Capítulo 17 - Sempre Eles S2 pt.3
- Acho que agora, com os pés confortáveis você pode assumir que perdeu a aposta de me deixar no comando!
- Perdi a aposta, mas provavelmente ganhei um contrato que você passou longe de conquistar em Jeon... – disse balançando a cabeça em negação, fingindo estar pensativa. – Decepcionante para um prodígio como você!
- Ahh!!! – gritou parando o carro bruscamente no meio da estrada.
- Tá louco moleque? – exclamou assustada.
- Não, eu só não conseguiria continuar dirigindo depois que minha chefe assumiu que eu sou um prodígio, na minha área, claro. – Respondeu rindo e a garota o olhou debochado.
- Volte com esse carro para a estrada agora se não quer ser um prodígio largado no meio do nada.
- Você não teria coragem – Respondeu, mas assim que viu o olhar da garota percebeu onde estava se metendo – Ok, talvez você tenha coragem... – Falou voltando a dirigir e a garota riu.
- Sim Jeon, você é um excelente profissional. Eu sempre acompanhei seu trabalho mesmo estando longe e seus designs são diferentes... Eu gosto do desenvolvimento, é difícil encontrar alguém que saiba desenvolver uma capa que represente realmente "a alma" do livro.
- É... Normalmente eu dou uma boa pesquisada... Mas me diz uma coisa, se sempre achou meu trabalho tão impressionante, porque no dia de assinatura do meu contrato estava com aquela cara para Yoongi?
- Aquela cara? Está querendo dizer que eu estava com cara feia para vocês dois?
- Exatamente – falou levantando uma das sobrancelhas.
- Eu tinha passado a noite passada quase toda bebendo com Taehyung no restaurante – ela falou sorrindo sem tirar os olhos da estrada escura.
- Hm, Taehyung...
- Sim, acabei ficando com uma ressaca maldita no dia seguinte e o Yoongi me estressa só de respirar... Você sabe bem como ele é. O que me deixou estressada não foi exatamente você, mas sim o fato dele contratar pessoas que tem haver com MEUS projetos, sem me falar nada. Nós já tínhamos conversado sobre isso, e antes de saber que era você eu já tinha discutido sobre o contrato que eu só descobri no dia! Afinal, não seria um contrato para fazer um ou dois livros, seria literalmente um novo funcionário da Purple que eu não conhecia e que ficaria com os trabalhos mais importantes. Você ficaria "ok" no meu lugar? – Da Hae falou fingindo calma por fora, sendo que por dentro a única coisa que vinha na sua cabeça era a causa da bebedeira com Taehyung.
- Você fica estressada com ele, mas vocês dois são iguaizinhos no trabalho.
- Não somos nada!
- São sim. Dois viciados que fazem o que querem sobre sua equipe, sempre estão de mau humor de manhã, surtam do nada sobre o tanto de trabalho e depois que entram em suas salas podemos esquecer a existência de vocês ali. Se pararmos para pensar, dos três chefes Namjoon é o único que salva, sendo o mais normal – ele disse e na hora a Kang começou a gargalhar.
- É porque Namjoon não mexe com a parte artística do negócio! Se mexesse com certeza ele seria um esquisito também. Embora quando você o conhecer vai ver que vicío no trabalho parece ser a especialidade dele.
- Mas ele já publicou um livro né?
- Sim. Yoongi também. Os dois escrevem muito bem, mas não é como se tudo o que fazem quisessem transformar em um livro. Entende?
- Acho que sim.
- Olha! – falou apontando para a parada iluminada.
- Você quer parar dormir um pouquinho? Prefiro que durma agora a dormir ao volante e matar nós dois – disse com um sorriso psicótico nos lábios.
- Esse sorriso significa que eu não tenho outra opção?
Ela suspirou forte – Ahh! Você me conhece tão bem!
- Você nem imagina o quanto – falou indo estacionar o carro – são exatamente 00hr14min, vamos ficar quanto tempo?
- Nossa! Já é meia noite? Que horas nós saímos do shopping?
