Vinte e um
Eu me sinto em um episódio da série Friends. Aliás, Ross traiu ou não traiu a Rachel? Com base no parecer de vocês eu vou conseguir discernir se eu traí ou não traí o Tyler.
Quando terminei o turno da Candy e voltei a ser a Annelise, fui acometida de uma letargia proveniente de diversos devaneios. Foi tudo tão intenso e insano! Será que não era fruto da minha imaginação?
- E aí? Como está se sentindo? - Chris me abordou assim que eu cheguei no hospital.
- Co... Como assim? Eu tô bem, tô como sempre... - tentei soar o mais natural possível, mas obviamente falhei.
- Como assim você está bem? Não tem nada de diferente acontecendo com você? - ele perguntou perplexo.
- Não!
- Todo mundo já sabe, Anne. Não precisa ficar com essa cara de tacho e fingir as coisas pra mim - Chris estava nitidamente ofendido.
O QUE?
- Todo mundo? - eu arregalei os olhos, mal conseguia conter a minha expressão de horror.
- Não é como se você pudesse esconder que foi contratada como médica traumatologista, né? É óbvio que todo mundo ia descobrir - soltei o ar pesadamente em alívio ao perceber que não falávamos da mesma coisa - Espera, você estava falando do que? - Chris cerrou os olhos.
- Nada, agora vamos trabalhar - peguei o máximo de prontuários que eu consegui e fiz questão de ocupar minha mente.
Em suma, eu fiz as mesmas tarefas que eu já fazia, com a diferença de que agora eu era a responsável final pelo atendimento. Meu trabalho não passaria mais pela análise de ninguém, o que me fez ter o dobro da atenção que eu normalmente tenho. Outro bônus foi o meu horário de almoço e janta, que praticamente triplicou.
Nesse dia, uma mulher de vinte e oito anos chegou aos gritos no ambulatório. Ela se queimou no trabalho e foi horrível! Se eu pudesse pegar parte da dor dela para aliviá-la, eu faria.
A pele do seu braço derreteu, tamanha a temperatura a qual ela foi exposta. Fiz o atendimento junto com o médico da estética. Tivemos que tiramos a pele do interior da sua própria coxa para conseguir refazer o tecido do seu braço. Ao concluir o atendimento, fui almoçar com o Chris no refeitório do hospital.
- Tudo certo na administração para a nossa viagem à Nova York - Tyler disse baixo, porém empolgado ao sentar-se à minha frente. Fazia um tempo que eu não o via assim.
- Bom, meu horário de almoço já acabou. Boa refeição pra vocês - Chris se levantou e nos deixou a sós.
Eu não conseguia engolir o meu almoço, tamanha a aflição que estava no meu peito. Todos os eventos recentes me devoravam! A morte de uma pessoa a sangue frio no corredor do subsolo da boate do Danny, ter cuidado de uma mulher que foi agredida brutalmente por um homem, o quanto eu estou tão perto das drogas...
Sem contar que a palavra traidora não parava de ecoar na minha mente. Parte de mim se sentia horrível por ter traído o Tyler e isso se dava pelo fato de sentir que determinada parcela da minha integridade morria a cada segundo em que eu não me arrependia de tê-lo traído.
Era paupável o quanto a minha honestidade se esvaía do meu corpo a cada instante em que eu achava legal ser a Candy e viver entre os dois mundos. Viver entre dar a vida como Annelise e tirar a vida como a Candy.
Eu estava me tornando outra pessoa. E isso me assustava.
- Que bom, fico feliz - disse normalmente, sem direcionar o olhar pra ele.
Em partes, eu estava feliz por ele se esforçar tanto por nós. Provavelmente se ele tivesse essa atitude a meses atrás, eu estaria totalmente rendida aos seus pés. Porém não estamos a meses atrás e eu não alimento mais o sentimento que eu tenho por ele da forma que eu fazia.
Sem contar que ainda estava muito constrangida pelo que eu fiz a dois dias atrás com o Michael.
