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CAPÍTULO VINTE.

❝Essa não é a hora certa para se apaixonar por mim
Amor, só estou sendo honesto❞

Dark Times - The Weeknd,
Ed Sheeran

Minha cutícula do polegar arde de tanto que pressiono a unha do indicador nela, tentando me concentrar em algo, qualquer coisa que me impossibilite de olhar para o lado. De olhar para Ethan. James, que estava um pouco afastado, agora se aproxima de mim e do senhor franzino.


— Aconteceu alguma coisa? — Pergunta.

Aconteceu a pior coisa.

Abro e fecho minha boca tentando formular alguma frase, mas tudo o que sai entre meus lábios é o ar quente que minha respiração carregada propõe. Eu não quero transparecer nada, mas aposto que já perdi nisso. Não estou nada bem, nada bem. Não sei o que olhar, o que dizer ou fazer para que o enjôo entalado na minha garganta passe.

Estava louca para ver Ethan, abraçá-lo, sentir os cabelos cheios entre meus dedos, beijar a bochecha lisa e talvez até os lábios; esse momento me sustentou até aqui, o dia que eu iria vê-lo. Mas isso? É um pesadelo. James e ele no mesmo lugar… não consigo nem descrever.

Olho para o porteiro quando ele encara algo no hall do prédio, e eu sei muito bem o que é, ou melhor, quem é. Mordo meu lábio com força e volto minha atenção na mesma direção, vendo o corpo esguio e magro do meu melhor amigo. Tão lindo, com um suéter marrom quase cobrindo a mão pálida e a calça escura de estampa quadriculada. Ele puxa a manga de algodão até o cotovelo enquanto se aproxima de mim.

— Ei — desvia o olhar para Hart ao meu lado.

Ethan, tão perto, finalmente.

As órbitas azuis estão cintilantes como nunca e os lábios rosados, entreabertos.

Tão perto e eu não posso dizer nada, tão perto e eu não posso sequer lhe contar o quão doloroso é passar tudo isso sem ele. Preciso fazer algo, sei disso, pode a qualquer momento me chamar pelo verdadeiro nome, perguntar sobre minha família de mentira e tudo isso na frente de James. James! Porra Mia, ele não pode ficar aqui, pare de apreciar a beleza do garoto a sua frente e pensar no quão miserável a vida é, e faça algo.

Balanço a cabeça, me certificando se acordei do transe. Olho para a estatura do meu lado, que encara meu amigo de volta.

— Obrigada, Jay. Pode deixar que eu levo — digo me referindo às sacolas e estendo minha mão.

Ele olha para mim, a expressão tranquila de antes não existe mais em seu rosto, o maxilar está trincado e quando solta um sorriso de escárnio, intercalando o olhar entre mim e Ethan, eu me dou conta do trabalho que vai ser para limpar essa merda depois. Em ambos os lados.

— Sério? — Me fita enquanto pergunta.

Não o respondo, mas mesmo assim ele passa as malditas sacolas para minha mão. Então, olha Ethan de cima abaixo e levanta o queixo, dando um daqueles olhares superiores.

— Boa sorte com o playboyzinho.

E vira as costas, indo em direção a porta do prédio.

— Pensei que a cota de perguntas já tinha estourado... — o garoto à minha frente começa enquanto checo se realmente Hart não vai olhar para trás. — Aí, surge esse cara. Quem é ele? Será que você pode pelo menos olhar para mim?

Fecho os olhos com força ainda com o rosto virado. Só existe um jeito de terminar essa missão sem nenhuma interferência, meu lado racional diz, mesmo que o emocional implore para que eu chame ele para meu apartamento e conte tudo de uma vez. E nessa escolha, sei o melhor caminho a seguir.

Desculpa, Ethan.

Decidida, encaro os olhos encantadores que no momento estão fervilhando.

— Não fale comigo desse jeito — é a primeira frase que pronuncio para ele, retribuindo o mesmo tom. — E eu que pergunto, o que está fazendo aqui?

— Nem vem, você que me chamou! Aqui vai outra pergunta: pra quê, hein? Foi viajar com a porra do seu namoradinho e me deixou morto de preocupação, como se sentiria se...

— Eu não chamei ninguém — ele para de falar no mesmo instante, como se minha frase tivesse cortado sua língua fora.

— Você sumiu, Mia — a voz dele sai tão séria e sentida que dói o peito. — E depois me manda uma mensagem daquela, eu surtei, caralho!

