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Não me chame de irmão

ATUALMENTE

A adrenalina era só um sentimento, mas um sentimento que podia ser muito intenso, principalmente para Bright desde que tinha começado a trabalhar com Mike há anos. Não era considerado um trabalho limpo, mas pelo menos o rapaz tinha o que fazer agora. Já era um homem feito e não mais um adolescente. Ganhava o próprio dinheiro e tinha o próprio apartamento. Não era rico como seus pais eram antigamente, mas Bright conseguia viver muito bem — infelizmente, não de um jeito honrado. Seu trabalho era basicamente fazer entregas para os clientes de Mike. Encomendas de peças contrabandeadas de carros e motos, já que Mike era dono de uma oficina que ganhava muito dinheiro no roubo — não só no roubo, mas consertando automóveis em um preço absurdo. Bright não se entregava de corpo e alma naquele negócio, afinal, sempre foi honesto e teve educação, e por isso se comprometeu apenas nas entregas. Tinha comprado uma moto bacana, e era só dele. Ela era grande e pintada de preto e branco. Sempre que andava com ela pelas ruas, se achava incrível, embora no fundo não se achasse tão incrível assim. Uma parte sua ainda se sentia um fracasso. Não tinha sequer um curso superior, não era bom em fazer nada, tinha ido embora de casa quando ainda era um adolescente, se metido com ladrões, abandonado a família, e deixado Win para o irmão gêmeo. Bright ainda amava Win com todas as suas forças. Era impossível esquecê-lo quando Win ainda tinha o seu número e sempre mandava mensagem perguntando aonde ele tinha se metido, e que, detalhe, estava com saudades. Bright nunca respondia. Apesar de tudo, Bright adorava subir na moto depois de um dia cansativo de entregas e voltar para o apartamento com aquele sentimento de dever cumprido e uma boa grana na conta. Aquela era a vida que levava em outra cidade, e não se achava no direito de reclamar.

Assim que o rapaz chegou no apartamento, encontrou Gus sentado em seu sofá de couro. Gus trabalhava com Mike.

— O que tá fazendo aqui?

— Mike me mandou te dar um aviso.

— E por que ele não esperou até amanhã? — Perguntou e fechou a porta, não tirando o olhar de cima de Gus. Não confiava em ninguém. Seu irmão gêmeo era a única exceção, mas fazia mais de seis anos que não falava com ele e nem o encontrava. Não fazia ideia de como ele estava vivendo. — Poderia muito bem falar comigo pessoalmente.

— Bom, você sabe, eu só cumpro ordens. — Ele se levantou do sofá e andou até Bright. — O que você aprontou há três dias?

Bright ficou tenso. Não queria deixar transparecer nada, mas era impossível com ele o encarando tão de perto, quase o obrigando a confessar o que tinha feito só com o olhar.

— O que vai acontecer se eu falar?

— Infelizmente, nada, porque o Mike gosta de você e do seu trabalho. Mas se fosse por mim, eu te daria uma surra.

Ele pensou se deveria falar o que tinha aprontado, embora já soubessem, só que, confessar, era uma história diferente. Estava morrendo de medo de realmente levar uma surra.

— Eu não entreguei a mercadoria, satisfeito?

— Não, Bright, eu não tô satisfeito. Ninguém tá. A gente perdeu grana por sua causa.

— Ah, pelo amor de Deus, vocês ganham dinheiro a cada segundo. Uma entrega que não foi feita não é nada.

Gus pegou Bright pela gola da blusa e o aproximou dele.

— Escuta aqui, você não é mais um adolescente, e pelo que eu saiba, você nunca foi medroso, então para com essa merda e trabalha direito, ouviu?

Bright empurrou a mão da sua roupa, mas não deixou de olhar Gus nos olhos. Não abaixaria a cabeça. Se tinha feito aquilo, desistido da entrega, era porque tinha seus motivos.

— Isso não vai mais acontecer.

— Espero que não. — Disse Gus, indo embora do apartamento.

