
Capítulo Único - Me
Deixando claro algumas coisas, isso é mais um desabafo em forma de fic.
Acho que cada um tem que encontrar um meio de se deixar extravasar, e aqui, para mim, esse é o melhor meio.
Nada aqui condiz com a realidade dos personagens citados, mas eu estou muito triste com umas coisas que vem acontecendo na minha vida, então criei uma história onde as pessoas também são tristes, por isso não vou me importar se isso flopar.
Não vou colocar um cast, imaginem cada um da maneira que quiser.
Estando avisados, podemos seguir com a leitura.
🌞🤐🌞
Hoseok's history
Tem muitas coisas que não podemos controlar.
Por exemplo, não podemos escolher quem convive conosco ou quem queremos que fique de fora.
Mas se tem algo que eu consigo bem, isso é fingir.
Seja por fingir ser quem não sou, ou por tentar mostrar uma face que não me pertence.
E que todos acreditam ser real por não se interessarem em me conhecer mais a fundo.
Seres humanos... Tão supérfluos.
Falsos como cobras e espertos como raposas, sabem moldar sua realidade para que todos acreditem e façam de você um pessoa "perfeita".
Mas às vezes é meio óbvio isso.
E não posso simplesmente lançar palavras duras e me fazer de hipócrita.
Também faço parte desses seres que fingem e mentem, mas não para proveito próprio, e sim porque conheço bem as pessoas para saber que nenhuma se importa de verdade.
Se me perguntam "Nossa o que aconteceu?" ou "Está tudo bem?"
É muito mais simples me desviar de perguntas falsas e movidas a curiosidade do que me entregar e me render à tentação de querer um "ombro amigo".
Mas é complicado quando você convive com um pai alcoólatra e uma mãe que não sabe o que fazer e por isso recorre a ti precisando de ajuda.
Ele não é meu pai, mas sou obrigado a chamá-lo assim porque, segundo minha figura maternal, preciso ser grato à todo o esforço que ele fez para criar-me.
Apesar de eu saber que não faço diferença alguma na vida dele.
Depois que ele casou com minha mãe e a engravidou, passei a ser ignorado e esquecido.
Literalmente, um zero à esquerda.
Com meus 13 anos, descobri que o filho da puta é alcóolatra, quando o vi bebendo escondido em plenas 7:00 da manhã.
Contei à pessoa que provavelmente não estava consciente disso, no caso, minha mãe, e na procura de mais bebidas escondidas, encontrei, sozinho, mais 15 garrafas vazias.
Ou seja, no total, 16.
Ao invés de brigar, ela preferiu esperar para conversar e convencer que o cara precisava de um tratamento, que a situação é grave, e blá blá blá.
Óbvio que não resolveu.
E hoje em dia, com meus 17 - quase 18 anos - ele ainda bebe escondido e mamãe ainda acredita que meu pai faz o acompanhamento profissional e parou com a bebeção descontrolada.
Coitada, tão iludida.
Não pense que estou debochando dela, jamais, porém eu mesmo não consigo confiar tão piamente em alguém a esse ponto.
E o que me faz odiar cada vez mais esse desgraçado, é o fato de que ele obriga minha mãe a viver em um relacionamento abusivo, e a mesma, não tem coragem de denunciá-lo, por acreditar que faz parte do tal tratamento.
Não posso interferir em nada, se não quem sofre sou eu.
Agora imagine o peso que é ter que aguentar tudo isso e ainda ter que cuidar de uma criança que na época tinha apenas sete anos, sem a consciência do que acontece a seu redor.
Meu irmão... Ah Jimin é um anjo, e eu mesmo fiz questão de cuidá-lo e ensiná-lo a não seguir esse caminho, criando-o como meu filho, obrigação essa que era para ser de meu querido pai.
Mas nem sei o porquê de estar a contar isso a ti, nem sei se conheço-te o suficiente para isso, ou se tu é merecedor de ouvir minha história.
Sei que no fim das contas eu mesmo me obrigo a colocar um sorriso no rosto todo santo dia.
Espalhando o bem e tentando ajudar a quem precisa, na esperança de um dia eu poder sentir na pele o que é ser amado.
Mas acho que minhas esperanças estão a acabar.
Me preparando psicologicamente para voltar a minha casa, em meu caminho encontro um garoto, este que se encontrava caído ao chão, ensanguentado, com uma aparência cansada, muito magro e fraco, e decido ajudar.
Oras, qualquer pessoa sensata iria se preocupar vendo uma cena como essa.
Ao me aproximar, ele se assusta e tenta levantar e correr, porém não consegue.
- Ei, calma aí, eu só quero te ajudar.
- Não precisa.
- Precisa sim, olhe só seu estado!
- Ninguém faz isso sem um preço, o que você quer? Alguém te mandou aqui?
- O que? Não, ninguém me mandou aqui, e não quero nada em troca.