- Bom, contando que eu ainda tô bem próximo de Mokpo, acredito que quando saímos da cidade eram mais de 23hrs. Não estamos na estrada por mais que 40 minutos.
- Que?! Isso tudo? Uau! Passou muito rápido... Deve ser por isso que estou começando a ter fome de novo – falou rindo e o garoto acompanhou.
- Realmente passou muito rápido. E nós ainda ficamos andando aleatoriamente ao invés de virmos direto.
- O importante é que valeu a pena – ela disse pegando a bolsa para dessa vez, sair do carro preparada.
- Sim, valeu muito a pena! – respondeu pensativo – Então ficamos por umas 2hrs? Para falar a verdade eu prefiro não dormir, acho que se eu me deitar vou ficar mais cansado e querer dormir muito. Se quiser descansar eu entendo. Vou tomar uns energéticos, não é como se fosse a primeira noite acordado.
- Se achar que devemos ficar a noite toda tudo bem.
- Não, pra falar a verdade, acho que a gente pode descer só para comer e voltar para a estrada, assim chegamos mais cedo e conseguimos descansar de verdade.
- Hmm... Ok então! Você que sabe o que aguenta senhor Jeon, passar uma noite acordada para mim é mais comum que ao contrário... – respondeu e Jeon sorri piscando um dos olhos em sua direção, logo depois entra no local.
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- Por que comida a beira de estrada é sempre tão ruim e cara? – Da Hae diz assim que termina de comer.
- Acho que é porque não tem outro lugar pra concorrer – Jeon fala se levantando depois de comer, sendo acompanhado pela Kang, que ao invés de seguir direto para o caixa desviou o caminho para as prateleiras abarrotadas de porcarias.
– O que foi? – Questionou quando viu o olhar sorridente de Jungkook. – Nós vamos ficar muito tempo dentro do carro, eu preciso de alguns abastecimentos extras... Não me olhe como uma criança viciada! Preciso ficar acordada para vigiar você! Por isso os doces!
– Me vigiar? – Perguntou levantando uma das sobrancelhas e rindo, fazendo pela milésima vez naquele dia, Da Hae sorrir como alguém que está com o coração completamente derretido.
– Exatamente, você não pode dormir no volante! Não hoje! Eu tenho que terminar meu livro. – Falou enquanto pegava os salgadinhos na prateleira e Jungkook gargalhou alto do seu lado. – Ei, tá maluco? Ria baixo Jungkook! – Quando comentou isso, olhou em direção para o caixa, onde a recepcionista os encarava curiosa.
Da Hae aproveitou o fato de Jungkook estar ali e encheu seus braços de coisas também. Até que ela se convencesse que já tinha pegado o suficiente.
– Droga, esqueci uma coisa. – Falou assim que chegaram no caixa.
- Não, não, não! Você não vai voltar para lá! Vai empobrecer aqui mesmo Da Hae! Me diz que eu pego agora. Enquanto isso vai passando o que já está aqui.
– Quero aquelas caixinhas de achocolatado. Gelado.
– Ok. – Respondeu e foi correndo pegar.
Mas assim que Jungkook saiu, um homem estranho entra no local. Logo, Da Hae percebe a movimentação diferente que ele tinha atrás dela, na fila do caixa e se manteve em estado de alerta.
– É só isso moça?
– Não. Ele foi buscar uma coisa que falta. Enquanto isso pode passar os pedidos dele. – Assim que comentou o homem tira uma faca debaixo da calça e ameaça as duas que estavam ali.
– Silêncio. Eu só quero o dinheiro. Do caixa e o seu patricinha.
– Ah pelo amor de Deus! – Exclamou começando a se irritar e a garota no caixa ficou com os olhos arregalados para ela, como que implorando para que a mesma permanecesse em silêncio.
– Moço, você por acaso já viu as horas? Isso lá é hora de assaltar alguém? Pelo amor de Deus! E ainda fica me ofendendo! Esse mundo tá perdido não é? – Comentou esperando o apoio da recepcionista que a encarava desesperada enquanto o ladrão começou a rir da ousadia da Kang.
– Olha, eu acho que você não entendeu bem o que está acontecendo aqui.