Bright sabia que estava errado, mas não se arrependia do que tinha feito. A entrega que precisava ser feita há três dias ficava na cidade natal, onde tinha nascido e vivido toda a sua vida. Se fosse até lá, teria chances de encontrar Light ou Win, e aquela era a última coisa que Bright queria. Não estava pronto ainda.

O rapaz expulsou aqueles pensamentos e foi tomar banho. Tirou a roupa, as lentes de contato, e encarou o próprio reflexo no espelho do banheiro. Não tinha mudado muita coisa na aparência. O cabelo continuava o mesmo e mais ressecado do que o normal, o rosto estava mais maduro e havia ganhado alguns músculos no corpo depois de carregar tantas caixas pesadas. Não fazia sexo há anos, e quando estava de bom humor resolvia bater uma punheta, o que era horrível no final, porque se lembrava de Win, e de como queria que ele fosse o causador daquele orgasmo, e não qualquer vídeo pornô. Bright havia deixado de viver, aquela era a verdade. E toda noite, antes de dormir, ele se perguntava quando se sentiria vivo novamente, como antigamente.

Infelizmente, nada nunca voltaria a ser como era antes. Era a lei da vida.

Light, assim que se formou em administração, passou a cuidar da empresa dos pais. A empresa, na verdade, era para ser dividida entre os gêmeos, mas em uma noite, Bright acabou fugindo de casa e desaparecendo por anos, então nada mais justo do que a empresa ter ficado nas mãos de Light. A empresa trabalhava com vendas de imóveis. Light adorava aquele emprego, aquela área, seus funcionários, e sua própria sala. Vivia feliz, principalmente porque estava em um namoro firme com Win, seu amor da adolescência. Estava com ele há bastante tempo, e sua vontade nos últimos dias era morar junto com ele e passar o resto da sua vida com ele. Não aguentava mais morar sozinho no seu apartamento enorme, se sentia solitário, e Win tinha muito trabalho a fazer no seu restaurante, — sendo um responsável empresário, dono de um restaurante — por tanto, Win quase não tinha tempo de ficar com Light. Se encontravam, claro, tinham um relacionamento, mas nada era como antes.

Naquela calma manhã, Light entrou na empresa sorrindo, como sempre fazia. Os óculos ainda estavam no rosto, assim como o cabelo muito lisinho e arrumado, como gostava de usar. Tinha um terno cinza no corpo e parecia muito mais sério e maduro do que antigamente. Ele passou pelo setor onde os funcionários trabalhavam e entrou em sua sala. Antes que se sentasse, ouviu batidas na porta, vendo Khaotung entrar segundos depois. Khaotung era o seu braço direito, seu assistente, e alguém onde Light conseguiu encontrar uma amizade depois de ser abandonado pelo irmão.

— Bom dia, Light. Como vai?

— O mesmo de sempre. E você, como vai?

— Bem, até agora. Quase derramei café na minha gravata, mas deu tudo certo. — Sorriu, divertido.

— Precisa ser mais cuidadoso. — Se sentou na cadeira, olhando o homem parado em sua frente, aparentemente nervoso. — O que você tem?

— Houve um problema com o seu carro. Quero dizer, o problema continua nele. A oficina a qual você encomendou as peças importadas, não fez a entrega.

— O quê? Por quê?

— Eu liguei pra lá, então o dono me contou que houve um problema com o entregador, mas não deu muitos detalhes. Se quer um conselho, Light, acho que você deve procurar outra oficina, que seja mais responsável.

— Acho que tem razão.

— Se quiser, posso ir até a oficina colher informações. O que acha?

— Sabe, é uma boa ideia. O dono da oficina não entrou em detalhes e cancelou o pedido, certo? — O assistente assentiu. — Isso não parece estranho pra você?

— Certamente.

— Eu mesmo vou lá. Quero saber o que aconteceu.

— Tem certeza que quer ir sozinho? Fica em outra cidade. Posso acompanhá-lo.

— Claro. Vamos hoje mesmo. Depois do almoço, combinado?

— Combinado.

