Vinte e sete
E foi nesse dia que todas as minhas paranóias fizeram sentido.
Foi nesse dia que todas as frases de duplo sentido, indiretas e diretas foram descortinadas a minha frente.
O mesmo canto dos passarinhos que me acordou no dia anterior, me acordou no domingo. Contudo, de uma forma diferente. Ao olhar para o lado e observar o Tyler dormir, eu não consegui sentir culpa ou remorso pelo o que eu fiz na noite anterior.
Me esforcei.
Questionei a mim mesma por incontáveis minutos, mas a sensação ruim de ser uma traidora simplesmente não veio.
O pecado já estava enraizado em mim de tantas formas, que eu não conseguia mais me sentir mal por praticá-lo. Tornou-se parte de quem eu sou. Parafraseando o Chris: uma megera profana.
Concebi nesse momento, também, que parte da minha falta de remorso se dava pela elucidação de que eu, verdadeiramente, tinha muitos sentimentos vivos pelo Michael. Claro que eu tinha. Eu o amava. Muito.
Após longos minutos inerte nos meus pensamentos, vi o Tyler se remexer na cama.
- Vai me olhar o dia inteiro? - sua voz preguiçosa me despertou da minha autoanálise.
- Se eu pudesse, ficaria - ele abriu os olhos e sorriu pra mim.
Na verdade, não ficaria não, mas se eu quisesse desenterrar os segredos mais sombrios do Tyler, seria essa a minha forma de jogar.
Nos levantamos, tomamos café e retornamos à Boston. Amanhã iniciaríamos um novo plantão e precisávamos estar descansados.
Durante o trajeto de carro, fui até minhas mensagens e me lembrei que havia alguém, que também poderia me ajudar a entender essa catástrofe. Sinceramente, eu nunca fiquei tão feliz por ter recebido mensagens bizarras de uma pessoa lunática, porque foram elas quem me elucidaram.
A mensagem abriu minha mente como uma epifania, visto que, seja lá quem for esse desconhecido, também sabe qual é o elo de ligação entre o Vincent e o Tyler.
Anne
Consegue pegar o endereço via satélite daquele número que te passei no dia da aposta?
Ashley
Não
Droga!!!!!!!!
Ashley está digitando...
Ashley
Mas consigo compartilhar o endereço em tempo real com você. Tem interesse? 🤓
Ashley
📍🌆
Se eu tivesse perto da Ash, teria dado um beijo na boca dela nesse instante! A mulher é um gênio!!!!!
Posso encontrar com essa pessoa, ou segui-la escondida... ou... sequestra-la? Bom, acho que essa parte do plano precisa ser amadurecida, mas para isso eu tenho que estar longe do Tyler. Olhei de relance a localização e ele estava fixo, próximo do centro de Boston.
Por conta da proposta do transplante de coração, fomos direto para a casa do Tyler estudar. Ficamos horas a fio perdidos em livros, enquanto ele manuseava um coração sintético muito parecido com o real, e me mostrava cada cavidade e artéria que precisávamos nos atentar.
Repassamos inúmeras vezes o protocolo da cirurgia e a ordem na qual iríamos conduzir tudo, ao ponto de já saber de cor o que iríamos fazer naquela operação. Em dado momento, quando nossas mentes já davam sinais de exaustão, ele depositou um beijo nos meus lábios e se dirigiu ao seu quarto para tomar banho.
Puxei o meu celular e consultei a localização do Desconhecido, que em breve eu faria questão de torná-lo conhecido. Estava se movendo pela cidade de Boston.
- Aonde eu deixo o coração? - perguntei quando o Tyler já havia se afastado.
- Pode deixar no meu escritório - o ouvi responder alto, já no seu quarto.
Sai da sala de estar, aonde estávamos rodeados de livros e anotações, e fui em direção ao seu escritório. Quando já estava no corredor, percebi que a porta da sala da bagunça do Tyler estava aberta. Ela nunca fica aberta e ele nunca havia me deixado entrar lá. Era até hilário imaginar alguém como o Tyler ter uma bagunça dentro da casa dele.
