01
Oh, baby, take a look around
I'm the only one that hasn't walked out
I'm right here, here
One draw at a time, yeah
One more, you'll be fine, yeah.
• Right Here - Chase Atlantic •
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Frase do Capítulo:
-Eu fiquei encantada em conhece-lo, perto verte num futuro breve.
Natasha Costa, 2012
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António Torres
09h da manhã
Hoje era quinta-feira e S/n só tinha aulas à tarde, então decidi ir comprar o presente do seu irmão com ela, já que ele vinha cá para celebrar o seu aniversário. Arrumei-me rapidamente e ajudei S/n a vestir-se. Tomámos o pequeno-almoço juntos, pois o meu pai já tinha ido trabalhar e a minha mãe tinha um dia de SPA marcado.
— O que vais comprar para o Ferran, papai? — perguntou S/n, depois de beber um gole do seu sumo de laranja.
— Ainda não sei bem... por isso quero que vás comigo à Gucci para escolher. Sei que tens bom gosto, filha.
— E que tal este casaco de algodão de feltro? — disse ela, mostrando-me o casaco no site da Gucci.
— Ótima escolha, filha! Não sei o que faria sem ti... não sei mesmo! Tu ajudas-me imenso — falei, acariciando o seu cabelo com carinho.
— Ah, papai, eu sou apenas a menininha dos teus sonhos. Foste tu que me ensinaste tudo e devo-te isso — respondeu S/n com um sorriso orgulhoso.
— Bem, vamos acabar de comer, senão ficaremos sem tempo para ir à loja.
— Sim! — disse ela, rindo comigo.
Já tínhamos saído de casa e estávamos a caminho da loja. Esperava sinceramente que eles tivessem o casaco lá. Durante o trajeto, S/n falava animadamente sobre a escola e eu ouvia com toda a atenção. A sua energia contagiante e alegria ao falar faziam-na parecer um verdadeiro anjo.
De repente, o rádio começou a tocar a nossa música favorita. Sem hesitar, começámos a cantar juntos, sorrindo como se o tempo tivesse parado para aquele momento especial. Antes que nos déssemos conta, já estávamos na rua da loja. Estacionei o carro, com os seguranças seguindo-nos de perto. Saímos e dirigimo-nos para a entrada da loja, prontos para encontrar o presente perfeito.
— Olha, papai, que linda é a loja! E já vi ali o casaco do mano! — exclamou S/n, correndo entusiasmada para a secção infantil.
— Filha, cuidado! O papai vai dar uma olhada na secção masculina para ver algo para mim e já vai ter contigo. Se quiseres algo, é só dizer, ok? — respondeu António, sorrindo enquanto se dirigia para a secção masculina. — Ryan, fica de olho nela!
— Sim, chefe! — confirmou Ryan, mantendo-se atento.
— Então, Ryan, gostas deste casaco? — perguntou S/n, exibindo o casaco com um sorriso radiante.
— Achei perfeito, sem dúvida que o Ferran vai adorar — disse Ryan, retribuindo o sorriso.
— Bem, vou dar uma olhada em algumas coisas para mim e já volto — S/n sorriu, enquanto, sem perceber, o arco de cabelo de S/n caía no chão.
— Espera, S/n! Teu pai ainda me mata se algo acontecer contigo! — exclamou Ryan, vendo-a inclinar-se para apanhar o acessório.
De repente, uma voz surgiu inesperadamente.
— Então, menininha, estás perdida? — disse uma voz feminina, aproximando-se ao ver S/n apanhar o arco.
— Afasta-se da menina já! Eu não aviso duas vezes — disse Ryan, firme.
— Eu vou gritar! Quem é o senhor...
— Calma, senhorita. Eu sou o segurança dela — explicou Ryan, tentando acalmá-la. — S/n, vem para cá.
— Não toque nela. Garotinha, onde estão os teus pais? — perguntou Nat, colocando as mãos suavemente nos braços da menina, com uma expressão preocupada.
— N...não, moça, eu só vivo com os meus pais e os meus avós. O meu irmão vive em Espanha com a minha mãe — disse S/n com a sua habitual inocência. — Aliás, a moça é muito linda e o seu nome também. Além disso, este moço é o meu segurança.
— Eu não sabia, desculpa, princesa. Meu nome é Natasha, fofinha! E muito obrigada pelo elogio. Posso saber o teu nome? — perguntou Natasha, com um sorriso caloroso.