Khaotung saiu da sala, mas antes que fechasse a porta e deixasse Light fazer o seu trabalho, Win apareceu, com aquele velho sorriso iluminado que sempre teve. Era sempre uma surpresa para Light observar o namorado. Antigamente, ele era lindo, mas atualmente, o rapaz se superava a cada dia. Win tinha mudado e estava sempre em constante mudança, não só porque se vestia melhor, mas porque também havia amadurecido.

— Tem um tempinho pra mim?

— Pra você eu tenho todo o tempo do mundo.

Win estava radiante naquela manhã, não só pelo sorriso, mas pelo modo que estava vestido. Era um homem muito estiloso. Light sentia o coração bater mais forte sempre que colocava os olhos nele. Percebeu que Win estava com óculos escuros antes de entrar na sala, já que o objeto estava pendurado na camiseta branca. A calça azul marinho parecia ter sito feita sob medida. O sapato social fazia barulho quando ele andava. Light recebeu o namorado com um abraço apertado e um beijo caloroso. Nunca ficava tedioso beijar Win, não quando ele sempre o surpreendia, fosse com uma mão boba ou com um beijo quente que só ele seria capaz de dar.

— Tudo bem, amor? — O segurou pela cintura, o fazendo se sentar em seu colo. Win o abraçou pelo pescoço. — Achei que não fosse aparecer. Não é hoje que o restaurante tá reservado pra um noivado?

— É hoje, mas eu sempre tenho um tempo pra você. E o meu dia não é o mesmo sem falar com você, ou olhar pra você.

Light sorriu, observando aquele sorrisinho travesso que ele tinha. Era sempre do feitio de Win o deixar sem graça.

— Eu amo você. — O apertou ainda mais, a mão fazendo um carinho pelas costas. — E esse amor só cresce a cada dia.

— Eu sei. É tudo recíproco. — O beijou. Um beijo demorado, devagar, as línguas enrolando-se uma na outra. Depois se afastou. Precisava ir embora, não sem antes tocar em um certo assunto.

Quando estava no meio da sala, voltou e se encostou na mesa, encarando Light. Ele estava com as orelhas vermelhas e sorrindo de canto, e gostaria de não tirar a felicidade dele, mas não conseguiu evitar, não quando Bright era tão importante para si.

— Tem notícias do seu irmão?

Como o esperado, o sorriso de Light desapareceu. Ele mexeu a cabeça e deu total atenção ao computador. Aquele assunto era muito doloroso para si.

— Ele não é o meu irmão.

— Bright é o seu irmão, Light.

— Não, Win. — O olhou, não parecendo a mesma pessoa de segundos atrás. Tinha sido possuído pela mágoa e pela raiva. — Ele me abandonou. Abandonou o melhor amigo, o irmão gêmeo, a própria família. Não deixou nem sequer um bilhete.

— Ele deve ter tido os motivos dele.

Light se calou, tentando achar alguma razão no desaparecimento do irmão. Não achou nenhuma explicação. Bright era um covarde em sua percepção e tinha fugido. Não sabia o motivo, e nem queria saber. Só Light sabia o quanto tinha sofrido com a ausência do gêmeo.

— Sabe, Win... — Começou a falar, nervoso. Nos tempos antigos, Bright era a pessoa que mais amava e confiava no mundo, hoje ele era apenas um desconhecido. — por que você é sempre tão interessado nesse assunto? Bright morreu pra mim, deveria morrer pra você também.

— Não fale assim. Ele é o seu irmão gêmeo, e era o meu amigo também.

— Ah, é? Então por que você não vai procurar por ele? Se der sorte, vai encontrá-lo vivo, provavelmente como um mendigo, sem fazer nada da vida, como sempre foi.

Em uma relação, em qualquer uma, era mais do que normal existir momentos de conflitos. Com Light e Win não era diferente. Não era sempre um mar de rosas, havia momentos onde Win estava estressado com o trabalho, ou quando Light estava pensativo demais em relação ao seu irmão, e acabava descontando no namorado. Era complicado, ainda que tudo acabasse bem no final. Acontece, que nenhuma discussão nunca parecia pior do que quando Bright estava no meio.

— Como consegue ser tão insensível?