- Pensei em fazer reserva no seu restaurante favorito na sua próxima folga, o que acha? - na minha próxima folga eu vou ser a Candy, na verdade.
- Então, sobre isso... - eu ainda mantinha o meu olhar fixo no meu prato, sem esboçar nenhuma reação - O Danny me pediu ajuda com os negócios da balada. Ele está quase abrindo falência, então a maioria das minhas folgas estão comprometidas - ele ficou em silêncio e, mesmo sem olhá-lo, percebi que ficou tenso.
- Tá. Sem problemas - pelo tom da sua voz percebi que tinha muitos problemas, na verdade. Contudo, por conta da fragilidade da nossa relação, ele preferiu se abster - Anne, por favor, eu quero que você entenda - ele pegou na minha mão que segurava o garfo. Levantei o olhar até ele - Já conquistamos tanto! Eu queria poder contar em detalhes sobre o que isso se trata - franzi a testa - E sobre aquele dia... Eu estava sob pre...
Nesse exato momento, como se fosse em câmera lenta, o Michael apareceu no meu campo de visão. Ele passou atrás do Tyler do outro lado do refeitório, acompanhado de seu irmão, trajado de um terno slim que evidenciava o quanto seu corpo era atraente.
Assim como eu, ele rapidamente teve o seu olhar atraído em minha direção. Sua expressão impassível estava lá, porém o seu olhar que me derrete inteira por dentro também. O que será que eles estão fazendo aqui hoje?
- Anne? Anne!! - antes que o Michael pudesse concluir o seu trajeto, eu cortei o contato visual com ele e voltei a encarar o Tyler.
- Tyler, olha, eu não dormi muito bem hoje e estou psicologicamente exausta por ser meu primeiro plantão oficialmente como médica, então depois a gente conversa, tá? - peguei minha bandeja, me levantei e me afastei dele.
Anne
Você sabe me dizer o que o Michael está fazendo aqui hoje?
Mandei ao Chris. Pera! Por que eu estou tão interessada no que ele veio fazer aqui hoje? Ele nem ao menos me mandou uma mísera mensagem!!! Por que isso me afeta tanto?
Chris
Ele e o irmão dele prestam consultoria alguns dias da semana aqui no hospital, no andar administrativo 🌚
Ainda me restava uma hora de almoço. Só havia uma pessoa que poderia me ajudar com a minha confusão mental.
- Amélia, pense comigo! - eu andava de um lado para o outro no terraço do hospital, enquanto falava com ela pelo o celular. Aquele local era inabitado - O Michael voltou, o Tyler começou a se comportar de forma estranha, aconteceu o acidente da Joyce e aí o meu chefe Peter começou a se comportar de forma estranha... - eu falava e gesticulava na tentativa de conectar todos os fatos - Eu descobri que o Danny trabalha com... - nunca falaria que era drogas e prostituição. Ela nunca seria de acordo com um ambiente desses e com razão. Optei por dizer em sessões anteriores que era lavagem de dinheiro - coisas estranhas e... sempre um fica falando mal do outro sabe? É como se o Michael e o Tyler se conhecessem secretamente! Sem contar que eu recebi algumas mensagens anônimas que me pediam para me afastar do Tyler, as quais eu acredito veemente terem sido enviadas pela Rebecca... - parei de andar e suspirei - Faz sentido não faz?
- Honestamente não, Annelise. Será que você não está vendo coisas onde não tem? Aliás, há situações mais urgentes que você precisa levar em consideração.
- Tipo o que? - abaixei a cabeça e encarei os meus pés.
- O fato de você ainda ter sentimentos tão vivos pelo Michael.
- Não é bem assim... - amuei - Ele só me confunde um pouco.
