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Capítulo 2- Eu posso ser poderosa

Isabela

Dormi mal, as poucas horas que passei realmente dormindo foi na verdade assombrada por pesadelos.  Acordei cedo e tomei café junto com Ludmila e Lilian.

─ Isa, você ainda está decidida a continuar com o plano de ontem?

─ Sim, vou continuar.

─ Eu vou ligar para Luiza, você quer que eu conte ou você quer contar? - Ela estava sendo discreta por causa de Ludmila.

─ Conte. — Tinha sido suficientemente desgastante contar a Lilian e eu sabia que tia Luiza faria um escândalo considerável.

Quando elas saíram fiquei sozinha e voltei a me deitar. Eu precisava pensar no que faria da vida, eu havia entregado o controle da minha vida a Leonardo e não estava disposta a fazer isso novamente com mais ninguém. Ninguém mesmo.

Ouvi o toque de mensagem e abri.

Hoje começamos a Operação Mulherão, prepare-se.

Era tia Luiza, ou seja, Lilian já havia entrado em contato com ela. Eu sorri, pois sabia que hoje viraria cobaia daquelas duas.

Mais que uma ida ao shopping e alguns conselhos sobre como me tornar uma predadora sexual, eu precisava encontrar comigo mesma. Precisa estar bem interiormente. Eu já fui frágil por tempo demais e não estou disposta a continuar a ser, eu quero muito ter o meu marido de volta, mas encontrar minha própria essência seria prioridade.

Liguei para Suzana que era a terapeuta da Clínica, marquei uma consulta para a manhã seguinte. Eu vou embarcar nessa viagem com tudo. Ah! E sem pretensão de volta.

Uma nova mensagem chegou.

Ouça isso e deixa esse sentimento te invadir.

Vi que era um link com a música Girl on Fire da Alícia Keys , mas antes de abrir, fui para o banheiro e tomei uma ducha rápida, queria estar acordada de verdade, vesti uma malha preta e uma regata azul. Não lavei os cabelos, então os prendi em um coque. Abri o link e esperei carregar. 

A batida quente e a voz de Alícia Keys encheu o quarto. Ouvi deitada na cama, mas aquela batida me chamava.  Nunca fui de dançar, apesar de achar algo divertido e sensual. Minha mãe nunca gostou de barulhos excessivos, então me conformava em ouvir músicas no volume baixo. Já havia participado de danças na escola, mas era só isso.

Em uma atitude ousada, me levantei e voltei a selecionar a música e aumentei o som. Comecei a me mexer com os olhos fechados deixando que a música me conduzisse.  Mexi, remexi e arrisquei alguns rebolados, no fim já estava totalmente solta. Não sabia se conseguiria fazer aquilo na frente de outras pessoas, mas estava realmente me divertindo. Enquanto dançava não havia pai, mãe, trabalho ou Leonardo. Era só a música e eu. Coloquei a música no REPEAT, e dancei mais quatro vezes. Terminei suada e feliz.

Peguei meu tablet e busquei o filme “Miss Simpatia”,  já conhecia o filme e me lembrei das mudanças da personagem. Eu quero algo daquela forma, ser tratada por dentro e por fora. A agente do FBI não enxerga a própria beleza, assim como quem estava ao seu redor, mas depois de um desafio de trabalho ela é confrontada com a própria beleza e sensualidade.

Assisti alguns trechos e corri para o banheiro, eu precisava encontrar Lilian e Tia Luiza e, já havia recebido uma dose de ânimo pra enfrentar aquele momento. Lavei calmamente os cabelos e esfreguei meu corpo com uma esponja macia. Escolhi um vestido soltinho na altura dos joelhos e uma sapatilha. O cabelo, deixei que secasse naturalmente, pois não havia tempo para  secador. Lembrei que estava sem carro e segui de táxi para o meu antigo prédio, passei direto para a garagem e saí guiando meu Fox. Segui para o shopping e as aguardei na praça de alimentação, Lilian foi a primeira a chegar. Ela havia conseguido à tarde de folga para me ajudar naquela louca aventura.

— Leo perguntou por você.

— Hum. — Eu já não estava certa se conseguiria falar sobre ele. Queria focar em mim naquele momento.

— Ele está irado por você ter saído de casa.

— Leonardo não tem poder de decisão sobre isso.

— Ele está preocupado com você.

— O que você disse? — Sabia que Lilian também era amiga dele e, se preocupava com ele.

— Disse que você está bem. Nós conversamos rapidamente.

— Obrigada.

Observamos tia Luiza se aproximar e, eu reconheci que a presença dela era realmente marcante. Ela usava uma calça jeans bem justa e uma baby look rosa com detalhes pretos, o mais marcante no visual era o sapato de salto altíssimo pink. Estava sendo confrontada com a verdade que algumas coisas realmente traziam um ar de sensualidade bem maior.

— Olá, boa tarde. — Tia Luiza nos cumprimentou com beijos no rosto.

— Oi tia. — Sempre havia achado minha tia louca, mas confesso que a estava olhando com outros olhos, ela era uma mulher confiante o suficiente para agir como bem queria sem se preocupar com a opinião alheia, quer algo mais sensual que confiança?

— Vamos almoçar e depois vamos às compras. — Lilian sugeriu.

Eu nunca tive problemas financeiros apesar de ter tido todos os outros e, assim que saí de casa passei a receber participação nos lucros da Clínica, minha mãe tinha algumas atitudes extremas, mas sempre foi uma boa mãe e minha segurança e conforto sempre foram prioridade e como meu pai era um mulherengo inveterado, minha mãe exigiu que eu recebesse uma parte da herança em vida, eu não gastava esse dinheiro, pois sempre tinha tido meu próprio salário, mas naquele momento estava em uma emergência. Então peguei uma parte.

─ Isa, ouça com atenção o que eu vou lhe dizer. — Tínhamos terminado de almoçar e estávamos ainda sentadas à mesa. — Mulher tem poder de controlar um homem e, isso não tem nada haver com ser bonita ou feia,  gorda ou magra, mulher tem que ser confiante e saber usar o que tem de bom a seu favor.  —Lembrei-me do filme Miss Simpatia. — Você já é linda, Isabela. Nós vamos somente dar um toque de sensualidade e deixar que a confiança brote naturalmente.

─ Certo, tia. — Por mais que durante toda minha vida tivesse me achado muito apagadinha, estava disposta a tentar ser uma mulher sensual.

─ Lilian, você esta com a lista? — Tia Luiza perguntou olhando para Lilian.

─Sim. Primeira parada loja de perfumes. — Lilian respondeu empolgada.

Seguimos pelos corredores do shopping enquanto minha tia e Lilian continuavam me falando sobre como eu poderia usar o que tinha a meu favor.

─Seu cabelo é uma arma secreta, Isa. Seu corpo é um espetáculo e com esse rostinho de bebê da pra fazer qualquer marmanjo implorar. — Lilian falava quando alcançamos a loja de perfumes importados.