— Insensível? Eu? Tem certeza, Win? Quem foi quem nos abandonou?

Win negou com a cabeça. Era impossível chegar a alguma conclusão sobre aquele assunto.

— Eu vou embora.

Quando Win foi embora, chateado, Light sentiu sua raiva aumentar.

— Caramba, Bright, você causa problema até sem estar por perto.

Após horas de viagem, Light e Khaotung saíram do carro exaustos, carro esse que era do assistente, já que o de Light estava com problemas. Tinham enfrentado trânsito, fora o trabalho incompleto na empresa. Tudo porque a única oficina que achou com peças importadas para o carro, tinha desistido de fazer a entrega. Light foi na frente, tentando não se irritar. Seu dia não estava nada bom, já que tinha brigado com Win, e se passasse raiva na oficina, com certeza seria capaz de ir embora e se trancar no apartamento até que tudo voltasse ao normal sem precisar mover um dedo.

— Boa tarde. — Cumprimentou ao chegar no balcão. Quem estava lá era uma senhora de mau-humor, com uma pilha de papéis em sua frente.

Depois de explicar a situação, Light mostrou indignação e pediu para falar com o dono do local. A senhora concordou, porque por sorte, Mike não tinha compromisso ou reunião naquele horário. Ela levou os dois até a sala do chefe e bateu na porta, pedindo para que entrassem. Quando Mike viu Light, a primeira coisa que fez foi cair na gargalhada. Light ficou mais indignado do que o limite, enquanto olhava Khaotung, esperando que pelo menos o assistente entendesse, mas pelo visto, não tinha respostas para aquilo. Mike continuava rindo, não conseguindo parar. Estava quase chorando de rir quando a barriga começou a doer.

— Que merda é essa, Bright? Não, sério. O que deu em você? Resolveu mudar de vida?

Light sentiu o peso do olhar de Khaotung em si. Sabia que ele estava confuso, afinal, Light nunca tinha contado para o assistente sobre ter um irmão gêmeo.

— Light, por que ele o chama de Bright? — Khaotung sussurrou, sem receber uma resposta.

A verdade era que Light estava surpreso. Se Mike o chamou de Bright, era porque conhecia o seu irmão e tinha notícias dele. Só em pensar naquela possibilidade, o coração bateu mais rápido. Não sabia se queria reencontrar o gêmeo.

— Sinto decepcioná-lo, Mike, mas não sou o Bright. — Se sentiu estranho ao falar aquele nome em voz alta.

Mike não tirava o sorriso dos lábios.

— Fala sério. O que é que tá acontecendo? Somos amigos. Você já desabafou comigo inúmeras vezes. Você tá... não sei, sofrendo algum tipo de transtorno de personalidade? É isso?

Light suspirou, sua paciência no fim.

— Meu nome é Light Vachirawit, e se eu tô aqui, deixando um dia de trabalho, é porque tenho uma pendência com a oficina.

— É mesmo? — Sorria debochado. — E que pendência é essa?

Light explicou a sua situação, tentando ao máximo se controlar. Nunca foi impulsivo como o irmão, então sabia controlar a raiva muito bem, mesmo que Mike não parecesse nem um pouco interessado na conversa. Sua expressão era puro deboche, e Light o entendia. Tudo estava começando a se encaixar.

— Eu, particularmente, não acreditei em uma palavra do que você disse.

Acabou que as coisas pioraram. Não porque Light perdeu o controle e socou a cara bonita e debochada de Mike, mas porque Bright entrou na sala. No mesmo segundo, Mike deu um pulo da cadeira. Abriu a boca e não conseguiu fechar. Ficou olhando para Light e depois para Bright.

— Não acredito.

Mas Mike parecia ser invisível ali. Os gêmeos se olhavam como se fosse a primeira vez. Olhavam-se só para confirmar se ainda eram iguais, se algo tinha mudado, se ainda eram gêmeos. Fazia tanto, tanto, tanto tempo que não se viam, que não se falavam. Khaotung também estava surpreso. Nunca em sua vida imaginou um segredo daquele vindo do seu chefe.