– Não. Eu acho que você não entendeu. Além de tudo é burro. E a sua oportunidade de sair daqui é dada agora. Saia com suas próprias pernas, antes que uma ambulância tenha que te tirar daqui por você ter perdido elas. – Olhou desafiadora para ele.
– Você acha que está se metendo com quem garota?
– Você que não sabe com quem está se metendo. Mas eu posso dar uma breve explicação. Você está se metendo com uma mulher que está possivelmente entrando na TPM, louca para comer um chocolatinho, que ficou o dia inteiro com um sapato extremamente desconfortável e que atravessou parte do país em um dia. Eu estou realmente cansada. Então, por favor. Não atrapalhe meu retorno e suma daqui.
– Voltei. Pronto. Agora pode passar para podermos ir embora – Jungkook diz colocando as caixinhas de achocolatado no caixa e a mulher o responde com o olhar completamente perdido em forma de socorro. – O que está acontecendo?
– Essa vadia – O homem levanta a faca e vai em direção de Da Hae, antes de Jungkook possa definir o que realmente havia acontecido enquanto ele tinha saído.
– Vadia não. – Ela diz, surpreendendo o homem, segunrando o pulso do mesmo. – É por causa de caras como você que meu pai desde criancinha dizia que eu tinha que tomar cuidado sabia? – Falou dando um golpe em um dos joelhos dele, o fazendo cair facilmente. – Mas eu realmente tenho que agradecer. Se não fosse isso, eu nunca teria feito luta na vida e possívelmente estaria com medo de ataques estúpidos como este. Moça, será que pode ligar para a polícia por favor?
Assim que se virou para a mulher, ele se preparou para atacá-la pelas costas, mas Jungkook acordou antes que um ataque direto pudesse acontecer e golpeou o homem de vez, deixando-o desmaiado.
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– Ok, Kang Da Hae. Qual o seu problema? Você estava querendo bater um papo e desabafar com o cara que tava apontando uma faca pra você? Tá louca? – Jeon começa a falar assim que os dois entram no carro.
– Calma Jungkook.
– Calma Jungkook? Nós tivemos que dar depoimento Da Hae! Você sabe quantas horas são? São quase três da manhã!
– E você acha que eu ia ficar vendo ele levar tudo e ia ficar quieta?
– Não, só esperava que fosse um pouco mais cuidadosa até para reagir.
– Você sabe bem o que eu vi. Só o jeito dele segurar a faca mostrava que não sabia o que estava fazendo. Bater nele seria a coisa mais fácil do mundo.
– E aí, você vira de costas para ele? Uau! Você também super sabia o que estava fazendo.
– Nessa hora eu não precisava estar tão atenta mais. Você já tinha chegado e você sempre sabe o que fazer! – Sorriu fofo achando que daquela maneira iria escapar dando apenas um beijo na bochecha dele.
– Kang. Eu tenho 28 anos. Não vai se safar de uma bronca com um beijo na bochecha.
– O que eu deveria fazer para me safar então?
– Aish Da Hae! Você me estressa! – Falou mudando de assunto rápidamente e ligando o carro enquanto bufava.
– Ei, desculpa. Sei que fui inconsequente, mas é que eu fico estressada quando essas coisas acontecem! Ele já estava lá fora Kookie, só entrou quando viu que você tinha voltado para trás para pegar as coisas. E acaba que quando eu fico irritada eu sou um pouco, talvez só um pouco inconsequente... Atrasei nossa saída. – Falou quebrando o silêncio depois de um tempo que já tinham voltado para a estrada.
– Tudo bem. Eu imagino como você se sente. O mundo é injusto. Eu sinto muito, mas você não pode se colocar em perigo desse jeito. Dava para ter mantido a situação sob controle, mas sua raiva parece que faz você querer bater um papo básico com o perigo. Existem perigos Da Hae. Se mantenha longe deles porque nem sempre eu vou estar ali para desmaiar eles para você.
– Vou me manter bem próxima deles, para ter a certeza que nunca vai sair daqui. – Disse e sorriu para ele que negava com a cabeça.