─Isabela, uma mulher deve ter um cheiro marcante, quando ela entrar em um ambiente deve atrair a atenção de todos e, o perfume correto pode fazer exatamente isso.

─Mas como saber qual o perfume correto? Eu, por exemplo, adoro perfumes suaves e colônias de bebê.

─O perfume certo é aquele que te dá um toque de ousadia, não se preocupe, hoje você vai sentir. Ah, e perfumes de bebês despertam o lado cute cute das pessoas e, você não vai querer isso. Eu garanto.

Eu já havia explicado a Lilian minha situação financeira e ela certamente já devia ter transmitido para tia Luiza.  Não vou economizar nessa missão.

─Sinta esse cheiro, Isa. — Minha tia indicou uma paleta olfativa e eu cheirei. O odor era adocicado, mas realmente muito marcante impossível não amar.

─ Adorei.

─Chanel n° 5. Vamos levar.

─E esse, Isa? — Lilian me passou uma paleta.

─Uau! — Se ousadia tivesse cheiro seria aquele perfume ali. ─ Maravilhoso.

─ Lady Gaga. Dizem que tem a essência do sexo aqui. — Deveria ter mesmo.

─ Mais um, Isabela. Usar sempre o mesmo perfume não fará com que você se torne marcante, saber o usar a fragrância certa na hora certa, fará isso.

─ Ótimo esse tia.

─ Euphoria.

Passei o cartão de crédito e saímos da loja. Passamos em frente a uma loja de O Boticário e minha tia me puxou pela mão para que entrássemos.

─ Esse eu vou te presentear, eu quero que você entenda que ser um mulherão não é algo inacessível ou para um pequeno grupo de mulheres, qualquer mulher pode ser gostosa e bonita, basta decidi ser.

Ela pediu um perfume à vendedora e me indicou uma paleta.

— Nossa tia! Tão gostoso quanto os outros. — Também era adocicado e, em minha opinião era muito sexy.

─ Lilly Essence. É uma perfumaria nacional com qualidade de importado.

─ Obrigada. — Agradeci segurando a sacola enquanto minha tia pagava a compra.

Seguimos pelos corredores e entramos na loja de roupas femininas.

─ Isabela, vamos dar um toque de ousadia e sensualidade no seu guarda roupa. — Lilian me puxou para dentro loja enquanto falava.

Eu sempre achei muito bonito, roupas um pouco curta e um pouco decotada, mas minha mãe odiava essas coisas e eu acabei por nunca tentar usar para evitar o sermão.

─ Qual o seu número? — A vendedora me perguntou depois que Lilian disse o que queria.

─ 38.

Estava me sentindo a Miss Simpatia durante a operação para transformá-la em uma mulher digna de participar do Concurso de Miss Estados Unidos. Minha tia e minha amiga valiam por uma equipe completa do FBI.

─ Vá provar e, lembre-se de manter a mente aberta. — Lilian ainda me olhava com alguma desconfiança.

─ Tá. — Segui para o provador com os braços carregados com várias peças jeans e similares.

Comecei pelas peças menores. Uma saia curta branca linda que era quase indecente, um shortinho preto com tachas nos bolsos e desfiado na barra. Um vestido verde com enorme decote e linda. Um short de paetê preto que apesar de ser incrível eu não saberia se teria coragem de ir a algum lugar com ele.  Uma calça jeans azul escuro de uma coleção nova, que parecia que não ia entrar em mim, mas que quando a vesti parecia uma segunda pele de tão justa. Uma calça que imitava o couro preto com uma faixa lateral de cetim, também justa. Uma saia curta com listas verticais em preto e branco. Um micro short em jeans branco que certamente marcaria a calcinha.  Provei mais algumas peças e adorei todas, sabia que teria que me habituar aquele novo estilo, mas a verdade é que estava me sentindo de volta a adolescência quando eu teria pagado caro para sair de casa com uma roupa daquelas.

Selecionei mais dois vestidos e algumas blusas com transparências e rendas, justas ou simplesmente muito bonitas e fui para o caixa.

─ Vou levar esses. — Depositei uma pilha enorme de roupas sobre o balcão. A moça recebeu meu cartão de débito e começou a processar a minha compra.

─ Esse eu sei que vai ficar lindo em você e eu quero te dar de presente.

─ Lili...

─ Eu quero te dar, Isabela. Facilita. — Lilian me repreendeu entregando o cartão de crédito a vendedora.

Saímos de lá carregadas de sacolas e se eu estivesse sozinha certamente já não conseguiria carregar mais nada.

─ Sapatos, Isabela. — Minha tia me puxou em direção a uma loja de calçados.

─ Sapatos? O que sapatos vão influenciar nisso tudo? — Me parecia bobo investir dinheiro em sapatos se eu já tinha alguns que gostava.

─ O que sapatos vão influenciar? Querida, vejo que você realmente está precisando entrar nessa loja e ver alguns modelos básico. Existem sapatos que passam uma mensagem mais sensual que uma lingerie. Nunca ouviu falar dos sapatos “foda-me”? — Neguei ciente que estava corada até a raiz do cabelo.

─ Nós vamos comprá-los e o Leonardo vai sentir a diferença na nova Isabela da cabeça aos pés.

Olhamos alguns modelos e minha tia ia pedindo vários modelos, todos de salto.

─Numeração?

─ 36. — Sempre ouvia as mulheres falarem sobre paixão por sapatos, mas nunca fui picada por esse bichinho. Sapatos para mim era uma necessidade e tinham que ser confortáveis e pronto.

A vendedora voltou com algumas caixas e um rapaz veio atrás dela trazendo mais alguns. Percebi que o rapaz gostou de mim, pois ele não tirou os olhos e mesmo depois que se afastou continuou me encarando e para ser bem sincera, eu gostei. Droga! Eu adorei ver aquele cara me comendo com os olhos. Em outro momento eu teria me sentido constrangida e talvez tivesse desistido da compra e ido embora, mas naquele momento, eu queria mesmo me sentir admirada.

─Nossa! São lindos tia. — Os sapatos e sandálias que tia Luiza havia escolhido eram realmente belíssimos.

Provei primeiro um sapato simples camurçado preto com um salto altíssimo, em seguida uma sandália vermelha que tinha somente uma tira próxima à linha dos dedos e uma faixa larga que a prendia ao tornozelo. Um par de botas pretas que iam ate próximo ao joelho e um salto de pelo menos doze centímetros. Um sapato nude com detalhes em tachas de salto plataforma foi minha próxima escolha, além de um sapato que imitava couro de cobra e uma sandália preta com dourado. Finalizei com uma sandália branca com uma flor vermelha presa a faixa que ficava próxima a linha dos dedos. Amei todas e, observei que minhas pernas ficavam especialmente destacadas com auxilio do salto alto.

