feito asneiras eu concordo, mas ver um homem tratando assim uma pessoa na minha frente ainda mais uma mulher, uma amiga era sem dúvida demais para mim. Eu estava com raiva até agora e isto sinceramente não era normal. Patrícia trouxe o gelo e logo saiu novamente ficando apenas eu, meu pai e meu avô dentro da sala.
— Nem venhas dizer o contrário pois vendo pelo teu punho digamos que ele mereceu.
— Mereceu! Estava a ser desrespeitoso com a sua própria filha!
— Aquele era o pai dela? — meu pai me questionou. —O que batia nela?!!!
— Pois é.
— Procedeste errado sim, mas não discordo da valentia que tiveste e como punição irás ter que trabalhar cá.
— Não! Não faças isso. Ninguém me irá largar.
— Até pelo menos eu esclarecer este problema.
— Tudo bem vovô. Assim será.
Fiquei triste devo admitir, mas nada podia fazer em relação a não trabalhar aqui. Um dia esta empresa passaria para mim e eu com bastante orgulho tornaria conta dela. Eu estava aqui para isso mesmo, um dia seria eu e meus filhos comandando todo este império construído.
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António Torres
18:00h - no evento
O dia estava sem dúvida sendo maravilhoso, eu me animei e fiz com que meu avô sorri mais de quinze vezes hoje. Eu amava o seu sorriso, eu amava o seu olhar, o seu jeitinho e o seu carinho para connosco. Ele.....ele era um enorme suporte na minha vida. Ele era a minha melhor versão.
Já estávamos dentro do evento e digamos que eu estava apreensivo, algo não estava bem ou ficaria pior mais com o passar das horas. Fui no bar buscar umas bebidas e logo ouvi dois homens falando sobre um acidente de carro numa estrada e que embatia numas enormes pedras fazendo o condutor perder a vida instantaneamente.
Fiquei estranho! Uma sensação horrível se abateu sobre mim quando os ouvi a falar. A primeira vez que senti medo na minha vida.
Voltei para perto do meu avô e logo o mesmo estava conversando com outros empresários. Eu ainda não estava por dentro deste mundo como ele, mas fazer-lhe companhia era um dos meus momentos favoritos.
— Bom ainda não o conheceram. Este aqui é o meu neto! António Torres.
— Prazer senhores.
Os cumprimentei. Eu estava nervoso devo admitir, estava num enorme salão com empresários e empresárias importantes e todos os minutos contavam para a minha imagem. Eu teria que dar o meu melhor custe o que custasse.
— Ele ainda se está a habituar a este mundo! Quem sabe mais um ano ele não estará apto.
Ri de nervoso.
Eu não estava preparado nem agora nem nunca. Nunca pensaria que isto seria tão difícil. Me ausentei por uns breves instantes e logo me sentei na enorme mesa redonda, acho que acertei. Era a mesma que continha o meu e o nome do meu avô. Eu posso ser esquecido, mas encontrar coisas era comigo. Fiquei feliz.
Estava tomando um drink quando meu avô vem ter novamente comigo. Ficou por um tempo calado observando-me, eu sinceramente não estava bem depois de ouvir tudo aquilo. Aquilo permaneceria na minha cabeça até amanhã se fosse preciso.
— Está tudo bem?
— Sim!
— Não parece, o que aconteceu ali no bar?!
— Nada demais. Só me caiu a ficha de que estou perante vários empresários.
— É isso mesmo?!
Eu menti! Ok, tudo bem eu simplesmente não conseguia dizer a verdade a ele, e as pessoas que falaram sobre um acidente de carro falaram tão convictas que meu coração parou por breves minutos. Eu estava frustrado e sem reação, me coloquei em pé novamente e meu avô me puxou para perto de si.
— Não queres dizer tudo bem. Agora vem aqui vem. — puxei mais a minha cadeira para a dele e logo me debrucei sobre seu ombro. —Tudo vai ficar bem agora!!
— Podemos ir embora?
— Ainda agora chegamos amorzinho! Ficamos mais um pouco tudo bem para ti?!