– Você é ridícula. Estávamos em uma viagem de trabalho e agora o carro está cheio de doces e salgadinho. É madrugada, e nós não estamos nem um terço perto de casa já que tivemos de voltar a Mokpo para fazer o boletim de ocorrência.
– Tudo bem, eu sou sua chefe. Você tem que aguentar essas coisas.
– É impressão minha, ou a sua desculpa para tudo é "eu sou sua chefe"? Isso não é abuso de poder? – Assim que fala isso ela ri.
– É que eu gosto de saber que estou por cima da situação.
– Tudo bem, são poucas e únicas as situações que eu gosto de estar por cima na vida. – Falou propositalmente com duplo sentido, começando a gargalhar junto a ela. – Isso foi uma brincadeira, mas espero que a sua fala sobre a folga não seja.
– Não é, já falei com Yoongi enquanto você tinha ido comprar os chinelos no shopping. Você pode descansar por dois dias porque eu sei que te dei boas dores de cabeça.
– Realmente. Não sei se dois dias serão o suficiente, mas reconheço o esforço.
– Se quiser posso diminuir para um. Acho que ninguém vai reclamar.
– Que isso! Não precisa se preocupar, não quero dar nenhum trabalho. Pode manter exatamente como está! – Falou e os dois riram juntos.
– Hoje foi realmente um dia único. Acho que temos bastante história para contar... – Assim que ela termina a fala o carro para. – Ah meu Deus! Pra quê eu fui abrir a boca? Não precisávamos de mais uma história!!
– Relaxa, vou lá olhar, talvez seja só um problema simples no motor.
– Tá bem.
Assim que sai e abre o capô do carro, Jungkook olha atentamente, com a ajuda da lanterna do celular, mas algo começa a deixar Jeon confuso, tudo estava nos devidos conformes, nada parecia ser motivo para o carro parar de repente como acontecera, Mas ao ouvir o grito de Da Hae dentro do carro, soube na hora do que se tratava. Não fez nem menção de ir até lá porque ela mesma se levantou e saiu pisando forte.
– Encontrou algum problema? – Falou com uma das sobrancelhas levantadas.
– Agora eu acho que sei qual é o problema. – Respondeu coçando a nuca.
– Sabe, nós estamos no meio do nada. Deve faltar umas 4 horas para chegar em casa ainda, e daqui a pouco vai estar clareando! Acho que me deve uma coisa...
– Ok, você estava certa. Satisfeita?
– Melhor impossível! Essa madrugada está ganhando de todas as que já vivi! Começo batendo em um babaca, vou parar na delegacia pra no fim, terminar presa na estrada porque você não abasteceu. Sendo que eu disse milhares de vezes para fazer isso! Uau! Um belo dia!
– Calma. Se tem uma coisa que aprendi com seu irmão...
– Lá vem você! – O interrompeu rindo.
– Fica quieta!
– Fala logo o que aprendeu com meu irmão Jungkook. Antes que eu te mostre como aprendi a quebrar um braço.
– Nada está tão ruim, que não possa piorar!
– Uau, animador. Me senti abraçada pelas suas palavras. – Disse com ironia, indo até o carro, mas antes que abrisse a porta sentiu um abraço forte do amigo.
– Se elas puderam te abraçar eu também posso, né?
– É... não! Me larga moleque! – Disse, mas não adiantou muito, já que agora, Jungkook a carregava até a parte traseira da caminhonete.
– Deixa de ser chata. Não temos gasolina. Não temos sinal de telefone. Não temos internet. Mas temos um céu bem estrelado pra olhar e... Nada está tão ruim que não possa piorar, é melhor aproveitar as estrelas enquanto as temos, vai que começa a chov...
– Eu acho melhor você ficar calado! - Falou tampando a boca dele e ganhando um sorriso de resposta.
Um sorriso lindo. Que a lembrava o quão próximo estavam, que a mostrava que ele tinha sentado ela ali, um sorriso simples, que fazia Da Hae esquecer um pouco a implicância e só rir um pouco junto ao homem que carregava a alma de uma criança doce e pirracenta e estava bem na sua frente.