─ Vou levar todos. — Eu não costumava usar saltos tão altos, mas sabia que não teria problemas em me equilibrar sobre um. Lembrei que tinha ligado para uma academia próxima a meu antigo apartamento e me informado sobre aulas de dança, havia me sentido tão poderosa enquanto dançava que me lembrei de um cartão da academia que havia recebido meses atrás e deixado dentro da agenda.

─ Moça eu quero um sapato de salto, mas confortável o suficiente para consegui dançar Zouk e dança Flamenca. — Diante do olhar surpreso de tia Luiza e de Lilian recebi uma caixa contendo um sapato estilo boneca preto com um salto de aproximadamente oito centímetros, um pouco mais largo que os demais, o que o tornava muito mais confortável para a tarefa que executaria com eles. Passei o cartão de debito e apesar do valor ter sido um tanto salgado, fiquei muito feliz com a aquisição. Já estava saindo da loja quando vi outra vitrine contendo bolsas lindas. Voltei e comprei quatro modelos, duas maiores para usar no trabalho, uma pequena com corrente lateral que era mais despojada e uma pequena, mas bem feminina que ficaria bem para visual de noite.

Fomos até o estacionamento e colocamos todas as sacolas no porta-malas do carro, se ainda faríamos compras precisávamos de mãos livres, o que já não tínhamos mais.

─ Isabela, a sensualidade está ligada a confiança então mesmo que ninguém esteja vendo o que está usando as peças te darão confiança para ser uma mulher que arrasa quarteirão. — Não havia compreendido muito bem o que Lilian havia falado, mas quando entramos em uma loja que parecia um shopping dentro do shopping e que vendia somente roupas íntimas, tudo fez sentido.

— De quais cores você gosta? — Ela me perguntou. Eu não tinha grande preferência por cada cor, mas sabia que vermelha era uma das cores que mexia com a imaginação masculina, inclusive eu tinha uma camisola transparente nessa cor e, claro que nunca usei.

─ Vermelho preto e branco. — Respondi e vi que as duas ficaram surpresas.

─ O tradicional. — A vendedora respondeu com um sorriso simpático nos lábios. ─ Me diz o que você quer.

─ Eu quero tudo, calcinhas, sutiãs, camisolas, corpetes, cintas-ligas e  tudo mais que você tiver, quero tudo bem sensual. — Tia Luiza e minha amiga me olhavam com as bocas formando um O, acho que as tinha surpreendido.

─Que foi? Entrei na brincadeira. — Elas sorriram e começaram a olhar as vitrines e a pedir algumas peças para elas mesmas, acho que elas confiaram que eu faria boas compras. Reparei que a vendedora não havia perguntado meu tamanho de lingerie, mas aguardei para ver no que daria.

─ Aqui está. — A vendedora apareceu depois de vários minutos com os braços carregados de lingeries de cores bem variadas. — Trouxe nas cores que você me pediu e trouxe também peças lindas em outras cores para o caso de você gostar.

Olhei com atenção cada peça e fiquei encantada como simples calcinhas podiam se tornar verdadeiras obras de arte, os sutiãs eram muito delicados e muito sensuais, as rendas e aplicações tornavam cada peça única. Comprei várias peças e por incrível que pareça foi a loja em que eu mais me diverti, pois imaginar a cara que o Leonardo faria ao me ver trajando aquelas coisas era realmente engraçado. Esse pensamento me fez constatar algo, estava fazendo tudo aquilo e lógico, que a intenção era para reconquistá-lo, mas também estava empenhando por mim mesma. Empenhada em me descobrir por mim mesma, queria saber até onde era capaz de ir e, se com isso eu reconquistasse o cara que gostava. Ótimo, se não, eu estaria pronta para encarar o futuro. Assim esperava.

Saí da loja carregando minhas muitas sacolas e, tia Luiza e Lilian carregando as suas. 

─ Acho que agora vamos para a última parada. — Tia Luiza olhou para Lilian que assentiu.

Seguimos andando e confesso que tomei um choque quando nos vi parada em frente a uma loja com uma fachada negra com o que parecia ser um bordado dourado e uma placa na qual se lia: Sex Love Shop. Nunca. Nunca mesmo havia entrado em um sex shop e estava temendo que ali não conseguisse me sentir a vontade.

─ Isa, abra a sua mente e lembre-se que você não é obrigada a nada. — Assenti com um sinal de cabeça. A loja não era muito grande e também não era como eu imaginei que fosse, havia apenas três vendedoras, que vestiam roupas normais de vendedoras.

─ Isabela, nós vamos comprar coisas para você, não vamos comprar nada para você usar com o Leonardo. Ainda. É importante que você descubra o próprio prazer primeiro, depois poderá se concentrar no dele.

─ Certo. — Não sabia sobre o que elas falavam mais aquilo me parecia sensato.

─ Filmes. — Tia Luiza pediu a vendedora que nos conduziu a uma prateleira onde havia diversos títulos, inclusive alguns que eu não teria coragem de repetir em voz alta. Minha tia selecionou três filmes e colocou em uma cestinha. ─ Vamos levar somente esses, depois você poderá pesquisar na internet e baixar uma infinidade.

─ Vibradores. — Fiquei chocada e corada até a alma. Ela deveria estar brincando.

─ Está doida tia? — Sussurrei em seu ouvido para que a vendedora não ouvisse e percebi diversão nos olhos de Lilian.

─ Relaxa Isabela. Relaxe e aproveite. — Ela e Lilian se dirigiram a um balcão onde peças diversas estavam dispostas. Eu pedi que elas escolhessem, pois para falar a verdade eu estava constrangida demais para tocar naquilo em público, apesar de está bem curiosa para aprender sobre eles em particular.

─ Vamos levar esses dois. — Tia Luiza apontou para uma imitação de pênis humana consideravelmente grande e um pequeno e simples que parecia um batom. Não quis perguntar por que a necessidade de dois. Entreguei o cartão e saímos da loja após a confirmação do pagamento.

─ Isabela, pela sua cara você não se masturba, né? — Minha tia realmente não tinha papas na língua.

─ Não.

─ Então isso será um bom começo. Quero que você assista aos filmes que compramos e use os vibradores, ninguém precisará ficar sabendo disso, mas é bem importante que você descubra o que gosta e o que não gosta durante o sexo, onde você sente mais prazer ao ser tocada e, assim você saberá guiar seu parceiro durante o ato sexual. Além de aprender como enlouquecer um cara na cama. Se for uma boa aprendiz, muito em breve Leonardo irá implorar por você.

─Ok. — Foi tudo que consegui dizer.

─ Só mais um lugar agora. — Lilian disse e percebi que até minha tia se surpreendeu. ─ Livraria. 

─ Hum! Tem razão. — Tia Luiza concordou.

─ Isa, você já leu livros eróticos?

─ Não Lilian. — Respondi.