- E você acha certo se deixar levar por esse sentimento enquanto namora o Tyler? Do meu ponto de vista, você está tentando conectar esses eventos para tirar o foco do que sente. Isso é uma tentativa inconsciente de não querer enxergar o que está na sua frente - respirei fundo, ao passo que olhei para um ponto qualquer - Anne, eu só estou te alertando, não porque eu quero ser chata, mas porque você precisa esclarecer à si mesma o que sente por ele! É amizade? Desejo? Paixão? Amor? - apenas balancei a cabeça em afirmação na tentativa de digerir o que ela falava - Você precisa esclarecer isso pra não enganar nem ao Tyler, nem ao Michael e nem a si mesma - levantei os olhos para o céu, que estava incrivelmente azul - Aliás... Com qual frequência você tem usado os seus ansiolíticos e antidepressivos?
- Antidepressivos não muito, mas os ansiolíticos... - fiz uma pausa para analisar mentalmente a frequência - Praticamente todos os dias - falei pesarosa.
- Vou te fazer uma pergunta e quero que você seja sincera - ela deu uma pausa de alguns segundos que, pra mim, durou meia hora - Foi o Michael que te chamou de narcisista à algumas semanas atrás? - suspirei. É óbvio que ela deduziria. A mulher é um gênio!
- Sim.
- Annelise... - ela adotou uma voz tensa - Como sua psicóloga eu te aconselho fortemente a se afastar do Michael. Está nítido que vocês não estão se fazendo bem e ele desperta muitos sentimentos conflituosos em você. Você entende isso?
Imagina se ela soubesse que a dois dias atrás ele estava no meu apartamento...
A realidade é que eu me entreguei ao meu pior inimigo. Dei parte do controle dos meus sentimentos à um homem que não pensaria duas vezes antes de me destruir de dentro pra fora.
- Sim, eu entendo Amélia.
- E o Tyler?
- Vamos viajar no final de semana - sorri fraco - foi ideia dele para voltarmos a nos... entender.
- Em partes eu fico feliz por isso. Contudo, gostaria de entender o seu desânimo frente a esse evento. Aconteceu alguma coisa?
Tic
Tac
Tic
Tac
- O seu silêncio me perturba, Annelise.
A mim também, doutora Amélia.
Me perturba porque o olhar agressivo do Tyler me assombra.
Me perturba porque eu estava cansada de fingir que tudo aquilo não havia sido nada.
Me perturba porque me sentir culpada pelo seu acesso violento é um fardo pesado demais para se carregar.
Me perturba porque eu tenho medo. Eu tenho medo de não conseguir sair desse relacionamento que eu me emaranhei.
- Annelise, eu preciso de uma resposta e eu sei que você também. Você precisa me dar a resposta para a minha pergunta.
Minhas lágrimas já haviam transbordado dos meus olhos. Funguei duas vezes até ser capaz de dizer...
- Ele brigou comigo...
- Ok. E qual foi o motivo da briga?
- Ele não apareceu para remover o rim de uma paciente e eu assumi o controle da operação - minha voz saía trêmula.
- Ok. E como foi essa briga? Por que ela te perturbou desse jeito?
- Ele... - merda! Eu não vou conseguir falar - Ele me... - minha voz não sai!
- Conte comigo, Annelise. Um...
- Dois.
- Três...
- Quatro.
- Cinco. Inspira e expira. Está tudo bem! Você pode vencer isso. Você é muito forte - assenti, mesmo consciente que ela não poderia me ver - Agora prossiga...
- Ele me abordou... Me levou até uma sala e foi rude comigo - limpei as lágrimas da minha bochecha com a minha mão livre - E em um determinado momento da discussão ele me apertou forte.
- Descreva como ele te apertou.
- Ele pegou meus braços com as suas mãos e... apertou.
- Quão forte?
- O suficiente para deixar marcas arroxeadas no meu braço no formato da ponta dos seus dedos. - ela deu uma pausa antes de voltar a falar.
- Ok. E quando isso aconteceu?
- Foi na mesma época em que o Michael me chamou de narcisista. - a ouvi suspirar do outro lado da linha.
- Ok. Nesse exato momento eu estou um pouco confusa. Então, por gentileza, me esclareça o motivo de não ter me notificado sobre isso antes.