Mas como todos os instantes, aquilo acabou num piscar de olhos. Quando caíram drasticamente na realidade e logo Jungkook, agora um pouco sem jeito, deu um passo para trás e se sentou ao lado dela.
– Olha! – Ela exclamou de repente e na mesma hora ele seguiu os olhos curiosos para a direção onde ela apontava. – O chinelo brilha! – Falou isso em uma empolgação tão grande que ele riu no mesmo instante.
– Eu não acredito que você está prestando atenção em chinelos agora!
– Você quer que eu volte a te xingar então?
Jogou os chinelos no chão como ela e os encarou por poucos instantes. – Olha só! O meu também brilha! – Disse fazendo-a rir, e logo eles estavam juntos fascinados com as estrelas e a logo Star Wars que brilhava naquela estrada vazia.
– Estar aqui assim, no meio do nada me faz lembrar a adolescência. Me sinto jovem de novo.
Da Hae respirou fundo e fechou os olhos erguendo a cabeça para cima assim que Jeon falou. – Verdade. Parar, olhar as estrelas e começar a falar de coisas aleatórias como chinelos era a nossa especialidade.
– Só faltou Book Soo.
– Sim, faltou ele para reclamar que nós só sabemos falar de Star Wars quando estamos juntos. – Assim que disse Jeon ri em concordância.
– O que claramente é uma mentira. A gente também fala do homem de ferro.
– Sim! E nós sempre falamos de músicas, filmes e várias coisas legais.
– Mas gostávamos de manter Star Wars quando ele estava por perto.
– Era um ótimo jeito de implicar com ele. – Respondeu dando de ombros e eles riram juntos com as lembranças.
– Lembra quando juntávamos para maratonar?
– Claro que eu lembro!
– Meu irmão sempre dormia depois de 30 minutos do primeiro filme. –Assim que disse gargalhou com a lembrança do Kang babando em qualquer sofá que visse pela frente.
– Depende. Quando ele não dormia depois dos 30 minutos, dormia assim que a pipoca acabasse.
– Verdade! Digamos que o déficit de atenção dele não ajudava muito quando fazíamos maratonas. Ele nunca foi um admirador nato do cinema.
– Mas amava as maratonas...
– Porque a gente amava.
– Sim. Ele é um bom amigo.
– Sim, ele é! – Concordou dessa vez orgulhosa por poder afirmar o quanto seu irmão é incrível, o tempo passou, mas mesmo longe os gêmeos Kang nunca deixaram de ser os confidentes de sempre. Aquela era uma amizade que os laços sanguíneos eram mais que um detalhe.
– Lembra de como nós aprontávamos? Quebramos a janela de tantos vizinhos coitados!
Jungkook gargalhou com a lembrança, eles realmente tinham muitas histórias para contar, e talvez nem todas brincadeiras eram seguras ou normais. – Claro que eu lembro. Vocês dois me faziam entrar em cada uma!
– Nós dois? – Diz empurrando o ombro dele que ri ainda mais. – Tudo bem que a maioria das ideias eram nossas, mas não me venha dar uma de virgem Maria Kookie! Você era bagunceiro demais para fingir ser influenciado pelos irmãos Kang.
– Aish, quando eu dizia que não vocês dois começavam a insistir até que nós sempre terminávamos quase ateando fogo no laboratório de ciências!
– Realmente, a época que Book Soo cismou que seria um grande cientista foi a mais perigosa de nossas vidas! Ahh nós éramos tão unidos que até para apanhar era junto.
– Nossa, e como apanhamos! Mas depois de um tempo sua lábia começou a nos livrar aos poucos...
– Até que a gente cresceu. – Falou sorrindo enquanto seus olhos rodeava seu redor.
– É... nós crescemos. – Suspirou forte. – E você teve que fazer consultas ao psicólogo da escola, enquanto Book Soo entrava para o time.
– Aish! Nem me lembre disso! Eu não era uma antissocial! – Assim que disse Jungkook a encarou erguendo uma das sobrancelhas. – Ok, talvez eu realmente ficasse tempo demais na biblioteca, mas a escola inteira sabia que eu queria ser uma escritora. Eu tinha que ler para me basear em outros universos antes de criar os meus.
