Face do mundo
a face do mundo
há anos
me persegue
em palavras de desconforto
não existe música
para ouvidos surdos
no mundo real
toda notícia é um ruído
um estrondo
nao ha tevê muda que impeça
a rachadura das paredes
de levar ao dia
em que o teto de vidro
cairá sobre a sua cabeça...
não ha hiato
entre as pérolas do rosário
pra calar a insônia
de alguém que vê
a face do mundo
as lixeiras reviradas por gente,
não cachorros, não aves...
mãos despolidas limparão as privadas
e fecharão as cortinas
mas não há fronteira capaz
de filtrar a poeira...
dos corpos afogados,
nem das matas e bichos queimados.
não há discurso que segure
a sujeira do mundo
do lado de fora
da sua casa.
há dias que me assombro
com os olhos arregalados
de um preto solitario
no meio dessa selva
de rodas e foguetes...
a cor da vida é escura
como uma noite de caça
os dentes da verdade,
não vão te sorrir
mas te rasgam como animal pequeno
antes que fuja pra sua toca...
não há riso
a não ser o das hienas
que nos ladram
e devoram
como comida
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