A primeira coisa que Light fez, não foi abraçar Bright, ou sorrir, ou ao menos cumprimentá-lo. Light andou até o gêmeo com ódio, e quando chegou perto dele, o socou no rosto. Bright não saiu do lugar. Virou o rosto pelo impulso e pela força que sabia que o irmão tinha, a pele ardendo pra cacete. Bright abaixou a cabeça. Tinha errado feio, sabia muito bem daquilo, mas era aquilo ou trair a confiança do irmão e se envolver com o namorado dele. No fim, acabou que estragou tudo do mesmo jeito.

— Certo... — Disse Mike, tentando amenizar o clima tenso. — o que tá rolando aqui? Bright tem um irmão gêmeo, é isso?

— Ele não é o meu irmão. — Light rebateu, saindo da sala. Tinha muita raiva na voz, e como Bright o seguiu, Khaotung e Mike preferiram não ir atrás.

— Light, espera.

— Não fala comigo. — Continuou andando. Chegou na calçada e quis gritar por perceber que a chave do carro estava com o assistente.

— Por favor.

— Você sumiu por seis anos, Bright. — Olhou o gêmeo, parado em frente a ele. — Seis anos. Sobre o que você quer conversar? Quer pedir desculpas por ter me abandonado?

— Foi preciso.

Light riu, passando a mão pela testa. Nunca iria conseguir entender o que o irmão fez, e mesmo que ele explicasse, não sabia se seria capaz de perdoá-lo. Passou seis anos chorando e sentindo falta do irmão gêmeo que era a sua melhor companhia.

— Se não fosse pelo Win, sabe-se lá o que teria acontecido comigo.

— Ainda estão juntos?

— É claro que estamos.

Bright desviou o olhar. Inferno. O tempo havia passado, mas tudo parecia ter continuado igual — ou pior.

— Imaginei.

— Sai da minha frente, Bright. Por favor. Suma novamente, é o que você faz de melhor.

Bright não iria abrir a boca e contar o motivo de ter ido embora. Se queria conversar com o irmão era para tentar convencê-lo de que o que fez tinha um propósito, mas pelo visto, não daria certo quando Light nem ao menos queria ficar perto de si.

— Você tá certo. Eu não mereço que você me escute.

Não havia mais raiva em Light. Talvez um pouquinho, mas o que ele mais sentia era tristeza. Queria conseguir conversar com o irmão, mas a mágoa e o orgulho eram grandes demais. Antes que Bright voltasse para dentro da oficina, ouviu o irmão dizer:

— Pelo menos você tá vivo.

O gêmeo sorriu pequeno, mas não se virou. Se virasse, abraçaria o irmão e falaria que estava com saudades, e sinceramente, não queria arriscar levar outro soco. Seria bom esperar que Light se acalmasse.

— Quando quiser me achar, sabe onde me encontrar. — Foi o que disse, sumindo dentro da oficina.

Minutos depois, Khaotung apareceu, e antes que fizesse qualquer pergunta, Light logo disse:

— Depois eu explico tudo, prometo.

Apesar do orgulho e do cansaço causado pelo dia agitado que teve, Light foi até o restaurante de Win. Já era tarde da noite e a cabeça latejava, — assim como a mão pelo soco que havia dado em Bright — mas nenhuma daquelas coisas eram tão importantes quanto olhar nos olhos de Win e pedir desculpas. Precisava conversar com ele e explicá-lo que não era insensível, mas que não era fácil falar sobre alguém que o abandonou. Quando entrou no restaurante, os garçons estavam limpando o que sobrou do jantar de noivado. Win estava atrás do balcão, com um terno preto no corpo e com notas de dinheiro nas mãos. Light sorriu. Aquele cara era perfeito em tudo. Se virava nos trinta em relação ao restaurante, interpretava vários papéis, sempre gentil e nunca perdendo a cabeça. Talvez fosse por aquele motivo que o restaurante fazia tanto sucesso.

— Olá.

Win parou de contar o dinheiro, mas não levantou a cabeça. Ainda estava chateado com Light.