E foi a curiosidade que me moveu a entrar naquela sala e descobrir uma parte da minha ruína.
Não era um quarto da bagunça.
Na verdade, assemelhava-se a um pequeno escritório. Havia uma escrivaninha, com diversos papéis em cima, e muitas prateleiras cheias de fichários de documentos.
Fui até a escrivaninha e vi que eram anotações de extração de órgãos. Desde o mais complexo até o mais simples.
Até então, ok.
Porém, ao abrir um dos fichários de documento, que havia em cima da mesa, o nome Joyce Turner pulou a minha frente.
Haviam especificações detalhadas de cada órgão em perfeito estado. Especificações que só eram feitas em caso de doação de órgãos. Ao fim do documento, havia "extração cancelada, causa indefinida". Ela não ia doar nenhum órgão, ela chegou lúcida no ambulatório!
E foi aqui que as minhas engrenagens começaram a funcionar.
Puxei o celular do meu bolso e busquei na plataforma do hospital as especificações dos médicos obstetras e, pra minha surpresa, eles eram clínicos gerais. Tornaram-se obstetras a poucos meses.
Eles não estavam ali pra tirar o bebê, estavam pra retirar os órgãos da Joyce!
Mais à frente, vi a ficha da paciente que eu retirei o rim necrosado e também haviam especificações dos seus órgãos. Tyler não ficou bravo comigo por ter feito a cirurgia sozinha. Ficou bravo porque eu atrapalhei o esquema dele!
Esquema de tráfico de órgãos!
Não pode ser....
Não
Pode
Ser
Os próximos fichários tinham como descrição prostitutas. A maioria tinha problema de pulmão, mas os demais órgãos estavam intactos.
Então essa era a conexão com o Vincent!!
O Stoessel sequestrava algumas prostitutas para retirar os seus órgãos!!!
É muito pior do que eu imaginava!
Tinha que ser mentira!
TINHA.
PRECISAVA SER MENTIRA. Para o bem da minha sanidade.
Rapidamente tirei foto de tudo que havia na sua mesa e sai da sala, a qual deixei entreaberta da mesma forma que eu achei. Deixei o protótipo do coração no seu escritório e voltei pra sala, normalmente.
Arrumei as nossas anotações e as coloquei organizadas em uma pasta. Já organizava os livros, quando um barulho irritante começou a soar no meu celular. Um bip insuportável e, quando o peguei, custei muito a acreditar no que via.
A localização do Desconhecido estava próxima.
Ele estava no mesmo condomínio do Tyler.
E se aproximava cada vez mais.
Um gelo percorreu minha espinha.
Que
Grande
Merda
Eu pensei que ia armar a armadilha para ele, mas, na verdade, ele quem armou pra mim.
Será que ele ia entrar no apartamento?
Ele veio para me matar?
Não ia dar tempo de ir até a suíte do Tyler e pegar minha arma. Portanto, corri até a cozinha e peguei uma faca.
Ele estava perto.
Perto.
A poucos metros.
Caminhei a passos lentos até o elevador e vi que ele estava subindo.
21 andar
22 andar
Merda! Ele está subindo! Que Deus me perdoe pelos meus pecados e cuide dos meus pais, amém.
23 andar
24 andar
Meu coração vai explodir!
Cobertura
Meu semblante não escondeu a minha indignação quando vi a pessoa a minha frente.
- Você?!? - foi o que eu disse a um Richard Stoessel, que estava vestido como entregador de pizza e segurava uma caixa de pizza nas suas mãos - O que? Como...? - as únicas coisas que saiam da minha boca eram balbucias desconexas.
Meu estômago parecia ter vida própria e queria vomitar tudo o que eu havia comido, desde o meu nascimento. Seu semblante tentava soar neutro, mas tinha traços de medo.
É claro que é o Richard!