— Filha, o que se passa? Ouvi gritos daqui!! — disse António, aproximando-se rapidamente, o rosto tenso com preocupação. —Está tudo bem?
— Não se passa nada, papai. Esta moça aqui ajudou-me com o meu arco que caiu. Ah, e ela chama-se Na...Nata...
— Natasha, muito prazer. — disse ela, estendendo a mão para cumprimentar António. Mas no instante em que fez isso, os homens que estavam com ele deram um passo à frente, prontos para intervir. No entanto, António olhou discretamente para o lado e fez um gesto subtil para que não avançassem.
E foi a partir deste momento, que Natasha percebeu com quem estava a lidar e manteve-se alerta, mas composta.
— Meu nome é António, muito prazer. Vim fazer compras e também comprar um presente para o meu filho. — disse, estendendo a mão para Natasha, ainda com um sorriso que não conseguia disfarçar.
— Senhor António, que prazer tê-lo cá hoje! Já decidiu o que vai comprar? — disse a gerente da loja, interrompendo o momento com entusiasmo.
Antes que António pudesse responder, S/n aproximou-se sorrateiramente de Natasha e sussurrou ao ouvido dela com uma expressão traquina.
— Eu gostei da senhora! Poderia ser a minha próxima mamãe, o que acha? — disse, antes de correr de volta para junto do pai, rindo alegremente.
— Bem, só queria isto mesmo... Vou já pagar, pois ainda tenho algumas coisas a tratar. Além disso, já encomendei um casaco para a minha filha que não está aqui na loja, mas pelo site vi que chegará em dois dias! — falei, dirigindo-se à gerente.
— Ah, sim, recebemos o aviso. Alguma das funcionárias poderá entregar-lhe o casaco! — disse a gerente, esboçando um pequeno sorriso.
— Ok, sem problema. Pode entregar neste endereço. Agora vou pagar. Muito obrigado! — António agradeceu com um gesto educado.
No momento em que comecei a pagar, percebi que quem estava no balcão era Natasha. Enquanto ela processava a compra, eu não conseguia deixar de sorrir e olhá-la. O olhar dela, retribuído com um leve sorriso, fez algo vibrar no meu peito. Precisava encontrar uma forma de vê-la novamente e, ao chegar à empresa ou em casa, sabia que teria que pedir a Lopez uma pequena ajuda com isso.
Natasha era de uma beleza ímpar, com uma gentileza e um sorriso que me deixavam desarmado. Por outro lado, S/n estava atenta a tudo. Observava os meu movimentos, curiosa e divertida, mas sem qualquer julgamento. Para ela, palavras como "invasivo" não existiam. Eu apenas desejava que a pequena encontrasse felicidade na mulher que ele escolhesse para preencher o vazio deixado nas nossas vidas.
Saímos da loja e coloquei S/n de volta na sua cadeirinha no carro. A pequena estava radiante e, por mais que tentasse disfarçar, seus olhos não paravam de espreitar a loja através do vidro. Não havia dúvidas de que ela já tinha decidido que Natasha seria a sua próxima mãe.
O pensamento fez-me sorrir, embora com um toque de nervosismo. Admito que também achava que nós dois, S/n e eu, merecíamos alguém como Natasha em nossas vidas. Sua voz ressoava com uma doçura acolhedora que não sentia há muito tempo.
— Papai! Quero ela... — disse S/n de repente, quebrando o silêncio e pegando-me desprevenido.
— Ela? Como assim? — tentei parecer desentendido, mas minhas palavras saíram mais hesitantes do que pretendia. — Explica isso, princesa.
— Quero que ela seja minha mamãe. Eu vi como o senhor olhou para ela. Olha, ali! Vês? Ela é linda, não é? — insistiu, com aquele sorriso arteiro que só ela sabia fazer.
— S/n! — repreendi com um misto de embaraço e carinho, ajustando-a na cadeirinha. — Endireita-te, vá.
— Ela vem aí! — disse ela, gargalhando com uma empolgação que quase me fez rir também.
Olhei na direção da loja e vi Natasha aproximar-se com passos apressados.
— Senhor! Esqueceu-se da sua carteira — disse ela, segurando o objeto que eu nem me tinha dado conta de ter deixado para trás.
Lopez, que estava sempre atento, colocou-se imediatamente à minha frente e olhou Natasha de cima a baixo, avaliando-a com o olhar profissional e um pouco exagerado.