— Ok! Sem problema, vou só ali na casa de banho!
— Tudo bem. Eu ficarei aqui.
Eu precisava me tranquilizar a todo o custo, eu precisava ver que era apenas a minha mente a pregar-me uma partida.
Entrei no banheiro e como não tinha absolutamente ninguém me debrucei sobre a pia, olhei no espelho e instantaneamente flash vieram como um impacto do futuro sobre o acidente de carro, tentei pro tudo ver quem era....mas absolutamente ninguém via.
Fiquei ainda mais estressado, lágrimas desceram sobre meu rosto e numa tentativa de as parar enxaguei minha cara com água. Eu PRECISAVA acalmar-me eu precisava disso mais do que nunca agora.
— Boa noite! — dois homens entraram.
Os mesmos homens que estavam a falar sobre o acidente de carro bem á pouco. Se isto não fosse coincidência eu simplesmente não sabia o que de facto era.
— Não consigo parar de pensar nisto! Hoje eu tive um pesadelo sobre um acidente de carro em que o condutor batia com o veículo contra um muro. — o loiro fala.
— Nem digas nada! Eu começo a achar que isso irá mesmo acontecer.
Fiquei paralisado! Minha cara começou a ficar pálida e meu único instinto foi sair dali. Afinal era um pesadelo, mas podia muito bem tornar-se realidade. Droga! Eu estava num enorme impasse, eu queria sair daqui o mais depressa e ir para casa, mas ver que meu avô se estava a divertir imenso era uma enorme conquista para mim.
— Enfim voltaste! Tudo bem?
— Lavei a cara estava a suar.
Mentiras e mais mentiras. Merda! Eu tinha que me controlar a todo o custo. Sentei-me novamente perto dele e logo o evento começou, eu sinceramente esperava que isto fosse o mais depressa possível.
— Sinceramente acham isso certo? — me levantei chateado.
— António senta-te agora! António é uma ordem.
Meu avô colocou as suas mãos sobre a sua cabeça e logo fui em direção ao palco falando.
— Acham certo que o que vocês querem fazer seja mais um shopping e não construir um novo hospital para a cidade? Ou até reformar o velho?! Eu sinceramente pensei que quanto a vocês empresários tivessem dinheiro ganhariam um pouco de consciência na vossa cabeça, mas parece que quanto mais dinheiro ganham mais idiotas vocês ficam.
Enfim no palco.
— E o senhor quem é?
— António Oliveira Torres!!! Prazer.
Todos se surpreenderam até mesmo o facto de ouvirem os dois sobrenomes juntos lhes dava algum de receio devo admitir, nunca pensei que um sobrenome fosse dar tanto impacto na vida e na mente das pessoas que estavam aqui sentadas em frente ao palco.
— Neto de Matheus Vale Torres? — tentou supor algo.
— Esse mesmo! Ele ali. — apontei.
Todos os olhares miraram em meu avô que de certa forma estava contente por eu ter esta iniciativa. Meu avô também já foi como eu quando novo, nunca gostava que as pessoas gastassem o seu dinheiro em coisas bobas, ele fazia o bem e era o bem que eu queria seguir. Eu QUERIA seguir os PASSOS dele.
— Vocês acham que eu possa ter chegado aqui só pro ser neto dele, até pode ser em algum aspeto, mas tudo o que eu tenho agora foi com o esforço que eu fiz. Vocês me acham preguiçoso, um jovem idiota por falar estas coisas, todavia eu tenho cabeça e digamos que sempre me ensinaram que a cabeça é para pensar e não para fazer coisas por impulso.
— O Shopping seria uma mais valia para a cidade e para a região. — um empresário fala da mesa na minha frente. —Além do mais um Shopping daria mais reconhecimento na cidade do que um hospital.
Eu não ouvi isto ouvi? Como é que eles tinham coragem de falar tal coisa? Era catastrófico!