─ Isabela, você precisava aprender a conhecer todas as coisas e reter só o que for bom. — Minha tia explicava de forma tão apaixonada que já me deu vontade de ler. ─ Que tal se você lesse e formasse a própria opinião sobre cada enredo?

─ Concordo e confesso que fiquei curiosa. — Assenti.

Chegamos a uma livraria bem grande que ficava no terceiro piso e me senti em casa, eu sempre adorei ler e os romances eram os meus preferidos. Eu tenho pilhas de livros, que por sinal, deixei no meu antigo apartamento.

─ Eu te indico a leitura de romances hot, eles são bonitos e quentes e vão com certeza estimular sua imaginação. — Lilian já estava em uma prateleira mais de canto.

─ Certo, vai me falando as sinopses e escolhemos juntas.

Acabei escolhendo vários livros. Até uns de sucesso mundial.

─ Eu preciso de um Ovomaltine gigante e se vocês estiverem sentindo metade do calor que eu estou também vão querer. — Lilian sibilou.

O Rio de Janeiro devia estar treinando seus moradores para ir para o inferno, pois depois daquele calor que estávamos encarando era difícil estranhar qualquer outra temperatura, mesmo com o ar condicionado do shopping só de saber como estava quente lá fora eu já ficava suada.

Enquanto seguíamos para a praça de alimentação vi uma loja de moda praia. Estava realmente precisando de um biquíni, pois mesmo morando no Rio, ia muito pouco a praia e queria pegar um bronze, no que ainda restava de verão.

─ Vão andando eu vou passar aqui nessa loja.  — Elas continuaram andando eu entrei na loja.

─ Olá, em que posso ser útil? — Uma vendedora com sorriso engessado na cara me perguntou.

─ Biquínis. — Por mais que eu parecesse antiquada para a minha idade eu nunca gostei de maiôs, e meus biquínis também não era nenhuma anomalia de grandes.

A moça sorridente voltou com vários modelos de várias cores. Eu gostei de um modelo tomara que caia vermelho e de um preto tipo cortininha. Fiquei tentada a levar um biquíni azul fio dental com a parte de cima também bem pequena. Pedi para ver saídas de praia enquanto continuava indecisa sobre o biquíni. Escolhi dois modelos básicos de saída e acabei levando também o biquíni azul. Na praia ninguém me conheceria e tentaria usar o micro biquíni e ver como me sentiria.

─ Um milk-shake médio de morango. — Pedi e já me sentei à mesa com tia Luiza e Lilian.

─ Comprou o biquíni? — Lilian perguntou.

─ Comprei sim.

─ Isabela, acho que você deveria voltar para o apartamento que morava com o Leo. — Percebi que Lilian fez uma careta, não tinha dúvidas, quanto a ser bem vinda em sua casa.

─ Por quê? — Eu temia me sentir muito sozinha lá, não apenas por morar só já que estava acostumada, mas por ser um apartamento muito grande e ter lembranças do Leonardo.

─ Porque lá é um lugar onde há coisas do Leo, e há uma possibilidade maior de que ele apareça por lá favorecendo assim suas investidas. — Fazia sentido. ─ E também por que no seu ambiente de trabalho com certeza você não poderá ousar tanto quanto em um ambiente mais privado.

─ Ok. Se ele voltar a tocar nesse assunto, vou aceitar, mas não vou procurá-lo para pedir para voltar.

─ Certo, eu concordo. — Lilian sorriu.

─ Isabela, você sabe por que sua mãe te ensinou essas coisas? — Tia Luiza perguntou duvidosa.

─ Não, eu não sei. A única coisa que sei é que ela não fez por mal, minha mãe me ama e ela nunca teria feito algo que fosse me prejudicar. — Mamãe era uma boa mãe e eu nunca duvidei disso.

─ Você tem toda razão. Sua mãe ama você, ela não fez isso para te prejudicar, mas infelizmente, ela acabou transmitindo para você os traumas dela.

─ Traumas?

─ Sua mãe teve um namorado quando fez dezessete anos, foi o primeiro namorado dela e, ela era realmente muito apaixonada por ele. Quando eles já estavam juntos há algum tempo ela achou que estava grávida e acabou contando para a nossa mãe. Papai foi falar com o rapaz que negou ter sido o primeiro a transar com ela, coisa que naquela época era suficiente para gerar um escândalo. Ele se negou a casar e simplesmente sumiu.  — Puxa! Minha mãe nunca havia me falado nada sobre aquilo. ─ Ela felizmente não estava grávida, mas ficou triste por muito tempo. Ela só voltou a namorar quando conheceu o seu pai, e dias antes do casamento o encontrou transando com uma prima nossa em frente da casa da nossa tia Rebeca. Sua mãe queria acabar o relacionamento, mas papai insistiu para que ela casasse, pois era a oportunidade de limpar a sujeira que o outro havia lançado sobre o nome da família. O resto da história você conhece. — Tia Luiza concluiu.

Eu estava realmente chocada. A parte referente ao meu pai infelizmente eu conhecia, mas todo restante era total novidade para mim.

─ Que coisa mais triste. — Pensei na minha mãe sofrendo por um amor perdido.

Terminamos o lanche e seguimos para o estacionamento. Tínhamos chegado ali em carros separados então não tínhamos escolha quanto à volta. Despedi-me de tia Luiza.

─ Querida, eu vou te mandar mensagens diárias com tarefas que você devera executar, serão coisas simples que contribuirão para você se sentir mais segura e desinibida.

─ Ok. — Eu estava disposta a entrar com tudo naquela louca aventura.

 Segui para meu antigo bairro, pois queria me matricular nas aulas de dança. Havia me sentido tão bem dançando que queria mais.

─Oi, eu quero saber sobre as aulas de dança. — Perguntei para a recepcionista da academia. Ela me passou as modalidades e horários oferecidos.

─ Eu quero me matricular na turma de Zouk, na turma de dança Flamenca e na de Dança do Ventre. E quero também na aula de aeróbica. — Não estava querendo perder peso, mas, tonificar os músculos seria bom, além do mais eu odiava musculação. Fiquei com quatro noites e uma tarde comprometida. Não queria ficar em casa lambendo minhas feridas e como não trabalhava nas sextas-feiras, comprometi aquela tarde também, a noite das sextas ficaram livres, porque eu tinha planos de usá-la para sair e fazer amigos.

— Certo, será Zouk na segunda, aeróbica na terça, Flamenca na quarta, aeróbica de novo na quinta e dança do ventre as sextas. Certo? — Concordei e paguei o valor da matricula. ─ Você gostaria de conhecer as dependências da academia? — A recepcionista questionou.

─ Claro.

Ela me mostrou várias salas onde aconteciam várias aulas, a academia era imensa e possuía realmente muitos aparelhos.