- Eu não acreditava que tudo isso era real! - gesticulei com a mão livre - E, quando acreditei, me senti envergonhada e de certa forma culpada. Até porque, se eu não tivesse assumido a cirurgia, isso não teria acontecido.
Silêncio.
Mais um pouco de silêncio.
Mais silêncio.
- Annelise, com base nos seus traumas passados, temo lhe informar que você possivelmente tenha uma inclinação a se apegar a relacionamentos depreciativos.
- Como assim? - me sentei em um banco que havia no terraço, flexionei os meus joelhos a frente do meu corpo e os abracei com o braço livre.
- Seu pai antes de você morar com ele em Los Angeles, Rebecca, Richard, atualmente alguns eventos com o Michael, Tyler... Todos eles tem algo em comum: eles te desvalorizaram, rebaixaram, diminuíram, depreciaram - isso é sério? Como eu não percebi isso antes? - Por conta dos seus traumas paternos, você vê isso como algo normal. É normal ser abandonada. É normal te chamar de narcisista. É normal te vender. É normal expor sua intimidade. É normal te machucar fisicamente. Você fica triste por um tempo, mas depois está aberta a perdoa-los como se isso fosse nada. Estou errada?
Eu queria contesta-la! Queria dizer que tudo o que saía da sua boca era balela e não valia de nada. Contudo, todos nós sabemos que é a mais pura verdade.
- Não...
- Infelizmente, sua visão acerca do que é aceitável ou não nas suas relações interpessoais está deturpada - ela deu um suspiro antes de completar - Annelise, você está em um relacionamento abusivo. Você tem ciência disso?
- Não... Não estou! Foi apenas um episódio, ele não... - ela me cortou de forma brusca.
- Ele nunca te diminuiu de outra forma? Com nenhum comentário? Nenhuma outra ação? Nunca colocou em dúvida a sua competência como médica e como pessoa?
"Você é uma criança"
"Você não tem maturidade para se divertir e lidar com coisas de adulto"
"Não sei como consigo manter um relacionamento com alguém tão infantil quanto você"
- Sim, mas...
- Eu já suspeitava disso quando você me contou acerca do quanto ele estava afetado pelo retorno do Michael. Ele não te vê como uma pessoa por quem sente amor. Tyler te vê como posse e eu te aconselho fortemente a interromper esse relacionamento.
Silêncio
- O Michael continua com comentários ofensivos?
- Não. Ele se mostrou mais maleável e... aberto a ser meu amigo.
- Vocês tiveram alguma interação sexual? - engasguei com a minha própria saliva e tossi algumas vezes. Será que ela tem poder de ler mentes? - Não estou aqui para mandar nas suas relações, Annelise. Apenas te ajudar a se esquivar de possíveis gatilhos. Se ele te tratar de forma digna, não vejo problema em seguir por esse caminho. Contudo, se esse não for o caso, mantenho minha sugestão de se afastar. Você compreendeu tudo o que eu disse ou eu me expressei de alguma forma que te gerou dúvida?
- Não, Amélia. Eu entendi tudo. - Infelizmente eu entendi.
Ao finalizar a chamada com a terapeuta, voltei um pouco mais calma ao trabalho. Era o certo terminar com o Tyler. O final de semana em Nova York já se aproximava e eu não teria mais nenhum outro motivo para postergar isso.
Também me convenci mentalmente de que tudo aquilo que eu lutava para conectar, na verdade poderia sim ser fruto da minha imaginação. Isso me tirou um fardo das costas e me aliviou. Provavelmente eu havia sido exposta a tantos eventos simultaneamente, que me fez enxergar coisas que não existem.
Voltei a me concentrar nos meus afazeres e conforme as horas avançaram, fiquei pensativa acerca de ir à social light do Danny clandestinamente ou não.
Quando, por fim, chegou próximo do horário combinado com a Joane, fui até o meu armário e encarei a peruca por longos minutos. Eu havia escolhido um conjunto de lingerie de renda preta, uma saia curta e jaqueta, ambas de couro preta.