— Inúmeras pessoas não tem condições para comprar roupas e vocês acham uma excelente ideia fazer um shopping ao invés de um hospital ou até reformar o antigo. Posso ser jovem, tudo bem, posso ser inseguro, mas idiota eu não sou. Vocês sempre dizem que fazem isto e aquilo mas não pensaram nas consequências ambientais e nas pessoas ao redor do shopping.
— Elas seriam indemnizadas.
Os seguranças já estavam em cima do palco para me tirar. Eu não iria sair daqui tão cedo, eu iria mudar a ideia deles sobre tudo isto.
— Vão destruir casas, famílias só para fazer a vontade aos vossos caprichos! Se esta sociedade continuar assim nem ao século 21 chegamos.
— O tirem daqui. — o apresentar falou atrás de mim.
Me agarraram e logo meu avô se colocou em pé. Todas as pessoas tinham um enorme respeito a ele, era até impressionante as mudanças que meu avô e meu bisavô fizeram na sociedade. Eu ficava feliz por tal feito deles.
— Nem tentem encostar mais um dedo nele! — meu avô se enfureceu. —Larguem-no agora.
E nem uma nem duas. Eu estava liberto das mãos dos dois seguranças, eu podia ter este feitio, mas no fundo eu fazia a coisa certa.......meu avô sabia disso.
Sai do palco e logo fui ter com meu avô. Eu não queria que lhe acontecesse nada por minhas atitudes e eu culpar-me-ia por isso no futuro.
— Tudo bem agora?
— Obrigada!
— Nada. — riu. —Gostei de te ver. Acho que estás aprovado para novo empresário jovem.
— Em sonhos vovô! Ainda tenho muito que aprender.
— Será mesmo?! Olha ali.
Minhas palavras haviam pelo menos mudado a mente de algumas pessoas, já outras estavam indo embora quando o projeto do hospital foi colocado no ecrã. Eu fiquei feliz, eu estava realizado neste momento.
— Tu mudaste a visão de certas pessoas, pena que algumas ainda não pensem como tu e fiquem estagnadas no século em que estamos quando entrarmos no século 21!
— Eu serei um bom empresário?!
— O melhor amorzinho! O melhor.
Eu amava que meu avô me chamasse de "amorzinho" era uma apelido carinhoso que eu simplesmente amava ouvir da boca dele. Ele me fazia feliz.
O evento estava correndo bem, a hora de ir já estava programada e era agora ou nunca. Ajudei meu avô a descer das escadas pois o acidente que ele teve para me salvar quando pequeno fez um estrago na sua perna. Ele agora estava melhor.
— Fiquei feliz com a minha realização! — me orgulhei. —Serei melhor a partir de agora, farei tudo o que o senhor disser e irei trabalhar na empresa, mesmo isso me deixando desconfortável. Eu quero ser como o senhor.
— Serás ainda melhor meu amorzinho! Serás ainda melhor!!!
— Eu espero pelo menos igualar-me a si.
— Vais sim! Eu confio.
...
22:56h - da estrada ao hospital
Nada garantia o que de facto se passaria mais tarde, a morte de meu avô. Ele era jovem e foi um erro termos ido em carros separados, se eu estivesse com ele em seu carro jamais isto aconteceria e ele estaria vivo.
— Pronto para ir para casa António? — acaricia o meu braço. —Vem, vamos embora.
— Estou animado vovô, nas férias de verão iremos viajar todos juntos novamente. O senhor o bisavô, os papais e minha irmã.
— Vamos sim! Tudo vai ser perfeito eu garanto-te isso!!!
Partimos em carros diferentes e a viagem tinha tudo para ser a mais tranquila de sempre.....bem, até ás 23:10h da noite quando acidentalmente o carro de meu avô começa a deslizar perante a estrada onde acabaria mais tarde por embater no muro na sua frente.
O pesadelo finalmente tornou-se realidade!
Que raiva.
Sai apressadamente do carro e minha reação foi apenas telefonar para a emergência. Era impossível ver como ele estava lá dentro, nada conseguia perceber, não sabia se outrora ele já tinha morrido ou ainda respirava.