— Está tudo bem, Lopez — assegurei-lhe, sentindo o ar ficar tenso por um momento. — Obrigado mais uma vez, Natasha, certo?
— Certo — respondeu ela, com um sorriso tranquilo. — Bom, irei deixar-vos. Fiquem bem.
— OBRIGADA!!! — gritou S/n desde o carro, acenando alegremente.
Natasha riu, acenou de volta e foi embora, mas não sem antes lançar um último olhar que carregava um misto de curiosidade e algo mais que eu não consegui decifrar. Voltei-me para S/n, que ainda estava com um brilho nos olhos que parecia prever o futuro. Essa menina ainda iria matar-me de coração, pensei, mas algo dentro de mim sabia que ela estava certa: Natasha era o que precisávamos para completar nossa vida.
Natasha Torres
16 de fevereiro de 2012
As horas passaram, e o meu turno na Gucci finalmente terminou. Com algum tempo livre, decidi passear pelas ruas movimentadas de Barcelona antes de voltar para casa. O sol brilhava suavemente, e a cidade estava cheia de energia. De repente, avistei ao longe um homem alto, aparentando ter por volta dos 40 anos, entrando numa imponente empresa.
Era António Torres, o mesmo que conheci na loja mais cedo. Para minha surpresa, percebi que se tratava da empresa onde o meu tio trabalhava.
A curiosidade tornou-se impossível de ignorar. Precisava de uma desculpa para entrar.
— Vim entregar algo que o meu tio se esqueceu. Ele já deve ter começado o turno há pouco.
O segurança examinou-me por um momento e, ao ver a minha expressão sincera, assentiu, deixando-me passar. Entrei no imponente edifício, o coração batendo um pouco mais rápido. Ver António Torres novamente, numa circunstância tão inesperada, fazia-me questionar o que mais o destino reservava para aquele dia.
— Olá, sobrinha! Então, o que fazes aqui? — disse Archie, aproximando-se com um sorriso acolhedor.
— Olá, tio... Bem, vim trazer isto que te esqueceste em casa. Por acaso encontrei-me com a tia, e ela pediu-me para vir cá entregar, e aqui estou eu — respondi, entregando-lhe o telemóvel que trazia na mão.
— Muito obrigado! Nem dei por falta dele, a minha cabeça anda tão atarefada com o trabalho que nem reparei — disse Archie, suspirando e mostrando um sorriso de alívio enquanto pegava o telemóvel.
— Bom, tenho que ir. Não quero tomar mais do teu tempo. Bom resto de dia! — disse, acenando para ele.
— Xau, sobrinha. Cuida-te! — respondeu Archie, antes de voltar ao trabalho.
Enquanto me virava para sair, dei uma última olhada pelo corredor amplo e movimentado da empresa. Por entre os funcionários que passavam apressados, os olhos de António Torres captaram os meus por um breve instante.
O reconhecimento em seu olhar fez o meu coração acelerar, e um leve sorriso curvou os seus lábios antes de ele voltar a focar na conversa com os seus colegas. Saí do prédio com uma mistura de nervosismo e excitação. O dia que começara tão normal estava a tornar-se tudo menos isso, e não conseguia evitar a sensação de que aquele encontro inesperado era apenas o começo de algo novo.
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S/n Torres
20:15h da noite
A escola hoje tinha sido exaustiva, e eu nunca entendia o motivo de ser tão obrigatória. Pensava muitas vezes que talvez os estudos não fossem necessários para o meu futuro, especialmente porque o papai, com apenas o 12º ano, era dono de várias empresas e admirado pelo mundo inteiro. Mesmo assim, eu sabia que se expressasse isso a ele ou à vovó, a resposta seria um "não" categórico.
Assim que entrei em casa, sentei-me no sofá e liguei a televisão, procurando algo interessante para assistir. Mas como era de esperar, naquele horário não havia nada que chamasse a minha atenção. Com um sorriso, corri até a cozinha, onde sabia que encontraria a minha avó.
O aroma da comida que ela preparava era divino, uma combinação de sabores que me fazia sentir em casa e amada. A felicidade com que ela mexia as panelas refletia a alegria que eu sentia por tê-la como avó. Ela era uma figura maternal para mim, e eu a adorava profundamente.