– Da Hae, você só mantinha uma conversa comigo e Book Soo. As outras pessoas você simplesmente ignorava. Sua grossa antissocial! Mas pensa no lado bom, ok que seu pai tinha que ir frequentemente à escola porque eles te achavam uma psicopata, mas suas notas sempre estiveram dentre as melhores... Com exceção das exatas, claro.
– Nossa, mesmo assim, pegavam no meu pé demais! E eu tinha meus motivos para não querer conversar com os outros, eles só falavam de coisas nada interessantes pra mim.
– Como o quê?
– Sei lá! Muita coisa!
– Nem tinha nada. Você não conversava com eles porque nunca dava uma chance para se aproximarem, por isso o psicólogo.
Ela ergue uma das sobrancelhas em sua direção. – Jeon, você está do meu lado ou do lado deles? – Assim que perguntou atordoada e no início de uma irritação Jungkook riu e apertou a ponta de seu nariz, como fazia quando eram mais novos e ele tinha certeza de ter a razão.
– Depois das consultas você se aproximou de Jimin... – Começou convencido.
– Ei! Jimin é um caso diferente, e você sabe muito bem disso!
– Ah é? – Continuou com o olhar convencido rindo, deixando-a com as palavras engasgadas. Ele sabia que era um caso "diferente", mas também sabia que isso a deixaria sem argumentos para explicar isso.
– Para de fazer isso Jungkook! Aish! – Voltou a olhar para frente emburrada como uma criança mimada, e Jeon começa a rir de sua reação.
– Fala sério Da Hae, eu sei que teve toda aquela situação de você querer alguma coisa que não deu nada certo com o Jimin, mas foi só depois das consultas que você começou a enxergar um pouquinho as pessoas a seu redor, relaxa, vou fazer disso um segredo nosso...
– Você é ridículo!
– Pelo menos eu nunca troquei de sala por causa de um garoto.
– Não era qualquer garoto. Era Park Jimin, nunca assuma isso para ele. – Falou sussurrando a última frase, mas Jeon revirou os olhos assim que ela falou daquela maneira de Park.
– Não adianta ficar rolando essas duas jabuticabas não! O Jimin era um partidão com aquele cabelo loirinho... Ah um sonho!
– Ok, o Park era um sonho. Mas o que são jabuticabas.
– São frutas brasileiras. Eu vi na internet e parecem os seus olhos, são bolinhas bem pretinhas. Parece gostoso, pela descrição que li, mas nunca achei para comprar aqui.
– Como era a descrição?
– As jabuticabas são basicamente doces. Apenas.
– Hmm, então realmente parecem meus olhos! – Falou e a garota empurrou seu rosto para longe rindo.
– Em pensar que nós ficamos um tempo um pouco distantes. Lembra?
– Claro que eu lembro! Primeiro os horários.
– Depois as novas amizades. – Implicou com a intenção de realmente tocar na ferida do rapaz.
– E depois você fugindo de mim por semanas. – Se tocar em em pontos fracos era a intenção do momento, ele decidiu mostrar que já tinha aprendido a fazer isso também.
– Acho que vamos voltar ao mesmo assunto de antes.
– Sim, nós vamos. Mas agora você não vai conseguir fugir, porque está tão presa nessa estrada quanto eu, mas antes, espera um pouco. – Se levantou e deu a volta a caminhonete, em direção ao banco de passageiro, onde Da Hae estava por toda a viagem e pegou todos os doces e porcarias que tinham comprado antes de entrarem na enrascada da noite.
– Uuhh! – Começou empolgada assim que viu ele carregando tudo. – Nada como lidar com os problemas passados com comida, uma vista para as estrelas e chinelos que brilham!
– Assuma que eu sou a melhor companhia de viagem.
– Só não ganha 100 no teste porque não abasteceu.
– Se certa pessoa não tivesse nos feito voltar para a cidade para certa delegacia. Talvez teríamos combustível para chegar até o próximo posto de gasolina. – Falou e ela deu de ombros abrindo uma caixinha de achocolatado.