Quando peguei a máscara na minha mão, uma força se consolidou no meu peito. Força essa que me fez pegar a mala de roupas que eu havia levado e ir até o banheiro do hospital. Vesti apenas a lingerie (que são os itens mais difíceis de serem vestidos em um carro), coloquei uma camiseta preta por cima e uma calça jeans.
Falei na administração que iria fazer o meu descanso em casa e que em duas horas voltaria. Meu apartamento ficava a cinco minutos de lá, então ninguém achou estranho.
De repente, me vi andar a passos rápidos em direção ao meu carro para não ser abordada pelo Tyler. Parecia que eu realmente me privava por conta dele, como se fosse uma espécie de tutor. Estranho.
Parei o meu carro um pouco afastado do condomínio do Danny e terminei de me trocar ali mesmo. Conferi cinco vezes se a peruca estava bem encaixada, já que ela era em um corte chanel e o meu cabelo era duas vezes maior do que aquilo. Após passar pelo segurança da portaria, coloquei a máscara de baile.
A porta do apartamento do Danny continuava com os mesmos dizeres e, ao bater, o mesmo troglodita me recebeu, mas agora com um olhar malicioso. Quem diria que quase um mês depois daquele dia horrível eu voltaria aqui pra ser uma... delas.
Após dizer a palavra-chave, andei confiante até a cortina de veludo e, ao abri-la, o som alto rapidamente inundou os meus ouvidos.
O que me chocou, porém, foi que eu me senti em casa. Não me senti desconfortável pelo cheio forte de tabaco e outras drogas, ou incomodada por haver pessoas transando. Fui em direção ao palco e, antes que eu pudesse encontrar a Joane, ela me encontrou.
- Você fica linda morena! Está pronta? - ela passou a mão na peruca e arrumou a franja na minha testa. Agora, tão perto do palco e daquelas pessoas, a certeza havia se reduzido a pó dentro de mim - Ah, não! Você não veio aqui pra desistir, né?
- Sobe comigo - peguei suas mãos - Eu não posso beber muito e eu não vou conseguir sozinha...
As batidas de uma remixagem envolvente de Such a Whore, de JVLA, começou a soar pelo apartamento. Joane entrelaçou os dedos aos meus e me conduziu pelo espaço.
- Duas sempre chamam mais atenção, de qualquer forma - ela me lançou um sorriso esperto - Dois shots pra melhorar a noite, o que acha? - ela me falou assim que parou um dos garçons do local.
Merda, eu tô de plantão.
Merda, eu não vou conseguir fazer isso sem beber.
Bom, tem soro no hospital, né?
Peguei os shots e os virei de uma vez. Fiz uma careta com a ardência da bebida na minha garganta e ouvi a Joane rir.
Quando chegamos ao palco, senti as luzes vibrarem no nosso corpo conforme a batida. Ela se posicionou atrás de mim, levou as mãos até o meu quadril e começou a mexê-lo. Os saltos que ela usava a deixava quase um palmo mais alta do que que eu.
- Se solta - ela sussurrou próxima ao meu ouvido, enquanto senti ela descer a minha jaqueta de couro preta pelos meus ombros e expor o meu sutiã - Se liberta, Candy - a senti passar a mão pela lateral externa das minhas coxas.
Realmente, fazer o que essas mulheres fazem é bem mais difícil do que parece. Eu só consegui me deixar levar com um alto nível de álcool no meu organismo. Joane e as demais mulheres não. Fazem tudo sóbrias e ainda conseguem ver diversão em tudo isso.
Admirável.
Fechei os olhos e senti a batida da música. Comecei a dançar conforme a música me pedia. Cada nota musical, atrelada a batida ritmada, me ditava os movimentos, os locais exatos para posicionar minhas mãos e o que fazer com o meu quadril.