— Oi. — Respondeu. Colocou o dinheiro no caixa e sem querer, olhou para a mão de Light, então o olhou no rosto, espantado. — O que aconteceu com a sua mão?

Light não esperava por aquilo. Não queria e nem estava pronto para falar sobre o encontro com o irmão. Se aquilo acontecesse, por causa da sua mágoa, acabaria brigando novamente com Win.

— Machuquei no trabalho.

— Como?

— Ajudei alguns funcionários a carregar algumas caixas e sem querer bati a mão na parede. Isso importa? Eu vim porque senti saudades.

Win não estava com uma cara boa. Os olhos pesavam de sono e a chateação com Light o cansava. Ele não tinha dito nada depois do que o namorado falou, porque não queria conversar. Win sempre amou Bright, era um segredo seu, um segredo muito perigoso guardado há anos, e quando ouvia Light o desprezando... Win tinha vontade de socá-lo, sem hesitação.

— Se não se importa, Light, eu tô cansado.

— Eu posso te levar em casa.

— Eu quero ficar sozinho.

Light não insistiria. Estava com saudades do namorado, mas também gostaria de ficar sozinho. Tinha sido um dia cheio, e encontrar o irmão gêmeo parecia ter sugado todas as suas energias.

— Boa noite, tá bom?

Win deixou Light sozinho e seguiu até a cozinha, disposto a sair de lá só quando Light tivesse desaparecido, o que não demorou muito. Quando ele foi embora, Win voltou ao saguão, onde não havia ninguém e estava em penumbra. Sentiu vontade de chorar. Se ao menos Bright respondesse suas mensagens, poderia conversar com ele. Sentia falta de um ombro amigo, sentia falta de alguém para conversar sobre seu relacionamento com Light, e aquele papel era de Bright, que nunca parecia interessado e entusiasmado, mas o escutava mesmo assim. Win sorriu com a lembrança. Sua adolescência tinha sido a melhor época da sua vida.

Com a saudade de Bright apertando, Win correu até o caixa com um sorrisinho bobo e esperançoso. Pegou o celular, disposto a tentar fazer com que Bright falasse consigo. Nada nunca parecia funcionar, nem chantagem emocional, mas quem sabe naquela noite quando tudo parecia ruim demais, ele não tivesse um pouco de compaixão e o respondesse? Para a sorte do rapaz, quando desbloqueou a tela, viu que Bright tinha o mandado algumas mensagens. O coração falhou uma batida, e até verificou se era Bright mesmo e não Light, mas para a sua grande sorte, era Bright.

Bright Vachirawit (00h21)

Oi, Win.

Vou continuar ignorando todas as suas mensagens, só pra deixar claro.

Eu só vim pedir pra ter paciência com o Light, sei que vocês ainda tão juntos, e o cara tá a maior pilha depois de me encontrar no fim do mundo, como ele já deve ter falado pra você enquanto me xingava, eu imagino, então consequentemente o meu irmão deve tá um saco, não que ele ainda me considere o irmão dele...

Enfim. Eu sinto a sua falta, saiba disso, e desculpa por ser um imbecil.

E não adianta, eu não vou responder mais nada.

Win estava com a mente em branco e o coração batendo forte. Bright sempre fazia aquele efeito nele, desde sempre, e depois de tanto tempo, nada tinha mudado, o que só mostrava para Win que ainda amava aquele imbecil do Bright, mesmo com tudo o que ele aprontou. Ele nem sabia o que dizer, as mãos até tremiam. Só queria xingar muito aquele filho da puta e dizer que também sentia sua falta. Mas caralho, como assim Light tinha o encontrado no fim do mundo? Só podia ser brincadeira com a sua cara. Se fosse verdade mesmo, Win não hesitaria nem um segundo em socar a cara bonita do namorado. Tinha que saber daquela história direito, e principalmente, precisava encontrar Bright, dar um abraço nele, e sentir de novo como era ter um amigo. Se perguntava o motivo de Light não ter comentado sobre o reencontro com o irmão gêmeo. Também havia a mão machucada. Será que tinham brigado? Cacete, eram tantas dúvidas que Win precisou sentar e se acalmar e não agir no impulso. Se sentou no chão, ainda com o celular aberto na conversa. Bright não sabia que Light não tinha dito nada, e se Win deixasse transparecer aquilo, com certeza o idiota do Bright voltaria atrás e continuaria o ignorando.