Só uma pessoa com conhecimento prévio em tecnologia, conseguiria deixar um número anônimo. Ele deixou aquelas letras no banco de dados para que eu não o encontrasse. Bom, eu o encontrei. Pena que ele me achou primeiro.
Vincent Stoessel tinha ligação com o Tyler, que tinha ligação com o Richard! Parece que o meu cérebro vai derreter na minha mente.
- Eu não tenho muito tempo. Eu vou te mandar uma localização e um horário. Seja pontual e não chame a polícia - ele disse em um sussurro.
Antes que eu pudesse questionar, ouvi...
- A pizza já chegou? Vocês estão cada dia mais eficientes - Tyler estava alheio a minha conversa breve com o Richard e entregou o valor da pizza.
- O porteiro pediu pra eu te entregar esse envelope, senhor Jones - ele disse da forma mais mecânica possível.
- Obrigado pela gentileza! - Tyler respondeu simpático, como se não trocasse favores com um criminoso na minha frente - Boa noite - Richard apertou um botão no elevador e ele se fechou.
- Tyler, eu já vou indo... lembrei que preciso passar no Danny... - fui até a sala, peguei minha bolsa e a minha necessaire.
- Você não vai comer? - ele franziu a testa sem entender.
- Não, vou jantar lá... depois eu pego a minha mala, tá? - fui até ele e beijei os seus lábios brevemente, afim de fingir normalidade. Sai sem lhe dar tempo de protestar.
MERDA
MERDA
MERDA!!!!!!!!!
- Alô? - a voz rouca do Michael soou do outro lado da linha. Eu andava apressada pela rua.
- Aonde você está? - fiz sinal à um táxi.
- Acabei de chegar no Danny. Por que? Já se afastou do arrombado que você chama de namorado?
- Eu preciso que você me encontre na minha casa... - entrei no táxi e passei o endereço da minha casa. Estava perplexa demais, então ignorei o seu acesso de ciúmes - Em vinte minutos.
- Se você pedir com jeitinho, vou em cinco - soltei um riso nasalado.
- Por favor, quarterback... - disse da forma mais arrastada e maliciosa que consegui. Ouvi barulho de chave ao fundo.
- Em cinco tô lá - e desligamos a chamada.
Eu já havia colocado uma roupa mais confortável, quando a campainha tocou. Assim que abri a porta, o corpo do Michael entrou sem cerimônia no meu apartamento, as suas mãos deliciosas me envolveram e os seus lábios foram até os meus.
Ele fechou a porta com o pé e andamos aos tropeços no meu apartamento. Eu já estava perdida nos seus beijos no meu pescoço, quando o toque de mensagem do meu celular me relembrou do motivo de ter chamado o Michael.
- Mike... - ele murmurou "hm" e desferiu um aperto delicioso na minha bunda, por cima da minha calça de moletom - É sério...
- Uhum - puxei o cabelo da sua nuca.
NÃO PERA!
- Michael, é sério! - posicionei a mão no peitoral e o afastei delicadamente. Ele revirou os olhos - Eu encontrei o Richard - sua postura ficou tensa instantaneamente - Ele apareceu como entregador de pizza no apartamento do Tyler - ele ficou inerte por alguns instantes, até que, por fim, passou a mão nervosamente no cabelo e me deu as costas.
Ficamos longos minutos em silêncio. Parecia que o Michael estava em outra dimensão, de tão submerso em seus pensamentos. Pensei que ele estava em mais um acesso de ciúmes, então o dei espaço.
Nesse meio tempo, vi que o Richard já havia enviado o endereço e o horário do encontro, que seria em uma hora e meia, próximo da divisa da cidade.
- Como ele te achou? - Michael disse depois de um tempo.
- Então... - sorri sem graça e ele estreitou os olhos na minha direção - De uns tempos para cá, tenho recebido mensagens anônimas para me afastar do Tyler... - ele revirou os olhos.
- E nem por um momento você pensou em me falar ou falar para o Danny sobre isso??