─ Fernando, essa é Isabela, ela será sua aluna na turma iniciante. — Apertei a mão do moreno claro pecador a quem ela me apresentava. O cara era a encarnação da luxuria, corpo malhado e músculos bem definidos, um tom levemente moreno na pele que eu sempre admirei e, os olhos amendoados mais lindos, que eu já havia visto.

-Prazer, Isabela. Espero que você goste de bailar Zouk. — Ele também me analisava e fiquei curiosa sobre o que ele havia achado. Percebi que quando apertou minha mão ele aproveitou para olhar meus dedos. Em busca de aliança. Talvez?

─ O prazer é todo meu Fernando. Eu nunca dancei e por isso optei pela turma iniciante, espero conseguir realizar os movimentos.

─ Não se preocupe. Você vai conseguir, nós vamos cuidar para que isso funcione.

Saí da academia me sentindo meio tonta e com a sensação que aquele homem ia me mostrar mais que apenas passos de Zouk.

Jantei com Lílian, Ludmila e Cláudio. O casal vinte iria passar a noite fora e eu dormiria com Ludmila. Tomei um banho quente bem demorado e voltei para o quarto de hóspedes, que por sinal estava uma zorra. Eu não havia desfeito as malas, porque não pretendia ficar aqui por muito tempo. E agora além das malas um mar de sacolas se aglomerava próxima à cama. Não queria mexer em nada por hora. A casa da Lilian era aconchegante e confortável, mas eu precisava do meu canto. Se for o caso, voltaria para o antigo apartamento, se Leonardo pedisse. Caso contrário, segunda-feira mesmo procuraria um flat.

Não quis fazer nada de muito estrambólico como ver os filmes que havia comprado, pois não me sentia a vontade de fazer aquilo ali na casa da minha amiga. Optei então por começar a ler e escolhi Cinquenta Tons de Cinza. Confesso que o Christian Grey me pegou. Amei o livro, apesar de ter ficado surpresa com a descrição tão detalhada sobre as cenas de sexo. Fiquei também excitada, o que foi algo realmente novo para mim. Li até às duas da manhã e apesar de guardar o livro, a cabeça continuava a mil.

Acordei cedo e antes de me levantar liguei para o salão próximo a Clínica onde eu costumava fazer manicure e pedicuro. Marquei hora para fazer tudo, mão, pé, cabelo, depilação e massagem. Eu queria me tornar uma mulher poderosa e a aparência é um dos itens para que isso aconteça.

Tomei café rápido e sai para a terapia. Sabia que o Leonardo não estaria na Clínica em um sábado e fiquei confortável em ir até lá. A sessão foi muito proveitosa e apesar da minha timidez contei tudo que sentia. Já sabia que tinha sido alvo de traumas da minha mãe e que pelo jeito haviam se tornado meus também e, se eu queria ser alguém diferente precisava aproveitar todas as oportunidades. E a terapia era uma ótima maneira de fazê-la.

Voltei para a casa de Lilian somente para buscar Ludmila que me acompanhou até o salão, ela aproveitou para fazer alguns tratamentos também. Voltamos para casa já passava das cinco da tarde. Estávamos cansadas, famintas, mas muito felizes. Havia pintado as unhas com um vermelho sangue lindo e meu cabelo havia sido cortado em camadas e hidratado. Coisas simples, mas que faziam diferença.

Conclui a leitura do primeiro livro da coleção e iniciei o livro dois. Passei o domingo lendo e pesquisando dicas de beleza e sedução na internet. Confesso que estava nervosa para voltar ao trabalho na segunda feira , mas depois da conversa com Suzana e da força que havia recebido de Lilian e tia Luiza, não podia decepcioná-las e principalmente não estava disposta a decepcionar a mim mesma.

Acordei cedo na manhã de segunda e ajudei Lilian a preparar o café da manhã, não sei a que horas ela chegou, já que até a hora que a Ludmila e eu fomos dormir Lilian ainda não haviam voltado.

─Preparada Isa?

─Preparadíssima. — Assenti com o coração acelerado e as mãos frias.

─ Leo, não aceita a ideia de você não ficar com o apartamento. —Lilian estava coando o café de costas para mim. — Gostaria que você ficasse aqui, mas a opção é sua.

─ Vou voltar Lilian. Também acho que o apartamento será o cenário ideal para que as coisas aconteçam.

─ Eu vou apoiar o que você decidir.

Tomamos café sozinhas, pois Ludmila ainda estava se arrumando. Tomei um banho demorado e lembrei-me da cena do banheiro em que o Christian e a Anastácia haviam feito sexo. Toquei meu próprio corpo, sentido sensações ainda não experimentadas. A forma como o Christian havia reagido ao sexo oral me deixou curiosa. Será que eu conseguiria proporcionar tamanho prazer ao Leonardo?

Sai do banho ainda com o meu sexo latejando, era uma vontade de me tocar até ver no que daria, mas precisava trabalhar.

─ Isa, já estou saindo. — Lilian gritou ainda da sala.

─ Vai lá. — Ela começava o expediente antes de mim e por isso sairia mais cedo.

Sequei meu cabelo apenas com a toalha e o penteei para que secasse naturalmente. Ainda de roupão comecei a fazer a maquiagem. Sempre usava tons pastéis para sombra e batom cor de boca, pois temia que o excesso me deixasse ridícula. Separei uma sombra marrom e outra rosa, fiz um esfumaçado leve e completei com o delineador preto, não ficou berrante, mas confesso que estava diferente, passei duas camadas de máscara de cílios e um batom coral. Incrível. Apenas alguns detalhes tinham me deixado com uma cara mais de mulher e menos de menina.  

Vesti um caleçon preto, pois queria usar um vestido também desta cor. Há uns seis meses atrás eu tinha visto um vestido bem justo e com um decote delicado nas costas, por um impulso acabei comprando, mas nunca o vesti estando a peça inclusive com etiqueta ainda. Hoje decidi usá-lo, pois a nova Isabela tinha buscava coragem, e para usar aquela peça e mesmo o decote não sendo tão discreto, fiquei tranquila, pois o jaleco o cobriria e ficaria comportado.

Vesti o vestido e calcei um sapato azul que eu amava e apesar de não ser do tipo “foda-me”, completou meu visual com esmero. Passei o perfume que havia ganhado da minha tia, conferi a bolsa e peguei as chaves do carro.

─ Você consegue Isabela. — Disse para mim mesma, respirando fundo.

Segui tranquilamente para a Clínica e por incrível que pareça, estava até calma. A terapia e minha própria decisão de ser uma nova mulher estavam me dando a segurança que precisava. Só esperava que essa confiança não fosse um castelo de areia.

─Bom dia Lílian. — Cumprimentei-a quando adentrei a recepção da Clínica.

─ Bom dia... Isabela! Você está um arraso. Menina, você já está diferente. — Percebi que Lílian estava realmente surpresa.

─ Que bom. Como está meu dia hoje? — Ela controlava minha agenda profissional.