Win Metawin (00h30)

Bright, temos muito o que conversar. Por favor, não fuja de mim.

E, hm, Light comentou comigo que se encontraram, mas não quis se aprofundar no assunto.

Olha só, eu quero muito te encontrar, quero ver você, quero saber como você tá, e o Light não me falou sobre o lugar, então eu agradeceria se você mandasse a sua localização.

Win estava feliz demais. Porra, como estava feliz. Era tão bom falar com Bright depois de tanto tempo. Parecia uma criança quando ganhava doce, não tirava o sorriso do rosto. Só esperava do fundo do coração que ele topasse em o encontrar. E enquanto ele não respondia, Win decidiu ir embora. Não tirando o sorriso do rosto, enquanto o coração ainda batia acelerado.

Bright conversava com Mike na sala dele, no galpão. Todos os funcionários já haviam se mandado, e Bright temeu que levasse uma bronca ou uma surra, no mínimo, ou que fosse demitido principalmente, mas Mike sempre foi um bom amigo, um chefe rigoroso também, mas ainda assim um bom amigo, e ele não seria capaz de fazer mal ao mais novo. Bright tinha contado a ele toda a sua história pessoal, a relação com Light e o amor pelo namorado do irmão. Bright teve vontade de rir com as expressões surpresas que Mike fazia, mas era uma situação tão trágica, que Bright apenas ignorava aquela sensação. Quando terminou de falar, Mike ficou em silêncio, assimilando tudo. Demorou tanto para falar alguma coisa que Bright até conversou com Win por mensagem, e naquele momento, no silêncio da sala, pensava se deveria ou não se encontrar com aquele cara que tanto amava. Era perigoso demais, demais mesmo, a última coisa que queria era desgraçar ainda mais a vida do irmão. Definitivamente, não sabia o que fazer.

— Que cara é essa? Algum problema?

— Eu falei com o Win.

— E então?

— Ele quer se encontrar comigo.

Mike levantou as sobrancelhas, tirou os pés da mesa e se sentou melhor na cadeira. Sempre se interessava nos assuntos de Bright.

— Já disse que a sua vida parece um livro de romance, não disse?

— Minha vida é uma piada pra você, Mike.

— Muito pelo contrário. Se fosse, eu não te ouvia e nem me preocupava, isso desde que atropelei você há anos, lembra? Sei lá, você é como um irmão mais novo que eu nunca tive, e eu gosto de cuidar de você.

— Eu não quero que cuide de mim.

— É, você é definitivamente um irmão mais novo pra mim. — Sorriu debochado, como gostava de fazer. — Vai se encontrar com o Win ou não?

— Não sei. Não é uma boa ideia. Se o Light souber...

— Se ele souber, e daí? Ele nem desconfia dos seus sentimentos.

— Mike, se o Win aparecer na minha frente, eu sou capaz de foder ele bem aqui, em cima da sua mesa. O que acha disso?

— Acho ótimo. Eu mando todo mundo da oficina passear e vocês ficam sozinhos.

— Você não entende, porra... — Esfregou a testa, a cabeça latejando.

— Eu entendo, Bright. Entendo que você ama o cara, e que foi burro por não ter lutado por ele.

— Era o meu irmão em jogo.

— Eu sei, mas... nossa, isso é uma merda.

Bright não respondeu. Parecia que aquele pesadelo não teria fim.

— Marca um encontro com o Win, garanto que depois você vai decidir o que fazer.

Como Bright não estava em condições de decidir nada, resolveu seguir o conselho de Mike. Não poderia acabar tão mal. Quando saiu da sala de Mike, pegou o celular e mandou a localização para Win, pedindo que ele viesse no dia seguinte ao encontro, naquele mesmo horário, e que deixasse aquilo em segredo.

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