O menino o me olhou desconfiado com aqueles olhos felinos e ariscos.
- Porque você iria querer ajudar alguém assim, do nada?
- Eu gosto de ajudar. Vem, levanta.
Eu o deixei se apoiar em mim e o levei até o meu esconderijo, meu local secreto que fica perto de minha casa, onde eu me escondo em momentos necessários e levo meu irmão, para que ele não presencie nada que poderá marcá-lo pelo resto da vida.
Voltando ao assunto anterior.
Coloquei o garoto, até então desconhecido, sentado em um banquinho ali e peguei a caixa de primeiros socorros.
- Então... Como é o seu nome?
- Não sei se devo lhe contar.
- Tudo bem. Você estuda na escola (imaginem um nome legal porque eu não consegui kkkkk)?
- Como sabe? Por acaso você estava me perseguindo?
- Não, bobo, 'tá escrito no seu uniforme, e eu também estudo lá.
- Ah, sim, me desculpe.
- Me chamo Jung Hoseok.
Me apresentei, talvez assim ele me diga seu nome.
- Min Yoongi.
E não é que funcionou mesmo?
- Que série você faz, Yoongi?
- 3° do ensino médio.
- Eu também.. Espera, como assim? Eu nunca te vi na minha turma.
- Sou do 3° B.
Está explicado.
- Sou da turma A.
- Então isso justifica o fato que que nunca trombamos por aí.
- É, talvez.
Ficamos em silêncio enquanto eu limpava e tampava seus machucados, mas não consegui controlar a língua.
- Porque está tão machucado?
Ele soltou um suspiro antes de responder.
- Problemas em casa.
- Entendo... É bem complicado.
O que eu não sabia, é que esse tal Yoongi conseguia ler expressões faciais e desvendar o que estamos sentindo, por isso me surpreendi quando do nada ele disse:
- Pelas contrações do músculo abaixo da boca, esse seu "entendo" quer dizer que provavelmente você também tem problemas que envolvem sua casa ou família.
Fiquei desnorteado. Como ele fez isso?
- Desculpa, falei demais. - ele se apressa em tentar contornar o que disse, provavelmente, sem querer.
- Não precisa se desculpar, não está errado mesmo.
Após terminar os curativos meio improvisados, ficamos a conversar, e quando menos percebemos já estava tarde.
- Ai meu Deus! Eu tenho que ir!
Não vou mentir, me assustei com esse grito dele.
- Calma, eu te levo, se fizer muito esforço os curativos não vão adiantar de nada.
- Mas e você? Não tem que ir para casa?
- Não faz diferença se vou voltar ou não, nem sentem minha falta. Estarão mais preocupados em saber como está o meu irmão.
- Ah, eu não queria tocar em um assunto difícil...
- Não tem problema.
Começamos a caminhar, mas ao lembrar da situação que o encontrei mais cedo, fiquei assustado.
- Espera! Se você quiser pode ficar naquele abrigo improvisado que estávamos.
- E porque está me oferecendo isso?
- Porque se você estava machucado por conta de problemas familiares, se voltar 'pra lá pode se machucar mais!
- Mas se eu não voltar depois eu vou me machucar de todo jeito. Estarei só adiando algo que não tem como mudar.
- Melhor adiar então. Fique pelo menos essa noite lá, precisa dar um tempo a esses ferimentos.
Eu juro que não sei porque eu estou fazendo isso, mas saber que quando esse menino chegar em casa vai sofrer ainda mais, me dói o coração.
Ele pareceu ponderar sobre ir ou não ir.
- Certo, eu fico.
Como não tínhamos nos afastado muito de lá, somente demos meia volta.
- Olha, não quero me intrometer, mas porque estava daquele jeito quando te encontrei?
- Porque meus pais querem me expulsar de casa. E eu pedi somente uma semana, que era o tempo necessário para tirar as minhas coisas de lá e achar um novo lar.
- Mas porque eles querem te expulsar?
- E-eu não sei se devo te contar. Mas você parece uma pessoa compreensiva, então...
- Então?
- Eusougay.
Ele falou muito rápido.
- Ein?
Ele suspirou.
- Eu sou gay.
- Ah, por isso? Tudo bem, eu também faço parte do vale.
- Sério?
- Sim, sou pan.
- É uma pena que as pessoas não entendam que toda forma de amor é válida.
- Agradeça à sociedade atrasada em que vivemos.
Eu falei brincando, mas parece que ele leva as coisas bem a sério.
- OBRIGADO, PORRA!
Bem a sério mesmo.
- Yoongi! Pra que gritar desse jeito?
- Me deu vontade.
E deu de ombros.
Às vezes, eu queria ser tão sem filtros assim.
Mas eu prefiro me reservar e usar minhas máscaras.
Quanto menos pessoas souberem, melhor.
- Meu Deus, que cansaço.