Mensagem?

— Por favor, me diz o que tá acontecendo.

Olho para os pés dele, tentando empurrar o maldito lado emocional para o mais longe possível.

— Mia… — a voz sai como um miado e eu engulo em seco na mesma hora.

Maldito instituto, maldita missão, maldito Troy e maldita vida. Eu sei o que dizer, sei ser má… mas eu não quero, não com ele, não com… a única pessoa que amo.

— Vá embora, Ethan — fria, dura e cruel, como me criaram para ser, enquanto todo meu interior grita para que eu não trate ele dessa forma.

— O-o quê?

Tiro minha atenção do sapato escuro e olho para o rosto de queixo pontudo.

— Eu não sumi, simplesmente não quero mais nenhum contato com você ou com qualquer um do Canadá.

— Mas você...

— Comecei uma nova vida aqui, Ethan...

Tudo pela missão, eles disseram.

— E você não faz parte dela.

Uma lágrima escorre pelo rosto juvenil e sua mão a limpa com brutalidade. Ele inclina um pouco a cabeça, ficando mais próximo do meu rosto.

— Mia, sou eu — permaneço com o mesmo semblante quando ele toca no próprio peito, o apontando — Me diz o que tá acontecendo, ou então, me diz o que eu fiz!

Queria falar o quão bom é ver ele de novo, o abraçar tão, tão forte… Mas, tenho que ser racional, não posso entregar tudo por causa de uma paixão, mesmo que seja ele. É da minha vida que estamos falando, afinal, do meu futuro incerto e, se eu não conseguir completar essa missão, aí sim nunca mais irei vê-lo. Por agora, preciso deixar o coração de lado.

— Vai embora! Sai daqui! — Aponto para a porta.

Ele reprime os lábios e a expressão que toma o rosto dele me esmaga. Como se estivesse desistido; conformado que eu não vou contar, que não preciso da sua ajuda com nada.

— Ok — me encara nos olhos por alguns segundos, balançando a cabeça — Adeus, Mia.

E faz o que eu pedi, vai embora. Eu não tenho coragem alguma para vê-lo saindo pela porta, mas sei que ele não olhou para trás. Não quando fui eu que o expulsei da minha vida.

Arrasto meus pés até o elevador esperando que ele me carregue ao meu andar. Uma névoa de nada me preenche, são tantas memórias, tantos sentimentos juntos se formando em um grande nada, que anestesia cada fibra do meu corpo. O enjôo só aumenta quando sento no sofá do meu apartamento, deixando todas as sacolas espalhadas. O silêncio me traz uma sensação pior, um cenário tão deprimente que chega a ser angustiante; solidão.

De repente, sou novamente a pequena Mia Ball, aquela que olhava sem entender para as mãos cheias de calos e os nós dos dedos feridos de tanto bater no saco de pancada no treino. Aquela Mia, que odiava a vida, o instituto e principalmente o destino, que lhe deu uma mãe tão ruim que foi capaz de abandoná-la. Aquela Mia, que por mais que eu tente esconder, ainda está aqui, e reaparece com força nesses momentos, com o mesmo ódio e as mesmas perguntas de sempre. Seria tudo tão mais fácil se pelo menos a mulher que me colocou no mundo me amasse.

Soluço baixinho, me dando conta das lágrimas escorrendo pelo meu rosto, me encolho como um caracol, apertando meus joelhos contra a barriga. Dane-se se não sou forte, dane-se! Está doendo pra caralho, eu tenho direito de chorar pelo menos uma vez, ser fraca pelo menos uma vez. Já fui forte por vinte e um anos, estou cansada.

Cansada.

Quarta-feira.

Nova Iorque, 14:25.


Uma, duas, três, diversas batidas na porta mas não respondo. Na casa da fraternidade, alguns caras estão no mesmo turno e outros não, eu posso fingir que estou na faculdade, simples.

Levo o cigarro até meus lábios e dou uma tragada, observando os traços do desenho. As batidas param e escuto meu celular vibrar na escrivaninha, ignoro isso também. Passo a mão sobre o papel, limpando qualquer sujeira de cima do retrato que fiz da loira. A porta se abre devagar, rangendo. Espero para ver se a pessoa vai entrar mesmo pensando que eu não estou aqui. O rosto com nariz pontudo aparece na pequena brecha da porta.

— Posso entrar? — As bochechas rosadas, talvez por alguma maquiagem, se espremem quando ela sorri fechado.