– Vamos falar do que realmente importa.
– Sim. Nós vamos tentar ter essa conversa de novo.
– Pela vigésima vez.
– Sim, pela vigésima vez. Será eu agora teremos maturidade o suficiente?
– Bom, acho que sim. Acredito que a ultima vez que falamos sobre isso nós tínhamos uns 20 e poucos anos, e agora estamos com 30.
– Da Hae, nós temos 28.
– Você diz isso como se fizesse TANTA diferença... Aceita logo que a gente tá ficando velho!
– Estamos ficando cada vez mais velhos e covardes. – Disse rindo e foi acompanhado pela mesma.
– Verdade, nós estamos adiando o assunto de novo né?! – Perguntou já sabendo a resposta. Falar da infância sempre foi muito natural para eles, mas falar especificamente da confusão que foi o baile do segundo ano era estranho demais, quase impossível dizer tudo o que aconteceu sem acabar se declarando no fim, por isso sempre passavam pelo assunto pisando em ovos e resolvendo a situação de maneira que nada fosse realmente confessado.
– Toma. Precisamos beber para falar as bizarrices da adolescência!
– Beber achocolatado?
– Idades bizarras, problemas bizarros... Acho que nem o álcool seria melhor que um bom achocolatado nesse momento.
– Certo. Por onde começamos? – Ele estava visivelmente tenso. Mesmo já tendo conversado sobre isso antes, aquele não era um assunto de tudo confortável.
– Eu começo. Não aguento mais enrolar. – Assumiu e ele riu em resposta, na espera que ela começasse a falar. – Começamos do início? – Perguntou e recebeu um sinal positivo dele. – Ok. Primeiro, nos distanciamos por conta dos horários diferentes, tínhamos poucas aulas juntos e como você entrou em um clube e eu acabei entrando para o de Taekwondo, nós nos víamos mais nos fins de semana.
– Eu me aproximei de Ga Eul.
– Eu de Jimin.
– E nos encontrávamos fielmente nos jogos e em alguns treinos do seu irmão.
– Isso. Até que um dia você chamou a Ga Eul para um programa que era nosso. Ok, que você gostava dela, mas nossa! Era pra ser uma coisa nossa. – Quando ouve sair da boca dela que ele gostava de Ga Eul a vontade que teve foi rir, mas se controlou para continuar aquilo de uma maneira certa.
– Eu nunca gostei de Ga Eul. Minha história com ela é a mesma que você sempre fala quando eu digo que você gostava de Jimin. Nós até podemos ter nos aproximado com outra intenção, mas depois...
– Depois vocês se beijaram para ver se a intenção era a mesma do início. – Riu debochada.
– Você sabe que não foi bem assim. Não é como se eu tivesse controlado os sentimentos dela Da Hae, nós já falamos sobre isso, mas eu faço questão de repetir minhas palavras.
– Não precisa repetir nada Jungkook, eu sei que nunca tiveram nada. E mesmo se tivessem não tenho nada a ver com isso. Fora que nós éramos novos demais. Hoje em dia a Ga Eul já está casada, e muito bem por sinal.
– Mesmo não precisando eu vou repetir Hae. – Repetir aquele apelido foi restaurador para Jungkook, mas para a Kang foi totalmente nostálgico, mágico, suave e gostoso. – Aquele era um dos últimos dias de Ga Eul na cidade...
– E o último na escola, eu já sei disso tudo Jungkook.
– Eu estava tentando pensar no que fazer para que aquele dia não se tornasse uma lembrança horrível para ela. Todos sempre tiveram uma imagem fofa e delicada de Ga Eul enquanto estudávamos, mas a verdade é que ela nunca foi assim. Ela nunca foi fofa, e eu descobri isso só quando nós nos aproximamos. A Ga Eul que você é amiga agora é a Ga Eul que eu conheci há muitos anos atrás. Só que mesmo sendo uma garota incrível ela carregava uma insegurança tão grande. – Ele continuava falando mesmo que Da Hae tivesse insistido para que não falasse.
– Jungkook...