─ Uma loucura.

─ Que bom. — Amava meu trabalho e quanto mais pacientes, mais dinheiro, mais segurança e muito mais independência.

─ Lílian, quem é esse pecado em forma de mulher? Porque parece a Isabela, mas é claro, que a nossa fisioterapeuta não usaria uma delícia de vestido desses. Ou usaria? — Ouvi a voz de Igor atrás de mim. Ele era ginecologista. Achava que ele levava a sério a ideia de brincar de médico. O cara é o maior pegador que eu conheço, além de ser um galanteador por natureza. Olhos azuis e o cabelo loiro escuro. Além da cara de cafajeste, e o corpo sarado, era a perdição das nossas residentes e enfermeiras, sem falar em jovens pacientes.

─ Bom dia Doutor Igor. Alguma coisa contra o meu vestido? — Sempre nos demos muito bem, pois fingia não ver as cantadas que me dirigia.

─ Tudo a favor, minha deusa. Aliás, acho até que esse deveria ser o novo uniforme das funcionárias da Clínica, só precisaríamos trocar a cor.

─ Vou pensar nessa ideia. — Falei para Igor seguindo para a meu consultório.

─ Menina seu cheiro está uma delícia. Isabela, você está má hoje. — Virei-me para ver Igor enviando-me um olhar predador.

─ Você nem imagina o quanto. — Percebi Leonardo parado no outro corredor. Ele provavelmente tinha ouvido o comentário do Igor, mas aquilo não me preocupava mais, afinal eu agora estava solteira e o ciúme do Leonardo contra o Igor não era mais uma perturbação.

Entrei no meu consultório e ouvi a porta abri antes que eu alcançasse a minha mesa.

─Isabela. — Aquela voz que me hipnotizava soou meu nome.

─ Olá. — Prendi o fôlego. Não importava quantas vezes eu o visse ele sempre tinha o poder de me deixar sem ar. Ele estava com uma calça jeans branca e uma camisa polo de mesma cor coberta pelo jaleco.

─ Não consegui falar com você no fim de semana. Você está me evitando? — Sabia que estava irritado pelo que tinha ouvido lá fora,  além de toda a confusão que nossas vidas estavam.

─ Talvez. Acho que já conversamos o suficiente. — Percebi que seus olhos se estreitaram. Leonardo já tinha uma cara de mal que assustava muitos, inclusive a mim, mas naquela manhã eu o vi ainda mais carrancudo.

Virei às costas para pegar meu jaleco no armário e quando voltei a olhá-lo vi que ele estava com os olhos arregalados.

─ Que roupa é essa? — Interrogou atônito.

Não respondi. Estava ocupada comemorando por dentro a reação causada.

─ Eu tenho paciente em alguns minutos, então acho melhor você me dizer o que quer. — O QUÊ????? Eu realmente estava dispensando? Sim!!!!!!! Isabela você tem potencial garota. Brindava interiormente.

─ Eu quero que você volte para o apartamento. — Pediu.

─ Por quê? — Queria voltar, mas já que estava na chuva queria me molhar.

─ Porque eu acho que você deve ficar lá. Vou me sentir mais tranquilo sabendo que você está em casa. — Ele ainda estava examinando meu vestido. Ouví-lo falar sobre estar em casa me deu vontade de chorar, mas lógico que eu não faria isso.

─Casa? Casa de quem? — Questionei.

─ Sua casa. — Respondeu no mesmo segundo.

Permaneci em silêncio, pois não queria uma casa, queria um lar.

─ As minhas chaves estão aqui, espero sinceramente que você volte. — Ele depositou as chaves sobre a minha mesa chegando inclusive perto demais de mim. ─ Você está com um cheiro diferente. — Falou, e pude senti-lo inalando meu cheiro.

─Diferente? — Quase gaguejei.

─ É. Cheiro de mulher. — Sorri com a colocação das palavras dele.

─ Eu sou uma mulher, Leonardo. — Afirmei.

─ É, mas você preferia parecer uma menininha. E os seus perfumes também tinham cheiro de criança. — Investigou.

Leonardo se virou e caminhou até a porta e, quando já havia aberto para sair eu completei. ─ É que às vezes as crianças crescem.

*******

Trabalhei o dia inteiro e almocei na Clínica como de costume. Segui do trabalho direto para a academia passando somente em uma loja para comprar uma sapatilha mais maleável, pois Fernando me pediu que usasse uma dessas nas primeiras aulas.

A aula foi muito legal, apesar de sentir que estava fazendo tudo errado. Fernando era um professor muito paciente e percebi que a maioria das mulheres não tirava os olhos da bunda linda dele. Ops! Nunca reparei em bunda de homem, mas Fernando usava uma calça que não tinha como não notar.

─ Isabela, vem cá. — A aula havia acabado e eu estava recolhendo a minha mochila enquanto as demais alunas saiam. Fernando continuava no meio da sala de aula. ─ Vou soltar uma música e quero que você feche os olhos e me deixe te conduzir.

─ Fernando, eu não sei dançar, eu vou...

─Shiii. Feche os olhos e sinta a música. —Pediu.

Fiz o que ele me mandou. Fernando me segurou junto a si e começou a movimentar no ritmo da música. Ele não executava passos específicos, estávamos apenas nos movimentando juntos. Estava me sentindo leve nos braços dele e a sensação da proximidade do seu corpo no meu, fazia com que me sentisse ainda mais mole.

─ Viu? Você vai ser uma dançarina perfeita. — Ele comentou quando a música chegou ao fim.

─Ah! — Eu estava em transe. ─ Obrigada. Até segunda- feira. — Agradeci.

Saí da academia me sentido estranha. Meu corpo estava tendo reações muito loucas, e eu estava surpresa com meus próprios pensamentos.

Apesar dos protestos de Lilian, recolhi minhas coisas e voltei para o apartamento do Leonardo. Confesso que foi estranho estar ali sozinha, mas aproveitaria minhas noites sozinhas para por em prática a operação “Isabela Poderosa”. Sorri do meu louco pensamento. Não havia tomado banho ainda depois da aula de Zouk, então depois de arrumar algumas coisas nos armários tomei um banho quente bem relaxante. Já era tarde, mas pela curiosidade, eu ainda queria assistir um dos filmes comprados. Vesti somente uma calcinha minúscula e uma camisola que mal cobria a calcinha. Se for pra ser poderosa, então vamos.

Deitei na minha enorme cama e peguei meu notebook. Liguei o filme e apaguei as luzes. Quando as imagens começaram a transcorrer senti um misto de vergonha e excitação. O ator pornô, realmente sabia mexer com a imaginação de uma pessoa. Senti minha calcinha ficar úmida, e me surpreendi, pois nunca tinha me excitado a ponto de lubrificar. Em um momento de loucura alcancei o vibrador maior que eu já havia higienizado e colocado na mesa de cabeceira e tirei a calcinha.