— Claro.

Jogo o cigarro pela janela e me sento na cama, deixando o caderno ao meu lado.

— Oi — a inspiração dos meus desenhos adentra no quarto, com os braços cruzados.

Observo a combinação de peças de hoje; uma camiseta larga com saia escura e, é claro, as inseparáveis botas, as de hoje são de veludo cor de vinho.

— Oi — respondo, olhando em seus olhos castanhos agora.

O que aconteceu para estar aqui e não com o carinha, Baker?

Ela olha para o caderno ao meu lado e antes que eu pegue, a mão de unhas pontudas arranca o objeto dos lençóis. A sobrancelha se arqueia olhando para a imagem de si mesma desenhada, e, gradativamente, os lábios carnudos se abrem em um sorriso egocêntrico.

— Você me vê assim? — Vira o desenho para mim; somente metade do rosto com olhos desafiadores rabiscados, e logo acima dos cabelos dourados, uma auréola com chifres. — Um demônio disfarçado?

Permaneço com a expressão neutra e o  sorriso desaparece em seu rosto angelical. Ela segura o caderno contra o corpo.

— Ok, você tá com raiva de mim — ela conclui, balançando a cabeça.

— Eu só tô tentando entender você, mas tá difícil — finalmente falo.

— Qual o problema?

Levanto da cama e cruzo os braços indo em direção a ela.

— Eu não sei, talvez o fato de você correr de mim e me ignorar o resto do final de semana me fazendo pensar que fiz alguma merda? Mas aí eu pergunto se está brava com algo e você age naturalmente, então que porra tá acontecendo? — Ela abre a boca para falar mas eu a interrompo. — Ou será que é porque depois de dizer que tava tudo de boa, me expulsar por causa daquele cara?

Ergue o queixo e solta um riso nasalado. É a porra de um demônio disfarçado mesmo.

— Então é isso? — Aponta para mim, com um sorriso perfeito sambando nos lábios rosados. — Você gravou essa fala toda só para não assumir que, na verdade, está com ciúmes? — Ela leva a unha do polegar na boca, a segurando entre os dentes.

— Sophie, não me importo nem um pouco de ser o motivo do chifre de alguém, mas seria bom se eu soubesse disso.

— Ele não é meu namorado.

— Mas alguma coisa ele é.

— Se fosse, eu não estaria aqui.

— Está aqui agora, mas não pensou duas vezes antes de me dispensar pra…

— Eu precisava conversar com ele a sós!

Minha boca se abre, mas então… me dou conta da infantilidade que estou fazendo. Por que estou brigando com ela, afinal? Por que estou me importando com quem ela deixa de ficar ou não? Aposto que está adorando me ver assim, achando que tem algum domínio sobre mim.

— Tá — passo por ela, indo em direção ao guarda-roupa planejado. Não estava nos meus planos sair para lugar algum, mas ela não precisa saber disso.

Tiro um moletom branco de um dos cabides e passo pelo meu corpo, checando no espelho logo depois. Seus olhos observam cada movimento meu, ainda segurando o caderno nas mãos.

— Qual é, Jay.

Puxo as mangas, tentando não olhar para o reflexo dela.

— Eu só não queria foder com você naquela noite, isso é um problema pra você? — As palavras saem afiadas agora.

Que porra ela acha eu sou?

— É claro que não tem problema, Sophie — a respondo, virando meu corpo pra ela no mesmo instante. — Mas você fugiu de mim e achei que eu não tinha entendido as coisas direito.

Mais um sorriso egocêntrico.

— Não tinha entendido o quê direito?

Cruzo os braços, olhando a estatura pequena que agora se aproxima de mim, perto o bastante para me deixar de boca aberta, ofegante. Os olhos com lampejos esmeraldas nas íris castanhas exalam sensualidade; ela por completo exala sensualidade, poder. Os dedos de unhas escuras agarram levemente no algodão da minha roupa. Ela não desgruda os olhos nem sequer uma única vez enquanto faz isso, se aproximando mais e mais.

— Quero você, Hart — nenhum desdém na voz, parecia sincera e isso é o pior. — Se é essa sua dúvida, eu te digo com todas as letras: quero você.

Puta merda.

Por algum momento, eu me deixo levar, inclinando meu pescoço para selar nossos lábios. Mas isso é só, porque sei o que ela está tentando fazer, me desnortear para que eu esqueça todo o assunto.