— Vovó, tenho que contar uma coisa para a senhora! — exclamei, entrando animada na cozinha, pouco depois de ter chegado com o papai.
— S/n, meu anjinho, então, o que tens a dizer para a vovó? Não me digas que já tens namorado?! — brincou, com um brilho divertido nos olhos.
Ri com a ideia, balançando a cabeça.
— Não, vovó, nada disso! É sobre uma pessoa que conhecemos hoje... — comecei, enquanto o papai, que nos observava da porta, esboçava um leve sorriso curioso. — Não não vovó o papai não deixaria isso acontecer, a cara dele quando um rapazinho chega perto de mim até os assusta ele só deixa mesmo...
A vovó esperou, os olhos cheios de expectativa, enquanto eu me preparava para contar o que realmente estava na minha mente.
— Deixa mesmo? — perguntei, já com a voz embargada.
— É que eu lembrei do Gavi e do Ansu. Eu sinto tantas saudades deles! Queria que estivessem aqui comigo — disse, sentindo as lágrimas começarem a se formar nos meus olhos.
A vovó olhou para mim com ternura e puxou-me para um abraço reconfortante.
— Sabes que isso é impossível, meu anjinho. Eles têm a vida deles na Espanha, com a família e as responsabilidades. A vida nem sempre é como queremos, mas temos de encontrar alegria nas coisas que temos aqui — disse ela, acariciando meu cabelo com suavidade.
Sentindo a tristeza suavizar-se um pouco com o calor do abraço da vovó, afastei-me e enxuguei uma lágrima que teimava em cair.
— Bom, vamos parar com esse clima. Queria saber se o meu pai já chegou a casa. Saí da empresa mais cedo hoje — disse ela, levantando-se e mudando de tom para algo mais animado.
— Além disso, em dois dias tenho que ir a Barcelona ver como está o clube.
— Eu posso ser a menina propaganda deste ano? As camisolas vão ficar muito bem em mim — falei com um sorriso travesso, tentando animar a vovó e a mim mesma.
— Nunca duvidei disso, minha estrela! — respondeu ela, rindo. — E sim, António já está em casa, no escritório.
— Ok, obrigada, mãe! Até já — disse, já a caminho do escritório para falar com o papai.
— Bem, então o que querias contar para a vovó? Vem, vamos sentar ali no sofá para conversarmos — convidou ela, com um sorriso carinhoso.
Assenti e fui com ela até o sofá, sentindo-me mais leve e pronta para compartilhar tudo que estava na minha mente. Eu iria fazer de tudo e absolutamente tudo para que a mulher que encontramos na loja hoje pela manhã fosse a minha mamãe.
— Bom, o papai e eu fomos hoje a uma loja comprar um presente para o mano, e foi lá que eu encontrei uma moça muito bonita. Quando o papai chegou perto dela, ele ficou todo sem jeito... Bem, indo direto ao ponto, quando ele estava a pagar, ele não parava de olhar para ela e também não parava de sorrir. Acho que ele está novamente apaixonado — falei com um sorriso tímido, esperando pela reação da vovó.
— António merece toda a felicidade do mundo, e eu estou começando a entender onde queres chegar. Então, tu queres que ela seja a tua nova mãe, é isso? — perguntou, com um olhar compreensivo e afetuoso.
Eu assenti, sentindo meu coração aquecer com as palavras da vovó.
— Sim, basicamente é isso, vovó. E quem sabe, eles ficam juntos para o resto da vida!
Nesse momento, ouvimos passos no corredor e a voz do meu avô, Duarte, interrompendo nossa conversa com um tom brincalhão.
— O que as donzelas estão aí a falar? De vida juntos? Que assunto emocionante é esse agora? Quero saber, donzelas.
A vovó riu, e logo o papai se juntou a nós na sala. Ele parecia curioso sobre o que estava acontecendo, e minha avó não perdeu a oportunidade de contar tudo.
— S/n estava-me a contar que o papai se encantou por uma mulher e que ela quer que ela seja a sua nova mãe — disse a vovó, com um sorriso divertido.
— VOVÓ, era segredo! — exclamei, corando um pouco enquanto todos começavam a rir.
Vovô, olhou para mim com uma expressão curiosa. — E quem seria essa princesa? — perguntou, enquanto se sentava no sofá ao lado de António.
Eu não pude evitar sorrir, lembrando do momento na loja da Gucci.