Ainda com o filme rolando liguei o aparelho e o coloquei na entrada no meu sexo. A sensação aumentou e eu introduzi parte do vibrador em mim, a sensação era uma delícia. Senti que os meus seios estavam endurecidos, então levei uma mão ao seio e o massageei. A sensação era deliciosa. Gemi alto. Aumentei o ritmo do vibrador e senti que o prazer me tomava. Puta que pariu! Isso é muito gostoso.  Continuei saboreando aquele momento até sentir como se meu corpo estivesse sendo despedaçado.

─Porra! — Nunca falava palavrão, mas outra palavra não daria conta daquele momento.

Estava certa que poderia me acostumar com aquilo, minha dúvida agora era. Se sexo era tudo aquilo, por que eu não consegui ter aquilo com o Leonardo? Bem, se for algo comigo iria descobrir.

*******

Minha semana passou rápida, pois estava muito atarefada. Trabalho, academia, assistir filmes, ter orgasmos, ler livros hots, ter orgasmos, dormir e recomeçar tudo no outro dia. Todos, sem exceção, estavam comentando como estava diferente. Leonardo não havia mais se aproximado de mim, apesar de estar sempre por perto.

As tarefas que minha tia Luiza me enviava, estava executando, apesar de ter algumas dificuldades em algumas específicas.

Na segunda: Paquerar alguém ou se deixar paquerar. — Cumpri na academia aproveitando as olhadas do Fernando.

Na terça: Seduzir alguém. — Essa foi difícil, mas no fim consegui atrair a atenção do vendedor de água de coco que estava em frente à Clínica. Considerei cumprida.

Na quarta: Falar três palavrões como forma de se desinibir. — Esse foi difícil e constrangedora.  Lembrei como me sentia excitada quando lia que os caras falavam palavrões na hora do sexo, então achei que deveria quebrar a barreira. Acabei deixando escapar: Porra, merda e puta que pariu, na academia, sendo que o terceiro eu já estava dentro do meu carro. Mas contei como válido.

Na quinta: Dançar como forma de seduzir.  Bem. Não queria fazer aquilo com alguém conhecido então acabei indo a uma boate e me liberei na pista. O quê? Você não acredita? Verdade. Eu nunca tinha feito isso, mas o fato de ser anônima ali, me permitiu ousar. Resultado. Tive que sair escondida, pois dois carinhas foram quase às tapas para dançar comigo. Acho que consegui executar a tarefa apesar dos pesares.

Na sexta: Provocar Leonardo. Porra!  Já consigo falar isso quando não estou na Clínica. Usei uma calça jeans e uma blusa bem justa com uma sandália nude altíssima. Aproveitei o horário que Leonardo estava anotando medicação nos prontuários para ficar de papo com Igor próximo ao seu consultório. Não me senti mal por usar o Igor, porque ele amava aquele tipo de situação. Sabia que tinha cumprido minha tarefa quando vi meu ex abandonar os prontuários sobre o balcão e segui para o seu consultório dando um baque na porta. Tarefa executada com muito sucesso.

Nas semanas seguintes já me sentia muito mais segura e confiante, apesar de sentir muita falta do Leo. Estava disposta a atacar para valer, já havia decidido qual seria minha arma, mas ainda não sabia qual o momento ideal.

As aulas e a terapia estavam fazendo milagres, os filmes e livros, então. Nem se fala.

─ Isabela? — A voz do Leonardo do outro lado da linha do celular me tirou de um devaneio. Havia chegado da academia e estava a mais de meia hora no banho.

─ Oi.

─ É... chegou aí a correspondência do torneio de motocross? —Leonardo sempre participava de eventos esportivos, já que amava adrenalina. ─ Esqueci completamente de mandar um e-mail corrigindo o endereço de correspondência.

─ Chegou sim. Acabei de pegar a carta na portaria. Ia levar para a Clínica amanhã.

─ É que eu vou precisar disso para hoje. Posso passar aí para pegar? — No mesmo instante, tive uma louca ideia. Essa seria a minha chance, mas eu queria atacar no território dele e não no meu.

─ Olha Leonardo, estou de saída. Se você quiser passo aí e deixo, pois seu flat fica no meu caminho. – Ele havia me dado o seu novo endereço caso precisasse.

─ Eu não quero incomodar, mas se você realmente vem para esse lado da cidade, ficarei grato.

─ Ok. Chego num minuto aí.

Corri e sequei o cabelo, ainda tinha que escolher o que vestir e calçar. Optei por um shortinho branco com um espartilho preto e uma sandália preta também. Não queria ir de saia ou vestido para que ele não tivesse a ideia errada da visita. Usei o perfume da Lady Gaga e passei uma maquiagem leve que foi coroada com um batom vermelhão, tipo o vermelho prostituta.

Segui para o endereço que ele havia me dado e coloquei a música Girl on Fire de Alícia Keys para encher meu carro durante o trajeto.

─ Olá. — Leonardo atendeu a porta no segundo toque. Percebi que estava saindo do banho. Ele estava com uma camiseta regata preta que delineava seu tórax musculoso e uma bermuda cargo bege, os pés estavam descalços e algumas gotas de água ainda marcavam sua pele. — Entra.

─Oi. Espero não está incomodando. — Entrei, apesar de saber que deveria entregar a carta e sair. Minha vontade por ele transformou o meu plano em algo ainda mais certo. ─ Aqui está a correspondência. – Entreguei-lhe.

─ Estava tomando uma cerveja, você quer beber algo? — Só nesse momento percebi que no lugar de examinar a correspondência, ele estava examinando meu corpo em especial minhas pernas e colo.

─ Se realmente não estiver incomodando, aceito sim.

─Cerveja? — Nunca bebia, mas nesse último mês sempre saia à noite, e as meninas da academia que fiz amizade, bebiam e eu acabava sempre tomando uma cerveja ou um drink leve.

─ Sim. — Leonardo estava surpreso.

Recebi o copo que ele me serviu e olhei pela janela. A vista do seu flat era para uma movimentada avenida, diferente do nosso apartamento que dava vista para uma reserva florestal linda.

Bebemos em silêncio e mesmo sem olhar para ele, eu sabia que ele me olhava.

─ Leonardo posso te pedir uma algo? — Tomei coragem antes que decidisse desistir e ir embora.

─Claro.

─ Me deixa ver teu pênis? — Pedi com tranquilidade olhando o mais dentro dos olhos dele possível.

─O QUÊ? — Ele praticamente gritou, quase se engasgando com a cerveja.

─ É isso que você ouviu. É que eu tenho curiosidade de analisar um membro masculino, mas estou sem jeito de fazer isso com um estranho.

─ Isabela, você ficou louca? Meu Deus! As roupas, os sapatos, o perfume. Tudo bem, mas e essa agora? Fizeram lavagem cerebral em você?