Não demorou muito para uma multidão se juntar e meus pais também aqui estavam. A ambulância já havia chegado e estavam a retirá-lo de seu carro.
Porquê Deus? Porquê?
— Não há mais o que possamos fazer. — ouvi um dos médicos a falar. —Hora do óbito 23:30h da noite!!!
— NÃO!!! — desabei no chão. —Ele não por favor não. Vovô!!!!
Meu mundo desabou, meus olhos vermelhos e inchados apenas se limitavam a chorar e chorar cada vez mais. Meu corpo de repente virou frio e uma tremedeira sem fim existia nele. Se meu bisavô soubesse ele com toda a certeza não em perdoaria.
A noite mais fatídica da minha vida!
Minha mãe me agarrava com todas as suas forças em mim, meu pai foi ver meu avô e se despedir dele, eu não iria ter o perdão de ninguém, ninguém me iria perdoar por isto. Eu culpava-me até á alma, eu culpava-me até ao último fio de cabelo. Parei estático novamente até que vejo um carro na ribanceira abaixo.
— Ali um carro. Ali mãe na ribanceira!
— Senhores ali na ribanceira. Tem um carro. A pessoa pode estar viva.
Com a colaboração de todos a pessoa foi tirada ainda respirando e o carro acabou por cair segundos depois de tirarem. Se demorássemos mais algum tempo a pessoa já não sobreviveria.
— António! — meu pai me chamou. —Vem aqui.
— Sim, me repreenda pai. Faça o que quiser, me deserde, me coloque sem dinheiro, me expulse de casa, me jogue embaixo da ponte faça o que quiser mas eu só quero dizer que eu me arrependo. Era para eu estar junto a ele.
— O quê? Olha quem está ali na ambulância para ser levada ao hospital.
Patrícia? A morena bateu contra o meu avô?! Eu primeiramente já não estava entendo nada do que estava aqui a acontecer e se ela sobrevivesse eu não a culparia por isso, foi um acidente! Eu não faria isso com ela.
— Oi Patrícia minha querida! Me conta o que aconteceu. — minha irmã interveio.
Eu estava tentando ainda raciocinar tudo na minha cabeça, eu estava parado tentando entender-me no meio desta multidão. Meu avô iria daqui a pouco ser transportado para o hospital, para eu seus órgãos fossem doados. Ele sempre quis isso, ele sempre quis ajudar as pessoas mesmo depois da morte. Ele era perfeito.
— Não! Não! — sua voz custava em sair. —Não!
— Teremos que ir no hospital. Quem virá com ela?! — o médico esbravejou.
— Eu irei. — minha mãe se impôs. —Ficaram bem sem mim até ao hospital?! Irei com ela para perceber o que aconteceu tudo bem?!
— Tudo bem. — meu pai chorava.
Era o pai dele que havia falecido. Era o meu avô que tinha morrido. Meu bisavô jamais, jamais me perdoaria por isto. Eu me sentia impotente.
A partir deste momento eu preferiria morrer. Isto matou-me definitivamente isto matou-me, mas eu tinha pessoas contando comigo todos os instantes e horas, não poderia faltar ás minhas responsabilidades.
Chegamos no hospital e logo saímos do carro correndo. Meu avô estava agora sendo transportado para dentro e minha mãe vinha logo atrás com a ambulância e com Patrícia.
As horas iam passando e sem nenhuma notícia, Patrícia já estava na sala de cirurgia desde o momento em que chegou, meu avô também lá estava e até ele desse algum dos seus órgãos para a salvar. Eu queria que ele vivesse, mas vendo por outro prisma nada mais podiam fazer e se era para salvar a vida da morena era isso que iria fazer.
Ela era minha amiga.
Ela era especial! Ela tinha algo que me cativava demasiado, ela era uma excelente mulher e uma ótima amiga. Eu podia ter este feitio, mas no fundo eu apreciava a qualidade que ela tinha de fazer tudo e mais alguma coisa que lhe pediam. Ela era a melhor secretária que a empresa já teve.
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