- Vocês estavam tão preocupados com as ameaças do pai do Danny que...
- Achou que receber mensagens anônimas não era relevante? Porra! Era para o pau no cu do Tyler te deixar fora disso! - ele passou a mão nervosamente pelo cabelo e andou de um lado para o outro no apartamento.
- O que? Michael, do que você está falando? - ele soltou um longo suspiro.
- Nada, Anne, nada!
- Não adianta mais me esconder, daqui a uma hora eu vou me encontrar com o Richard e ele vai...
- Tá! Que seja! Que porra! - ele me cortou bravo. Tirou um cigarro do maço e o acendeu. Deu um longo trago antes de voltar a falar - Olha, Anne. O que eu vou te falar agora não é algo que eu me orgulho, tá bom? - assenti e cruzei os braços a frente dos meus seios - Mas o escritório do meu pai é tão reconhecido, porque acha furos na lei e protege filhos da puta... - O QUE?
- Como assim proteje filhos da puta?
- Empresários e políticos que sonegam impostos, homens que mexem com a mesma coisa que o Danny e afins - ele deu mais uma tragada e continuou - Minha mãe morreu no meu primeiro ano de faculdade, mas antes me fez prometer que eu ia ficar ao lado do meu pai. Eu me amarrei a essa promessa fúnebre e é por isso que eu trabalho no escritório do meu pai - Tá. Não tô entendendo mais nada. Ele gesticulava nervosamente com o cigarro entre os dedos, totalmente diferente do Michael impassível de meses atrás - Eu fico de fora de muitas reuniões, porque o meu pai sabe que não me custa muito para denunciá-lo, mas eu sei que o hospital está envolvido com algum esquema de tráfico. Não sei ao certo o que. Como eu disse, eu fico de fora de muitas coisas, mas assim que eu soube... - ele suspirou. Me encarou por longos minutos, deu um trago no seu cigarro e... - No instante em que eu soube que o pau no cu do seu namorado estava envolvido com o Vincent, eu pessoalmente me encarreguei de conversar amigavelmente com ele - ele frisou a palavra amigavelmente.
- Você o ameaçou?
- O que? Como você pode pensar isso de mim? - arqueei as sobrancelhas - Tá, talvez eu tenha sido um pouco ofensivo... mas porra! Não era pra você estar envolvida nessa merda! Nem pra te proteger esse filho da puta serve!
Ok.
Meu peito está contraindo e os meus olhos estão superproduzindo lágrimas.
Eu sinto que estou a beira de um colapso, mas não posso recuar.
Não mais.
Não tinha mais volta.
- Então, desde que você veio para Boston você sabe disso? - ele tragou o cigarro com os olhos fixos aos meus. Michael sabia que eu me quebrava de dentro pra fora. Após alguns instantes, fez que sim com a cabeça - E o Danny também? - ele demorou mais longos segundos, mas assentiu novamente.
QUE GRANDE MERDA!
Era verdade. Era tudo verdade.
Todas as minhas desconfianças e paranóias eram verdades!
Eu sentia como se uma onda tivesse baqueado o meu corpo e me arrastasse até o fundo do mar.
- Meu Deus, eu não acredito! - levei minhas mãos a minha cabeça e senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto - Vocês me deixaram namorar um psicopata criminoso! - minha voz saiu mais estridente do que eu queria - Até onde vocês pretendiam levar isso? Até eu me casar e ter um filho com ele? Como vocês puderam...
- Anne, eu tenho um contrato de confidencialidade! Eu não podia, simplesmente, chegar em você e falar que o seu namorado é um criminoso pau no cu! Eu precisaria te mostrar provas e eu não tinha, porque o filho da puta é tão astuto que não deixa rastros! - eu fazia que não com a cabeça, ao passo que minhas bochechas já estavam molhadas com as minhas lágrimas - Até porque... porra, você parecia estar tão feliz com ele...
- Porque eu não sabia de nada disso!
- Anne, calma! Eu não sei com o que ele está envolvido! As vezes não é nada de...
