Nadine entra na minha casa, se aproxima de mim e tenta me beijar. Sinto-me estranho com isso, pois não me sinto mais confortável com ela e preciso terminar o relacionamento. O grande problema é que não sei como farei isso. Tento iniciar um diálogo com ela.

— Meu amor, estava com tantas saudades suas, mas você está bem? Parece preocupado com algo. — Nadine pergunta, desviando o olhar, provavelmente envergonhada com o que havia acontecido.

— Nadine, está tudo bem. — Digo. — Estou Realmente preocupado com algo e preciso conversar com você. O assunto é sério.

— Pendleton, você está me deixando preocupada, o que aconteceu? — Nadine pergunta.

— Então... — Tento falar, mas não consigo. Respiro fundo e penso em quais palavras usar. Sei que preciso ser breve.

— Pendleton, fale logo o que aconteceu. — Ela fala.

— Apenas para deixar claro, o problema não é você, sou eu. Mas não me sinto bem nesse relacionamento e acredito que seria melhor terminarmos. — Digo e percebo os olhos de Nadine se encherem de lágrimas. Desvio o olhar com vergonha, pois sei que o grande culpado disso tudo sou eu.

— Como assim? Meu amor, você não pode terminar comigo assim, estamos juntos há muito tempo. — Nadine fala, tentando limpar as lágrimas que escorrem pelo seu rosto.

— Nadine, eu sei que estamos juntos há um certo tempo, mas não estou me entregando a esse relacionamento. Você sempre soube que nunca fui apaixonado por você e que minha verdadeira paixão sempre foi e sempre será a minha ex-mulher, Luísa. — Respondo.

— Por que você quer terminar comigo? — Nadine pergunta, aparentando nervosismo.

— Como disse antes, você sempre soube que nunca fui apaixonado por você. — Digo.

— Pendleton, isso eu já sei, você tem que falar algo mais concreto, por favor. — Nadine fala, extremamente nervosa.

— Nadine, tenha calma. Minha ex-mulher apareceu. Você sempre soube dos problemas do passado, e estou pretendendo conversar com ela para esclarecer tudo. — Completo.

— Então, depois de tudo que passamos juntos, vai simplesmente terminar comigo? — Ela questiona.

— Nadine, por favor, não torne as coisas mais difíceis do que já estão — respondo, triste. — Sempre deixei claro que se algo desse tipo acontecesse, era isso que ocorreria. Eu terminaria com você, e cada um seguiria sua vida.

— Ok, Pendleton, se é assim que você quer, assim será — fala Nadine. Antes que eu possa falar algo mais, ela vai embora.

Confesso que fiquei sentido por ela, porque apesar de tudo que aconteceu, ela sempre foi minha amiga e me ajudou nos últimos anos, desde que Luisa foi embora, só que tinha que ser assim. Não queria magoá-la ainda mais.

Ainda tenho que marcar o jantar com a Luísa. Precisamos conversar sobre tudo o que aconteceu. Respiro fundo, me sentando no sofá. Pego meu celular e ligo para o restaurante, reservando a melhor mesa, a mesma onde pedi a Luisa em casamento. Estou bem nervoso com o que poderia acontecer hoje.

Faltando 1 hora para o jantar, resolvi ligar para a Luisa para confirmar o nosso encontro. Ela atendeu prontamente.

(Luisa) — Otto, tudo bem?

(Otto) — Oi, Luisa! Estou bem, obrigado. E você?

(Luisa) — Estou bem também! Você está ligando para confirmar o jantar, certo?

(Otto) — Sim, é isso mesmo. Já reservei a nossa mesa no Francis para às oito horas. Mas se você não quiser mais ir, tudo bem, eu entenderei.

(Luisa) — Não, o jantar está de pé. Precisamos conversar.

(Otto) — Entendo. Sei que o assunto é sério.

(Luisa) — Sim, é sério mesmo.

(Otto) — Ok, querida. Preciso desligar agora, pedirei para a Sara cuidar da Ester. Tchau! Até mais tarde.

(Luisa) — Tchau, Otto! Até mais tarde.

Logo após esse breve diálogo, finalizo a ligação com um enorme sorriso que nem cabe em meu rosto.

Então, resolvi chamar a Sara logo para contar as novidades.

— Sara, venha aqui, por favor — Digo.

Após falar isso, a bola voadora aparece na sala.

— Sr. Otto, precisa de algo? — Sara pergunta.

— Sara, hoje preciso que cuide da Ester para mim, tenho um jantar importante que não posso faltar — Respondo.

— Tudo bem — Ela fala com a voz robotizada. — Aconteceu algo?

Por mais que a Sara seja uma robô, sempre a considerei como uma mãe para mim, já que fiquei sozinho depois que a Luísa foi embora. Sei que namorei há muito tempo com Nadine, mas só a Luísa entendia meu jeito de ser.

— Sim, a Luisa finalmente apareceu, marcamos um jantar para esclarecer tudo — Respondo.

— Fico feliz por você — Ela fala.

— Ok, obrigado. Pode chamar a Ester, por favor? — Pergunto.

— Sim, só um momento — Sara fala e sai logo em seguida.

Cerca de dois minutos se passam, e logo a Sara entra na sala com a Ester, minha afilhada.

— Tio Otto, queria falar comigo? — Pergunta Ester.

— Sim, Ester, hoje você vai ter que ficar com a Sara, precisarei sair. Terei um jantar — Falo.

— Com quem? — Pergunta Ester. Tinha me esquecido de que ela é bem curiosa, apesar de se parecer com uma robô.

— Irei jantar com uma amiga, ela se chama Luisa. Você se lembra dela? — Pergunto.

— Sim, é sua ex-mulher, não é? — Ela questiona.

— Isso mesmo. Preciso que se comporte enquanto eu estiver fora de casa, ok? — Digo.

— Pode ficar tranquilo, tio Otto. Posso ir para meu quarto? — Ester fala.

— Claro, pode ir. Daqui a pouco estou indo para o jantar — Respondo.

Assim que respondo, minha afilhada vai rapidamente para o quarto dela. A Ester é uma menina tão inteligente e educada, fico até abismado com todas essas coisas. Mas resolvi focar apenas no jantar com a Luísa.

Quando olho para o relógio, percebo que já são sete e quinze da noite. Rapidamente me arrumo e ligo para a Luisa para avisar que já estou indo buscá-la. Ela me informa que estaria me esperando na casa do Durval, já que está morando com o irmão.

Estou realmente nervoso, não tem como retroceder. Seja o que Deus quiser. Ao entrar no carro e dirigir até a casa do Durval, percebo que estou realmente nervoso. Há anos não tinha um encontro com Luisa e a incerteza do que poderia acontecer está me deixando ainda mais ansioso.