— Quem era aquele cara? — Ela larga meu corpo e bufa exageradamente quando se afasta de mim.

As costas, cobertas pela camiseta da mesma cor da bota, se viram para mim.

— Que cisma — vejo o dedo colocar uma mecha dourada atrás da orelha.

Fico em silêncio e no mesmo lugar, esperando se ela vai continuar ou não.

— Ele é um… ex namorado meu. Eu não sei o que deu errado… mas, se tornou algo que me machucava, e quando começou a não ser saudável para mim… — eu não conseguia encará-la, mas pelo pesar dos ombros quando suspira, percebo que está sendo sincera. — Enfim, eu não gosto de falar sobre isso.

Droga.

Com dificuldade, como se tivesse uma força me puxando para trás, caminho até ela.

Problemas com o namorado, problemas com o namorado, problemas com o namorado… É como um sinal de alerta para ficar longe, se não pode consertar não estrague tudo de uma vez. Mas, como o filho da puta que sou, chego perto da garota pequena.

— Desculpa por te pressionar a contar isso — ela vira para mim, levantando o pescoço para fitar meus olhos. O rosto cândido, tão belo. Tão bela.

Eu… não posso. Achei que poderíamos ser só um caso, mas não é da mesma forma para ela, quer ir com calma, até chegar a alguma coisa que eu não vou poder lhe proporcionar. Em um reflexo rápido, recuo alguns passos quando ela tenta pôr a mão em minha bochecha, do mesmo jeito que fez no dia que eu a desenhei.

Não posso. Adoraria ficar com ela, receber os carinhos, beijar cada pedacinho do rosto afinado e curtir com ela, estar com ela. Mas, está quebrada e eu vou embora daqui a algumas semanas, talvez dias e, com certeza, já criou esperanças. Não posso deixar que isso continue. Seria cruel demais... ela não merece.

— Ok — afirma, com o rosto amargo, se conformando com a rejeição.

Os saltos das botas se arrastam e meu olhar acompanha cada passo estalado por eles, enquanto minha língua coça para não fazer o que eu desejo. Não faça isso, nem pense em fazer isso.

— Soph — Seu miserável, desprezível, cretino! — Não vai — peço, já começando a sentir o remorso pela merda que estou fazendo.

Ela sorri quando se vira para mim e eu reprimo meus lábios que querem acompanhar os dela.

— E eu que sou complicada de entender, né? — A dona da voz aveludada diz, me encarando com deslumbrante olhos curiosos.

Quer saber? Foda-se tudo. Foda-se se ela tem algum poder sobre mim. Foda-se se não consigo dizer não para ela. Foda-se se acho ela maravilhosa demais para dizer adeus. Foda-se. Poderia implorar para que ela usasse essa droga de poder em mim, eu lidaria com as consequências depois.

Prendo uma mecha dos cabelos sedosos na orelha e beijo a ponta do nariz afinado e gorducho. Ela encolhe os ombros timidamente, nem parece a garota que há alguns minutos discutia comigo.

Não vai — repito e selo nossos lábios. Não com a mesma fome da noite na varanda, apenas um carinho delicado, delicioso e lento, para degustarmos tudo sem nenhuma urgência.

Dou um meio sorriso quando nos separamos. Aliso a bochecha lisa dela, e fecho a cara quando ousam interromper a carícia com batidas na porta, antes que eu fale algo, já entram com tudo. Soph se afasta, com as mãos entrelaçadas escondidas nas costas.

— Oh.

Franzo as sobrancelhas, olhando para o cara com cabelos ondulados. Ele não deveria estar na Rússia junto com Kira?

— Por isso não atendia o celular — ele ri me olhando mas eu mantenho a mesma cara. — Tá, tá bom. Vou esperar lá fora.

Jack está aqui, achei que tinha me livrado de todos lá da Rússia, mas pelo jeito...

— Jay? — Saio do transe e olho para ela. — Seu amigo tá esperando então… a gente se vê depois?

Balanço a cabeça e ela deixa um beijo rápido em meus lábios, me encarando um pouco, talvez desconfiada pela minha mudança de humor repentina. Forço um sorriso fechado e espero até que ela feche a porta para desfazê-lo. Apenas alguns minutos silenciosos depois, Jack entra no quarto quando permito e sem enrolação, já o pergunto:

— Não deveria estar na Rússia?

— E você também, mas pelo jeito… — Jackson, sempre com a língua afiada quando quer.

— Desembucha, o que tá fazendo aqui?

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