- Tráfico de órgãos - o cortei e ele arregalou um pouco os olhos - O Tyler é traficante de órgãos, Michael. E muitos desses órgãos vem das prostitutas do Vincent - vi o Michael abrir e fechar a boca diversas vezes, sem emitir nenhum som - Eu não acredito que vocês me deixaram nisso... - passei a mão nervosamente na raiz do meu cabelo.
- Anne, não sabíamos disso - ele tentou tocar o meu braço, mas eu me esquivei - Só sabíamos que ele tinha envolvimento com o Vincent! Mas até então... bom, também temos, né? E nem por isso traficamos órgãos.
Limpei minhas lágrimas e me dirigi ao banheiro, afim de jogar água no rosto.
- Anne? - ele me chamou preocupado, porém não respondi. Após sair, peguei minha carteira e coloquei em uma bolsa menor - Anne, por favor...
- Agora não, Michael - coloquei a bolsa no meu ombro - Eu preciso que você vá comigo encontrar o Richard, porque estou sem a minha arma. Depois a gente resolve isso.
- Você tem uma arma? - perguntou assustado.
- E você deixou a mulher, que você diz amar, namorar um traficante de órgãos? - rebati com uma pergunta retórica. Ele respirou fundo e me seguiu até a saída do apartamento.
Coloquei o endereço no GPS e deixei o Michael nos levar, enquanto um silêncio esmagador nos cercou. O local era um quarto de Motel, a beira da estrada, que dava acesso à saída de Boston. Ainda bem que não fui sozinha. Bizarro.
Pontualmente, dei dois toques com o nó do meu dedo na porta, a qual rapidamente foi aberta. Assim que o olhar de Richard se fixou no Michael, uma expressão debochada se formou.
- Reunião de ex namorados? - ele indagou com o seu sotaque latino e nos deu passagem em seguida.
- Reunião de ex namorados que me escondem as coisas! O que você estava fazendo no Tyler? - Richard fechou a porta e o Michael ficou ao meu lado de braços cruzados, enquanto analisava toda a cena. Richard parecia incerto - Desembucha! - Ele soltou um longo suspiro.
- Por que você não se afastou dele como eu pedi? Por que tão teimosa? - ele andou pelo quarto de motel e sentou na beira da cama.
- Justamente por ser uma mensagem anônima! Agora fala, Richard - cruzei os braços a frente do meu peito.
O seu olhar ia do Michael ao meu em questão de segundos.
- Eu preciso mesmo contar a história inteira? Sabe, é só se afastar... - fui até uma cômoda de talher e tirei de lá uma faca com ponta.
- Richard, eu estou no meu limite. Eu juro por Deus que se você não desembuchar agora eu te esfaqueio. - apontei a faca na sua direção e o assisti respirar fundo.
- Tá bom! Calma! Não é pra tanto - o assisti engolir seco e por fim... - Bom, o Tyler é o prodígio da família - ele disse com certo rancor. Pera! Família? - Enquanto eu fui criado para ser um capacho, ele estudou em boas escolas e fez faculdade em Harvard. Tudo isso como parte dos investimentos do papa - ele projetou o seu corpo para frente, apoiou os cotovelos no joelho e fitou as mãos - O destino do Tyler foi traçado desde o seu nascimento. Foi tudo meticulosamente calculado para que o nosso papa conseguisse expandir os negócios - ele deu um riso debochado - Tanto que ele não leva o nosso sobrenome. Ele é invisível!
- O Tyler é...
- O meu irmão - ele me cortou - somos filhos do Vincent.
- O que? Mas...
- Todas as informações que divulgamos acerca dos Stoessel são falsas, Anne. Eles me conhecem como "sobrinho órfão do Vincent", enquanto o Tyler foi dado como morto desde os quinze anos de idade.
Um silêncio constrangedor pairou sobre nós. Eu estava submersa demais nos meus pensamentos.