A última tacada quem deu foi a bebida alcoólica, que facilmente se juntou a minha falta de juízo. Me senti ficar cada vez mais anestesiada por essa conjunção, de uma maneira que verdadeiramente me libertou.
Em dado momento, me virei de frente pra Joane e começamos a dançar coladas, o que a fez sorrir maliciosa pra mim. Isso me lembrou da minha amizade com a Rebecca. Uma onda de tristeza tentou invadir o meu peito, porém me concentrei ainda mais na nossa dança e deixei tudo de ruim esvair do meu interior.
Era como se cada trauma meu quisesse sair pelos meus poros e finalmente me dar uma trégua. Me aliviar.
- Só existe eu e você, Candy. O mundo é nosso!
Ela também estava com uma jaqueta, a qual desci pelos seus ombros e tirei do seu corpo. A lancei do palco e vi inúmeras notas de dinheiro voarem na nossa direção.
Sorri para ela, que o tempo inteiro me olhava com diversão no semblante. Após um tempo, ela se afastou de mim e começou a se despir no palco. Diversas vezes ela me olhava de forma incentivadora, mas eu não tive a mesma coragem que ela de fazer topless na frente de todas aquelas pessoas. Por mais que estivesse mascarada.
A vi descer do palco e aspirar uma trilha de cocaína na coxa de um homem bem vestido, que estava em uma poltrona de couro no canto direito do palco. Fiquei um tempo inerte naquilo.
Por alguns instantes, pude sentir o cheiro da cocaína nas minhas narinas, o gosto do ecstazy na minha boca. Meu coração acelerou, minhas mãos reagiram com um leve tremor e eu senti a minha boca salivar. Me forcei a fechar os olhos e me conectar comigo mesma.
Não foi para esse fim que você veio aqui, Anne.
Voltei a me deixar ser conduzida inteiramente pelos meus instintos, ao passo que expulsava minha abstinência da minha mente. A música tocava uma atrás da outra, de maneira contínua. Eu nem sei lhes dizer quantas foram ao certo, mas foram o suficiente para me fazer esquecer do Tyler, das drogas, da Joyce e de todos os demônios que insistiam em me perturbar.
Após um tempo, ouvi a voz da Joane novamente ao pé do meu ouvido:
- Eu sei que você não está aqui para ser uma de nós, mas tem uma pessoa interessada em você na poltrona do centro - ela sussurrou discreta ao pé do meu ouvido.
Quando levei meus olhos até lá, encontrei o dono da minha devassidão sentado de forma relaxada, vestido com uma roupa social, enquanto bebericava algo em seu copo. Seus olhos eram fixos em nós e ele nos analisava criticamente.
Merda.
Oi, vidas!!!! ♥️
Quem nunca foi troxa, não é mesmo? Com a Anne não seria diferente! Graças a Deus que ela tem uma terapeuta!! Cheguei a conclusão que eu também preciso HAHAHAH 🤡
Conseguem sentir esse cheiro?!?!? Não? Pois eu sim!! Cheirinho de hot chegando 🌝🔥
Obviamente que ver o nosso casal juntinhos antes de sábado tem um precinho bem barato a ser pago 😌😌
Meta: ⭐️ 30 // ✍🏻 500
Com amor, mamãe Fox 🦊
•••
Curtido por jonestyler e outras pessoas
anne.stein Dance with me under the diamonds...
dreamsbel See me like breath in the cold 🤧♥️
dannyjohnson De olho bem aberto nos urubus 👁👁
mikevans Danço...
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Curtido por steph.adams e outras pessoas
mikevans P&B
dannyjhonson M&A 🌚
matthevans M&A 🌝
justmargot Eu já falei o quanto eu amo suas sardas? 🥵🥵🥵
Ver outros 822 comentários
Curtido por chris.walker e outras pessoas
jonestyler Paz.
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Curtido por jonestyler e outras pessoas
chris.walker Boston e sua instabilidade climática 🤧😒
anne.stein 😍😍♥️♥️
mikevans Deixa que eu tiro pra você 😌
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