– Da Hae, aquele dia eu não beijei ela. Nós estávamos conversando e eu tentava a acalmar e de repente ela me beijou, eu juro. Ela me pediu desculpas milhares de vezes, mas a verdade é que eu sempre senti que isso nunca foi completamente resolvido entre mim e você.
– Sim, eu sei disso. Ga Eul era uma pessoa que tinha medo de sentir, ela não sabia como se expressar para as outras pessoas e acabava criando um personagem completamente diferente daquilo que ela realmente era.
– Por isso o atual cabelo preto e branco.
– Sim. – Ela disse sorrindo ao se lembrar da amiga. – Ela já tinha decidido que depois que saiu da nossa escola, levaria a vida no preto ou no branco. Simples, sem fingir mais nada. E sem testar os sentimentos em pessoas.
– Ok, agora me diz o que você aprontou naquele dia. Só te vi no dia seguinte com o cabelo cortado, mas acho que nunca falamos especificamente sobre isso. – Ele finalmente perguntou sobre aquela coisa tão simples que sempre tivera pensado.
– Bom, depois de tudo o que aconteceu eu queria mudar... E como fui embora cedo passei na casa de Park antes, e a mãe dele é cabelereira... Basicamente isso. Ela que mantém meu corte até hoje. Na época eu achei que ia me arrepender, já que tinha o cabelo cumprido, mas eu me encontrei nesse curtinho que não largo ele nunca mais!
– Eu gostava muito do jeito antigo, mas seu cabelo curto... Não sei... É mais você. Combina com sua personalidade!
– Obrigada. Acho que sou boa em escolher cortes de cabelo. Poderia ser uma profissão. – Falou rindo e ele a acompanhou.
– Acho que... – Estava pensativo e duvidoso, se deveria ou não terminar aquela frase.
– Acha que?
– Você tinha razão naquele dia.
– Qual deles? Normalmente eu sempre tenho razão mesmo. – Disse convencida e ele riu.
– No dia do baile, nós tivemos uma pequena conversa antes de dançarmos. Você disse que quando estamos com alguém sempre iriamos exalar alguma coisa, seja um cheiro, sabor ou sentimentos...
Suspirou forte ao se lembrar daquele instante e da cena seguinte que acontecera. – Já descobriu o que exalamos Jeon? Você disse que ninguém mais precisa sentir o que exalamos além de nós. Nós precisamos descobrir o que poderíamos exalar, já que voltamos a conviver de novo.
Ele sorriu pensativo. – Dá para acreditar que eu sinto como se nunca tivéssemos passado tempos e tempos separados?
– Acredito. Por que não consigo acreditar nisso. Sinto como se nunca estivéssemos vivido tanto tempo distantes.
– Essa é a melhor parte da nossa amizade.
– Com certeza. O tempo nunca muda o nosso relacionamento. No fim, sempre posso estar batendo na sua porta de madrugada para chorar sobre a traição do meu ex namorado.
– Um verdadeiro babaca por sinal.
– Todos fomos babacas por um dia. Tudo bem.
<3
então meus trem... voltei com tudo pq esse capítulo tá gigante! O que acharam? Tivemos muitas referências dos capítulos anteriores, qual a parte favorita de vocês? Estão ansiosos para o que ainda está por vir? Eu tô demais da conta viu!
perdão por qualquer erro, mas como o capítulo já estava grande demais ( e eu dividi ele em 3 kkk não aguentava mais escrever "Sobre eles pt. 1,2,3...) Não consegui revisar.
Queria dizer que no dia 18 às 20:00hrs vou postar um especial do niver do Hobi.
Gente, é sério, ele está muuuito legal e dependendo de como for recebido, pode se tornar uma long fic ;) Então dêem amor emmm.
Se chama: Todos meus EUS colorem você
Eu tenho certeza que vcs vão gostar então vão lá dar amor a eles também sô!
Para os leitores de Através de Você...
Ela vai ser postada por completo, no dia em que Me Dedico a Você acabar. Ou seja, no dia do capítulo final, todos os capítulos restantes da fic serão publicados.
deixo meu muito obrigada, vcs são muito incríveis!
Um beijo na testa e até terça as 20hrs meus trem!
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