— A moça da loja da Gucci, papai não parava de olhar para ela. E eu não o vi assim, tão animado, há muito tempo — falei, tentando disfarçar um pouco a empolgação, mas também me sentindo feliz por finalmente poder compartilhar isso com minha família.
O silêncio na sala foi breve, mas cheio de expectativa. O papai olhou para mim, um sorriso tímido no rosto, e parecia estar a ponderar tudo o que eu disse. Eu sabia que a minha revelação não passava despercebida. Agora, era esperar para ver como as coisas se desenrolariam.
— Filha, as coisas não são bem assim, eu só estava a ser educado, como ela foi, apenas isso — disse o papai, tentando se explicar, mas visivelmente desconfortável. Ele colocou as mãos sobre as pernas e parecia estar a suar frio, como se não soubesse como lidar com a situação.
— Estás a desmentir o que uma criança disse, é isso mesmo, filho? — perguntou meu avô, Duarte, com um sorriso travesso.
— Eu?! De forma alguma! — respondeu o papai, rindo nervosamente. — Bom, vamos comer, que amanhã é um novo dia, certo?
Senti uma leve sensação de vitória por ter levantado o assunto, mas ao mesmo tempo, estava ansiosa para saber como as coisas iriam evoluir.
— Papai, que tal a gente ir amanhã novamente à loja da Gucci? Aposto que ias gostar, não é? — perguntou S/n, rindo para o papai e colocando a mão sobre a dele, como se fosse uma tentativa de amolecer o ambiente tenso.
Meu pai olhou para mim, com um leve sorriso, mas tentava manter a conversa num tom mais sério.
— Filha, chega desse assunto. O que tiver que acontecer, acontecerá com o tempo. Mas agora, vamos comer — respondeu ele, tentando encerrar a conversa.
Vovó, que estava ouvindo atentamente, aproveitou a deixa para brincar mais um pouco. — Eu vou contigo, princesa. Vamos depois das aulas, pode ser? A mãe tem que aprovar o novo namorado do filho — disse, limpando a boca com um sorriso travesso.
O papai parecia estar ficando cada vez mais vermelho, e a situação ficou ainda mais engraçada quando vovó fez mais uma piada.
— Vocês as duas ainda vão colocar o António vermelho no jantar, e olha que ele já está começando a ficar! — ela exclamou, provocando o papai.
Ele sorriu, mas estava claramente embaraçado. — Vocês são mesmo terríveis. Eu vou é ficar calado para não pensarem em mais coisas que não fazem sentido — respondeu ele, tentando manter a calma.
Dei uma risadinha e olhou para o papai com um sorriso travesso.
— Aí é papai, eu não sou burra, mas falta um segurança lá fora... Onde foi o Enrique?
— Sim, filho, ele sempre faz a segurança durante a noite — falou minha avó, parecendo perceber que a falta de Enrique poderia ter passado despercebida.
— Ele ficou doente e não pôde vir hoje, é isso! — completou ele, olhando para o meu avô com um olhar compreensivo.
A sala ficou em silêncio por um momento, todos refletindo sobre as palavras de Aurora e a ausência de Enrique. Mas logo, o clima descontraído voltou, e todos começaram a se preparar para a refeição.
— Amanhã tentarei falar com ele lá na empresa. Amanhã temos reunião, mas assim que acabar, quero conversar com ele — disse vovô, tomando um gole do seu vinho tinto, como se estivesse pensando em resolver logo a situação.
— Não vai ser possível. Ele está muito doente em casa — respondeu meu pai, com um leve sorriso nervoso, tentando mudar o rumo da conversa.
Todos ficaram em silêncio por um momento, mas não demorou muito até que, com meu jeito travesso, decidi quebrar o clima. — Papai está apaixonado! Papai está apaixonado! Papai está apaixonado! — gritei, batendo os garfos na mesa e fazendo todos caírem na gargalhada.
A sala encheu-se de risos. O papai, tentando esconder o embaraço, olhou para ela com uma expressão de quem não sabia o que dizer, enquanto eu só conseguia sorrir e assistir a tudo de perto. Até o avô Duarte não resistiu e riu alto, divertindo-se com a situação.
— Vocês são terríveis! — disse o papai, com um sorriso forçado, tentando disfarçar o desconforto. — Já basta, filha! Não me ponham mais vermelho do que já estou!
Olhou para ele, com um olhar inocente e divertido, e respondi o mais breve possível. — Mas papai, não adianta esconder! A vovó e o vovô já perceberam tudo!