- Porra, você tem o poder de atrair desgraça, ein? - Richard cortou o silêncio depois de um tempo, com um tom quase divertido. Ouvi o Mike rir com ele, ao passo que eu revirei os olhos.
- Eu ainda não compreendo muita coisa... - era muita informação pra um dia só.
- O plano da família consistia em ele não se envolver emocionalmente com ninguém de fora. Papa pediu pra ele terminar com você, mas o Tyler não gosta de ser contrariado e essa ordem o atraiu ainda mais. Eu tentei convencê-lo naquela viagem em que ele te pediu em namoro...
- Era você na boate? - franzi a testa e ele assentiu.
- Eu nunca revelei que te conhecia. Não sei qual seria a reação dele. - ele suspirou - Eu tava vivendo bem sozinho com os meus esquemas, mas desde que eu vi tudo o que fiz a você, decidi sair e voltar a trabalhar com o meu pai.
- Então aquela história de sustentar a família...
- É verdade! A minha mãe foi deportada para o México e o meu pai finge que ela não existe. Desde então eu mando dinheiro pra ela.
- Por que você mandou mensagem pra mim? - ele me encarou brevemente antes de responder.
- Basicamente, por dois motivos. O primeiro é porque eu já estraguei sua vida uma vez e não quero ter responsabilidade por mais nenhuma desgraça que venha acontecer a você... - respirou fundo e ficamos mais um tempo em silêncio - O segundo motivo é que eu quero te falar todo o esquema. Assim, você pode chantageá-lo para terminar com ele.
- Chantagear? Pra que eu iria chantagear alguém pra terminar comigo? - não faz sentido algum!
- Vai por mim, o Tyler não gosta de perder e se você tentar terminar sem uma persuasão forte...
- Entendi - disse em um suspiro.
- Ja conheceu a instabilidade dele? - assenti ainda em silêncio - Bom, a essa altura você já deve saber o que o Tyler faz no hospital...
- Tráfico de órgãos?
- Sim. As prostitutas que se negam a continuar na agência do nosso papa, são dopadas e levadas até o hospital para tirar os órgãos.
Não vomita. Não vomita.
- Então, aquela história de que elas podem sair da prostituição a hora que quiser, é mentira? - Michael perguntou e ele assentiu.
- Me dá um papel e uma caneta - Michael pegou um bloco de papel e uma caneta que estavam em uma mesa próxima, e entregou ao Richard - No hospital tem uma espécie de sala subterrânea - ele desenhava no papel - o acesso é feito pelo banheiro do Peter...
- Até você conhece o Peter?? - Richard deu com os ombros, como se não fosse grande coisa.
- Lá vai ter um interfone e você precisa discar exatamente esses números aqui, senão vai alertar imediatamente a segurança do prédio e soar um alerta silencioso de invasão - ele escreveu seis dígitos - Ao entrar você vai passar por um corredor e só vai ter uma porta. Eu sei que amanhã terá um jantar especial. Essa será a sua melhor chance, porque o Peter estará distraído - e se levantou - Agora eu tenho uma entrega. Qualquer dúvida, me manda mensagem por aquele número. Foi bom te ver, Anne. - ele acenou com a cabeça pra mim e saiu do quarto.
Corri até o banheiro que tinha ali e senti minha bile ser esvaziada de maneira intensa.
Merda! Como eu vou sair disso?
Oii vidas!!
Primeiramente, deixa eu explicar como a maratona vai funcionar:
capítulo 28 sai hoje às 19h
capítulo 29 as 12h de amanhã
capítulo 30 (último) as 19h de amanhã
Segundamente, como já falei na Creche da Fox e com algumas leitoras, eu estou escrevendo uma nova historinha, que se chama Abelha Rainha. É totalmente diferente de MQDDL, mas se você sentir interesse, publiquei aqui no meu perfil o primeiro capítulo! Ainda não tenho previsão do início das postagens oficiais.
Enfim, é isso! Mais um passo foi dado para o nosso fim 🤧🤧
Com amor, mamãe Fox 🦊
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