Ele ficou pasmo ao invés de me ofender. Fiquei feliz, pois isso era a prova que ele havia percebido tudo que eu tinha feito.

─ Tudo bem Leonardo, deixa pra lá, eu vou dar um jeito. — Disse pegando minha bolsa e me dirigindo para a porta.

─ Ei, você está falando sério? — Perguntou ainda assustado.

─ Sim, mas você não precisa fazer isso. — Coloquei a mão na maçaneta.

─ Eu faço. — Disse convicto.

Parei de respirar. Ia dar certo.

─ Sério?

─ Se você está curiosa, eu vou te mostrar para que não ouse fazer esse pedido a quem quer que seja. Tudo bem? — Leonardo sabia que eu era muito tímida e nunca havia reparado diretamente no seu membro, mesmo apesar de em alguns momentos tê-lo visto e saber da sua largura e tamanho avantajado.

─ Posso apagar essa luz para não ficar com vergonha? – O flat tinha uma cozinha conjugada e a iluminação de lá seria suficiente para o que tinha em mente.

─ Se você acha melhor. — Dei de ombros.

Leonardo abriu a bermuda e abaixou junto com a cueca. O seu membro enorme saltou e eu me senti toda orgulhosa ao ver que já estava endurecido.

─ Senta no sofá para que o observe com calma. — Ele sentou-se.

Fui até o meio das suas pernas e me ajoelhei. Leoanrdo estava com a respiração pesada e eu estava muito ansiosa para sentir sua reação. Toquei e ouvi um gemido baixo.

─ Estou machucando você? — Perguntei com a voz baixa.

─ Nã... não. — Gaguejou.

Continuei movimentando-o e percebi que ele fechou os olhos e começou a respirar mais rápido. Levei meus lábios até a ponta e o toquei.

─Ah! Isabela. — Gemeu sussurrando meu nome.

Leonardo abriu os olhos e ao ver a nuvem de luxuria que enchia o seu olhar foi o impulso para que eu abrisse a boca e o tomasse. Lambi toda a extensão do seu membro rijo e saboreei sua excitação. Ele estava gemendo e suas mãos foram para o meus cabelos. Ele não os puxava, mas mantinha suas mãos segurando minhas madeixas. Continuei movimentando e chupando. Os livros e filmes haviam me mostrado exatamente o que fazer e quando senti que os gemidos estavam ficando cada vez mais frequentes levei uma das mãos até suas bolas e as massageei com cuidado.

─Porra... porra Isabela! Eu vou gozar desse jeito. — Gritou excitado.

Ouvi-lo praguejar me fez aumentar o ritmo. Tentei colocá-lo todo na boca, mas o seu tamanho não permitia. Continuei a masturbá-lo e chupá-lo. Um jorro forte atingiu minha garganta e o engoli, fazendo o mesmo com o restante. Quando percebi que ele estava completamente perdido, me levantei, peguei minha bolsa e saí.

─Isabela. — Ouvi que ele me chamou, mas não estava pronta para encará-lo. Dei-lhe uma amostra grátis da nova mulher que eu havia me tornado, mas ele ainda precisava processar tudo aquilo.

Estava feliz com o que tinha feito e agora precisava ir para casa resolver minha própria excitação, pois ver o corpo gostoso do Leo e ouvir seus gemidos de tesão, tinham despertado minha própria excitação.

Dirigi até em casa e percebi que tinha no celular várias chamadas perdidas dele. Não quis retornar, mas conhecendo Leonardo, sabia que era bem capaz de vir até o meu apartamento para falar comigo, então lhe enviei uma mensagem.

Relaxa. Eu estou em casa.

Ele respondeu de imediato.

Precisamos conversar.

Eu não sabia o que falar então, envie-lhe outra mensagem.

Aproveita o momento.

Tomei um banho e me masturbei no banheiro. Estava impressionada com o prazer que o Leonardo demonstrou sentir.

Dormi e no dia seguinte sabia que teria que encará-lo, mas já que tinha escolhido provocar tinha que estar pronta para a reação. Tomei banho e vesti uma calça bem justa e uma camiseta de alça fina com estampa, um sapato de salto alto preto completava o visual. Uma maquiagem leve com olho marcado e bocão vermelho, perfume marcante e estava pronta. Peguei um iogurte na geladeira, minha bolsa e segui para o meu carro. Liguei o som e ouvi Rihanna. A música era meu novo calmante preferido.

─ Bom dia, Lílian minha linda. — Cumprimentei com todo entusiasmo. ─ Tenho novidades para te contar, almoçamos juntas?

─ Nunca duvide disso. Se é que eu vou sobreviver até a hora do almoço. Curiosidade me consome. — Proferiu ansiosa.

Segui com um sorriso até meu consultório e ao olhar para Lilian acabei esbarrando em Igor.

─ Desculpa Igor, estava distraída.

─ Não se desculpe. Você fez o meu dia muito mais feliz, minha deusa.

─ Você não presta, Igor. — Comentei sorrindo

─ É pra combinar com o seu novo lado malvada.

─ E eu estou malvada? — Questionei com uma mágoa fingida.

─ Ah meu bem, você está muito má. Você, solteira e vestida desse jeito? Minha imaginação não aguenta.

─ Bobo.

─ Linda.

Entrei e fechei a porta. Estava acabando de vestir meu jaleco quando ouvi uma batida na porta.

─ Entre. — Pedi.

Leonardo entrou e eu sabia que a hora da verdade havia chegado.

─ Bom dia. — Falei para quebrar o gelo, pois o olhar que ele me dirigia desconcertaria qualquer uma.

─ O que foi aquilo? — Não ia bancar a idiota de perguntar do que ele estava falando.

─ Sexo, eu acho.

─Por quê? — Ele me interrogou com se fosse um detetive tentando descobrir um crime.

─ Porque estava afim e achei que não fosse ser tão ruim para você também. — Ontem ele estava delirando de prazer, mas hoje parecia bravo com tudo que aconteceu na noite anterior.

─ Isabela, aquilo foi incrível. Eu amei sua boca em mim, mas por que uma atitude dessas depois que terminamos? Por que você não agiu assim enquanto estávamos juntos?

─ Boa pergunta. — Não podia abrir o jogo tão cedo.

O telefone tocou e fiz sinal para que aguardasse. Era Lílian avisando que tinha um paciente me aguardando.

─ Me dá cinco minutos e manda entrar o primeiro. — Avisei e desliguei.

─ Boa pergunta? É tudo que você tem pra me dizer? — Leonardo estava desconcertado.

─ Eu queria te explicar, mas não tenho explicação. Fiz o que estava com vontade de fazer. Se é tempo ou não é uma questão de ponto de vista.

─ Ponto de vista. — Ele sorriu com ironia. ─ É só isso?

─ Ai Leonardo... Carpe Diem. — Soltei o meu melhor sorriso para ele.

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