A risada continuou, e parecia que o jantar, que antes estava sério, se transformara numa verdadeira diversão familiar. Todos estavamos tão divertidos que, por um momento, o foco na conversa se perdeu e a alegria tomou conta da sala. Mesmo o papai, apesar de envergonhado, não conseguiu deixar de sorrir.
Natasha Costa
17 de fevereiro de 2012 // 08:40h
Estava sentada no sofá, ainda tentando relaxar e me distrair com o filme, mas não conseguia tirar a mente daquele homem misterioso. Ele continuava a seguir-me de uma forma que me fazia sentir desconfortável, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim queria ignorar esse sentimento. "Será que eu estava a exagerar?". Eu não queria que os meus medos me dominassem, mas a presença dele estava a me inquietar cada vez mais.
Quando estava já um pouco mais tranquila, ouvindo o som do filme e tentando afastar meus pensamentos, a campainha tocou, quebrando o silêncio da casa. Fiquei tensa, mas fui até a porta, perguntando-me quem poderia ser a essa hora.
— Quem fala? — disse, tentando esconder o nervosismo na minha voz enquanto pegava o interfone.
— Daqui fala Aurora Torres. Eu e a minha neta queríamos falar com Natasha, se possível — respondeu uma voz suave, mas decidida.
O nome Torres imediatamente me fez levantar as sobrancelhas. Aurora Torres...
Não podia ser a mesma pessoa, poderia?
Era possível que aquelas pessoas, tão próximas de quem eu vira na loja da Gucci, estivessem agora à minha porta?
Olhei pela janela, ainda com um resquício de insegurança, mas não vi ninguém familiar. Respirei fundo antes de apertar o botão do interfone novamente.
— Sim, claro, um momento — respondi, ainda a tentar processar a situação. Meus pensamentos estavam acelerados.
O que poderia querer essa mulher?
E por que ela estava à minha porta?
Aquele homem que me seguia estava distante, mas de alguma forma, a sensação de que as coisas estavam a mudar, que uma nova fase estava a surgir, deixou-me com a sensação de que a minha vida estava prestes a virar de cabeça para baixo.
A pequena correu para me abraçar assim que entrou na casa, com uma energia que só ela tinha. O gesto foi tão inesperado que, por um momento, fiquei sem palavras. Ela me olhou com um sorriso brilhante no rosto, e não pude deixar de sorrir também.
— A senhorita é importante, a minha neta não trata assim as pessoas quando as vê pela primeira vez. Sinta-se privilegiada — disse Aurora com um tom de voz que misturava um pouco de orgulho e carinho.
Eu ri levemente e respondi, tentando suavizar a situação e me sentir mais à vontade. — Pode tratar-me por Natasha. Senhorita é muito formal para mim, eu sou uma simples menina.
— Como queira, então pode tratar-me por Aurora. Eu também não gosto muito de formalidades — respondeu ela com um sorriso simpático.
S/n, que já estava sentada no sofá, observando atentamente a televisão, de repente se virou para nós e, com uma risada travessa, soltou algo que nos deixou surpresas. — Não é Aurora, é sogra!
Eu congelei por um segundo, sem saber o que dizer. A pequena, tão inocente e direta, tinha um jeito único de tornar tudo mais descontraído. Aurora parecia um pouco surpresa, mas depois se soltou numa gargalhada.
— Bem, isso foi direto demais, não é? — disse Aurora, rindo da observação de S/n, enquanto se sentava ao lado de mim. — É a primeira vez em anos que a vejo com um brilho nos olhos.
Eu não pude evitar uma risada nervosa. — Às vezes sim... Mas faz parte da sua personalidade. Ela tem esse jeito espontâneo, sem filtros. São apenas crianças...mas, que descuido o meu, quer algo para beber? — enquanto me levantava e ia em direção à cozinha com Aurora.
— Pode ser uma água, mesmo. — Aurora respondeu de forma tranquila, mostrando que estava à vontade.
— S/n, queres algo para beber?
Ela respondeu sem desviar os olhos da tela. — Não, vovó, agora estou atenta no filme.
Sorri para o comportamento dela, sabendo que agora não teria mais como interrompê-la. Enquanto me dirigia à cozinha, Aurora parecia relaxada, mas ao mesmo tempo curiosa sobre o ambiente da minha casa.
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