- Mas a gente só foi até a esquina e voltou.
- E? Eu tô cansado do mesmo jeito.
- 'Tá bom.
Acho que a convivência com Yoongi não deve ser tão difícil.
Demos uma geral no abrigo e estávamos prontos para dormir.
- Se importa se eu ficar aqui também?
- Mas o abrigo é seu, quem está incomodando sou eu.
- Não está incomodando, mas achei que quisesse privacidade.
- Nha, que isso.
Ficamos por mais um tempo a conversar até que o sono bateu e fomos dormir.
No dia seguinte, fui até uma padaria que tinha ali perto, e comprei o nosso café da manhã.
Se não lhe contei, eu trabalho, e tenho meu dinheiro bem guardado, para evitar certas desavenças.
E hoje, eu completo oficialmente meus 18 anos.
Eu não poderia estar mais feliz.
Não interprete como ironia, eu realmente estou feliz, finalmente poderei finalizar a compra do meu apartamento.
Eu comprei todos os móveis e coloquei no abrigo, para que, quando eu terminasse de pagar o apê, pudesse colocar lá e enfim sair do ambiente tóxico em que vivo.
E, óbvio, levar o meu irmão comigo.
Como hoje é sábado, não tenho que ir para a escola, voltei ao lugar onde passei a noite e encontrei Yoongi ainda dormindo.
Fui checar se ele ainda 'tá vivo.
Graças a Deus que está.
Fui em um "compartimento" separado, o banheiro, 'pra trocar de roupa.
Sim, por ficar a maior parte do tempo aqui, tem diversas roupas minhas e do Jimin.
Após terminar de fazer tudo isso, decidi deixar Yoongi dormindo, pois o que eu iria resolver seria bem rápido.
Saí, e em menos de dois minutos já estava em frente ao prédio que, se tudo der certo, será minha nova casa.
Depois de alguns minutos, pude respirar aliviadamente por concluir uma "nova fase".
Voltei ao meu lugar favorito e vi Yoongi olhando para o nada, como se estivesse a raciocinar o que acontecia a seu redor.
- Bom dia dorminhoco.
- Ah, você 'tá aí. Bom dia.
- Já tomou café?
- Não. Acordei agora.
- Pois tome. Tenho uma proposta a fazer para ti.
- O que é?
- Come primeiro.
- Aish, 'tá bom.
- Assim você vai se engasgar.
Ele comia muito rápido.
- Eu sou movido a curiosidade. Agora fala.
- Yoongi... Eu acabei de terminar de pagar meu apartamento.
- Parabéns.
- Calma, deixa eu terminar. E eu quero que você venha morar comigo.
- Mas... A gente nem se conhece direito.
- Estou disposto a te conhecer. E a te ajudar.
- Olha... Não sei se é uma boa ideia... Mas eu topo.
- Obrigado Yoongi.
- Obrigado digo eu.
- Mas eu preciso que me ajude a levar esses móveis até lá. Não é muito longe, virando a esquina o prédio pode ser encontrado.
- Mãos à obra!
Quando terminamos, já era hora do almoço.
- Está com fome?
Eu perguntei, mas tenho certeza que sim, já ouvi a barriga dele roncar duas vezes.
- Muita.
- Então vamos comer.
Almoçamos e voltamos à nossa nova casa.
Escovamos os dentes e aproveitamos o horário em que provavelmente as casas estariam vazias, ou os pais ocupados para recolhemos nossas coisas importantes.
Ao cair da madrugada, entrei em casa sem fazer barulho, e me dirigi ao quarto do meu irmão.
Em uma bolsa que eu havia separado, eu peguei as roupas, cremes e perfumes dele, para então acordá-lo.
Mas antes, deixei um bilhete direcionado à minha mãe.
"Oi mamãe.
Se está lendo isso, é porque Jimin está vivendo em segurança, comigo, longe de toda essa realidade em que você é obrigada a viver.
Confie em mim, cuidarei dele muito bem, e darei minha vida por ele, mesmo que eu já fizesse isso antes.
Não se preocupe.
Caso algum dia você resolva abrir seus olhos e perceber o que acontece ao seu redor, entre em contato comigo.
Te amamos, do tamanho do céu e do fundo do coração.
Com amor, Hoseok."
Fugimos para minha moradia, e então, depois de tantos anos, descansamos em paz.
🌞🤐🌞
Helou farofada!
Eu demorei a escrever essa one por dois motivos:
1°: Demorou muito escrever 2,2 k de palavras.
2°: Eu não queria que os Yoonseok tivessem um relacionamento sério. Queria que fosse uma amizade bonita. Essa que não foi explícita, porém, no bônus que vai sair daqui algum tempo eu vou relatar detalhadamente como se desenvolveu isso tudo.
Tenham uma boa tarde 😊
Eu revisei, mas talvez ainda tenha erros.
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